Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CRISTOY

Depois dizem que com Religião não se brinca.

O bom desse brinquedo é que se o seu filho o quebrar, em 3 dias ele se conserta sozinho.

Segundo a embalagem o boneco é " totalmente articulado", ou seja, não é como aqueles bonecos que você compra e ficam pregadões, sem se moverem.

A embalagem ainda diz: "Ouça Jesus Falar". Certamente ele ensina os mandamentos de Deus como: "Não farás pra ti imagem alguma do que está nos céus.." ou então "Vinde a mim as criancinhas... por apenas R$ 49,90!"

Sim. Jesus, o Filho de Deus custa R$ 49,90! O que comprova que Judas nunca foi um bom judeu, pois o vendeu por apenas 30 moedas.

E enquanto a Mattel cobra R$ 70,00 no Max Stell, um boneco que precisa de uma lancha de R$ 40,00 pra fazer uma operação oceânica, a Tales of Glory (fabricante de Jesus) cobra apenas R$ 49,90 num boneco que não precisa de acessório nenhum pra caminhar sobre as águas. Pense nisso na hora de presentear.

Falando no preço do brinquedo ainda, não sei quanto custa os outros apóstolos da coleção, mas o boneco de seu arqui-inimigo com certeza está 16,70 mais caro que Jesus, o Filho de Deus. Faça as contas agora na calculadora do Windows e veja o resultado.

Mas eu ainda acho que o Falcon e os Comandos em Ação são brinquedos mais cristãos que esse aí. Eles sim são verdadeiras réplicas dos cristãos que conhecemos: fazem guerras, atiram... essas coisas...


Escrito por Danilo às 19h51

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sim, eles apóiam o assassinato de inocentes no ventre

por Silas Daniel

A falácia de que Dilma mudou de posição sobre o aborto e o vergonhoso discurso de Edir Macedo

Ontem, Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República, em debate promovido pela CNBB com os presidenciáveis, tergiversou, tergiversou, mas não conseguiu esconder que defende, sim, na prática, a descriminalização do aborto. Na ocasião, disse Dilma que “a vida é um valor que nós, seres humanos, temos que respeitar” e que ela é “pessoalmente não favorável ao aborto”, mas que, apesar disso, defende que o aborto seja tratado como “questão de saúde pública” e enfatizou que ela iria “defender as mulheres”. Ou seja, o mesmo discurso de sempre, que parafraseio e sintetizo a seguir: “Ninguém gosta de abortar e eu sou pessoalmente contra o aborto, mas o aborto deve ser descriminalizado independente do que eu acho sobre ele, porque é questão de saúde pública”. Não, aborto não é questão de saúde pública. É assassinato! Aborto não é preocupante porque é uma agressão ao corpo da mulher, mas porque é um assassinato à criança no ventre dela. Quem é contra o aborto não defende as mulheres que querem abortar, defende a vida no ventre delas. Se pessoas cometem esse crime usando agulhas de crochê, isso não significa que o Estado deve dar-lhes condições de cometer o crime de forma mais sofisticada.

Diante do clima de desaprovação da platéia pelo que já havia dito sobre a questão, ao ser confrontada de forma direta com a pergunta se ampliaria ou não os casos em que o aborto é permitido na legislação brasileira, a petista suavizou o discurso pró-aborto, dizendo: “Não vejo muito sentido em ampliar os casos”. A pancada viria na sequência, quando foi a vez de a evangélica Marina Silva, candidata pelo PV, responder sobre o assunto. Uma das primeiras coisas que disse foi: “Não faço discursos diferentes para plateias diferentes”, em uma referência clara a Dilma. Pela primeira vez no debate, o público se manifestou em ovações.

Mas, para quem ainda se deixa levar pela falácia de que Dilma não é favorável à legalização do aborto, eis mais informações:

1) Em entrevista à revista Marie Claire, edição de abril de 2009, Dilma defendeu a legalização do aborto abertamente: “Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização”.

2) Em 7 de maio deste ano, em entrevista dada ao Encontro de Editores 2010, promovido pela revistaIstoé, ao responder a uma pergunta da jornalista Gisele Vitória, diretora de redação da revista Gente, sobre o aborto, afirmou Dilma: “O aborto é uma agressão. Ao corpo. (…) O aborto, do ponto de vista de um governo, não é questão de foro íntimo, é uma questão necessariamente de saúde pública. Tem que ser seriamente conduzido dessa forma. (…) Sou a favor de uma legislação que obrigue a ter tratamento para as pessoas, atendimento público para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto”. E citou como exemplo o que ocorre “nos países desenvolvidos do mundo inteiro”, numa referência aos Estados Unidos, que descriminalizaram o aborto, via Suprema Corte, em 1973; e à boa parte dos países europeus, que fizeram o mesmo já faz alguns anos. O vídeo com esse trecho da entrevista de Dilma pode ser acessado aqui.

3) Ao sair de uma missa em São Paulo em 15 de maio, Dilma afirmou que a legalização do aborto no Brasil é algo que tem que ser feito independente de sua opinião pessoal sobre o assunto. “Não é uma questão se eu sou contra ou a favor, é o que eu acho que tem que ser feito”, asseverou. Na mesma entrevista, cometeu a gafe de comparar o assassinato de uma criança no ventre de sua mãe com arrancar um dente: “Não acho que ninguém quer arrancar um dente, e ninguém tampouco quer tirar a vida de dentro de si”.

4) O programa original de governo de Dilma Rousseff entregue ao TSE no início de julho traz a proposta de legalização do aborto, afirmando que “o Estado brasileiro reafirmará o direito das mulheres de tomarem suas próprias decisões em assuntos que afetem o seu corpo e a sua saúde”. Após ser criticada por isso, seus assessores mudaram o texto do programa neste ponto, bem como em outros pontos no mínimo polêmicos que foram ressaltados pela imprensa à época.

5) Finalmente, lembremo-nos do Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (publicado em 21 de dezembro de 2009 e que foi redigido, como todo decreto presidencial, na Casa Civil, então conduzida pela ministra Dilma Rousseff), que defendia abertamente a legalização do aborto no Brasil. Em sua Diretriz 9, afirmava o Programa que o governo federal se comprometia a “apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”. Aproveitando: é a maior falácia defender o aborto lembrando que a mulher deve ter autonomia sobre seu próprio corpo, porque tal princípio não se aplica ao caso do aborto, posto que a criança no ventre de sua mãe não é o corpo dela, mas um outro corpo dentro do corpo dela. É uma outra pessoa dentro dela, que tem tanto direito à vida quanto sua genitora.

Bem, ainda sobre o tema aborto, não poderia deixar de mencionar o vídeo que circula na internet já há alguns dias em que Edir Macedo, líder da Igreja Universal, defende abertamente a legalização do aborto. O vídeo pode ser assistido aqui. Recentemente, o pastor e amigo Ciro Zibordi escreveu excelente texto neste site criticando esse discurso bizarro de alguém que se intitula cristão e líder cristão (leia aqui). Além do que o irmão Ciro já pontuou, indico aos queridos leitores que assistam, logo depois de assistirem ao vídeo do discurso abortista de Macedo, a esses importantíssimos vídeos: o excelente documentário de apenas meia-hora O Grito Silencioso (veja-o em três partes: a primeiraaqui, a segunda aqui e a terceira aqui) e o depoimento tocante de uma jovem cristã que conta como foi abortada por sua mãe, mas sobreviveu (assista-o em duas partes: a primeira aqui e a segundaaqui). Não deixe de assisti-los e de mensurar, após fazê-lo, o quanto são ignóbeis as palavras do senhor Macedo.

Fonte: CPADNews

sábado, 25 de setembro de 2010

O que significa participar da Ceia do Senhor indignamente?

Graça e Paz!

Depois de um bom tempo sem escrever por aqui, por conta de muito trabalho, estou de volta para compartilhar algo que aprendi a respeito de uma passagem tão conhecida e tão mal-interpretada.

Lemos em 1Co 11.27 (NVI):
"Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor."

Por muito tempo, tive medo da Ceia do Senhor. Tive medo porque sempre que era citado este texto ficava me perguntando o que seria comer a ceia indignamente.
Sempre fui ensinado que este texto significa que não devemos participar da Ceia se estivermos "em pecado". E esta dúvida sempre me assombrava, pois, quem afinal, não está em pecado? Já que o apóstolo João afirma que "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós." - 1 Jo 1.8

Analisemos, então, o texto de Paulo à igreja de Corinto, de acordo com o que ele quis dizer (verdadeira interpretação bíblica).

Um grande erro que cometemos é pinçar textos das Escrituras sem analisar o seu contexto, ou seja, do que se trata o livro, a quem foi direcionado e, principalmente, os textos que vem imediatamente antes e depois do versículo que estamos lendo.

Imaginem que eu eu escreva uma carta com 20 linhas e alguém, muitos anos depois, "retire" apenas uma frase, como esta: "Ele não deveria ser condenado pelo crime de matar 20 crianças". Pois bem, isto daria "argumento" suficiente para as gerações futuras interpretarem que eu sou a favor do homicídio de crianças, correto? Mas imagine que minha frase imediatamente anterior tenha sido: "Eu estava com ele naquela tarde, tenho certeza de que é inocente."
Percebem, como o contexto muda todo o sentido de uma frase?

Entendamos então, o contexto da carta de Paulo aos Coríntios no que se refere à Ceia do Senhor.
O apóstolo dos gentios, a partir do versículo 17, está repreendendo os crentes daquela igreja pela maneira indigna como participam da Ceia. Vejam: "Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!" - 1Co 11.20-22

Vemos claramente que Paulo está condenando a maneira (modo) como eles realizam e participam da Ceia do Senhor. Imaginem a cena: Os crentes mais ricos chegam mais cedo, trazem um verdadeiro banquete, comem tudo o que trouxeram sem esperar pelos demais e humilham os crentes mais pobres que não tinham nada para trazer, e que ainda por cima, vão embora com fome.
Paulo os repreende porque desta maneira, eles anulam toda a simbologia da Ceia de Cristo, que é partilharem do mesmo pão, promovendo a união e comunhão entre aqueles que são o corpo de Cristo. O objetivo da Ceia, é anunciar a morte do Senhor até que ele venha. Isso só é possível se levarmos para nossa vida cotidiana o sentido da Ceia: a igualdade entre os homens e a comunhão em amor, através do corpo e do Sangue de Jesus.
O que os coríntios estavam fazendo era exatamente o contrário, estavam se segregando entre classes sociais e promovendo a discórdia entre os demais.

O contexto desta passagem é esse, não há outra interpretação possível. De acordo com o conteúdo da carta, vemos que o apóstolo está corrigindo o MODO como eles realizam/participam da Ceia.

Há, ainda, uma simples análise gramatical do texto que também pode trazer à luz a verdadeira intenção de Paulo. Quando ele diz "Comer ou beber indignamente", o que isto quer dizer?
Em bom português, indignamente é um adjunto adverbial de MODO. Ou seja, o que é indigno é a maneira como o comer e beber é realizado e não os coríntios em si. Entendem agora porque eu citei tanto as palavras modo e maneira na interpretação do texto?

Concluindo, aprendemos que o texto que nos ensina a não participar indignamente da Ceia não significa que não devemos estar "em pecado", pois isto seria impossível. Até mesmo porque, nossa dignidade não vem de nós mesmos, mas de Jesus e sua obra redentora.
Aprendemos que a maneira como a Ceia é realizada importa para torná-la digna ou não.
E que a Ceia é um memorial sobre a morte de Jesus, anunciando-a até que Ele venha.
A Ceia simboliza que a morte de Jesus serviu para unir as pessoas, como iguais, mediante um laço inquebrável: seu corpo e seu sangue. Esta é a nova aliança!

Deus lhe abençoe!
Fonte: Refletindo a Graça vinicius.reis.morais@gmail.com

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O problema do julgar: Até onde ir com a tolerância?

Por Cleber Olympio

"Quem é você para julgar teu próximo? Acaso estás se colocando na posição de Deus?"

Um dos argumentos mais usados em debates apologéticos, em quaisquer fóruns de debates - cristãos e não cristãos - versa sobre a questão do julgamento. Boa parte deles é derivada da famosa passagem bíblica, tratada como se texto de lei fosse: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão." (Mateus 7:1-5). Acontece que, como sabemos, muitos equívocos são cometidos quando alguém tira a passagem bíblica de seu contexto, e termina por deturpar o ensino bíblico sobre a questão do julgamento.


1. Da necessidade de julgar


Afinal, qual a raiz do problema? O ser humano, até como instinto de autoproteção, começa a colocar - ou até a impor - freios numa situação de conflito. É, de fato, desagradável uma sensação de antagonismo, vinda de quem quer que seja. Se a pessoa consegue se armar, inclusive psicologicamente, é um bom aspecto; difícil é quando a pessoa se sente acuada, sem ter como enfrentar a força contrária. Restam-lhe alternativas possíveis: render-se, atacar ou o escape. Render-se fica sem cogitação; atacar só é possível com as armas certas; daí que lhe vem, até como meio instintivo de sobrevivência, buscar um escape. Nisso vem a problemática do "não julgar" que, como colocado pelo argumento da tolerância, não possui qualquer validade, senão é uma tentativa errônea e grosseira de se fugir de uma questão.

Esse instinto de sobrevivência, em nome da cordialidade e da tolerância, mascara por vezes uma atitude arrogante de quem não admite a perda, diante de evidências ou argumentos mais fortes. Escorar-se numa pretensa base bíblica não conduz a nada, mas acaba sendo uma alternativa contra quem levanta o argumento e também não está devidamente protegido contra a "falácia do não julgar". Falácia é um argumento que possui a aparência de verdade e legitimidade, mas que no fundo esconde uma enorme mentira.

A cordialidade e a tolerância, levada a limites fora da normalidade, conduz a um comportamento incoerente e insensato. O crente é levado pelo seu Senhor a provar pensamentos e atitudes, a exercer suas faculdades mentais para promover uma análise de tudo o que se lhe apresenta aos olhos. Não fosse assim, Paulo não teria recomendado aos crentes: "Examinai tudo. Retende o bem" (1 Tessalonicenses 5:21). Em outra passagem, o mesmo Paulo exorta aos coríntios: "Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados" (2 Coríntios 13:5). Os crentes de Bereia examinavam as Escrituras para conferir se o que os apóstolos ensinavam era, de fato, verdade (Atos 17:11). Jesus mesmo manda que exerçamos nosso discernimento, examinando as Escrituras (João 5:39). Examinar, analisar, pesquisar, procurar, são atitudes do intelecto, que precisa exercer sua capacidade de juízo. Julgar, então, é necessidade de quem caminha com Jesus. Obedece-se aos mandamentos somente por meio da análise de uma situação real e com o juízo transformado pelo poder da Palavra de Deus, a fim de se produzir uma atitude. Se o crente não pudesse julgar, como viveria a realidade dos mandamentos de Cristo? Seria ele submisso a dogmas, impostos por um deus raivoso e mesquinho, que se preocupa tão somente em exigir comportamentos diversos de uma civilização, já corrompida pelo pecado? Entendemos que não. Deus sempre mostra, por toda a Bíblia, que sua Palavra tem finalidade educativa. Os versículos áureos sobre a importância das Escrituras demonstram plenamente esse fator: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Timóteo 3:16-17).

Vê-se, então, que há coerência na atividade do julgar, inclusive por necessidade de se viver uma vida cristã autêntica, com plena capacidade de discernimento, orientado em obediência às Escrituras. Outro aspecto é a condução necessária do crente na atividade julgadora, uma vez que ele deva examinar todas as coisas e reter o que é bom. Sendo assim, por que pautar-se numa suposta tolerância e expressão de cordialidade para supostamente eviatr um confronto?


2. Do julgamento justo


Aparentemente a tolerância ensinada por Jesus deva ser observada em quaisquer circunstâncias. Cita-se também a passagem em que Jesus liberta a mulher adúltera, partindo-se do seguinte encadeamento de ideias: "Jesus condenou quem tivesse pecado e perdoou a adúltera - Ora, Jesus tem o poder de julgar alguém, e sou pecador - Logo, eu não posso julgar ninguém". Esse raciocínio também é falacioso. A inferência à primeira afirmativa não leva em consideração que Jesus usou-se de um julgamento com um importante adjetivo: "justo". Nisso ele exerceu um julgamento coerente, dada a situação em que se apresentava a condenação pura e simples de uma adúltera, sendo que seus algozes cometiam adultério e coisas até piores aos olhos de Deus às escondidas. O sentido do ensino de Jesus era demonstrar a força do perdão divino a quem cometeu uma série de pecados, não de produzir apenas um julgamento e execução de sentença conforme a Lei de Moisés. Caso ele apenas condenasse a adúltera, demonstrando somente a necessidade da aplicação da lei, que estaria fazendo, senão uma repetição de atos de pecadores, embora ele mesmo não tivesse pecado? Seu ensinamento estaria em franca contradição, ainda mais sendo Jesus conhecedor dos corações de cada um da multidão que se preparava para lapidar a mulher pega em adultério.


Com isso, havemos de discernir sobre o julgamento justo. Deus tem sua medida de justiça, e com ela exorta os homens: Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja?" (1 Coríntios 6: 2-4) Em todos os períodos há a certeza de que os santos haverão de julgar, seja o mundo, os anjos, ou até mesmo as coisas pertencentes a esta vida. O dever de um santo é julgar. Santo é aquele separado por Deus para constituir um povo eleito e para exercer, perante todos, as ordens de seu Pai celeste no que este comandar. Se isso deve ser feito até entre irmãos - versículo 5: "Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?" - quanto mais no que diz respeito a outros assuntos, conforme a necessidade?

A restrição bíblica que se faz a esse respeito está exatamente no termo "justo". Julgamento sem justiça produz injustiça. Se Deus investe os seus santos crentes com a capacidade de a tudo julgarem, Ele o faz requerendo justiça; caso contrário, não é julgamento que proceda do Deus cujo nome é Justiça. Deus requer que o homem faça justiça: "Assim diz o SENHOR: Guardai o juízo, e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, para se manifestar" (Isaías 56:1). Repare o leitor acerca da importância de se praticar a justiça, a fim de que a própria justiça divina se manifeste. Não fosse assim, por que Deus incluiria na lei mosaica o mandamento de não se fazer injustiça no juízo (Levítico 19:15)? O justo age exatamente como o salmista: "Fiz juízo e justiça; não me entregues aos meus opressores." (Salmos 119:121). Deus ama a justiça e o juízo (Salmos 33:5); naturalmente, seus filhos amados haverão de observá-la e exercê-la e, ao agirem assim, nada mais farão do que a vontade do Pai.

Sendo assim, fazer julgamentos e exercer a justiça é próprio de quem caminha com Deus, conquanto o faça com a mesma motivação justa de seu Pai celeste. Se, porventura, o crente distorce a justiça, e passa a julgar por seu próprio entendimento, sem que haja fundamento baseado na verdade da Palavra de Deus, ele proferirá um julgamento injusto. Ele se tornará um hipócrita, que não enxerga as próprias falhas e vê as menores praticadas por seu irmão, assim como Jesus diz no texto de Mateus 7. Ele se tornará inimigo da verdade e condenado a suportar o mesmo fardo de justiça que tentou impor a quem não tinha culpa. Nisso estão as opiniões puramente pessoais, baseadas por vezes em suposições preconceituosas e relegadas a costumes, sem qualquer embasamento bíblico; isso também esconde um comportamento legalista ou ascético, que impõe a dureza da letra da lei para que o incauto, debaixo de uma força normativa, venha a se calar e a acatar os mandamentos como lhe são apresentados, sem ponderar. O mesmo comportamento legalista é aquele que provoca a simples conclusão de que "o crente não deve julgar", contrariando João 7:24: "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça".

Outro texto usado pelos defensores do "não julgar" encontra-se em Romanos 14:10: "Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo". A solução para esse aparente problema encontra-se justamente na segunda questão: "por que desprezas teu irmão?" Ora, se há desprezo por parte de quem julga, então o julgamento é parcial, interesseiro. Logo, não é justo, e não deve ser feito. O julgamento com justiça persiste, portanto.

3. O comodismo e os perigos da tolerância

O comportamento legalista de comandar um "não julgamento" encerra dois perigos: o de produzir comodismo e o detolerar o pecado. A postura cômoda de não enfrentar uma ideia antagônica torna-se perigosa por produzir indiferença quanto à verdade. Exalta-se a ignorância, com o pretenso argumento de que "no dia do Juízo Deus trará a lume todas as coisas, e que para isso não estamos preparados". Ora, Deus nos deu discernimento para usá-lo; se não o fazemos, cometemos pecado. O fato, ademais, de não termos como vislumbrar um julgamento futuro de todas as coisas não nos dá o direito de ignorarmos o ensino do exercício do juízo, inclusive para assuntos relacionados à nossa jornada nesta terra. E ainda: exercemos nesta vida propósitos e promessas que nos são dadas por Deus, e para tanto ele dá pessoas como juízes, inclusive para executar juízos em seu Nome. Relegar ao "etéreo" é uma forma de escapar da realidade, um recurso ridículo diante da seriedade com que a justiça divina deva ser levada. Por pura negligência, causada pelo comodismo, ações não são corrigidas hoje, e com isso mais vítimas são feitas pelas obras da injustiça.

Além disso, busca-se evitar o conflito pela pretensa tolerância. Comportamentos, organizações e fatos têm clara omissão em nome de uma cordialidade que não deveria existir. Deus chama os pecados pelo nome, e assim deve ser para conosco. Não se defende a "falta de educação", tampouco a falta de compromisso trazida pela tolerância exacerbada. Esse comportamento esconde medo do confronto, de uma indesejável exposição, afora outras consequências advindas de um comportamento mais ousado, desde que esteja seguramente pautado pela Palavra de Deus. O crente deve repudiar a tolerância a qualquer custo: por conta de não agir dessa maneira, toleram-se comportamentos mundanos no seio da igreja, a penetração de doutrinas estranhas que dividem o povo, a semelhança cada vez maior de cultos com shows e espetáculos produzidos por ímpios, dentre outras características que trazem repulsa ao Senhor e serão objeto de julgamento naquele Dia. E se somos do Senhor, devemos repudiar exatamente as mesmas obras, sob pena de sermos julgados pecadores por conivência ao aceitarmos conscientemente algo que Deus condena. O limite da tolerância está naquilo que contrarie, ainda que sutilmente, os ensinamentos das Escrituras. O pecado deve ser tratado como pecado, não como um "sentimento negativo" ou uma "energia do mal". Erros doutrinários devem ser tratados como problemas passíveis de eliminação da seara do Senhor. Tais ideias podem soar como "radicais", mas o ensino de Cristo é radical! Se não fosse assim, por que a Palavra foi comparada como espada? Jesus trouxe a espada, não a paz da falsa tolerância! Não se pode tolerar o pecado: caso tivessem sido tolerantes, Ló e sua família jamais teriam escapado de Sodoma.


Conclusões

Dessa maneira, podemos concluir que:
  • Julgar não é um mau em si mesmo, pois a tudo devemos examinar e reter o que é bom.
  • Julgar é necessário, pois é coerente com o discernimento que possuímos da parte de Deus.
  • Julgar não é tarefa exclusiva de Deus, pois se O imitamos, temos dele a propriedade para exercer juízo sobre todas as coisas.
  • Julgar, porém, deve ser feito sob o exercício da justiça, para não produzir o efeito contrário.
  • Julgar, ainda que contrarie o argumento da pretensa tolerância, deve ser efetivado, pois o crente verdadeiro não concorda com aquilo que a Bíblia chama de pecado, tampouco vem a exercer, em sua vida particular, comportamentos que o levem a ser incluído entre os mentirosos e os hipócritas.
  • Julgar é um ato de obediência à verdade e de amor a Deus, pois Ele é justo e ama a justiça.
Dessa maneira, que ninguém venha a condenar o leitor na sua nobre e necessária atividade de julgar. Que isso seja feito em plenitude, de modo justo e imparcial. Quem é de Deus não se dobrará à chantagem de um argumento que, baseado na mentira, no egoísmo, na falsidade e na corrupção, tenta promover exatamente o contrário da justiça: a tolerância com o erro.

Fonte: KUIPER, Doug. Julgar: O Dever do Cristão (trad. Felipe Sabino de Araújo Neto).
Covenant Protestant Reformed Church.
Disponível em: [ http://www.cprf.co.uk ]
Extraido do Blog: [ Presbiterianos Calvinistas ]

sábado, 4 de setembro de 2010

Pastor, em quem Deus disse que devemos votar?

Por Renato Vargens

E
m tempo de eleição essa é uma das dúvidas ais comuns em nossas igrejas. Isto porque, irmãos em Cristo que temem ao Senhor e que desejam fazer o melhor para o seu país, acreditam que os seus pastores receberam de Deus orientações claras quanto àqueles que deverão governar a nação. Nesta perspectiva, buscam em seus líderes orientações em quem votar. No entanto, o que talvez muitos não saibam, é que do ponto de vista ético e cristão, o pastor não possui o direito de manipular o voto de ninguém. Todavia, em virtude de desejos escusos, alguns pastores inescrupulosos, imbuídos de messianismo politico fajuto, enganam o povo, determinando ao rebanho o nome daqueles que deverão ser votados.

Caro leitor, como disse anteriormente
Não creio na manipulação religiosa em nome de Deus, não acredito num messianismo onde a utopia de um mundo perfeito se constrói a partir do momento em que crentes são eleitos, nem tampouco comercializo o rebanho de Cristo, vendendo-o por interesses escusos a políticos inescrupulosos.

Diante do exposto gostaria de reproduzir
aqui o décalogo do voto ético que foi defendido na década de 90 pelaAssociação Evangélica Brasileira:

I. O voto é intransferível e inegociável. Com ele o cristão expressa sua consciência como cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a compreensão que o cristão tem de seu País, Estado e Município;

II. O cristão não deve violar a sua consciência política. Ele não deve negar sua maneira de ver a realidade social, mesmo que um líder da igreja tente conduzir o voto da comunidade noutra direção;

III. Os pastores e líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética e com discernimento. No entanto, a bem de sua credibilidade, o pastor evitará transformar o processo de elucidação política num projeto de manipulação e indução político-partidário;

IV. Os líderes evangélicos devem ser lúcidos e democráticos. Portanto, melhor do que indicar em quem a comunidade deve votar é organizar debates multipartidários, nos quais, simultânea ou alternadamente, representantes das correntes partidárias possam ser ouvidos sem preconceitos;

V. A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil impõe que não sejam conduzidos processos de apoio a candidatos ou partidos dentro da igreja, sob pena de constranger os eleitores (o que é criminoso) e de dividir a comunidade;

VI. Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos são pessoas lúcidas e comprometidos com as causas de justiça e da verdade. E mais: é fundamental que o candidato evangélico queira se eleger para propósitos maiores do que apenas defender os interesses imediatos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica. É óbvio que a igreja tem interesses que passam também pela dimensão político-institucional. Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender eleger alguém apenas para defender interesses restritos às causas temporais da igreja. Um político de fé evangélica tem que ser, sobretudo, um evangélico na política e não apenas um "despachante" de igrejas. Ao defender os direitos universais do homem, a democracia, o estado leigo, entre outras conquistas, o cristão estará defendendo a Igreja.

VII. Os fins não justificam os meios. Portanto, o eleitor cristão não deve jamais aceitar a desculpa de que um evangélico político votou de determinada maneira porque obteve a promessa de que, em assim fazendo, conseguiria alguns benefícios para a igreja, sejam rádios, concessões de TV, terrenos para templos, linhas de crédito bancário, propriedades, tratamento especial perante a lei ou outros "trocos", ainda que menores. Conquanto todos assumamos que nos bastidores da política haja acordos e composições de interesse, não se pode, entretanto, admitir que tais "acertos" impliquem na prostituição da consciência cristã, mesmo que a "recompensa" seja, aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica. Jesus Cristo não aceitou ganhar os "reinos deste mundo" por quaisquer meios, Ele preferiu o caminho da cruz.

VIII. Os votos para Presidente da República e para cargos majoritários devem, sobretudo, basear-se em programas de governo, e no conjunto das forças partidárias por detrás de tais candidaturas que, no Brasil, são, em extremo, determinantes; não em função de "boatos" do tipo: "O candidato tal é ateu"; ou: "O fulano vai fechar as igrejas"; ou: "O sicrano não vai dar nada para os evangélicos"; ou ainda: "O beltrano é bom porque dará muito para os evangélicos". É bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o poder de limitar a liberdade religiosa de qualquer grupo. Além disso, é válido observar que aqueles que espalham tais boatos, quase sempre, têm a intenção de induzir os votos dos eleitores assustados e impressionados, na direção de um candidato com o qual estejam comprometidos.

IX. Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: "o candidato evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto", é compreensível que dê um "voto de confiança" a esse irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. Entretanto, é de bom alvitre considerar que ninguém atua sozinho, por melhor que seja o irmão, em questão, ele dificilmente transcenderá a agremiação política de que é membro, ou as forças políticas que o apoiem.

X. Nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu pastor ou líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a Palavra de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário, a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não como uma profecia divina.

Soli Deo Gloria!

Autor: Pr. Renato Vargens
Fonte: [ Púlpito Cristão ]

Não há aliança entre a luz e as trevas

Editorial Mensageiro da Paz – nº. 1504

O ecumenismo religioso é um dos principais movimentos modernos que se chocam frontalmente com a Palavra de Deus. Isso porque ele coloca em um mesmo pacote evangélicos, romanistas, esotéricos, budistas etc, como se todas as religiões chegassem a Deus. Esse pensamento cresce em muitos países e regiões onde o secularismo tem vencido o fervor da genuína fé cristã – caso, por exemplo, da Europa – e, infelizmente, de vez em quando encontra eco também por estas bandas do sul ocidental. O ecumenismo religioso contraria claramente as Sagradas Escrituras. Como já enfatizou o teólogo britânico James Packer certa vez, “essa heresia implica a negação da singularidade de Cristo como Salvador do mundo, o único e suficiente
caminho para o singular Deus Pai, que perdoa nossos singulares pecados pelo sangue singular de Cristo derramado no Calvário e recebe-nos singularmente como filhos adotivos em sua família, na qual o Senhor Jesus, nosso singular Mediador e Salvador, é também o singular irmão mais velho”. As Sagradas Escrituras afirmam que o homem deve nascer de novo (Jo 3.3), única condição para a Salvação. O ecumenismo, porém, reúne salvos e ímpios como se não houvesse diferença entre eles. A Palavra de Deus é clara: há , sim, diferença (Ml 3.18). Outro detalhe é que a Igreja deve cumprir o Ide de Jesus (Mc 16.15-16), não importando a religião a que as pessoas pertencem. Afinal, o Senhor Jesus Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19.10). O ser humano que não aceitou o Evangelho de Cristo é, à luz da Bíblia, perdido. Entretanto, o ecumenismo não vê os homens como pecadores perdidos, sujeitos ao Inferno. Portanto, as diferenças entre o verdadeiro cristianismo e o ecumenismo religioso são absolutamente abissais, isto é, enormes e profundas. A verdadeira unidade, de que falou Jesus em sua oração sacerdotal (Jo 17.19-23), tem o próprio Jesus como cabeça e centro de convergência: “E mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim”. Não há um corpo com dezenas de cabeças, tais como Maomé, Buda, Confúcio etc. Só o Senhor Jesus Cristo é a cabeça, como está escrito: “Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo”, Ef 5.23. “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”, 1Co 12.27. Há um só Senhor e uma só fé (Ef 4.5), e não há concubinato entre a luz e as trevas (1Co 6.14-18). A ordem divina para nós é: “Saí do meio eles, e apartai-vos, diz o Senhor (…) e Eu serei para vós Pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso”.

Fonte: CPAD

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Quais são as falsificações da santificação?

Por: Thomas Watson

Há coisas que parecem santificação, mas não são.

a. A primeira imitação da santificação é a virtude moral

Ser justo, temperante, de bom comportamento, não ter a fama manchada com um escândalo vergonhoso é bom, mas não é o suficiente, não é santificação. Um campo florido é diferente de um jardim. Pagãos se apegaram à moralidade, como Catão, Sócrates e Aristides.A boa educação é somente uma natureza refinada, não há nada de Cristo nela, o coração pode ser impuro e abominável. Debaixo dessas folhas de boa educação, o verme da descrença pode estar escondido. Uma pessoa virtuosa tem uma antipatia secreta contra a graça, odeia o vício e também a graça tanto quanto o vício. A serpente tem uma bela cor, mas pica. Uma pessoa enfeitada e alimentada com uma virtude moral pode ter um afeto secreto contra a santidade. Os estóicos, que eram os principais pagãos moralistas, foram os inimigos implacáveis de Paulo (At 17.18).

b. A segunda imitação da santificação é a devoção supersticiosa

Isso é abundante no papado. As adorações, as imagens, os altares, as vestimentas e a água benta, coisas que eu entendo como frenesi religioso, e que estão longe da santificação. Nada disso acrescenta nenhum bem intrínseco ao homem, não faz o homem melhor. Se as purificações e as lavagens da lei, que eram orientações do próprio Deus, não fizeram daqueles que as praticaram mais santos, e os sacerdotes que vestiram vestimentas santas e tiveram óleo derramado sobre si só eram santos com a unção do Espírito, então, certamente, as inovações supersticiosas na religião, que Deus nunca orientou, não podem contribuir para qualquer santidade dos homens. Uma santidade supersticiosa não custa muito, não há nada do coração nela. Se santidade fosse dizer orações com uso de um rosário, curvar-se diante de uma imagem, benzer-se com água benta, e tudo aquilo que é requerido daqueles que crêem nessas coisas para salvação, então o inferno estaria vazio, ninguém entraria lá.

c. A terceira imitação da santificação é a hipocrisia

Hipocrisia é fingir uma santidade que se não tem. Assim como um cometa pode brilhar e se parecer com uma estrela ou como um lustre pode brilhar em seu lugar a tal ponto de ofuscar os olhos dos que o contemplam. "Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder" (2Tm 3.5). São lâmpadas sem óleo, sepulcros caiados como os templos egípcios que eram bonitos do lado de fora, mas dentro havia todo tipo de podridão. O apóstolo fala da santidade verdadeira em Efésios 4.24, implicando que há uma santidade que é espúria e fingida. "Tens nome de que vives e estás morto" (Ap 3.1), são como quadros e estátuas destituídas de um princípio vital: "Nuvens sem água" (Jd 12). Fingem estar cheios do Espírito, mas são nuvens vazias. Isso mostra a santificação como uma auto-alucinação. Quem pega o cobre no lugar do ouro engana a si mesmo. Os santos mais falsos enganam os outros enquanto vivem, mas enganam a si mesmos quando morrem. Fingir a santidade quando não há nenhuma é uma coisa vã. Que vantagens levaram as virgens néscias que tinham lâmpadas fulgurantes quando precisaram de azeite? Qual é a utilidade de uma lâmpada sem o azeite da graça salvadora? Que consolo uma demonstração de santidade trará no final? Será que algo pintado com a cor de ouro pode enriquecer? A pintura de água pode refrescar aquele que está com sede? Ou a santidade imaginária será um sofrimento na hora da morte? Não se deve acomodar com uma pretensa santificação. Muitos navios que tinham o nome de Esperança, Triunfo e Vigilante foram lançados contra as rochas, assim, muitos que tiveram o nome de santos foram lançados no inferno.

d. A quarta imitação da santificação é a graça suprimida

Isso acontece quando os homens se abstêm do vício, embora não o odeiem. O lema de um pecador pode ser assim: "Eu estaria disposto, mas não tenho coragem". O cão só pensa no osso, mas tem medo do bastão, assim os homens têm a mente para a luxúria, mas suas consciências se posicionam como aquele anjo com uma espada flamejante e, assim, ela os amedronta: eles têm a mente para a vingança, mas o medo do inferno é como um freio de cavalo que os adverte. Não há mudança de coração, o pecado é freado, mas não exterminado. Um leão pode estar enjaulado, mas ainda é um leão.

e. A quinta falsificação da santificação é a graça comum

É uma obra tênue e passageira do Espírito, mas que não ajuda na conversão. Há um pouco de luz em um julgamento, mas não o é para a humilhação pessoal. Alguns têm peso na consciência, mas não acordam.

Parece santificação, mas não é. Os homens têm as convicções formadas neles, mas abrem mão dessa convicção, como o animal que, ao ser flechado, livra-se da flecha. Depois da convicção, os homens vão à casa da alegria, pegam a harpa para expulsar o espírito de tristeza e tudo morre e não se chega a nada.

Fonte: [ Josemar Bessa ]
Via: [ Armando Marcos ]

A autoridade Bíblica

“Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” (Atos 17.11)

Já me aconteceu de conversar com pessoas que se dizem cristãs e negam a Bíblia como única regra de fé e prática do crente em Jesus Cristo. Afirmam que uma certa "tradição apostólica" tem tanto valor quanto as Escrituras Sagradas e que em nenhum momento a Bíblia ensina sua própria autoridade sobre ensinamentos humanos. Este texto em Atos é apenas uma das diversas provas de que Deus nos entregou palavras que estão acima de qualquer tradição do homem.

Esta passagem de Atos trata da pregação de Paulo e Silas na sinagoga de Beréia. Repare que Lucas registra o caráter nobre destes cidadãos bereanos. Por que eles se destacam em relação aos tessalonicenses? A resposta está no próprio versículo - receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.

Ou seja, vemos aí um ensino apostólico tendo de passar pelo crivo da Bíblia antes de ser aceito. E o que é mais interessante: doutor Lucas apresenta esta atitude como algo positivo. Outro detalhe: quando esta pregação de Paulo aconteceu, é muito provável que poucos livros do Novo Testamento já estivessem escritos - talvez nenhum deles existisse ainda. Então, as Escrituras que os bereanos examinavam eram nada menos que textos do Antigo Testamento.

Daqui podemos tirar uma lição, se realmente cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, inspirada e suficiente para levar o homem à salvação e santificação. Lucas mostra claramente que, se o ensino dos apóstolos não batesse com os textos do Antigo Testamento (que eram examinados diariamente), os bereanos não aceitariam a mensagem do Evangelho. E mais – mostra que esta atitude é louvável!

Imagino às vezes se não seria por isso que não sabemos de uma carta de Paulo aos Bereanos, mas temos duas aos Tessalonicenses...

“Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” (Provérbios 30.5-6)

“E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.” (2 Pedro 3.15,16)

Um dos maiores problemas que existe na igreja atualmente é um efeito colateral do acesso universal às Escrituras que os reformadores nos proporcionaram. Este grave problema é a livre interpretação das Escrituras. Ao contrário do que alguns afirmam, a Reforma Protestante não foi a grande responsável por isso. Lutero, por exemplo, era a favor do livre-exame da Bíblia e não da livre interpretação. Nas palavras do ex-monge, se fosse assim, “cada um inventaria sua própria forma de ir para o inferno”.

Hoje, porém, tantos pastores evangélicos (?) quanto grupos cristãos declaradamente não-evangélicos insistem em afirmar que os cristãos protestantes defendem o direito de cada um interpretar a Bíblia como bem entende. É quase impossível que existam duas pessoas que interpretem todos os textos bíblicos da mesma forma, mesmo tendo a mesma formação teológica. Não porque existam ambigüidades, mas por próprios pressupostos e motivos pessoais, em algum momento alguém pode entender de forma inexata o que algum texto está dizendo. Neste caso, se esta pessoa realmente viver a Palavra de Deus, ela estará atenta à repreensão e humildemente aceitará seu erro.

O perigo, portanto, não são pessoas que conhecem e vivem a Bíblia, mas algo parecido - pessoas que conhecem, mas não vivem a Palavra. Homens que preferem apegar-se à própria tradição ou necessitam comprovar um assunto de qualquer forma e se utilizam de um fragmento do texto sagrado para isto. Pelo menos sabemos que este problema não é recente. Já no primeiro século, Pedro alertava para pessoas que interpretavam mal e levianamente as cartas de Paulo, além das outras Escrituras. (Aproveito para destacar que Pedro acaba de colocar os escritos do Apóstolo Paulo, e não tradições apostólicas, com a mesma autoridade do Antigo Testamento).

Não sabemos ao certo como tais textos estavam sendo torcidos, mas vemos este mesmo problema hoje em dia. Ao mesmo tempo em que algumas igrejas “cristãs” afirmam que a Bíblia não ensina ser a única regra de fé e prática do crente, usam textos soltos para comprovar que ela ensina a guardar certas tradições - que, teoricamente, existem desde a igreja primitiva. Outras igrejas fazem uso disto para acrescentarem novas profecias e novos conceitos, tentando resgatar uma outra 'igreja primitiva', que hoje desapareceu. Por fim, até não-cristãos tentam provar que Jesus não pretendia fundar uma igreja primitiva, e que os seguidores de Cristo, em algum momento, resolveram criar este novo paradigma de religião.

Mesmo que gritem que não era assim que Jesus ou os primeiros cristãos agiam, uma acusação comum aos poucos cristãos que ainda tentam guardar a sã doutrina, a estes só resta agir, ironicamente, como a própria igreja primitiva e apostólica, fundada por Jesus Cristo. Nas palavras do próprio Mestre:

“E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês? Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês. Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens.” (cf. Mateus 15.1-9)
“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3.16,17)

Provavelmente não existe texto mais claro quanto à autoridade das Escrituras quanto este. Acredito que ao chegar nestas palavras de Paulo, aquele que professa ou não a fé cristã tem apenas duas opções - aceitar toda a Escritura como inspirada por Deus e única suficiente como regra de fé e prática do crente ou rejeitá-la. Quem aceita isto positivamente é um verdadeiro seguidor de Cristo. Aquele que não aceita esta idéia simplesmente não é.

Alguns dizem que existem textos nas Escrituras que são declaradamente não-inspirados. Quase sempre são textos em que Paulo está no meio de uma argumentação, falando “como homem”. Ou seja, em seu próprio raciocínio, Paulo apresenta afirmações que ímpios fariam e as responde. Por exemplo: “Mas, se a nossa injustiça ressalta de maneira ainda mais clara a justiça de Deus, que diremos? Que Deus é injusto por aplicar a sua ira? (Estou usando um argumento humano.)” (Romanos 3.5, NVI). Se quisermos ignorar o versículo seguinte, e todo o contexto da carta aos Romanos, realmente teremos uma passagem “não-inspirada” na Bíblia. Porém, qualquer ser humano com o mínimo de inteligência perceberá que Paulo responde sua pergunta na continuação do texto, demonstrando que o argumento humano é falho.

Outra idéia, tolamente acatada pelos ateus, em especial, é um bizarro pensamento de que o texto bíblico foi pneumografado (neologismo usado pelo professor e pastor Marcos Alexandre), um equivalente a dizer que a Bíblia é algo psicografado, como se o Espírito Santo tomasse o corpo da pessoa, quando esta ia escrever e Ele próprio fosse o escritor. Assim, os pobres caçadores de falhas bíblicas tentam achar contradições, diferenças de um texto pra outro, entre outras coisas. Adoram encontrar erros astronômicos e geológicos em suas interpretações superficiais, mas dificilmente algum deles tenha se dado ao trabalho de pesquisar o Evangelho de Marcos no original grego, por exemplo. Se algum dia os acusadores do texto sagrado fossem além do que suas capacidades permitem, talvez dissessem “o Espírito Santo é analfabeto?”. Isto é apenas uma prova de sua argumentação limitada a buscas em sites da internet e leitura de reportagens sensacionalistas.

A seguir, desenvolverei mais o assunto, mas as duas citações abaixo já nos mostram quão antiga e, sinceramente, repetitiva é qualquer acusação contra a Palavra de Deus:

“Deve-se lembrar que Moisés não fala com perspicácia filosófica sobre mistérios ocultos, mas relata as coisas que são observadas em todos os lugares (...) A desonestidade daqueles homens é suficientemente repreensível, por censurarem Moisés por não falar com maior exatidão. Porque, como se tornou um teólogo, ele tinha mais respeito por nós do que pelas estrelas (...) Se o astrônomo indaga a respeito da dimensão real das estrelas, ele vai descobrir que a lua é menor que Saturno. Deixemos os astrônomos com seu conhecimento mais elevado; mas, nesse ínterim, aqueles que percebem pela lua o esplendor da noite são condenados por seu uso de perversa ingratidão, a menos que reconheçam a beneficência de Deus. Aquele que deseja aprender astronomia (...) deixe-o ir aonde quiser.”

“Pois quem, mesmo que de bem parco entendimento, não percebe que Deus assim conosco fala como que balbuciar, como as amas costumam [fazer] com as crianças? Por isso, formas de expressão que tais não exprimem, de maneira clara e precisa tanto o que Deus seja, quanto Lhe acomodam o conhecimento à paucidade da compreensão nossa.” (João Calvino)

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3.16,17)

O que significa dizer que a Escritura é inspirada? A idéia é a seguinte - suponha que eu deseje escrever uma carta para uma pessoa, mas minha linguagem usa muitas expressões peculiares, o que tornaria minha mensagem obscura. Por exemplo, suponha que esta pessoa seja um crente que more numa pequena aldeia lusófona em outro continente, aonde não chegou luz. Conto que digitei a carta no Word e depois imprimi na minha multifuncional, e que o Lula não pagou meu pai, por isso não revelei fotos tiradas com um repórter da TV Globo local. Provavelmente meu amigo não saberia o que é Word, multifuncional, TV Globo Local e talvez não teria idéia de quem é Lula ou o repórter citado. Sem contar possíveis gírias que por acaso eu usasse.

O que eu faria para resolver a situação? Como se trata de uma situação hipotética, suponha que eu conheça uma colega da mesma etnia, que faça intercâmbio no Brasil. Eu poderia ditar a carta para ela, e ela trataria de adaptar minhas novidades para que meu amigo pudesse entender. Ele poderia chamar o Lula de Chefe, por exemplo. Também poderia omitir o que fiz no Word e apenas dizer que escrevi a carta numa máquina. E o repórter da Globo se tornaria um mensageiro muito famoso em minha cidade. Suponha também que minha amiga não seja boa em ortografia. Assim, corro o risco de ter alguns erros de português. Mas como ela é uma pessoa de confiança, tenho a certeza absoluta que minha mensagem seria transmitida e analiso atentamente para saber se a idéia que queria passar foi perfeitamente adaptada à realidade do meu irmão estrangeiro.

A idéia é mais ou menos essa. É por isso que Moisés não cita a criação de todos os planetas do Sistema Solar, por isso que Marcos escreve seu Evangelho com alguns erros de grego, por isso que a Terra parece ser plana em certos textos. Eram homens com uma visão limitada do Universo sendo usados pelo próprio Deus Eterno para escrever sobre assuntos inefáveis para pessoas limitadas. E eles cumpriram sua missão. A mensagem foi transmitida, apesar de “erros”.

Os homens escreveram como escreveriam normalmente. Mas o Espírito Santo transmitiu a mensagem como aprouve a Ele. Muito provavelmente, alguns dos autores nem imaginavam que estariam sendo lidos 3000 anos depois. Mas o Espírito Santo sabia. E por isso Ele formou este Livro Santo, Perfeito e Único. Formado de dois testamentos, sessenta e seis livros, mas um único Livro com uma única história - a história da Salvação.

“Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei, e eu salvei, e eu o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR; eu sou Deus.” (Isaías 43.11,12)

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3.16,17)

É estranho que "cristãos" digam que não existe um texto na Bíblia que prove a autoridade das Escrituras sobre qualquer outro ensinamento. Em primeiro lugar, é irônico que eles queiram que tal heresia seja comprovada por um texto bíblico. Temos uma discussão sem fim, porque se alguém não crê que a Bíblia tenha toda a autoridade sobre a vida do cristão, que diferença um texto bíblico fará? E se você não acha que a Bíblia tenha tal prioridade, por que basear seus argumentos justamente na própria Escritura?

Em compensação, aquele que crê pode perceber facilmente que um trecho como estes versículos da segunda carta de Paulo a Timóteo comprova o que aprendemos sobre a Bíblia. Proponho que examinemos lentamente a idéia que o Apóstolo quer passar sobre as Escrituras (quanto à autoridade de Paulo, veja a parte 2 desta reflexão).

Primeiramente, ele diz que Toda a Escritura é inspirada por Deus. Sendo a revelação escrita de Deus aos homens, um livro que teve a mão do Criador do Universo, é impossível que imaginemos a possibilidade de uma obra mais completa e perfeita aqui na Terra. Uma pessoa que tenta adicionar ou retirar algo da Palavra de Deus está claramente dizendo que o Senhor não foi capaz de transmitir sua mensagem muito bem e precisa de uma forcinha. Ora, um ateu ou não-cristão negar o valor da Bíblia já é algo reprovável, mas um suposto cristão que solapa a soberania e o poder divinos desta forma é, no mínimo, um blasfemo.

Dizer que tradição humana, revelações misteriosas ou apócrifos que contradizem a Palavra têm tanto valor quanto as Escrituras Santas é dizer que aquilo que o Senhor nos deixou está incompleto, é imperfeito, precisa de algo mais. Dizer que Deus poderia fazer uma obra melhor, ou pior, é simplesmente dizer que Deus está abaixo do homem. Afinal, se homens limitados foram capazes de notar que faltava algo no Livro inspirado pelo Espírito de Deus, então somos mais espertos que o Todo-Poderoso, que deixou essa passar...

Não me resta dúvida que tais pessoas em nada diferem da serpente do Éden, o primeiro exemplo de alguém que "aperfeiçoou" as palavras do Senhor.

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3.16,17 - NVI)

Continuando a análise deste texto, nos deparamos com outra afirmação - “Toda Escritura é útil”. O que o texto quer dizer com isto? Parece-me claro que dentre as 66 subdivisões, que chamamos de “livros”, e os quase 1200 capítulos não existe um mínimo trecho que não tenha seu valor. Não importa o quanto você não goste de ler as imensas descrições de rituais de Levítico ou as grandes listas genealógicas - tudo isto é proveitoso e útil para a preparação do homem de Deus. Esta preparação Paulo divide em quatro ramos, que estudaremos a seguir.

Ensino

Mais do que qualquer comentário ou livro cristão, a Palavra de Deus é a bibliografia imprescindível para educarmos uma pessoa nos caminhos do Senhor. É incrível que hoje em dia tão pouca ênfase tem se dado ao ensino da Bíblia. As igrejas históricas muitas vezes oferecem escolas bíblicas descontextualizadas e ultrapassadas, que agradam normalmente apenas aqueles que têm muita vontade de aprender ou os crentes já acostumados com as aulas dominicais desde a infância.

A formação dos professores também deixa a desejar. Presenciei casos de professores ensinarem conceitos errados sobre Lei e Graça para os alunos - assunto que foi tratado em uma de minhas primeiras aulas na Faculdade Teológica! Antes que me acusem de esperar demais de pessoas que se oferecem para ensinar, aviso que se tratava de uma pessoa com formação em teologia. E mais - por que esperamos que nossos professores ou de nossos filhos em escolas “seculares” tenham excelentes formação e currículo, mas não exigimos o mínimo das pessoas que fazem um serviço bem mais importante, que é o ensino de verdades eternas?

Quanto a igrejas menos organizadas e mais modernas (para ser eufemístico), me assusta saber que muitas delas sequer têm uma preocupação com a formação dos santos. Quando se critica isto, utilizam-se do ridículo argumento que “a letra mata, mas o Espírito vivifica”. Como se não fosse o Espírito Santo o grande Autor da Palavra de Deus! Ou pior - alguns cristãos medíocres acreditam que deve haver uma separação entre razão e fé, como se Deus não fosse o Criador de Suas mentes, como se as cartas de Paulo estivessem lá para sentirmos apenas fortes emoções e não para também estudarmos. Defendem que não deve haver raciocínio sobre textos bíblicos. Eu pergunto - para que servem os livros sapienciais então? Como Paulo formaria sua teologia sem meditar sobre o texto do Antigo Testamento e perceber que a vinda de Cristo tinha realmente lógica quando os textos eram estudados?

Este trecho de 2 Timóteo deixa claro que um homem de Deus só estará plenamente apto para seu serviço, sua boa obra, quando for ensinado pela Escritura. Todo aquele que nega esta verdade, nega a Palavra de Deus. E quem nega a Palavra de Deus, nega ao Senhor.

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3.16,17 - NVI)

Repreensão

A seguir, o apóstolo Paulo nos apresenta uma característica aparentemente negativa da Palavra de Deus - a função de repreender o homem de Deus. Ninguém gosta de ser repreendido, mas é importante notar que uma repreensão verdadeiramente baseada na Santa Escritura não deve nunca ser motivo de desgosto. Pelo contrário, apenas mostra a preocupação que o Senhor teve para conosco, a ponto de nos mostrar como não devemos agir se quisermos viver para Sua glória.

Infelizmente, nem todos pensam assim; um homem que utiliza a Palavra de Deus para diagnosticar e arrancar alguma doença da Igreja ou da vida de seu irmão não é recebido muito bem - com a exceção do caso de ele estar em cima de um púlpito, usando o título de “pastor”. Mesmo assim, existem casos em que sua repreensão não é bem recebida, como por exemplo, um jovem pregador criticando tradições sem sentido, ou um pastor visitante demonstrando que certas atitudes de namorados crentes não estão necessariamente corretas.

A verdade é que ninguém gosta de ser repreendido, seja por um homem, pela Palavra de Deus, ou pelo próprio Deus. A Bíblia nos mostra inúmeros casos de pessoas que não seguiram o conselho do Senhor e não se saíram muito bem seguindo seus próprios caminhos. Apenas para ilustrar, o primeiro pecado foi justamente este caso e o motivo do primeiro assassinato foi o desgosto por uma repreensão do Criador do Universo. Pessoas que não aceitam que sua dura cerviz seja amolecida sofrem uma repreensão ainda pior por conta de seu orgulho.

Não existe uma fórmula mágica para percebermos se uma palavra contra algum ato nosso é válida ou não, mas a Bíblia ainda é o melhor juiz quando se trata do assunto. Se a repreensão não teve um respaldo bíblico, provavelmente você poderá replicá-la com a própria Palavra. Se a repreensão veio da própria Palavra de Deus, aplicada à sua vida, só lhe resta abaixar a cabeça e aceitar tal confrontação.

Nos dois casos, um homem de Deus sábio só tem a ganhar.

“Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.” (Salmo 119.9)

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3.16,17 - NVI)

Correção

Perceba que as funções bíblicas seguem uma lógica - primeiramente ensinamos, depois repreendemos. A partir daí podemos entrar no terceiro passo, que é corrigir o erro. Aparentemente, repreensão e correção parecem estar ligadas, mas o homem corrigido pelo Senhor é aquele a quem ele ama. Enquanto todos são repreendidos, a correção que vem da Palavra de Deus é reservada para pessoas especiais. Uma prova disso é que o diabo foi repreendido por Jesus (Mateus 4), e o anjo Miguel disse apenas “o Senhor te repreenda” para ele (Judas 9). É óbvio que uma repreensão ao demônio não inclui uma correção da parte de Deus. Então, quem são aqueles que recebem a correção de Deus?

a) Seu povo: Depois de todas aquelas provações e humilhações no deserto, o Deus de Israel traz estas palavras para os judeus: “Sabes, pois, no teu coração que, como um homem corrige a seu filho, assim te corrige o SENHOR teu Deus” (Deuteronômio 8.5). O motivo para isto é que o povo não deveria se esquecer nunca quem estava no comando e de quem vinha todas as bênçãos. Eles não deveriam cometer os erros que seus pais haviam cometido. “Antes te lembrarás do SENHOR teu Deus, que ele é o que te dá força para adquirires riqueza; para confirmar a sua aliança, que jurou a teus pais, como se vê neste dia” (Deuteronômio 8.18).

b) Os felizes: “Como é feliz o homem a quem Deus corrige; portanto, não despreze a disciplina do Todo-poderoso” (Jó 5.17). Em algumas versões temos “bem-aventurado”, palavra que tem basicamente o mesmo significado de “como é feliz”. A pessoa que bem-aventurada não tem apenas uma felicidade dada por Deus, ela é feliz de uma forma indescritível, porque o Senhor, Criador do Universo, Todo-Poderoso, reserva um “tempo” para corrigi-la. Que privilégio é ser agraciado com a correção da Sabedoria de Deus. “O zombador não gosta de quem o corrige, nem procura a ajuda do sábio” (Provérbios 19.15)

c) Os humildes: Esta é, na verdade, uma conseqüência do item anterior. Um homem que aceita a correção é alguém que demonstra humildade para perceber que está errado. É alguém que reconhece sua total incapacidade de se guiar sozinho - “Eu sei, Senhor, que não está nas mãos do homem o seu futuro; não compete ao homem dirigir os seus passos. Corrige-me, Senhor, mas somente com justiça, não com ira, para que não me reduzas a nada” (Jeremias 10.23,24). Deus não quer pessoas que lutam para ser boas, mas pessoas que sabem que sem Ele é impossível ser bom. “Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: 'Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes'” (Tiago 4.6).

d) Seus amados: “Filho meu, não desprezes a correção do SENHOR, E não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela” (Hebreus 12.5,6.11). Todos sabem o que é uma correção paterna e, fora casos de pais abusivos, só uma criança ou alguém imaturo não tem plena certeza que apanhou da mãe porque fez algo errada. Não há necessidade de dizer que nossos pais fazem isso por amor e devemos ser gratos por tanto. E tenho certeza que ninguém deixou de amar seus pais por causa de chineladas justas. É estranho que supostos cristãos não aceitem uma correção bíblica em suas preciosas doutrinas.

O mais interessante é notar que todos os pontos resumem numa coisa só - aqueles que são corrigidos pelo Senhor são os filhos escolhidos de Deus. Apenas estes reconhecem sua total incapacidade de seguir sozinhos, amam ao Senhor porque Ele primeiro os amou, são o povo de Deus e são bem-aventurados, pois foram alcançados pela Graça. Agora, pergunto - o que vem primeiro nestes quatro itens?

Poderia levar horas formulando uma boa resposta. Mas preciso resumir tudo em: Deus e Sua inexplicável misericórdia eterna. Que sejamos eternamente gratos pelo trabalho de nosso Pai em nossas vidas.

“Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são” (1 Coríntios 1.27,28).

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3.16,17 - NVI)

Instrução

A maioria das pessoas me olha de forma admirada quando digo que o melhor presente de aniversário - na verdade, o melhor presente de todos - que já recebi na vida foi uma pequena Bíblia dada por uma amiga. Os crentes não entendem por que esta Bíblia é diferente das outras; além de ela não ter anotações ou comentários, alguém que nasceu em lar cristão não deveria achar este presente tão sensacional assim. No caso dos incrédulos, apenas preciso dizer que eles acham uma coisa sem sentido.

O fato é que esta Bíblia foi a primeira que li completa, devocionalmente - e este é um dos motivos (além do fato de ter recebido o presente de uma pessoa querida) pelo qual o presente é tão importante. Não há professor, teólogo ou pastor que consiga abafar a Palavra de Deus, caso esteja falando dela. Quando a Bíblia fala através de alguém, para outras pessoas, sua infinita sabedoria e poder falam mais alto que o instrumento humano usado para isso.

A instrução (ou educação em algumas versões) é a última das quatro funções que Paulo lista neste texto. Como disse antes, é interessante notar que há uma lógica na seqüência de Paulo. Primeiramente, você é ensinado e, depois de repreendido pela Palavra de Deus, seus erros são corrigidos... até que um dia você completará a sua instrução na justiça. É claro que este é um alvo inatingível em nossa vida terrena, mas com certeza haverá um momento em que você é aquele que estará ensinando, repreendendo, corrigindo e instruindo.

E não é justamente isso que acontece entre Paulo e Timóteo neste trecho que estamos estudando?

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3.16,17 - NVI)

Para concluir, lembremo-nos do motivo pelo qual iniciei este estudo - alguém disse que não existe qualquer texto na Bíblia que prove as Escrituras como única regra de fé e prática do crente. Depois de vários trechos confirmando esta idéia, que só não vê quem não quer, passamos um pouco de tempo neste versículo, que provavelmente é o mais usado para comprovar o que queremos. As conclusões até então:

a) Toda a Escritura é inspirada por Deus - Se quisermos adicionar ou retirar alguma coisa da Bíblia, teremos de admitir que o Senhor não foi capaz, através de seus instrumentos humanos, de produzir uma obra tão perfeita que não necessite de acréscimos para melhorá-la.

b) Toda a Escritura é útil para o ensino, repreensão, correção e instrução - Todo o texto bíblico serve como ferramenta para a completa formação de uma pessoa na justiça de Deus. Dos primeiros passos de discipulado até a maturidade espiritual, a Escritura tem seu valor.

Agora vejamos o que Paulo diz no final do verso 17. O texto explica melhor o que a formação bíblica pode fazer com um homem de Deus. Repare que não é um homem qualquer, mas um homem de Deus. É aquela pessoa lavada e remida no sangue do Cordeiro, que se entregou completamente ao Senhor, não todas as pessoas. É por isso que muitos não conseguem enxergar ensinamentos na Bíblia, a colocam no nível de um livro qualquer de sabedoria ou auto-ajuda ou precisam dar sua colaboração pessoal nos ensinamentos. O homem de Deus não tem essa necessidade, pois sabe que o Senhor proveu aquilo que é necessário para sua formação. Prova disso é a continuação do raciocínio de Paulo.

O Apóstolo diz que este aprendizado do homem de Deus o tornará apto e completamente pronto para qualquer boa obra. Ou seja, as Escrituras não apenas conferem aptidão para alguém fazer o trabalho do Senhor (acredito que "toda boa obra" é necessariamente qualquer ato que glorifique a Deus), como o deixam plenamente preparado (isto é, o máximo que o homem pode conseguir). Eu não vejo como não enxergar claramente que um cristão, um homem de Deus, não precisa de outra regra que não seja a Bíblia Sagrada.

Agora, se alguém acha que existe tal necessidade, precisa ler um pouco mais. Ou, simplesmente, não é um homem de Deus e, portanto, não vê a Palavra que nos foi entregue como a perfeita mensagem que ela é. Nos dois casos a única solução é que esta pessoa seja ensinada, repreendida, corrigida e instruída... pela Bíblia.

autor: Josaías Cardoso Ribeiro Júnior
Fonte: [ http://www.monergismo.com ]
Via: [ Amigos do Puritanismo ]