Isvonaldo sou Protestante

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sábado, 28 de janeiro de 2012

Apostolo prega as heresias da confissão positiva e faz aparecer joias entre os fieis.


Por Renato Vargens 

A teologia da prosperidade é um câncer. Ela tem feito inúmeros males a comunidade Cristã, se não bastasse isso, a confissão positiva e determinante ensinada pelos apóstolos da contemporaneidade também tem trazido inúmeros prejuízos a igreja brasileira.

Pois é, acabei de assistir um vídeo onde o líder da Igreja Fonte de Vida, Apóstolo Augusto, (veja abaixo) pregou inúmeras baboseiras, dentre estas, a funesta teologia da prosperidade. Para piorar, a hermenêutica usada por esse senhor é absolutamente equivocada, isso sem falar, que a mensagem proclamada está repleta de alegorias absolutamente esquizofrênicas. Cesar em sua mensagem afirma que os anjos estão como serviçais dos homens, determina que aquele que crer não terá uma enfermidade sequer em 2012, proclama o maniqueísmo moderno dando poder em demasia a Satanás, profetiza constantemente bênçãos sobre auditório, mistura vários textos do Antigo Testamento, fundamentando suas doutrinas heréticas em versos isolados e muito mais. 

Confesso que poucas vezes vi uma exposição bíblica tão confusa e tão repleta de valores humanistas como essa pregada por Cesar Augusto

Pois é, para piorar a situação, Ruy Marinho, Editor do BLOG BEREANOS compartilhou um texto onde o apóstolo afirmou ter feito milagres extraordinários, dentre estes fazendo aparecer joias nas mãos dos irmãos:

“Uma explosão de milagres. Mais de quinze mil pessoas reunidas na Praça Cívica em Goiânia para o encerramento da Campanha Desafio de Elias, receberam a ministração poderosa do Apóstolo César Augusto, da Bispa Rúbia de Sousa e da Igreja Fonte da Vida em uma noite memorável.[...] Após o louvor o Apóstolo César Augusto começou a ministrar libertação naquela multidão. Centenas de vidas foram libertas e o diabo foi envergonhado em “praça pública”. Depois o Apóstolo e a Bispa Rúbia intercedeu por prosperidade, todos foram abençoados, com sinais claros em jóias e nas vidas dos irmãos. Por último houve uma poderosa ministração de cura pelo Apóstolo César Augusto. Milhares foram curados instantaneamente pelo poder do Senhor Jesus. Muitos testemunhos enriqueceram a noite.[...] O culto terminou com o corredor onde mais de quinhentos pastores e cooperadores abençoaram a multidão que passava com fé e depositando seus pedidos no altar. No final uma grande fogueira santa foi constituída e os pedidos queimados diante do Senhor.”

Caro leitor, por favor repare que o texto afirma que o apóstolo César Augusto e a Bispa Rubia intercederam por prosperidade e todos foram abençoados, com sinais claros em jóias na vida dos irmãos.

Sinceramente eu não sei aonde vamos parar. Primeiro foram os dentes de ouro, depois o pó de ouro, agora os apóstolos fazem aparecer joias nas mãos dos crentes.

Preciso confessar uma coisa: Tenho nojo dessa teologia do inferno! Sinto asco da confissão positiva, da ignorância apostólica, das distorções bíblicas quanto a prosperidade. Sinto ojeriza desta transloucada unção , aliás, por acaso você já percebeu que a moda agora é ser apostólico? O culto é apostólico, o louvor é apostólico, as ofertas são apostólicas, tudo absolutamente tudo é apostólico?

Pois é, o próprio Cesar Augusto, afirmou que 2012 é um ano apostólico.

Prezado leitor, com dor no coração sou obrigado a confessar essa gente não têm pregado o evangelho do reino. Antes pelo contrário, o evangelho o qual estes têm pregado é humanista, megalomaníaco e patológico.

Tenho a impressão de que o fato de enfatizar em suas mensagens um conteúdo “apostólico” é nada mais, nada menos do que uma sutil tentativa de diferenciar o produto deles daquilo que é oferecido por outras igrejas. Na verdade, é extremamente comum observar em tais movimentos, uma ênfase exagerada na tal unção.

Ah, meu amigo, como inúmeras vezes tenho falado não agüento mais a efervescência da graça barata, o mercantilismo gospel, a banalização da fé. Não agüento mais, as loucuras e os atos proféticos feitos em nome de Deus. Chega! Basta! Quero viver e pregar o evangelho, quero ver uma igreja, santa, ética, justa e profética, quero ver uma igreja, que não se corrompe diante loucuras dessa era, quero ver uma igreja reformada e reformando, quero ver uma igreja PROTESTANTE!

Soli Deo Gloria

Renato Vargens

Uma Igreja Verdadeiramente Próspera



Que parâmetros podem ser utilizados para que uma igreja seja avaliada como próspera nos moldes bíblicos, e não pela teologia da prosperidade?

É uma igreja equilibrada. Uma igreja próspera não pende nem para pregar a teologia da prosperidade nem a teologia da miséria. É uma congregação que sabe motivar seus membros a trabalharem, a confiarem em Deus e a contribuírem para que todos tenham o necessário para sua subsistência. O equilíbrio dessa igreja faz com que ela entenda que pobreza não é sinal de maldição de Deus, nem que a riqueza é necessariamente um sinal da bênção de Deus (muitos ricos, crentes, burlam o fisco com declarações falsas e ainda contam esses fatos como vitórias que Deus lhes concedeu. Esquecem-se do A César o que é de César...).

É uma igreja aberta às necessidades de seus membros"Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre" (Mt 26.11). Jesus não desfez dos pobres, e deixou claro que eles sempre existiriam. Uma igreja próspera não despreza aqueles que tem poucos recursos em detrimento dos que tem muito: "se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores" (Tg 2.9). Uma igreja próspera é consciente de que não pode desprezar seus pobres, e que deve assistilos, como o fizeram a Igreja em Jerusalém (nos dias dos apóstolos, as viúvas dos gregos reclamaram que estavam sendo preteridas na distribuição dos recursos ofertados, e nesse momento foi instituído o diaconato, a fim de que houvesse equilíbrio na distribuição dos recursos) e as igrejas dos macedônios (uma comunidade de igrejas compostas de pessoas predominantemente pobres, e que precisavam de ajuda financeira, mas que por terem se dado primeiramente ao Senhor, abriram mão do pouco que tinham para cooperar com os crentes em Jerusalém - 2 Co 8).

É uma igreja que não se esquece de partilhar seus recursos para a obra de Deus. Muito se pode fazer por meio de ofertas missionárias e outras manifestações de generosidade para com a obra de Deus. Há igrejas em nossos dias que pagam altas somas de dinheiro para que um artista venha ao templo, cante três músicas e vá embora sem permanecer ou participar do culto. Curiosamente falando, raramente essas igrejas demonstram o mesmo grau de generosidade para financiar um curso teológico para um obreiro que deseja se capacitar, e raramente enviam ofertas missionárias a obreiros que estão em tempo integral evangelizando e pregando o evangelho. Uma igreja próspera investe no Reino, na divulgação do evangelho e na preparação de obreiros que servirão a Senhor.

Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 13, Nr. 49, Jan-Mar 2012.
Via: [ Cinco Solas ]

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

TEOLOGIAS DO INFERNO



Sou megaultrahiper a favor do estudo Teológico. Já fiz dois seminários e defendo com unhas e dentes o estudo da Teologia. Mas estou preocupadíssimo. Tenho visto instituições de ensino e certos professores falarem cada absurdo que minha vontade é começar a concordar com os irmãos que dizem que basta ter Jesus no coração e cantar umas músicas num festival gospel que tá tudo certo. Pois a verdade é que há muitas instituições ditas evangélicas de ensino teológico cujos desensinos têm me arrepiado todo. Por mais que seja uma contradição em termos, parecem teologias do inferno.
A última foi um professor de pós-graduação de uma universidade Metodista de São Paulo que tem quase 9 mil seguidores no twitter e que soltou a seguinte pérola na rede social: “Eu não falei nada em ganhar almas, eu nem acredito que há almas imortais“. Depois de alguns segundos de catatonia, fiquei pensando nas pobres criaturas que têm aulas com esse cavalheiro. Que matriculam-se numa universidade, pagam mensalidades, gastam horas em salas de aula… para desaprender a Bíblia. Minutos depois, mandou-me outro tweet: “biblia fala na ressureição da pessoa por parte d Deus, alma imortal é conceito grego e ñ necessita de ressurreição“.
Ou seja, o que esse teólogo disse (se não é isso, por favor, que me corrijam) é que a alma morre e depois ressuscita com o corpo (pessoa = parte corpórea + parte espiritual). Bem, aí eu fiz o que todos deveriam fazer ao ler coisas estranhas assim: fui checar na Bíblia. E não é que descobri que em Mateus 10.28 Jesus diz que a alma não pode ser morta?! “Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno“. Pois é, biblicamente apenas as almas que vão para o inferno podem ser destruidas. As demais não – e, portanto, permanecem existindo em sua imortalidade. Ou Jesus estava equivocado?
Ou Mateus 16.26: “Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?“. Como se perderia uma alma se ela não fosse imortal? Ah, já sei, é conceito grego…
Ou Ap 6.9: “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram“. Peraí. no Céu João viu almas cujos corpos morreram mas elas continuavam vivas? Então temos: “eu nem acredito que há almas imortais” versus “vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos”. Hmmm… começo a sentir cheiro de ensinos teológicos errados no ar. E teologias erradas não vêm de Deus. E se não vêm de Deus… vêm de quem então? Talvez de 1 Timóteo 4.1, “O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios”.
Foi quando lembrei-me que esse mesmo senhor, meses atrás, por ocasião do tsunami no Japão, apoiou as opiniões de um certo pastor (autointitulado “o herege da vez”) que disse que “Um deus q tem propósito pra tudo, inclusive pra o mal, é réu confesso! E a pena deveria ser a morte!“. Ao que esse professor que não crê em almas imortais afirmou no twitter: “Quem se pergunta c/ Deus pode permitir terremoto-tsunami ñ entendeu q Deus,por ser Amor, abdicou d controle sobre o mundo“.
Calma. Para tudo. Vou repetir o que ele escreveu, atenção por favor: “…Deus, por ser Amor, abdicou d controle sobre o mundo“. Isso dito por um professor de uma universidade metodista e que tem quase 9 mil seguidores no twitter. Imagina quantos corações e mentes ele não influencia com esses pensamentos. Que vêm de onde mesmo? Uma teologia como essa, que tira de Deus o controle do mundo é um beijo de Judas: tem aparência de amor mas por trás só traz destruição.
Eu confesso: diante dessa última resposta não aguentei e lhe pedi uma explicação mais a fundo (sei lá, vai que entendi errado, que peguei a frase fora de contexto ou que a validade de meus óculos venceu). E não é que ele meteu os gregos de novo na história? Defendeu a mesma ideia de que o Deus da Bíblia controlar as forças da natureza é uma herança pagã dos gregos, que o Deus da Bíblia é relacional e não interfere nas forças da natureza. Agostinho cristianizou Platão e Tomás de Aquino, Aristóteles e por isso agora os teólogos pós-modernos do século 21 helenizaram 2 mil anos de teologia cristã. Jesus…
Aí eu me lembrei do Dilúvio, da abertura do Mar Vermelho, da abertura do Rio Jordão para os israelitas entrarem em Canaã, do “sol que parou”, das pragas do Egito, de Cristo acalmando a tempestade, do terremoto no momento da morte de Jesus e outras forças da natureza sobre as quais a Bíblia – e não os gregos – é clara sobre terem sido provocadas pelo controle de Deus sobre o mundo, suspirei e simplesmente ignorei os devaneios desse senhor. Dei unfollow nele e toquei a vida sem que suas frasezinhas bonitinhas pontuadas por absurdos teológicos incomodassem minha vista. Mas agora ele volta à minha vida ao afirmar que não há almas imortais. Então tá.
Peraí. “Então tá” coisa nenhuma. A coisa é séria. Pois são senhores como esse que assumem a direção de cursos de Teologia e ensinam multidões de pobres almas imortais que elas não são almas imortais!
Isso me faz lembrar de um amigo que depois de 6 anos na igreja matriculou-se num seminário dominado pelo Liberalismo Teológico e ouviu tanta bobagem antibíblica que apostatou da fé. Hoje segue a religião de um guru chamado Osho (que assim como esse professor, tem umas frases lindíssimas e que fisgam milhares de simpatizantes nas redes sociais, mas que prega pesado contra o Cristianismo). Então não posso simplesmente falar “então tá”, pois, com todo respeito à opinião do nobre colega, levar pessoas a crer em heresias pode levar almas imortais a irem para o inferno.
Quer dizer, isso se esse senhor acreditar em inferno, talvez ele creia que seja apenas “uma metáfora”, como afirmam os teólogos liberais. Ou uma invenção dos gregos. Em dias maus como os nossos, se até pastores emergentes estão tirando Gandhi do inferno… tudo é possível.
Um Jesus caótico e descontrolado
Segundo artigo intitulado A soberania de Deus e a contingência do mundo, do blog de um pastor chamado Ed René Kivitz, o referido professor é mencionado como tendo dito que “o Deus da Bíblia não é o Deus da ordem e do controle, pois o amor instala, ou, no mínimo, abre espaço e a possibilidade do caos“. Se você leu rápido demais, deixe-me repetir: “o Deus da Bíblia não é o Deus da ordem e do controle“. Fico me perguntando de que Bíblia ele está falando. Será a mesma Bíblia que afirma que Deus fez certos preparativos “desde antes da fundação do mundo”? Como, p.ex., em Ef 1.4: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor“. Suponho eu que organizar e preparar ocorrências antes da fundação do mundo para acontecerem dali a milênios exija um pouco de ordem e controle, não? Ou é possível planejar algo com tanta antecedência cruzando os dedos para que o caos faça as coisas acontecerem como se desejou?
Vai ver que Deus criou o mundo cantando “o acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído…”.
Mas essa praga de pensamentos apócrifos que contradizem dois mil anos de Cristianismo como se fossem uma grande descoberta teológica revelada a essas poucas mentes privilegiadas não é exclusividade desse cavalheiro, a quem um grupo de irmãos sérios na teologia que conheço apelidou carinhosamente de “Senhor Miyagi” (não só por sua aparência oriental, mas por ficar se preocupando em inventar teologias bizarras tão úteis ao Reino de Deus como catar moscas no ar, um hábito desse personagem do filme Karatê Kid). No seminário teológico Presbiteriano onde meu sogro estudou antes de ser ordenado Pastor, as heresias do Liberalismo Teológico comiam soltas. Schleiermacher, Ritschl, Troeschl e Bultmann reinavam absolutos. Graças a Deus (e põe Deus nisso), a direção do seminário mudou e um ortodoxo assumiu, demitindo os professores que ensinavam o falso cristianismo do Deus que não faz milagres e voltando às bases da fé. Que alívio e que sorte para os futuros alunos. Oro para que os alunos da universidade metodista paulistana onde esse cavalheiro das almas mortais e do Deus sem controle leciona venham a ter a mesma sorte.
Eu mesmo ministrei por nove anos em um seminário teológico onde os alunos me relatavam ensinos de outros professores, como um querido que ensinava que almas penadas caminham entre nós após a morte – e outras sandices do gênero.
Considerações finais
Enfim…volto a dizer: sou a favor do estudo teológico. O considero imprescindível. Recomendo enfaticamente a quem não cursou um seminário que o faça, para aprender as verdades bíblicas e não ficar achando, por exemplo, que um programa de música “gospel” na televisão secular é um grande avanço do Evangelho. Mas meu irmão, minha irmã, aqui vai o ponto-chave do que eu quero dizer com todo este post: informe-se muito bem sobre o lugar onde você pretende estudar. Não matricule-se apenas. O que você aprenderá ali vai mexer a tal ponto com sua mente que você poderá crescer enormemente no conhecimento de Cristo ou poderá se tornar um herege ou mesmo um apóstata.
Ser cristão sem compreender e saber explicar as razões da nossa fé é manter-se na tensão superficial do oceano do Espírito. Faço minhas as palavras de Anselmo de Cantuária, teólogo e filósofo cristão do século XII, que disse que Teologia é “fides quaerens intellectum” – fé em busca de entendimento. Mas é fundamental que seja um entendimento baseado na Verdade que Pedro afirmou em 2 Pe 1.15,16: “Eu me empenharei para que, também depois da minha partida, vocês sejam sempre capazes de lembrar-se destas coisas. De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; ao contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade“.
Portanto, querido irmão, querida irmã, fuja das fábulas engenhosamente inventadas por aqueles que querem garantir seu lugar na História inventando uma nova teologia (falar o que todo mundo já fala não dá muito ibope, afinal, não é?).
Fuja da Teologia Relacional.
Fuja do Teísmo Aberto.
Fuja do Universalismo.
Fuja da Teologia Liberal.
Fuja da Ética Transacional Ascendente.
Fuja da Teologia da Prosperidade.
Fuja da Confissão Positiva.
Fuja de tudo aquilo que contraria 2 mil anos de conhecimento e traz novas invenções doutrinárias que servem tão somente para dar notoriedade aos seus proponentes mas que não fazem absolutamente nada pela causa do Evangelho. Porque entre me associar a uma dessas heresias ou ficar tocando pandeirinho e cantando “Desce fogo, desce poder, quem estiver ligado vai receber…” eu fico com a segunda opção. Causa menos dano espiritual. E os pandeiros, tenho certeza, não foram inventados pelos gregos.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
***
Maurício Zágari é jornalista, escritor e editor do blog Apenas.

Resposta ao Pr. Silas Malafaia por ter chamado àqueles que combatem a teologia da prosperidade de idiotas


Por Renato Vargens
 Entendendo o contexto:
Em entrevista a Revista Igreja de novembro de 2010 o pastor Silas Malafaia, da Igreja e programa de TV Vitória em Cristo, chamou os pastores que não pregam a teologia de prosperidade de Idiotas que deveriam perder a credencial e voltar a ser membro para aprender as Escrituras.
Confira abaixo a entrevista:
Revista Igreja: O senhor está sendo duramente criticado pelo setor mais conservador da igreja por causa da teologia da prosperidade pregada por alguns convidados de seu programa, como Morris Cerrullo e Mike Murdock. Como o senhor responde a estas criticas de que a teologia da prosperidade não tem base bíblica e é uma heresia?
Silas Malafaia: Primeiro quem fala isto é um idiota! Desculpe a expressão, mas comigo não tem colher de chá! Por que quando é membro eu quebro um galho, mas pastor não: é um idiota. Deveria até mesmo entregar a credencial e voltar a ser membro e aprender. Para começar não sabe nada de teologia, muito menos de prosperidade. Existe uma confusão e um radicalismo, e todo radicalismo não presta.
Em seguida o pastor da Igreja Vitória em Cristo defendeu a Teologia da Prosperidade e a si mesmo: “Finanças é um dos maiores assuntos da Bíblia. Quando chega nesta parte, muitos pastores, as vezes porque eles mesmos não dão dízimo e nem oferta e, portanto não tem autoridade para falar do assunto, querem bater em quem fala”.
Minha Perplexidade:
Caro leitor, estou estupefacto com a entrevista de Silas Malafaia. quer dizer então que aqueles que combatem essa maldita teologia são idiotas? Quer dizer então que a prosperidade ensinada pelos teólogos da prosperidade é bíblica?
Minha resposta ao Pastor Silas Malafaia:
Prezado pastor,
O senhor sempre foi tratado com respeito pelos membros das igrejas evangélicas, no entanto, ultimamente o senhor tem tomado atitudes que nos tem feito ruburizar de vergonha.
Lembro com saudosismo que antigamente o senhor usava do seu programa de TV para evangelizar aqueles que não conheciam a Cristo, além de combater alguns desvios teológicos da igreja evangélica brasileira. Foi assim por exemplo com os "gedozistas" que teimavam em ensinar um evangelho diferente do Evangelho da Salvação Eterna ou com os teólogos da prosperidade que comecializavam as bençãos do nosso Senhor. No entanto, pelo que vemos o senhor mudou radicalmente.
Prezado Silas, diante do exposto sou obrigado a confessar que estou assustado com o seu comportamento! Se não bastasse a venda da unção da prosperidade por R$ 900,00, o senhor vem a publico afirmar que quem combate a teologia da prosperidade é idiota.
Caro (bota caro nisso) Silas Malafaia, diante de sua afirmação gostaria de lhe dizer que eu me encaixo no quadro dos idiotas. Gostaria de lhe dizer que não desejo a sua unção financeira. Eu não almejo essa espúria unção da prosperidade. Eu não quero esse evangelho manipulador que tira dinheiro do bolso dos meus irmãos.
Prezado Silas, lamento lhe informar, mas eu não vou semear ofertas de R$ 1.000,00 em troca de bênçãos de prosperidade, nem tampouco me sujeitar as falsas profecias murdokianas. Eu não desejo esse evangelho cabalístico e cheio de números. Eu não almejo a unção especial da prosperidade de homens que só falam em dinheiro. Eu não quero o enriquecimento mediante as ofertas do povo de Deus.
Afortunado evangelista, tenho certeza de que você bem sabe que este não é, nunca foi e jamais será o evangelho do Senhor. Aliás, vamos combinar uma coisa? Chega desta palhaçada, nós não suportamos mais ver o comércio do nome de Deus, antes pelo contrário, desejamos ver neste imenso país o evangelho vivido e pregado por Lutero, Calvino, Jonathan Edwards, John Wesley, Spurgeon, Lloyd Jones entre tantos outros mais, sendo pregado de forma eficaz.
Prezado Silas, isto posto, oro ao Senhor nosso Deus pedindo a Ele que tenha misericóridia da sua vida e que por sua graça o reconduza novamente aos valores inegociáveis da sã doutrina!
Arrependa-se enquanto ainda é possível!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Heróis da Fé



Exemplos do passado para os crentes do presente

Ao escrever a carta aos Hebreus, seu autor estava diante de um desafio: mostrar aos judeus convertidos a superioridade do cristianismo em relação ao judaísmo. A religião do Antigo Testamento era muito vinculada a questões visíveis, objetos sagrados, lugares santos e pessoas especiais. Tudo isto era coerente com aquele estágio da revelação divina. O evangelho, porém, transfere a ênfase para o invisível, acessível por meio da fé. Os destinatários daquela carta precisavam se desvincular, em certo sentido, de toda aquela herança palpável, sob pena de ficarem presos a um estágio que já deveria ter sido superado. Tudo aquilo funcionaria como uma âncora que, embora tenha sido útil no passado, tornava-se impedimento ao progresso espiritual. O desapego era necessário para que aqueles irmãos pudessem alcançar um novo nível em suas experiências com Deus. 

Para fundamentar sua argumentação de que a fé é superior e por ela viverá o justo (Heb.10.38), o autor apresenta, no capítulo 11, uma lista de personagens do Antigo Testamento, demonstrando que eles também dependeram da fé em seu relacionamento com Deus, tornando-se justos diante dele (11.7). É de especial importância o fato que as primeiras pessoas da lista viveram antes que houvesse o judaísmo, a lei mosaica, o templo e seus rituais.

Visível ou invisível – viver por vista ou por fé.

O capítulo apresenta um confronto entre o visível e o invisível. Em alguns casos, o invisível refere-se ao que é espiritual (11.6), em outros, trata-se daquilo que ainda não existe ou ainda não foi alcançado. Portanto, os servos de Deus dependeram da fé e por meio dela foram capazes de esperar o que Deus prometeu ou caminhar na direção determinada por ele (11.1).

As circunstâncias poderiam atrair o foco dos personagens para o presente visível, fosse o problema imediato (a esterilidade de Sara, por exemplo – v.11) ou o benefício imediato (tesouros do Egito – v.26). Era preciso ousadia e determinação para prosseguir em direção ao futuro planejado por Deus.

Nós também vivemos esse confronto a cada dia, correndo o risco de sermos dominados pelas tribulações e tentações da realidade visível, muitas vezes contrária ao que cremos e esperamos.

Visível e invisível se encontram em Hebreus 11, versos 1, 3, 6, 7, 8, 13, 20, 21, 22, 26, 27. 

Esperar ou agir?

Os heróis da fé souberam esperar e agir. A vida de fé sempre se caracteriza por estas duas atitudes, opostas entre si. Existe tempo de espera e tempo de ação. Que Deus nos dê sabedoria para discernir um do outro. É como acontece no trânsito de automóveis: existe o tempo de avançar e o tempo de parar, dependendo dos sinais ou condições da via. Que o Senhor nos ajude a compreender sua direção e seus sinais.

Hebreus 11 contém o conceito de “herança”, que pressupõe a espera (v.7, 8, 9). A pressa, a precipitação e o imediatismo são contrários à fé. Por outro lado, o comodismo e a inércia também são. É preciso saber identificar o momento certo e então agir.

O homem moderno é cada vez mais impaciente, desejando resultados instantâneos, mesmo que não sejam duradouros. Esse tipo de atitude não combina com uma vida de fé.

Atitudes de espera são citadas ou subentendidas em Hebreus 11.1, 7, 8, 9, 10, 11, 28, 30. Porém, o que mais se destaca no capítulo é a ação dos personagens. Fé bem direcionada.

A maioria das pessoas afirma ter fé, mas é preciso saber em quê elas acreditam. Há que se observar que a fé daqueles homens era em Deus (Heb.11.6). Aquele capítulo não serve para se justificar a fé em qualquer coisa, pessoa, espírito ou santo, mas uma crença corretamente direcionada.

Diversidade de personagens.

A lista envolve homens (v.4, 5, 7, etc), mulheres (v.11), solteiros (v.24), casados (v.8), crianças (v.23), jovens (v.9), adultos (v.24), idosos (v.21, 22), ricos (v.8) e pobres (v.31). Lemos sobre a experiência de maridos (v.7, 8), esposas (v.11, 35), filhos (v.17), patriarcas (v.8, 20, 21, 22), juízes (v.32), profetas (v.32) e um rei (v.32). Há episódios envolvendo pais e filhos (v.20), avôs e netos (v.21), líderes (v.24, 32) e o povo (v.29). São vivências individuais, familiares e coletivas, chegando a envolver toda a nação de Israel. Para não se dizer que o capítulo é estritamente judaico, temos ali uma mulher cananéia: Raabe, a meretriz.

Abel, Enoque e Noé também não eram judeus. Com isso se demonstra que não existe uma exclusividade nacional no relacionamento com o Senhor.

Tal variedade nos permite concluir que há lugar para todos os tipos de pessoas no reino de Deus. Jacó e Raabe são exemplos de pessoas com problemas de caráter e comportamento, mas que creram em Deus e foram transformados por ele.

Nenhum de nós deve pensar que está excluído da possibilidade de ter uma experiência gloriosa com o Senhor pela fé, pois ele chama a todos, não fazendo acepção de pessoas (At.10.34). 

Crise é oportunidade

Muitos dos exemplos citados em Hebreus 11 envolvem crises que, atravessadas com fé, foram transformadas em grandes vitórias. Se a vida daqueles homens tivesse sido absolutamente tranquila, seus nomes não estariam na galeria da fé.

Diante de problemas graves (v.11) e obstáculos humanamente intransponíveis (v.30), insuperáveis, eles perseveraram, avançaram e venceram.

Moisés se destacou, sendo citado em vários versículos (v.23-29). Enfrentou vários desafios, em diferentes fases da vida, em lugares e situações diversas. Resultado: várias superações. Temos, em seu exemplo, particularidades da formação de um grande líder.

Todos os heróis da fé enfrentaram muitas dificuldades. Por isso tiveram grandes experiências e, em cada uma delas, conheciam o Senhor um pouco mais.

Portanto, aceitemos de bom grado as nossas lutas, pois elas se tornam nossas únicas e óbvias oportunidades de vitória. Não quero dizer que devamos acomodar diante dos problemas, mas enfrentá-los como fatos necessários na vida, desde que não sejam causados por nós mesmos.

Se existe um tipo de oração errada, contraditória e que Deus não atende é esta: “Senhor, evita todo tipo de tribulação na minha vida e faz com que eu seja um cristão maduro, forte e experiente”.

Como alguém pode ter músculos bem desenvolvidos sem o levantamento de pesos? Por outro lado, não podemos provocar crises por nossa própria iniciativa. Seria como pular do pináculo do templo para que os anjos nos segurem (Mt.4.6).

É importante frisar também que a crise não adquire aspectos positivos automaticamente. Isto depende de como nos comportamos diante dela, se somos passivos, se agimos por conta própria ou de acordo com a orientação de Deus. Por exemplo, Noé venceu o dilúvio porque seguiu as instruções divinas (Heb.11.7).

Na água, pode-se afundar ou flutuar. São dois fatos opostos, mas ambos obedecem às leis físicas. Assim, na mesma situação em que alguns afundam, outros flutuam porque realizam procedimentos concretos derivados da fé. Estão vivendo de acordo com uma lei superior, a lei do espírito de vida (Rm.8.1-2). Há quem se afogue num balde d’água e quem sobreviva sobre o oceano. 

OS HERÓIS DA FÉ

Suas vitórias estavam fundamentadas na palavra de Deus.

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem” (Heb.11.1), mas ela também possui um fundamento: a palavra de Deus (Rm.10.17). Caso contrário, pode-se estar crendo em coisas invisíveis inexistentes que são apenas fruto da imaginação humana.

A fé legítima é aquela que nasce da palavra. De nada adianta crermos em algo simplesmente porque queremos, mas, se cremos porque Deus falou, então temos motivo suficiente e seguro para crer. Nossos pedidos particulares só poderão ser atendidos, se forem coerentes com a palavra de Deus (IJo.5.14-15) e com o seu propósito específico para cada um de nós.

Assim como a fé percorre todo o capítulo 11 de Hebreus, o mesmo ocorre com a palavra de Deus. Ela está ali, o tempo todo, como um pano de fundo para os fatos narrados.

Vejamos alguns exemplos:
- A fé de Noé estava fundamentada na palavra: no aviso de Deus a respeito do dilúvio (v.7).

- A fé de Abraão estava fundamentada na palavra de Deus: no chamado, na ordem e na promessa (v.8).

- A fé de Sara foi estabelecida sobre a mesma palavra: a promessa (v.11). Vemos que a palavra de Deus assume diversas formas: aviso, ordem, chamado, promessa, etc. Devemos ser cuidadosos para não rejeitarmos o aviso, não desobedecermos a ordem e não desprezarmos o chamado. Todos querem as boas promessas, tomando-as até por empréstimo na bíblia, mas não devemos ser seletivos quanto à aceitação do que Deus nos fala, pois isto seria prejudicial à nossa fé e à nossa experiência, mesmo porque o cumprimento de muitas promessas está condicionado à obediência às ordens que o Senhor nos dá.

Podemos dizer que todos os heróis da fé andaram sobre a promessa. Esta é a palavra de Deus que permeia todo o capítulo (v.9, 11, 13, 17, 33, 39). É sobre a palavra que tudo acontece para os que crêem. Assim, a fé opera no sentido de cumprir a vontade de Deus e não os caprichos humanos.

O valor da palavra nos lembra o valor do conhecimento. A ignorância produz medo e superstição, mas o conhecimento da palavra produz a verdadeira fé. Para que isto aconteça, precisamos receber a palavra e uma das principais formas de fazê-lo é pelo ouvir (Rm.10.17). Os que negligenciam o ouvir impedirão seu crescimento na fé (Heb.5.11-14).

Deus falou a sua palavra, mas quem a ouviu? Quem deu crédito? (Is.53.1; Rm.10.16).

Diante de um fato/crise, que pode ser ilustrado pelo dilúvio, o ignorante (que desconhece a palavra de Deus) torna-se vítima. O conhecedor incrédulo e o crente negligente, omisso e passivo também são destruídos. Não adianta conhecer sem crer ou crer sem decidir, sem agir.

A fé dos pais em benefício dos filhos.

Na maioria dos exemplos citados em Hebreus 11, a fé e o ato mencionado pertencem à mesma pessoa. Contudo, a primeira citação sobre Moisés traz detalhes interessantes: Pela fé, Moisés foi escondido por três meses (v.23). Nesse caso, a fé era de seus pais. O relacionamento dos pais com Deus torna-se proteção para os filhos até que eles possam crer por si mesmos (v.24), fazer suas escolhas (v.25), identificar os verdadeiros valores da vida (v.26) e renunciar às ofertas deste mundo (v.27).

O contrário também é verdade. A incredulidade dos pais sujeita os filhos a danos diversos neste mundo (embora não impeça a salvação dos pequenos que ainda não atingiram a idade da razão).

O texto do verso 23 poderia ser assim: “Pela fé, os pais de Moisés não o esconderam. Saíram com ele pelas ruas do Egito, não temendo a ira do rei”. É claro que esse “versículo” não existe. Uma suposta ousadia motivada pela fé poderia produzir um ato de loucura. A fé não dispensa prudência e sabedoria. Não pregamos uma fé inconsequente. Algumas vezes o confronto é inevitável, mas nem sempre é este o caso. Que Deus nos dê sabedoria para discernir entre uma e outra situação.

O capítulo nos mostra também a fé do avô Jacó em benefícios de seus netos: Efraim e Manassés (Heb.11.21; Gn.48.1).

A fé deve ser demonstrada pela ação.

Assim como a fé e a palavra de Deus, a ação humana percorre todo o capítulo 11 de Hebreus.

É uma grande honra ter o nome citado na galeria dos heróis da fé (uma lista de pessoas aprovadas por Deus), mas muitas figuras do Antigo Testamento não foram lembradas. Qual foi o método do autor para selecionar os personagens ali mencionados? Alguém poderia responder que o critério foi a fé de cada um deles. Contudo, sabendo que não se pode ver ou medir a fé, concluímos que os nomes foram escolhidos de acordo com suas ações, realizações, conquistas ou resistência, as quais serviram como inequívocas provas de sua fé.

Não importa quanto cremos, se nada fazemos. A fé é como o amor. Ambos precisam ser expressos em atitudes e ações, mais do que em palavras. Caso contrário, serão questionáveis, colocados em dúvida. Por isso, escreveu Tiago: “A fé sem obras é morta” (Tg.2.26).

A fé é como dinheiro no banco. Enquanto não for usado, não terá utilidade real. Sabemos que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Heb.11.6), mas isto não significa que agradaremos a Deus apenas com a fé. Ela deve ser acompanhada pela obediência ou ação espontânea. O mesmo versículo 6 diz que Deus é o galardoador dos que o “buscam”, e não apenas dos que nele crêem. Vejamos alguns exemplos:

Pela fé, Abel agiu, trazendo uma oferta (v.4); Enoque andou com Deus (v.5); Noé construiu a arca (v.6); Abraão saiu de sua terra (v.8) e, mais tarde, ofereceu Isaque (v.17). Pela fé, Isaque abençoou seus filhos (v.20); Jacó abençoou seus netos e adorou ao Senhor (v.21). Pela fé, José profetizou a saída de Israel do Egito (v.22). Pela fé, Moisés recusou ser chamado filho da filha de Faraó (v.24). Pela fé, Moisés celebrou a páscoa e deixou o Egito (comemoração antes da libertação? Somente pela fé) (v.27, 28). Pela fé, Israel atravessou o Mar Vermelho (v.29). Pela fé, Josué conquistou Jericó (v.30). Pela fé, Raabe acolheu os espias (v.31). Outros venceram reinos, praticaram a justiça, etc (v.33).

Cuidado com a tentação de acreditar em tudo e não praticar coisa alguma. Muitos acreditam na bíblia, mas não a lêem. Acreditam na importância do jejum, mas não jejuam, também não ofertam, não ajudam, não trabalham. É um tipo de fé vazia e improdutiva, uma forma de enganar a si mesmo.

A fé é invisível, mas precisa produzir resultados visíveis. A fé é espiritual, mas precisa surtir efeitos na vida natural. Só assim haverá um testemunho útil da nossa experiência com Deus.

Não se trata de uma supervalorização das obras, nem de considerá-las motivadoras da salvação, mas apenas de tratá-las como importantes enquanto resultados concretos e necessários da fé.

A crença em Deus deve ser acompanhada por atitudes coerentes.

A fé relaciona-se à ação, mas não apenas a atos isolados. Deve estar vinculada a um modo de vida coerente. O capítulo destaca alguns elementos éticos que precisam acompanhar a fé.

De fato, a fé daqueles personagens sempre estava acompanhada por outras virtudes. A fé não dispensa uma vida correta. Isto não significa que ela ocorra apenas no coração dos puros e inocentes. Entretanto, seu resultado deverá ser a purificação daqueles que a possuem.

Observamos a questão ética, por exemplo, quando Moisés recusou ser chamado filho da filha de faraó, escolhendo sofrer com o povo de Deus, considerando o vitupério de Cristo mais precioso do que os tesouros do Egito. Estamos, portanto, falando de valores e prioridades definidos com base na fé e no compromisso com Deus. 

Ações divinas

Assim como temos ações humanas acompanhando a fé em todo o capítulo 11 de Hebreus, o mesmo ocorre com as ações divinas. Deus age na vida daqueles que crêem e se colocam em ação pela fé. Algumas vezes, a ação do Senhor está oculta no episódio, devendo ser subentendida (v.29, 30, 33, 34, 35).

Temos, portanto, a sequência: Deus fala, o homem crê, o homem age, Deus age. O Senhor trabalha a favor daqueles que crêem (Is.64.4).

Sem as ações divinas, as ações humanas seriam insuficientes, insignificantes, ineficazes, inúteis. 

Vejamos alguns atos de Deus em Hebreus 11:
- Deu testemunho sobre Abel (v.4).
- Trasladou Enoque (v.5).
- Deu um filho a Abraão e Sara (v.11).
- Preparou uma cidade (v.16).
- Abriu o mar (v.29).
- Derrubou os muros de Jericó (v.30).
- Ressuscitou os mortos (v.35).

Em todos os episódios citados no capítulo, a ação humana envolve o que é possível. Em seguida, Deus faz o impossível. No caso de Jericó, por exemplo, o povo podia rodear a cidade. Logo, deveria fazê-lo porque Deus mandou. O Senhor poderia ter dito: “Ficai em vossas tendas dormindo, enquanto eu derrubarei as muralhas”. De modo nenhum. Não devemos pensar que Deus fará tudo sozinho. Ele quer a nossa participação, dentro das nossas possibilidades e, principalmente, de acordo com o que ele nos ordenou.

Diversidade de experiências.

O texto de Hebreus 11 menciona situações diversas, das mais simples (v.9) às mais complexas (v.34), envolvendo a fé, mostrando vários aspectos da vida, para não ficarmos restritos a algum deles em nosso relacionamento com Deus. Seguiremos apenas o exemplo de Abel? Tudo se resume à oferta? De modo nenhum. É preciso aprender também com os outros personagens. Isso nos mostra que Deus está atento a tudo, desde as situações mais comuns até as mais desafiadoras.

Observamos também que Deus não opera sempre da mesma maneira. Alguns fatos ocorridos pela fé são semelhantes. Outros são bem diferentes. Noé e sua família, dentro da arca, flutuaram sobre a água (v.7). Israel, porém, atravessou em terra seca no meio das águas.

Alguns, pela fé, escaparam da morte: Enoque (v.5), Noé e sua família no dilúvio (v.7), Israel no mar vermelho (v.29), Raabe em Jericó (v.31). Outros, porém, pela mesma fé, enfrentaram a morte, ou seja, foram mortos (v.37).

Alguns, por terem crido, escaparam do fio da espada (v.34). Outros, pela mesma fé, foram mortos ao fio da espada (v.37). Alguns, pela fé, foram libertos (v.29). Outros foram presos (v.36). Alguns foram visivelmente vitoriosos (v.34), enquanto outros foram, aparentemente, derrotados (v.36-37). Os versículos podem parecer contraditórios, mas não são.

Talvez quiséssemos um padrão, mas Deus age de acordo com a necessidade e, principalmente, com o seu propósito. Por exemplo, há quem pregue que todo filho de Deus deve ser materialmente rico, mas a bíblia não ensina tal coisa. Não existe um padrão bíblico a este respeito.

Outra aparente contradição em Hebreus 11 é que alguns heróis da fé alcançaram promessas (v.33), mas outros, crentes como os primeiros, não alcançaram (v.13, 39). Isto pode parecer injusto e extremamente frustrante, mas é preciso lembrar que os efeitos da fé não se esgotam na vida terrena. Outro aspecto importante é que as promessas seriam cumpridas na vida dos descendentes, principalmente em Cristo, finalmente na igreja e plenamente na glória celestial. 

O principal objetivo da fé é espiritual

A vitória dos heróis da fé não se resume a este mundo. A história de Abel, por exemplo, parece um fracasso: trouxe uma oferta ao Senhor e foi assassinado pelo irmão (v.4).

A história de Abraão também pode parecer decepcionante. Depois de viajar para a terra prometida, não tomou posse dela (v.9). Ficou morando lá em tendas, mudando-se de um lado para outro.

Muitos deles morreram sem alcançar a promessa (v.13), mas foram fiéis até a morte, crendo que o Senhor lhes preparou uma cidade celestial (v.16).

Muitos esperam que a fé lhes proporcione uma vida abastada neste mundo, mas Deus não nos prometeu isso. Precisamos ter os olhos fitos no céu, pensando nas coisas que são de cima (Col.3.1-4), ajuntando tesouros no céu (Mt.6.20), aguardando a nossa entrada na glória celestial, sabendo que não somos deste mundo, assim como Jesus não é.

Toda conquista honesta neste mundo será bem-vinda, como as tendas de Abraão (v.9), mas precisamos estar conscientes de que a nossa pátria não é aqui. As características da tenda, um tipo de moradia provisória, demonstram nossa transitoriedade neste mundo e a fugacidade das coisas terrenas. Somos, aqui, apenas peregrinos, forasteiros (v.13).

Nossa fé precisa ser suficiente para andarmos com Deus neste mundo, como Enoque andou, mas o mais importante será o nosso traslado quando o Senhor nos tomar para si (v.5).

A vitória daqueles homens não estava restrita à vida terrena ou à prosperidade material.

Lendo os versículos 4, 5, 13, 19, 21, 22, 35 e 37 de Hebreus 11, percebemos que o capítulo aponta para um tempo posterior à morte física, apesar de citar também muitas experiências na vida terrena. Observem-se, principalmente, as referências à ressurreição em 19 e 35.

Tal é o alcance da fé. Uma crença circunscrita a este mundo seria algo miserável, como disse Paulo (ICo.15.19).

A transcendência da fé se destaca, por exemplo, quando o autor diz que Abel, depois de morto, ainda fala (v.4). Evidentemente, trata-se de uma figura referente ao testemunho que Abel deixou para a posteridade.

Ao dizer que Jacó, próximo da morte, abençoou seus netos e adorou a Deus (v.21), e que José, também próximo da morte, profetizou (v.22), ficou demonstrado que, em situações adversas e difíceis, eles estavam cheios de fé e não dominados pela tristeza. Quando tudo poderia parecer acabado, eles sabiam que não era o fim. 

Efeitos colaterais da fé - sofrimento.

Podemos fazer uma lista dos efeitos positivos da fé apresentados em Hebreus 11, e são estes os que citamos com frequência. Porém, a fé produziu também efeitos negativos, a saber: perdas, perseguições, renúncias, sofrimento e morte. Afinal, a fé precisava ser provada.

Para entrar na arca, Noé precisou renunciar a tudo que ele não pudesse levar consigo. Antes de ganhar um mundo novo, ele precisou renunciar ao mundo antigo. Outros renunciaram às coisas terrenas e seu único ganho foi espiritual. Se isto parecer prejuízo, é por causa da nossa visão distorcida.

Alguns exemplos citados no capítulo são contrários ao triunfalismo e ao tipo de prosperidade proclamada por certas pessoas, como se tudo fosse dar certo sempre, conforme a expectativa humana, para aqueles que crêem.

A mentalidade materialista dominante na atualidade produziria uma “galeria da fé” mais ou menos assim:

“Pela fé, Abel trouxe uma oferta ao Senhor e foi abençoado com a multiplicação de suas ovelhas”.

“Pela fé, Enoque andou com Deus e tornou-se o homem mais rico do seu tempo”. “Pela fé, Noé orou e o dilúvio foi cancelado”.

“Pela fé, Abraão quebrou a maldição da esterilidade de Sara, principalmente depois que separou-se dela e casou-se com Agar”.

“Pela fé, Moisés orou, Faraó converteu, e as dez pragas não vieram sobre o Egito”.

Isto seria o triunfalismo da fé, com tempero humanista e hedonista. Tais frases servem para avaliarmos o tipo de expectativa que alimentamos hoje, como se Deus fosse obrigado a resolver os problemas ao nosso modo.

Pensando assim, parece que os heróis da fé fracassaram, mas sabemos que não. Parece que os relacionamentos com Deus hoje são, geralmente, interesseiros. Devemos ter com o Senhor um relacionamento de filho e pai, um vínculo incondicional, independente de resultados materiais e recompensas terrenas. Em situações extremas, devemos estar certos de que Deus pode nos livrar (Dn.3.17), mas, se ele não quiser (Dn.3.18), será por um propósito maior. Deus pode também, como ocorreu em alguns episódios bíblicos, trazer soluções gloriosas (Dn.3.25; Heb.11.34), embora diferentes do que podíamos imaginar, fora do nosso cronograma e da nossa agenda. O plano de Deus pode ser diferente do nosso, e geralmente é (Is.55.8-9).

Pedro, num momento de influência maligna, teve esse tipo de pensamento triunfalista e repreendeu Jesus acerca da crucificação: “Senhor, de modo nenhum te acontecerá isso” (Mt.16.21-22). Entretanto, um plano que terminaria em ressurreição não poderia evitar a morte.

Deus pode realizar livramentos extraordinários, mas nem sempre o fará. Jesus lembrou-se disso quando estava no Getsêmani (Mt.26.53).

Todos os heróis da fé foram prósperos, vencedores, bem sucedidos, mas não da forma como muitos imaginam. Alguns deles podem não ter tido grandes ganhos na terra, mas sim no céu. O texto diz que Deus é “galardoador dos que o buscam” (Heb.11.6) e o galardão não é dado aqui. Não adianta insistir.

Então, voltemos à realidade de Hebreus 11, que foi gloriosa, embora não tenha sido fácil.

“Outros experimentaram escárnios e açoites, e ainda cadeias e prisões. Foram apedrejados e tentados; foram serrados ao meio; morreram ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados” (Heb.11.36-37).

Sabemos que tais ocorrências se referem ao Antigo Testamento, e alguns podem usar este argumento para alegar que vivemos numa realidade muito diferente, mas não nos esqueçamos dos sofrimentos do apóstolo Paulo, no Novo Testamento, como pertencentes ao mesmo tipo (IICor.11.23-27). Se ele estivesse aqui hoje, ouviria algo assim: “Paulo, você está em pecado. Isto é uma maldição hereditária na sua vida. Você precisa ser liberto”.

Fato é que os muitos servos de Deus, citados em toda a bíblia, sofreram porque assumiram o vitupério de Cristo antes de poderem compartilhar da sua glória (Heb.11.26).

Sofrimentos ocorrem por diversas causas, inclusive pelo pecado, mas, algumas vezes, sofremos pela fé em Cristo. São efeitos colaterais indesejáveis, porém normais, variando de pessoa para pessoa quanto ao tipo e à intensidade. Não podemos pregar um evangelho triunfalista, ilusório, como se a nossa passagem por este mundo fosse isenta de percalços. Muitas lutas nos sobrevirão, seguidas por muitas vitórias, ainda que algumas delas só se concretizem no céu.

A conversão não nos isenta de sofrimentos neste mundo. Alguns sofrimentos terminam e outros começam. É o que acontece, por exemplo, com o desempregado que entra para o exército. Muitos dos seus problemas terminam, mas isto não significa que ele terá uma vida mansa.

A vida de todo cristão é vida de soldado. Hoje pode ser um dia calmo e amanhã um dia de luta. É normal. Os exercícios são constantes e os ferimentos também , mas a vitória final é garantida.

Efeitos colaterais da fé – a contrariedade de muitos.
O heróis da fé agradaram a Deus (v.5, 6). Em contrapartida, desagradaram a muitas pessoas, mesmo que involuntariamente. Não podemos agradar a todos ao mesmo tempo.

Abel agradou a Deus e desagradou a Caim.

A vitória de um torna-se grande contrariedade para o outro, ainda que não haja concorrência entre eles. O problema está no egoísmo, que gera a inveja. Noé desagradou seus contemporâneos com sua pregação.

Abraão desagradou sua parentela, quando saiu de Ur dos Caldeus.

Isaque desagradou Esaú.

Moisés desagradou a filha de Faraó, ferindo, talvez, seus sentimentos de mãe adotiva (v.24).

Moisés desagradou a Faraó, quando tirou Israel do Egito.

Raabe desagradou os emissários do rei, quando acolheu os escribas. Os conquistadores da terra prometida desagradaram seus antigos donos. Outros desagradaram tanto a tantos que sofreram por isso (v.36,37, 38). Aqueles que decidem servir a Deus desagradarão a muitas pessoas, inclusive a si mesmos, sabendo que o propósito de suas vidas é agradar ao Pai celestial (Gal.1.10). 

OS HERÓIS DA FÉ

Homens que andaram sobre a promessa, abandonando o passado e conquistando o futuro.

Uma forma interessante de analisarmos o capítulo 11 de Hebreus é observando as informações geográficas, os lugares mencionados ou subentendidos, sejam cidades, nações ou reinos, sendo que alguns deles encontram-se em simbólica oposição.

Abraão precisava renunciar a Ur dos Caldeus para alcançar Canaã. Com o mesmo propósito, Moisés e o povo de Israel precisaram renunciar ao Egito. Chegada a vez de Josué, era preciso destruir Jericó para tomar posse da terra prometida.

Em todos os casos, e também no nosso, o destino final é a pátria celestial, a Nova Jerusalém (Heb.12.22).

Portanto, apliquemos a nós, da mesma forma, a necessidade de renúncia, que significa perda. Subentende-se, também, que é preciso sair do lugar, movimentar-se, caminhar. A vida cristã é um caminho e não um estacionamento.

Não podemos ter tudo ao mesmo tempo: os reinos do mundo e o reino dos céus. Hoje, com a agilidade dos meios de transporte, é possível que alguém tome café da manhã em Jerusalém, almoce em Jericó e jante no Egito. Espiritualmente, porém, não podemos fazer isso, no sentido de aproveitarmos o pecado e a vida cristã ao mesmo tempo.

Deus mandou sair, abandonar, destruir. Não devemos voltar e reconstruir, embora isto seja possível (v.14-15). Nosso caminho com Deus deve ser sem retorno, com passagem só de ida.

Os heróis da fé poderiam voltar (retroceder – Heb.10.39), se quisessem, mas preferiam nem lembrar do lugar de onde saíram (Heb.11.14-15).

Eles superaram expectativas, possibilidades, limites, obstáculos, fronteiras e, principalmente, a si mesmos.

Mudança de cidade, no caso de Abraão, por exemplo, implicaria em mudança de vida, de cultura, interferindo no seu modo de ser, pensar e falar. Assim deve acontecer com os que saem do reino das trevas e entram no reino da luz através da conversão. 

A galeria dos fracassados

Sempre se fala a respeito dos heróis da fé listados em hebreus 11, mas o capítulo traz também a relação dos fracassados.

O capítulo contém dois lados, embora sempre vejamos apenas o positivo. Para todo nome vitorioso daquele que venceu pela fé, outros personagens, nos mesmos episódios, fracassaram por não terem fé, ou por não agirem, ou por agirem sem fé.

Vejamos alguns elementos da “nova lista”:
- Caim, que ofereceu uma oferta sem fé (v.4).
- Os contemporâneos de Enoque, que não andaram com Deus (aqueles que o procuraram quando ele sumiu) (v.5).
- Os contemporâneos de Noé que não entraram na arca (identificados no texto como “o mundo” condenado por ele) (v.7).
- Os contemporâneos de Abraão que permaneceram em Ur porque não conheciam a Deus e ficaram fora dos seus propósitos (v.8).
- Esaú, que aparece apenas como figurante em Hebreus 11.20, porque vendeu seu direito de primogenitura. Seu caso é lembrado também em Hebreus 12.16.
- Faraó, aquele que mandou matar os meninos no tempo de Moisés (v.23, 24).
- Os egípcios que se afogaram no Mar Vermelho após a passagem de Israel (v.29).
- Os moradores de Jericó, chamados “desobedientes”, que morreram enquanto Raabe foi salva (v.31).
- Os soldados inimigos que foram vencidos (v.34).
- Os carrascos que mataram os servos de Deus (v.37).

Além das ações motivadas pela fé, o capítulo também faz perceber a omissão, a desobediência e ações malignas realizadas pelos descrentes. Alguns atos merecem destaque: a oferta de Caim (v.4), que parecia tão boa, mas foi rejeitada por Deus, e a tentativa de travessia do Mar Vermelho por parte dos egípcios. Eles tentaram imitar o povo de Deus, mas se afogaram (v.29).

Tais ações sem fé não agradam a Deus. São ineficazes e podem ser prejudiciais. Não se pode colocar fé nas ações, nos rituais, nas palavras, mesmo bíblicas, como se, por si só, pudessem produzir alguma coisa. Toda experiência com Deus relatada em Hebreus 11 está fundamentada em relacionamento, compromisso com Deus. Portanto, os egípcios não conseguiriam atravessar o mar. Da mesma forma, nenhum benefício ou bênção virá do batismo, ceia, oração, jejum, oferta, unção com óleo, louvor ou mesmo da bíblia para aqueles que não querem um compromisso com Deus (Mt.3.7). Serão apenas atos vazios e inúteis.

A lista dos fracassados é bem mais numerosa do que a relação dos heróis. Nas situações em que um crente se salvou, milhares de incrédulos foram destruídos. Portanto, se toda essa história tem dois lados (fé e incredulidade), a maioria estava do lado errado. Cada um escolhe o lado em que deseja estar. Moisés escolheu (Heb.11.24-29). Ele poderia viver como príncipe pelo resto de seus dias, mas decidiu assumir sua condição de hebreu, membro de um povo escravo. Raabe, que era uma prostituta cananéia, creu em Deus e tornou-se parte do povo de Israel (v.31).

Todos os heróis da fé escolheram o lado em que estariam e o fizeram de modo voluntário (v.14-15).

Por pior que tenha sido nossa origem, condição ou situação, cada um de nós também pode escolher: crer em Deus, trilhar o caminho da fé, ter a vida transformada e ser salvo.

Portanto, nós também... (Heb.12.1)

Os homens do Antigo Testamento tiveram relacionamento com Deus pela fé, mas não conheceram o Senhor Jesus Cristo, senão através da esperança messiânica (v.26). Por isso, o capítulo 11 termina com as seguintes palavras: “Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (Heb.11.40).

A glória daqueles homens só será completa quando a igreja entrar no céu, e isto só acontecerá por causa da obra de Cristo na cruz.

A igreja tem a nobre missão de completar a história de Hebreus 11. Por isso, o capítulo 12 começa assim:

“Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé...”

O capítulo 12 aplica a nós as lições do capítulo anterior. O propósito de Hebreus 11 não é engrandecer os heróis da fé, mas mostrá-los como exemplos. Não vamos copiar suas ações, mas aprender princípios espirituais demonstrados em suas vidas.

Se o texto diz: “Portanto, nós também..” isto significa que as operações de Deus não ficaram restritas ao passado. Ele pode fazer maravilhas hoje. Sejamos os heróis da fé no nosso tempo. Não será fácil, mas, através da igreja, a glória de Deus se manifestará neste mundo. 

Autor: Pr. Anísio Renato de Andrade