.
Ao expor Ef 1.13, "fostes selados com o Santo Espírito da promessa", Lloyd-Jones segue a interpretação de alguns teólogos Puritanos (Thomas Goodwin, John Owen, Charles Simeon, Richard Sibbes), e do famoso Charles Hodge de Princeton, que defendiam que esse "selo" não é a mesma coisa que a conversão, e pode ocorrer depois.[16] A principal ênfase de Lloyd-Jones em sua exposição da passagem é que esse "selo" é algo que pode ser experimentado, sentido e identificado pelos crentes, e que não se trata de algo que já ocorreu automaticamente com todos eles na sua conversão. Como demonstração, ele menciona experiências de personagens famosos na História da Igreja, como John Flavel, Jonathan Edwards, D. L. Moody, Christmas Evans, George Whitefield e John Wesley.[17]
Em sua exposição de Romanos 8.16, Lloyd-Jones afirma que o testemunho do Espírito ao nosso próprio espírito é mais do que o resultado de um processo racional, pelo qual o crente chega à certeza da salvação. Segundo ele, trata-se de uma certeza dada de forma imediata (sem o uso de meios) pelo Espírito, diretamente à nossa consciência. Portanto, é algo da mesma ordem que o "selo" ou batismo com o Espírito.[23] É algo distinto da conversão, que ocorre após a mesma, às vezes em um intervalo de tempo extremamente breve.[24]
Lloyd-Jones está consciente de que alguns apelarão para 1 Co 12.13 para contradizer seu ponto de vista. Para ele, a passagem ensina de fato que o Espírito Santo batiza o crente, colocando-o no corpo de Cristo que é a Igreja, e que isto ocorre na conversão, e que, portanto, todos os cristãos já foram objeto desta atividade do Espírito. Porém, ele argumenta, esse "batismo" de 1 Co 12.13 não é o mesmo "batismo" ou "selo" do Espírito mencionado nos Evangelhos e em Atos. O que ocorre é que a palavra "batismo" é empregada no Novo Testamento com vários sentidos diferentes.[25] Para ele, o batismo pelo Espírito em 1 Co 12.13 significa o ato pelo qual o Espírito nos incorpora à Igreja, e que portanto é idêntico à conversão, ao passo que, nos Evangelhos, e principalmente em Atos, o batismo com o Espírito refere-se a uma experiência pós-conversão, confirmatória e autenticadora em sua essência.[26]
Passemos agora para a opinião de John Stott. Conhecido pregador e escritor, Stott é ministro da Igreja Anglicana da Inglaterra. Em 1964 ele fez uma série de estudos numa conferência para líderes evangélicos sobre a obra do Espírito Santo, os dons espirituais, e especialmente, sobre o batismo com o Espírito Santo. Estas palestras foram uma reação de Stott ao crescente Pentecostalismo dentro da sua própria paróquia.[31] As palestras vieram ao grande público em 1966, num livrete intitulado The Baptism and Fullness of the Holy Spirit,[32] após os sermões de Lloyd-Jones sobre o assunto já terem sido impressos. Dez anos após Stott publicou uma segunda edição, intitulada Baptism & Fullness: The Work of the Holy Spirit Today,[33] onde ampliou algumas partes que precisavam de mais clareza e fundamentação, sem, entretanto, alterar seus pontos de vista.[34] Esta obra foi traduzida e publicada em Português em 1986, como Batismo e Plenitude do Espírito Santo.[35] Nela, Stott trata dos principais aspectos da obra do Espírito relacionados com a polêmica moderna, tais como a promessa do Espírito, o batismo do Espírito, a plenitude, o fruto e os dons do Espírito. Procuraremos nos concentrar na sua interpretação de 1 Co 12.13.
Ele então defende esse ponto com o argumento de que em qualquer tipo de batismo existem quatro partes: (1) o sujeito, que é o batizador, (2) o objeto, que é a pessoa sendo batizada, (3) o elemento em, ou no qual a pessoa é batizada, e (4) o propósito com o qual o batismo é realizado. Como exemplo, ele cita o "batismo" dos israelitas no Mar Vermelho (cf. 1 Co 10.1-2). Deus foi o batizador, os israelitas foram os batizandos, o elemento em que foram batizados foi água, ou vapor que caia das nuvens, e o propósito é indicado pela expressão "batizados em Moisés", isto é, para um relacionamento com Moisés como o líder apontado por Deus. O batismo de João, igualmente, tem quatro partes: João (o sujeito) batizou as multidões que vinham de Jerusalém e regiões circunvizinhas (os batizandos) nas (e)n) águas do Rio Jordão (elemento) para (ei)j) arrependimento e, portanto, remissão de pecados, cf. Mt 3.5,11. O batismo cristão é similar, continua Stott. O pastor (sujeito) batiza o candidato (objeto) na, ou com, água (elemento), e o batismo é ei)j, "para" o nome da Trindade, ou mais especificamente, para o nome de Cristo (Mt 28.19; At 8.16). O batismo do Espírito não é exceção a esta regra, conclui Stott. Se colocarmos as sete referências juntas, verificaremos que Jesus Cristo é o batizador (sujeito), todos os crentes (1 Co 12.13) são os batizandos (objeto), o Espírito Santo é o "elemento" com o qual (e)n) somos batizados, e o propósito (ei)j) é a incorporação do crente no corpo de Cristo.[43]
O quadro abaixo poderá nos ajudar a visualizar o pensamento destes dois eminentes servos de Deus sobre 1 Co 12.13.
Em segundo lugar, ambos divergem com respeito à relação entre 1 Co 12.13 e as demais passagens paralelas nos Evangelhos e Atos. Como vimos, Lloyd-Jones sustenta que se tratam de experiências diferentes: em 1 Coríntios "batismo pelo Espírito" se refere à conversão, enquanto que, em Atos, "batismo com o Espírito" se refere a uma experiência de confirmação e autenticação. Por outro lado, Stott afirma que em 1 Coríntios e em Atos, a expressão designa a mesma coisa, ou seja, conversão.
Por Rev. Augustus Nicodemos Lopes
O
debate na Igreja brasileira sobre o batismo com o Espírito Santo tem
sido às vezes conduzido em torno das figuras do (já falecido) Dr. Martyn
Lloyd-Jones e do Dr. John Stott.[1] Mais particularmente, o debate tem
girado em torno das suas interpretações da conhecida passagem de Paulo
em 1 Coríntios 12.13, "Pois, em um só Espírito, todos nós fomos
batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer
livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito."[2] A
passagem é crucial para o debate, já que é a única, fora dos Evangelhos e
de Atos, que traz juntas palavras como "todos", "Espírito", "batizar",
"corpo", e "beber". Alguns defensores do batismo com o Espírito Santo
como uma experiência distinta da conversão, referem-se ao Dr.
Lloyd-Jones como exemplo de um teólogo reformado e puritano que defende
essa posição. Os do campo contrário, referem-se ao Dr. Stott como um
teólogo de renome mundial que sustenta ser o batismo com o Espírito
Santo idêntico à conversão.
Duas
observações iniciais sobre esta realidade. Primeira, o debate sobre o
batismo com o Espírito Santo tem encontrado muito mais participantes
ilustres do que apenas Lloyd-Jones e Stott. Existem muitos livros e
artigos defendendo uma e outra posição, escritos por teólogos conhecidos
e de diferentes persuasões teológicas. O fato de que, no Brasil, esta
polêmica desenvolve-se em torno dos nomes de Lloyd-Jones e de Stott
deve-se ao simples fato de que ambos tiveram suas obras traduzidas para o
português, e outros não. E a segunda observação decorre deste último
ponto: a doutrina do batismo com o Espírito Santo não é a principal
ênfase dos ministérios de Lloyd-Jones e Stott.[3] Ambos falaram e
escreveram sobre muitos outros assuntos. Mas o fato é que, no Brasil,
por falta de autores nacionais que escrevam claramente sobre o assunto, e
que tomem uma posição definida, e também por causa das poucas traduções
em português de livros sobre o tema, o debate desenvolveu-se mesmo em
torno desses dois nomes.
Também
é importante lembrar que esses dois importantes líderes não se
envolveram pessoalmente em disputa pública sobre esse ponto específico.
São alguns de entre os seus seguidores e admiradores que têm usado seus
escritos para debater as diferenças que a discussão moderna sobre o
assunto tem levantado. Lloyd-Jones e Stott, na verdade, estiveram
envolvidos em outro tipo de polêmica, mais especificamente com relação a
eclesiologia, e a unidade dos evangélicos.[4]
Partindo
então da inevitável realidade de que teremos de lidar com Lloyd-Jones e
Stott ao nos referirmos à questão do batismo com o Espírito Santo em um
artigo destinado a pastores e líderes brasileiros, tentaremos aqui dar
uma colaboração ao debate através de uma apresentação e análise da
posição de ambos, particularmente à luz da maneira como interpretam 1 Co
12.13.
Lloyd-Jones e 1 Co 12.13
Vamos
começar com Martyn Lloyd-Jones, por uma questão de cronologia. Sua
opinião sobre o batismo com o Espírito Santo, e sua interpretação de 1
Co 12.13, podem ser encontradas em três de suas obras principais.
Primeiro, em God’s Ultimate Purpose,
o primeiro volume de sua famosa série de sermões na carta aos Efésios,
pregados nos anos 1954-1955, durante seu ministério na Capela de
Westminster, Londres.[5] Ele expõe Efésios 1.13 em seis capítulos,
quando então aborda o tema do batismo com o Espírito Santo.[6] Segundo,
no volume da sua série em Romanos, intitulado The Sons of God,
onde ele expõe Romanos 8.5-17.[7] Esse volume contém os sermões
pregados em Romanos durante os anos 1960-1961, dos quais oito tratam de
Rm 8.16, uma passagem que, segundo Lloyd-Jones, refere-se ao batismo com
o Espírito Santo.[8] Por fim, em seu livro Joy Unspeakable,
publicado em 1984, que é a transcrição de vinte e quatro sermões
pregados em 1964 na Capela de Westminster, Inglaterra, numa série em
João 1.26-33.[9] Nesta obra, Lloyd-Jones trata de forma detalhada da sua
posição sobre o batismo com o Espírito Santo, e de 1 Co 12.13.10
Procuraremos resumir, partindo destas fontes, a sua interpretação da
passagem.[11]
O contexto do ensino de Lloyd-Jones
Devemos
estar conscientes do contexto em que Lloyd-Jones aborda esse assunto.
Ele estava reagindo a duas tendências de sua época, as quais considerava
perniciosas para a vida da Igreja. Em primeiro lugar, contra o nascente
movimento de "línguas", em Londres, cujos proponentes reivindicavam
terem sido "batizados com o Espírito", e colocavam a ênfase maior no dom
de línguas. Lloyd-Jones freqüentemente adverte contra os perigos do
fanatismo, misticismo, e abusos nesta área,[12] fato que às vezes tem
sido esquecido por alguns que usam seus escritos para promover conceitos
e práticas carismáticos.
Lloyd-Jones
enfrentava ao mesmo tempo um tipo de ensino aparentemente ortodoxo que
ele considerava ainda mais pernicioso à vida da Igreja do que os
excessos dos carismáticos. Basta que leiamos os capítulos 21—25 do seu
livro God’s Ultimate Purpose para verificarmos que, na maioria
das vezes, ele está reagindo, não aos excessos do movimento carismático
nascente, mas ao tipo de ensino que dizia que os crentes já tinham
recebido tudo por ocasião da sua conversão, e que não mais precisavam
buscar a plenitude do Espírito ou um nível maior de vida espiritual.[13]
Era esse Cristianismo anti-emocional e intelectualista que prevalecia
nas Igrejas evangélicas da Inglaterra. Para muitos pastores e estudiosos
daquela época, todos os crentes já haviam recebido tudo do Espírito na
sua conversão, e o que restava era irem se apropriando destes benefícios
gradativamente, na vida cristã.[14] Para eles, quase todos os aspectos
da obra redentora e santificadora do Espírito Santo ocorriam num âmbito
não "experienciável",[15] e atividades do Espírito como o "selo" (Ef
1.13) e o "testemunho ao nosso espírito" (Rm 8.16) eram encarados como
se processando em um nível intelectual, ou acima da nossa capacidade de
sentir ou experimentar. Outros ensinavam que todas estas coisas eram
para ser tomadas "pela fé", independentemente dos sentimentos ou das
emoções.
Para
Lloyd-Jones, esse tipo de ensino era responsável em grande parte pelo
fato de a maioria dos cristãos na Europa desconhecerem um Cristianismo
vigoroso, "experienciável", e de praticarem uma religião fria, sem
emoções, e destituída de vigor e vida. Como pastor de formação puritana,
Lloyd-Jones reagiu fortemente a esse tipo de ensino que acabava por
negar o caráter "experienciável" da fé em Cristo, e o lugar das emoções
na experiência cristã. Mas, o seu maior conflito com esses teólogos era
que tal ensinamento, na sua opinião, não deixava lugar para
reavivamentos espirituais, para novos derramamentos do Espírito sobre a
Igreja.
Por
esse motivo, ele abordou o assunto do batismo com o Espírito Santo
muito mais em reação à frieza espiritual da sua época, do que em reação
ao movimento carismático, que estava apenas em seus inícios naqueles
dias.
O selo do Espírito e o batismo com o Espírito
Ao expor Ef 1.13, "fostes selados com o Santo Espírito da promessa", Lloyd-Jones segue a interpretação de alguns teólogos Puritanos (Thomas Goodwin, John Owen, Charles Simeon, Richard Sibbes), e do famoso Charles Hodge de Princeton, que defendiam que esse "selo" não é a mesma coisa que a conversão, e pode ocorrer depois.[16] A principal ênfase de Lloyd-Jones em sua exposição da passagem é que esse "selo" é algo que pode ser experimentado, sentido e identificado pelos crentes, e que não se trata de algo que já ocorreu automaticamente com todos eles na sua conversão. Como demonstração, ele menciona experiências de personagens famosos na História da Igreja, como John Flavel, Jonathan Edwards, D. L. Moody, Christmas Evans, George Whitefield e John Wesley.[17]
Trata-se
de uma experiência, diz Lloyd-Jones, e não de um processo. Assim, é
algo que deve ser buscado por cada um.[18] Também não devemos confundir o
"selo" com a plenitude do Espírito, e nem com a santificação;[19] o
"selo" também não é algo a ser "apropriado pela fé", como ensinam alguns
pregadores e escritores:[20] ele funciona como uma autenticação de Deus
de que de fato pertencemos a ele, algo semelhante ao ocorrido com o
Senhor Jesus quando foi batizado (comparar Jo 1.32-34 com 5.27).[21]
Lloyd-Jones
identifica esse "selar" do Espírito com o "batismo" do Espírito,
experimentado pelos apóstolos no dia de Pentecostes, e ainda pelos
samaritanos, Cornélio e sua casa, e os discípulos de João Batista em
Éfeso.[22]
O testemunho do Espírito e o batismo com o Espírito
Em sua exposição de Romanos 8.16, Lloyd-Jones afirma que o testemunho do Espírito ao nosso próprio espírito é mais do que o resultado de um processo racional, pelo qual o crente chega à certeza da salvação. Segundo ele, trata-se de uma certeza dada de forma imediata (sem o uso de meios) pelo Espírito, diretamente à nossa consciência. Portanto, é algo da mesma ordem que o "selo" ou batismo com o Espírito.[23] É algo distinto da conversão, que ocorre após a mesma, às vezes em um intervalo de tempo extremamente breve.[24]
1 Coríntios 12.13
Lloyd-Jones está consciente de que alguns apelarão para 1 Co 12.13 para contradizer seu ponto de vista. Para ele, a passagem ensina de fato que o Espírito Santo batiza o crente, colocando-o no corpo de Cristo que é a Igreja, e que isto ocorre na conversão, e que, portanto, todos os cristãos já foram objeto desta atividade do Espírito. Porém, ele argumenta, esse "batismo" de 1 Co 12.13 não é o mesmo "batismo" ou "selo" do Espírito mencionado nos Evangelhos e em Atos. O que ocorre é que a palavra "batismo" é empregada no Novo Testamento com vários sentidos diferentes.[25] Para ele, o batismo pelo Espírito em 1 Co 12.13 significa o ato pelo qual o Espírito nos incorpora à Igreja, e que portanto é idêntico à conversão, ao passo que, nos Evangelhos, e principalmente em Atos, o batismo com o Espírito refere-se a uma experiência pós-conversão, confirmatória e autenticadora em sua essência.[26]
Lloyd-Jones
argumenta que uma das diferenças decisivas entre 1 Co 12.13 e as
passagens em Atos sobre o batismo com o Espírito Santo, é quanto ao
agente do batismo, ou seja, a pessoa que batiza. Ele acredita que na
expressão e)n e(ni/ pneu/mati h(mei=j pa/ntej ei)j e(\n sw=ma e)bapti/sqhmen a preposição e)n tem força instrumental, e que deve, portanto, ser traduzida "por um só Espírito", e não "em um só Espírito". Ele argumenta que "por" é a tradução da maioria das versões em Inglês, e que a preposição e)n ocorre
em várias outras ocasiões no Novo Testamento com a mesma força
instrumental (ele cita Mt 7.6; 26.52; Lc 1.51; Rm 5.9). Ele cita ainda
várias outras autoridades na área de exegese que mantém esta
opinião.[27] Ele conclui que, em 1 Co 12.13, é o Espírito quem nos
batiza no corpo de Cristo. Nas demais passagens, o agente é o Senhor
Jesus, o que é algo muito diferente. A confusão existe pelo fato de que a
mesma palavra "batismo" é usada.[28] Em 1 Co 12.13 ela se refere à
conversão, mas nas demais passagens, a uma experiência posterior à
conversão, e portanto, distinta da mesma.
Era Lloyd-Jones um Carismático?
Em
resumo, para Lloyd-Jones, o batismo com o Espírito Santo é uma
experiência na qual o Espírito concede ao crente plena certeza de fé, e
que deve ser identificada com o selo e o testemunho do Espírito
mencionados por Paulo. Esta experiência resulta em poder e ousadia, que
por sua vez, capacitam o crente a testemunhar eficazmente de Cristo.
É
extremamente importante notar que o pensamento de Lloyd-Jones sobre o
selo ou batismo do Espírito, é essencialmente diferente da posição
pentecostal clássica, e da posição neopentecostal. Lloyd-Jones não vê
nenhuma evidência bíblica de que esta experiência deva ser acompanhada
pelo falar em línguas e pelo profetizar, ou por qualquer outra
manifestação extraordinária. Na verdade, ele chama a atenção para o fato
de que muitos dos dons que foram concedidos no início da Igreja Cristã
não haviam sido mais concedidos no desenrolar desta mesma história. Ele
aponta para o fato de que nenhum dos grandes nomes da História da
Igreja, conhecidos como tendo passado por experiências profundas com o
Espírito (que ele considera como tendo sido esse "selar" ou "batizar" do
Espírito) terem manifestado dons como línguas, profecia, ou milagres.
Para Lloyd-Jones, o ponto essencial desta experiência também não é a
capacitação de poder, como enfatizado em círculos pentecostais e
carismáticos, mas a certeza dada de forma direta, pelo Espírito, de que
somos filhos de Deus.[29]
Como
já mecionamos, ao mesmo tempo em que estava reagindo contra o
Cristianismo frio e árido de sua época, Lloyd-Jones também estava em
combate contra várias ênfases do nascente movimento carismático. Talvez o
único ponto em que ele estivesse em acordo com eles é que o "selo"
(batismo) do Espírito é algo distinto da conversão, e que ocorre após a
mesma.[30] As diferenças quanto ao propósito e às evidências deste
evento são por demais distintas das convicções
pentecostais-carismáticas, para que venhamos a classificar Lloyd-Jones
como um carismático.
Stott e 1 Coríntios 12.13
Passemos agora para a opinião de John Stott. Conhecido pregador e escritor, Stott é ministro da Igreja Anglicana da Inglaterra. Em 1964 ele fez uma série de estudos numa conferência para líderes evangélicos sobre a obra do Espírito Santo, os dons espirituais, e especialmente, sobre o batismo com o Espírito Santo. Estas palestras foram uma reação de Stott ao crescente Pentecostalismo dentro da sua própria paróquia.[31] As palestras vieram ao grande público em 1966, num livrete intitulado The Baptism and Fullness of the Holy Spirit,[32] após os sermões de Lloyd-Jones sobre o assunto já terem sido impressos. Dez anos após Stott publicou uma segunda edição, intitulada Baptism & Fullness: The Work of the Holy Spirit Today,[33] onde ampliou algumas partes que precisavam de mais clareza e fundamentação, sem, entretanto, alterar seus pontos de vista.[34] Esta obra foi traduzida e publicada em Português em 1986, como Batismo e Plenitude do Espírito Santo.[35] Nela, Stott trata dos principais aspectos da obra do Espírito relacionados com a polêmica moderna, tais como a promessa do Espírito, o batismo do Espírito, a plenitude, o fruto e os dons do Espírito. Procuraremos nos concentrar na sua interpretação de 1 Co 12.13.
Uma experiência iniciatória
Stott
argumenta que a expressão "batismo com o Espírito Santo", que ocorre
sete vezes no Novo Testamento, é equivalente à expressão "o dom do
Espírito Santo" que ocorre em At 2.38, e refere-se à experiência
iniciatória da qual participam todos os que se tornam cristãos.[36] O
próprio conceito de "batismo com água" é iniciatório, como sendo o
ritual público de introdução na Igreja, e está intimamente associado ao
batismo com o Espírito Santo, como sugere At 10.47, 11.16 e 19.2-3.37
Ele argumenta que a linguagem empregada por Paulo para descrever a
experiência cristã com o Espírito, como "estar no Espírito", "ter o
Espírito", "viver pelo Espírito", e "ser guiado pelo Espírito", é
aplicada nas cartas do apóstolo a todos os cristãos, indistintamente,
até mesmo para os recém convertidos, a partir do momento em que se
tornam cristãos. O Novo Testamento, continua Stott, presume que Deus tem
dado o Espírito a todos os cristãos, cf. Rm 8.9; Gl 5.25; Rm 8.14.38
Das sete vezes em que a expressão "ser batizado com o Espírito Santo" ocorre
no Novo Testamento, somente uma vez é fora dos Evangelhos e de Atos (ou
seja, em 1Co 12.13). Stott lembra que, nos Evangelhos, a expressão
aparece quatro vezes nos lábios de João Batista, ao descrever o
ministério do Senhor Jesus, "ele vos batizará com o Espírito Santo"
(Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Em Atos, uma vez é aplicada pelo
Senhor a Pentecostes (At 1.5), e outra é aplicada por Pedro à conversão
de Cornélio, citando as palavras do Senhor Jesus (At 11.16).
A sétima vez é em 1 Co 12.13, "Pois,
em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus,
quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de
um só Espírito". Stott contesta que, aqui, Paulo esteja se
referindo ao Dia de Pentecoste, já que nem ele, nem os coríntios,
participaram daquele evento histórico. Paulo está se referindo à
participação nas bênçãos que Pentecoste tornou possível aos cristãos.
Ele e os coríntios tinham recebido o Espírito Santo; aliás, para usar a
terminologia de Paulo, tinham sido "batizados" com o Espírito Santo, e
tinham "bebido" deste mesmo Espírito.
Stott
aponta para o fato de Paulo estar enfatizando a unidade no Espírito no
contexto da passagem, em contraste deliberado à variedade dos dons
espirituais, assunto que o apóstolo havia discutido na primeira parte de
1 Co 12. Esse ponto é evidente pela repetição da palavra "todos" (todos...foram batizados, todos...beberam) e da expressão "um só" (um só Espírito... em um só corpo... de um só Espírito).
O que Paulo está fazendo aqui, afirma Stott, é sublinhar aquela
experiência com o Espírito Santo que todos os cristãos têm em comum.
Esta é a diferença entre "o dom do Espírito" (quer dizer, o próprio
Espírito Santo), e "os dons do Espírito" (isto é, os dons espirituais
que ele distribui). Neste capítulo Paulo emprega várias vezes uma
terminologia onde a unidade dos cristãos é destacada, cf.
12.4,8,9,11,13. O clímax é 12.13, onde o apóstolo afirma que em um só
Espírito todos nós fomos batizados em um corpo. A expressão de Paulo, "quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres", bem pode ser uma alusão a "toda a carne" mencionada
na profecia de Joel. Stott conclui que o batismo com o Espírito Santo
não é uma segunda experiência, nem uma experiência subseqüente
desfrutada somente por alguns cristãos, mas a experiência inicial
desfrutada por todos.[39] Ou seja, o batismo com o Espírito é o mesmo
que conversão.
No
seu recente comentário em Atos, Stott procura deixar claro que não nega
que haja experiências mais profundas e mais ricas após a conversão.
Porém, ele rejeita a idéia de que tais coisas possam ser chamadas de
"batismo com o Espírito", uma terminologia que ele reserva apenas para a
conversão, a obra inicial do Espírito no crente.40 É importante notar
que, para ele, as passagens nos Evangelhos e em Atos devem ser
interpretadas à luz da passagem de Corintios, e portanto, devem se
referir à conversão, quando o crente recebe tudo o que lhe é dado
receber do Espírito. É sintomático que no seu livro Baptism & Fullness
não exista nem uma palavra sobre reavivamento espiritual. Stott
aparentemente não nega a possibilidade da ocorrência de um reavivamento
em nossos dias, mas certamente não é um dos seus proponentes mais
entusiastas.
Batismo "pelo", "com", ou "no" Espírito?
Em
seguida, Stott passa a responder às objeções que geralmente são
levantadas contra sua interpretação de 1 Co 12.13. Inicialmente, ele
aborda o argumento de que as outras seis passagens, que se referem ao "batismo com o Espírito Santo",
tratam do batismo feito por Jesus em, ou com, o Espírito Santo,
enquanto que 1 Co 12.13 trata do batismo realizado pelo Espírito no
corpo de Cristo, algo completamente diferente. Os defensores desta
posição, esclarece Stott, concordam que o Espírito Santo batizou a todos
os crentes no corpo de Cristo, mas isto não prova, para eles, que
Cristo batizou a todos com o Espírito Santo. Stott afirma que esse tipo
de argumentação é um exemplo de se tentar defender o indefensável, e
passa, então, a refutá-la como se segue.[41]
Em todas as sete ocorrências da frase, a idéia de batismo é expressa pelas mesmas palavras gregas bapti/zw, e)n, pneu=ma,
e portanto, a priori, deve ser entendida como se referindo à mesma
experiência de batismo. Esta é uma regra sadia de interpretação, diz
Stott, e cabe aos que pensam o contrário apresentar provas de que ela
não se aplica aqui. A interpretação natural é que Paulo estaria em 1 Co
12.13 ecoando as palavras de João Batista, como Jesus e Pedro haviam
feito antes dele (At 1.15; 11.16). É estranho tomar Jesus como o
batizador nas seis primeiras passagens, e então, na sétima, tomar o
Espírito como sendo o batizador, já que as expressões são idênticas. A
preposição grega em 12.13 é e)n, como nos demais versículos, onde é traduzida como "com". Por quê, pergunta Stott, deveria ser traduzida diferentemente?[42]
Os quatro elementos de todo batismo
Ele então defende esse ponto com o argumento de que em qualquer tipo de batismo existem quatro partes: (1) o sujeito, que é o batizador, (2) o objeto, que é a pessoa sendo batizada, (3) o elemento em, ou no qual a pessoa é batizada, e (4) o propósito com o qual o batismo é realizado. Como exemplo, ele cita o "batismo" dos israelitas no Mar Vermelho (cf. 1 Co 10.1-2). Deus foi o batizador, os israelitas foram os batizandos, o elemento em que foram batizados foi água, ou vapor que caia das nuvens, e o propósito é indicado pela expressão "batizados em Moisés", isto é, para um relacionamento com Moisés como o líder apontado por Deus. O batismo de João, igualmente, tem quatro partes: João (o sujeito) batizou as multidões que vinham de Jerusalém e regiões circunvizinhas (os batizandos) nas (e)n) águas do Rio Jordão (elemento) para (ei)j) arrependimento e, portanto, remissão de pecados, cf. Mt 3.5,11. O batismo cristão é similar, continua Stott. O pastor (sujeito) batiza o candidato (objeto) na, ou com, água (elemento), e o batismo é ei)j, "para" o nome da Trindade, ou mais especificamente, para o nome de Cristo (Mt 28.19; At 8.16). O batismo do Espírito não é exceção a esta regra, conclui Stott. Se colocarmos as sete referências juntas, verificaremos que Jesus Cristo é o batizador (sujeito), todos os crentes (1 Co 12.13) são os batizandos (objeto), o Espírito Santo é o "elemento" com o qual (e)n) somos batizados, e o propósito (ei)j) é a incorporação do crente no corpo de Cristo.[43]
Stott
reconhece que alguém poderia objetar que estas quatro partes não
aparecem claramente em todos as sete passagens mencionadas. Por exemplo,
o sujeito (o batizador) não aparece em 1 Co 12.13. Para Stott, isto não
é problema: Jesus Cristo é o batizador implícito da passagem, assim
como também em At 1.5 e 11.16. Ele não é mencionado porque nestas
passagens o verbo "batizar" está na voz passiva, e a ênfase recai sobre
as pessoas sendo batizadas, enquanto que o sujeito da ação recua para os
bastidores.
Ele
ainda argumenta que, se o Espírito é quem batiza em 1 Co 12.13, então,
onde está o elemento com o qual ele batiza? Stott considera a falta de
resposta a esta pergunta como sendo conclusiva de que sua interpretação é
a correta, já que a metáfora do batismo requer um elemento. De outra
forma, "batismo não é batismo".[44] Ele conclui que 1 Co 12.13 refere-se
a Cristo batizando com o Espírito Santo, e nos fazendo beber do
Espírito, e que "todos nós" temos participado desta bênção (cf. Jo
7.37-39). Esta conclusão é reforçada pelo tempo dos dois verbos,
"batizar" e "beber", ambos no aoristo, e que se referem, não a
Pentecoste, mas à bênção pessoal recebida pelos cristãos em sua
conversão.[45]
Uma avaliação crítica
O quadro abaixo poderá nos ajudar a visualizar o pensamento destes dois eminentes servos de Deus sobre 1 Co 12.13.
Comparação das posições de Stott e Lloyd Jones:
Em que Lloyd-Jones e Stott concordam
Não há diferença entre eles quanto aos batizandos (aqueles sendo batizados) de 1 Co 12.13, e nem de fato deveria haver. Com a expressão todos nós
Paulo se refere aos crentes em geral, e não somente a si mesmo e aos
coríntios. Paulo está descrevendo na passagem uma experiência que une
todos os cristãos, independente de raça, sexo, ou status social, e
que isto o apóstolo faz porque seu objetivo, na segunda parte de 1 Co
12, é enfatizar a unidade dos cristãos, em contraste com a diversidade
dos seus dons. Colocado dentro desta perspectiva, fica pouca dúvida de
que 12.13 esteja se referindo a uma experiência na qual todos os cristãos participam.
Da mesma forma, o propósito deste batismo é claramente indicado pela preposição ei)j.[46]
Ou seja, "colocar" o crente no corpo, que é a Igreja. Ambos concordam
que esse é o alvo do batismo na passagem, e portanto, também concordam
que o batismo mencionado é o mesmo que a conversão.
Em que Lloyd-Jones e Stott diferem
A tradução de e)n
Em primeiro lugar, analisemos a tradução da preposição e)n e a sua relação com o batizador,
ou o agente do batismo. Não é fácil decidir sobre quem está certo, se
Lloyd-Jones com a tradução "por", ou se Stott, com a tradução "com" ou
"em". Todas são gramaticalmente possíveis. A decisão, finalmente, não
será uma questão de gramática ou sintaxe, mas de teologia, das
pressuposições teológicas que cada exegeta traz consigo ao analisar a
passagem.
A favor da tradução "por um só Espírito"
(Lloyd-Jones) está o fato de que esta é a tradução adotada pela maioria
das traduções nas línguas modernas.[47] Contra, está o fato de que esta
tradução faz com que a passagem seja a única no Novo Testamento a fazer
do Espírito Santo o agente do batismo, e não o elemento com o
qual o crente é batizado. Mas, para Lloyd-Jones, isto não é dificuldade,
pois o batismo "pelo" Espírito é de fato distinto do batismo "com" ou
"no" Espírito. E esta é a pressuposição com a qual ele se aproxima de 1
Co 12.13, ou seja, que o batismo com o Espírito mencionado nos
Evangelhos e no livro de Atos é uma experiência distinta da conversão.
A
favor de Stott está o fato de que, nas demais ocorrências da expressão,
a preposição pode ser traduzida por "com" ou "no" Espírito. Ao analisar
1 Co 12.13 à luz das seis outras ocorrências da expressão "ser batizado
com o Espírito Santo", Stott utiliza-se de um princípio sadio e sólido
de exegese bíblica: uma passagem da Escritura deve ser interpretada à
luz de outras passagens que tratem do mesmo tema. Contra sua
interpretação está o fato de que, em última análise, sua posição exige
que a conversão dos apóstolos, dos samaritanos e dos discípulos de João
Batista, narradas em Atos, tenha ocorrido na mesma ocasião em que foram
batizados com o Espírito. Esta posição é insustentável, do nosso ponto
de vista, já que, pelo menos no caso dos apóstolos, é evidente que eles
já eram regenerados quando foram batizados com o Espírito Santo. Porém,
se considerarmos as experiências de Atos como exceções, o caso muda de
figura. É isto que Stott eventualmente faz.[48]
A relação entre 1 Co 12.13 e as experiências no livro de Atos
Em segundo lugar, ambos divergem com respeito à relação entre 1 Co 12.13 e as demais passagens paralelas nos Evangelhos e Atos. Como vimos, Lloyd-Jones sustenta que se tratam de experiências diferentes: em 1 Coríntios "batismo pelo Espírito" se refere à conversão, enquanto que, em Atos, "batismo com o Espírito" se refere a uma experiência de confirmação e autenticação. Por outro lado, Stott afirma que em 1 Coríntios e em Atos, a expressão designa a mesma coisa, ou seja, conversão.
Não
podemos entrar de forma profunda aqui neste artigo na questão do
batismo com o Espírito Santo nos Evangelhos e no livro de Atos, mas
podemos no mínimo afirmar que, em alguns dos casos narrados em Atos, o
batismo com o Espírito ocorreu com pessoas que já eram crentes, como os
discípulos em Pentecostes (At 2.1-4; cf. Jo 13.10; 15.3; Lc 10.20), e
provavelmente os samaritanos (At 8.14-18; cf. 8.12). Somente em uma
ocasião o batismo com o Espírito ocorreu claramente ao mesmo tempo que a
conversão, que foi durante a pregação de Pedro na casa de Cornélio.
Os
estudiosos têm tirado conclusões diferentes destes fatos. Lloyd-Jones,
como vimos, conclui que tais fatos estabelecem a norma e a terminologia
para todas as épocas da Igreja. Contudo, parece-nos que as experiências
narradas em Atos são melhor entendidas à luz do contexto histórico em
que ocorreram, à luz daquele período especial de transição, em que o
Evangelho estava se universalizando, passando dos judeus para os
gentios, um processo onde era necessário que manifestações
extraordinárias acompanhassem os diferentes estágios desta transição,
como uma forma de autenticação das mesmas. Esta é a convicção de Stott.
Entendemos que MacArthur expressa bem esse ponto de vista, ao escrever o
seguinte sobre a experiência dos samaritanos:
Aqueles crentes em particular tiveram de esperar pelo Espírito Santo, mas não lhes foi dito que deviam buscá-lo. O propósito daquela exceção era demonstrar aos apóstolos, e fazer ouvir entre os crentes judeus em geral, que o mesmo Espírito que havia batizado e enchido os crentes judeus, agora havia feito o mesmo com os crentes samaritanos, exatamente como, em pouco tempo, Pedro e outros judeus crentes, haveriam de ser enviados como testemunhas à casa de Cornélio, do fato de que "o Espírito havia também sido derramado sobre os gentios" (At 10.44-45).[49]
Não
entendemos que as experiências narradas em Atos, onde houve um
intervalo entre conversão e batismo com o Espírito, sejam a norma para
as demais etapas da Igreja de Cristo, após o período de transição ter-se
completado, e nem que a terminologia "batismo com o Espírito" deva ser
usada para experiências posteriores à conversão. Se tivéssemos de tomar
algum evento como normativo, tomaríamos a experiência dos três mil no
dia de Pentecostes, que num mesmo evento se converteram, receberam o
Espírito, e foram batizados com aquele mesmo Espírito (cf. At 2.38).
Parece-me,
concluindo, que a dificuldade com a posição de Lloyd-Jones é
essencialmente uma questão de terminologia. Creio que ele está correto
em sua tese fundamental. Ou seja, que a plenitude das bênçãos
espirituais que recebemos em nossa conversão não esvaziam,
necessariamente, a possibilidade de termos experiências espirituais
profundas após a mesma, que envolvam o crente como um todo, que atinjam
as suas emoções e transformem a sua vida, que o conduzam a níveis ainda
mais elevados de vida cristã. A História Eclesiástica demonstra
eloqüentemente a possibilidade destas experiências.
Porém,
não estou convencido de que possamos usar a terminologia do "batismo
com o Espírito Santo" para designá-las. Esta terminologia, na minha
opinião, foi utilizada para expressar no início da Igreja os eventos
únicos relacionados com as etapas da universalização do Reino, relatos
esses expostos no livro de Atos. À parte do que está narrado no livro de
Atos, as Escrituras não aparentam reconhecer qualquer intervalo entre a
conversão e o batismo com o Espírito Santo. Assim, a expressão é
corretamente empregada hoje para designar a experiência universal de
todos os crentes, ao receberem a Cristo pela fé em seus corações. Ao
mesmo tempo, é de se lamentar profundamente que, ao reagir contra os
abusos e exageros de muitos que professam ter recebido um "batismo com o
Espírito", vários estudiosos conservadores tenham adotado uma posição
onde há pouco, ou nenhum, lugar para novos derramamentos do Espírito,
para reavivamentos e experiências espirituais profundas e ricas com
Deus.
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Notas: Para visualizá-las, veja no artigo original.
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Fonte: Third Millennium Ministries
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