Richard Baxter de Kidderminster
INTRODUÇÃO
Os seguintes estudos serão biografias de
alguns grandes santos do passado, feitas por Leonard Ravenhill e
traduzidas diretamente para o português.
São narrativas que expressam o caráter
de cristãos dos séculos passados que marcaram suas épocas e que
continuam sendo fonte de estímulo a homens e mulheres que desejam uma
vida cheia do Espírito Santo e consagrada à obra de Deus.
Que Deus fale profundamente com você e te estimule a uma vida cristã piedosa, santa e intensa para o Mestre Jesus e Sua causa.
1.1 RICHARD BAXTER DE KIDDERMINSTER (1615-1691)
A linhagem (descendência) nas Escrituras
é fascinante: “Isaque gerou Jacó; Jacó gerou os doze patriarcas…” Não
menos intrigante é a linhagem (descendência) evangélica: “Walter
Craddock gerou Richard Baxter; Richard Baxter, através de suas
flamejantes pregações e escritos, gerou uma multidão que nenhum homem
poderia numerar”.
Richard Baxter nasceu em Londres, em
1615. Desconheço a data de sua conversão. He “sentiu um grande tranco em
sua alma” por volta do ano de 1634, através da ungida pregação de
Walter Craddock e Joseph Symonds.
Retorne um pouco no tempo e tente
imaginar o magrelo e desengonçado Richard Baxter vagueando como um
adolescente através das árvores e meditando em meio à fragrância da
natureza selvagem. Ele está mentalmente mastigando os pensamentos
derivados de três escritores de seu tempo – Bunny, Sibbes e Perkins. Da
confusão ele diluiu convicção e desta, a conversão, e então a confissão
de Cristo.
Após a maravilhosa regeneração de
Baxter, as coisas terrenas se tornaram, estranhamente, opacas, e ele
viveu, se moveu e teve sua existência em Deus. Ele teve em sua alma a
chama de um serafim e tentou encher-se da eternidade durante a vida
terrena.
Após quatro anos de sua rendição pessoal
à Cristo, ele foi ordenado (1641) e designado para a igreja em
Kidderminster, Inglaterra.
Baxter foi opositor da idéia de que para
ministrar nas coisas de Deus o homem deveria ter a ordenação de bispos e
passar por escolas do conhecimento. Ele declarou que não temia qualquer
desaprovação humana nem esperava por qualquer distinção dos homens. A
última frase ele provou por recusar a mitra de bispo.
Vamos agora ter um relance de Baxter
como pregador, reavivalista, e ganhador de almas. Nenhum gladiador
jamais encarou o olho de um César ou ansiou pelos aplausos dos homens
pelas suas habilidades, tanto quanto este incansável puritano fixou a
face de seu Deus em oração e escutou a doce voz do Espírito. Nenhum
avarento jamais amou seu ouro como Baxter amou as almas, nem mesmo
cortejou uma donzela como este homem instou com pecadores impenitentes.
Sua rima era verdadeira:
“Eu preguei com a certeza de nunca pregar novamente,
Como um homem morrendo a homens morrendo”.
Seria uma erva daninha para nós,
ministros atuais, meditar quando falamos que os convertidos geralmente
se tornam semelhantes aos seus pais espirituais. Centelhas da alma de
Baxter parecem ter caído nas almas que ele tão visivelmente afetou para
seu Senhor. Aqui está seu registro: “Dia e noite eles tinham sede pela
salvação e seus vizinhos…”.
O resultado dessa paixão contagiosa é
melhor mensurada através das próprias palavras de Baxter: “Para o louvor
do meu gracioso Mestre… a igreja de Kidderminster ficou tão cheia no
Dia do Senhor que tivemos que construir galerias para conter todo o
povo. Nossos encontros semanais também estavam sempre lotados. No Dia do
Senhor toda a desordem foi quase totalmente banida da cidade. Se você
passasse pelas ruas no domingo pela manhã, vou ouviria centenas de
famílias cantando salmos em sua adoração familiar. Em uma palavra,
quando eu vim à Kidderminster, havia apenas uma família, em uma rua
inteira, que adorava Deus e invocava Seu nome. Quando saí, haviam várias
ruas em que não havia uma família sequer que não adorasse a Deus. E
então tínhamos 600 pessoas que assistiam à igreja, sendo que não havia
doze deles que eu não tinha perfeita convicção da sua salvação.
Escute sua resposta para os insultos que
diziam ser ele um desocupado: “A pior coisa que desejo a você é que
você tenha meu sossego no lugar de seu trabalho. Eu tenho razão para
considerar a mim mesmo o menor de todos os santos, mas ainda assim eu
não temo em dizer ao acusador que em comparação comigo, o trabalho da
maioria dos negociantes da cidade é um prazer para o corpo, mas mesmo
assim eu não trocaria meu próprio trabalho pelo do maior prícipe. Seus
trabalhos lhes preserva a saúde; o meu a consome. Eles trabalham com
tranquilidade; eu em contínua dor. Eles têm horas e dias de recreação;
eu mal tenho tempo para comer e beber. Ninguém os molesta pelo seu
trabalho; quanto mais eu faço, mais ódio e problemas atraio a mim”.
Os principais teólogos de nossos dias
“trabalham em teorias religiosas”, mas – e preste bastante atenção nisso
– eles não são conhecidos como ganhadores de almas. Meu enfado contra
os principais teólogos de nossos dias é que eles são críticos da Bíblia
recostando-se em camas floreadas de sossego, nos oferecendo das suas
sinecuras mentais, conjuntos de teologia feitos sob medida.
O oposto a tudo isso era o caso de
Baxter. Sua alma afligia-se pelas almas dos homens. Ele sempre saía
sorrindo a bendita mensagem do sangue da eterna aliança. Ele não era um
sonhador espiritual retirado em uma torre teológica de marfim. Nem era
um teólogo de laboratório, dissecando um dogma morto. Como Wesley,
Baxter era um santo prático. Baxter permaneceu firme como uma rocha em
tempo e fora de tempo!
Ao todo, Baxter trabalhou
aproximadamente dezenove anos em Kidderminster e, como um escritor
expressa com beleza, “através de suas pregações e do poder de sua vida
consagrada, toda a comunidade foi transformada de uma habitação da
crueldade e imoralidade em um jardim de verdadeira piedade”. O mesmo
escritor acrescenta que “permanece como uma distorção moral que Richard
Baxter, o mais puro teólogo do século XVII, o homem que desejou por,
lutor por, orou por, e alegremente sacrificou sua vida pela unificação
da igreja, fosse aprisionado por um Juiz protestante e um Júri
protestante”.
O Ato de Uniformidade, que veio à
existência por volta de 1662, dispunha que um livro de orações
autorizado deveria ser utilizado e que todos os ministros não ordenados
pela Igreja Episcopal deveriam ser destituídos. Baxter resistiu esse
Ato, juntamente com dois mil outros ministros, e achou a si mesmo
inculpável por isso. Ele foi caluniado, mal interpretado e teve seu
posicionamento deturpado. “Em perigos muitas vezes” foi tão verdade para
ele quanto para benditos “Irmãos da Aliança” (Nota do Tradutor:
movimento da igreja presbiteriana escocesa contra as inovações da
igreja-estado), que ao mesmo tempo estiveram tingindo as charnecas da
Escócia com seu sangue.
A humilhação final desta grande alma,
Richard Baxter, foi em maio de 1685 pelas mãos do notório Juiz Jeffries
do “Julgamento Sangrento”. Especialmente em seu livro “Paráfrase do Novo
Testamento”, Baxter foi tolamente acusado de caluniar a Igreja. Por
estas falsas acusações, esse santo foi multado em uma quantia de $
200,00 libras (equivalentes à U$ 2.000,00) – uma verdadeira fortuna para
aqueles dias. Enquanto a multa não fosse paga, ele cumpriria pena de
prisão por sete anos “para manter a paz”. Foi uma clemência de última
hora que salvou esse septuagenário Baxter de ser amarrado atrás de um
carro e ser arrastado pelas ruas de Londres.
Após Deus, os livros eram o principal
interesse de Baxter. Ele os escreveu, os comprou, os leu, os comentou e
os presentou. Sua própria pena jamais secou-se. Seus esforços literários
são estonteantes. Ao todo, ele escreveu duzentos livros. Outros
duzentos panfletos são atribuídos a ele. Ele nos deu uma versão métrica
dos Salmos e dois volumes de poesias.
Boswell perguntou ao famoso Dr. Johnson:
“qual dos livros de Baxter deveria ler?” A resposta de Johnson foi
essa: “Leia qualquer um deles; eles são todos bons”. Exercite-se com os
livros: “O Descanso Eterno dos Santos” ou o seu “Chamado aos Não
Convertidos”. E não deixe de ler seu “O Pastor Reformado”. Alguma alma
afortunada poderia encontra a “Autobiografia” de Baxter. Pastor, se você
a ver, compre-a a qualquer custo. Ainda, leia os escritos de Dean Boyle
sobre Baxter – se você os puder encontrar.
“Baxter nunca adulterou seu oráculo e
nunca vendeu a verdade para servir ao momento”. Conforme ele envelhecia,
debilitado em seus membros e dilacerado pela dor cruel, ele preferiu as
prisões às pensões e o sorriso do Rei invisível ao favor do rei
terreno. Ele jamais retirou qualquer palavra que escreveu.
Naquele grande dia para o qual a criação
e todas as suas tribos foram feitos eu, por minha livre vontade,
sentarei em fascinação quando o Rei dos reis recompensar esse servo
fiel, Richard Baxter. Seu segredo não é difícil de ser encontrado. “Ele
era animado pelo Espírito Santo e respirava fogo celestial para inspirar
calor e vida em pecadores mortos e para derreter os obstinados em suas
tumbas congeladas”.
Nessa era de gelo spiritual nós, como Baxter, também necessitamos de uma unção.
Permita-me estender a você algumas pérolas de outros homens sobre Baxter:
“Se Baxter tivesse vivido nos tempos primitivos, ele teria sido um dos Pais da Igreja”, observou o Bispo Wilkins.
O Arcebispo Usher o estimou grandemente.
O Lorde Morley chamava Richar Baxter de “o mais profundo teólogo de todos”.
Coleridge falava sobre a “Autobigrafia”
de Baxter dessa maneira: “Eu poderia dizer que a veracidade do evangelho
é a veracidade de Baxter… Baxter sente e raciocina mais como um anjo do
que como um homem”.
“Em trabalhos mais do que eles” poderia
ter sido o tema de sua vida. Se esta grande alma tivesse vivido tanto
quanto Matusalém, ele teria dado a “cada minuto alguma coisa para ser
guardada”.
Traduzida da versão da Bethany House
Publishers. Este artigo de Leonard Ravenhill foi veiculado no DAYSPRING,
com direito autoral da Bethany House Publishers, 1963, um ministério da
Bethany Fellowship, Inc. Todos os direitos reservados. Biografia
Protegida por direitos autorais.
www.aliancadocalvario.com
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