Por Gregory K. Beale
"Além
disso, em outros lugares, João sempre usa 'arithmós ('número') como
linguagem figurada para uma multidão incontável (5.11; 7.4,9 [o verbo
cognato]; 9.16 [duas ocorrências]; 20.. Em tais casos o número não pode
ser calculado. É provável que 'o número 666' não seja exceção quanto ao
uso figurado que João faz dos números. O número sete se refere à
completude e é repetido ao longo do livro. Mas o 666 aparece apenas
aqui. Isso sugere que o triplo seis se destina a estabelecer um
contraste com o divino sete ao longo do livro e significa incompletude e
imperfeição. Além disso, se o número dos santos, 144.000, no próximo
verso tem a função figurativa de significar o número completo do povo de
Deus (veja 14.1), então o contraste intencional com 666 no verso
precedente se referiria à besta e ao seu povo como inerentemente
incompletos [...]
Essa
ideia do 'seis' também está presente no sexto selo, na sexta trombeta e
na sexta taça, que descrevem o julgamento dos seguidores da besta. O
sétimo em cada série representa o reino consumado de Cristo. Cada série
está incompleta sem o sétimo [...] A tripla repetição do seis implica a
intensificação da incompletude e da insuficiência que se encontram na
besta mais do que em qualquer outro dentre a humanidade caída. Na
Bíblia, o número três significa plenitude, como, por exemplo, na
plenitude da Divindade, em Apocalipse 1.4-5, que é imitada pelo dragão,
pela besta e pelo falso profeta, aqui no capítulo 13 (e em 16.13).
Portanto, o seis repetido três vezes indica a plenitude da pecaminosa
incompletude encontrada na besta. A besta simboliza imperfeição,
enquanto parece alcançar a divina perfeição. Os três seis são uma
paródia da divina trindade de três setes. Isso quer dizer que, embora a
besta tente imitar Deus, Cristo e o profético Espírito da verdade (cf.
19.10), ela fracassa vergonhosamente. Ela não consegue completar sua
tentativa de espelhar Deus e exaltar a si mesma acima de Deus. Algumas
vezes o 'sete' é apropriadamente aplicado ao diabo ou à besta para
enfatizar sua profunda natureza má, severa perseguição e o reino
universal de opressão (por exemplo, 12.3; 13.1; 17.3,9-11). Seis são
usados em vez de setes em 13.18 por causa da repetida ênfase nos versos
3-14 na besta como um Cristo falso ou um profeta falso".
***
Fonte: G. K. Beale. The New International Greek Testament Commentary: The Book of Revelation. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1999. pp. 721-722.
Tradução: Rev. Alan Rennê Alexandrino Lima, via Facebook.
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