Os
milagres foram fatos marcantes na vida do Senhor Jesus e de seus
apóstolos, dos setenta discípulos, e de mais algumas pessoas ligadas aos
apóstolos e por eles comissionadas. Principalmente depois da
ressurreição do Senhor Jesus Cristo, Deus deu a esse método uma atenção
especial, pois através dele autenticou o testemunho e a mensagem dos
apóstolos, mensagem essa que forma a base (fundamento) doutrinária da
sua igreja e está revelada no Novo Testamento. Sendo também os milagres,
um sinal para o infiel Israel, pois eles (os Judeus) buscavam sinais I
Co 1:22.
Na
atualidade, vivemos em tempos trabalhosos, como nos advertiu o apóstolo
Paulo em sua segunda carta a Timóteo cap. 3:1. Onde, muitos reivindicam
para si a dádiva que foi dada aos apóstolos de Cristo. Ou seja, o dom
de realizarem milagres, prodígios e sinais, afirmando que curam,
profetizam, revelam e realizam todo tipo de prodígios pela fé em Jesus
Cristo. Pregando que o mesmo tipo de milagres realizados pelos apóstolos
estão em evidência em nossos dias.
Porém,
ao analisarmos os fatos à luz das sagradas escrituras, constataremos
que na realidade a característica central dos super-crentes da
atualidade é igual àquelas dos que não entrarão no reino de Deus,
conforme descrito em Mateus 7:21-23, quando Cristo abordou o assunto da
seguinte maneira , “nem todo o que me diz: Senhor Senhor! entrará no
reino dos céus , mas aquele que faz a vontade de meu pai, que está nos
céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor! Não profetizamos nós
em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não
fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: nunca vos
conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”. Na
realidade, a pregação promovida pelos super-crentes da atualidade é
idêntica e descrita por Cristo no contexto acima. Logo, sendo também
idêntica a condenação. “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vos que praticais a iniqüidade”.
No
entanto, há uma pergunta, elaborada pelos adeptos da teologia dos
milagreiros, que precisar ser respondida. Seu questionamento vem do
capítulo 16 de Marcos. Vejamos a sua pergunta: “Jesus não garante a todos os crentes a prática dos milagres como prova de fé?”
Há um problema com esse raciocínio pois é ele uma prova do total
desconhecimento escriturístico por parte dos seguidores desse pensamento
teológico. O que eles não entendem que Marcos capítulo 16, não ensina o
que eles pretendem. E um breve olhar neste contexto bíblico fará com
que o leitor compreenda a perfeita vontade de Deus revelada na Bíblia.
Livrando-se assim de ensinos humanos e diabólicos completamente separado
das escrituras sagradas. Vamos ao nosso contexto.
Marcos 16: 14-20, “Finalmente
Ele foi manifesto aos onze, estando eles assentando à mesa, e lhes
lançou em rosto a incredulidade e dureza de coração deles, porque não
creram naqueles havendo-O visto já tendo sido ressuscitado. E Ele lhes
disse: ‘Tendo ido para dentro de todo o mundo, pregai o Evangelho a toda
a criatura. Aquele havendo crido e havendo sido submerso será salvo,
mas aquele havendo descrido será condenado. E estes sinais seguirá de
lado para aqueles havendo crido: No Meu nome eles expulsarão demônios;
falarão novas línguas; levantarão serpentes; e, se eles beberem alguma
coisa mortífera, de modo nenhum isto lhes fará dano; e porão as mãos
sobre os enfermos, e estes ficarão perfeitamente bem.’ Na verdade,
então, depois de o Senhor lhes falar, Ele foi tomado para acima, para
dentro do céu, e assentou-Se à direita de Deus. E eles (apóstolos /
discípulos), havendo partido, pregaram por todas as partes, o Senhor
operando juntamente com eles, e confirmando a Palavra através dos sinais
que a estavam seguindo. Amém”.
Os
milagreiros costumam apegar-se a esse texto, principalmente aos versos
17 e 18, para assim defenderem os seus postulados, porém esquecendo-se
de fazerem uma abordagem correta do assunto. A primeira regra para uma
interpretação correta de um texto é não destacá-lo do seu contexto. Essa
regra não é levada em consideração pelos defensores da teologia dos
milagreiros. O contexto em questão mostra claramente que o Senhor Jesus
está falando aos onze. Quem são esses? Essa é uma pergunta relevante
para a compreendermos o nosso contexto. A resposta a essa importante
pergunta está em Mateus cap.10:1-4 “E Jesus, havendo chamado a Si os
Seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos,
para os expulsarem e para curarem todo tipo de enfermidade e todo tipo
de mal. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: Primeiramente, Simão
(que é chamado Pedro) e André (o seu irmão); Tiago (o filho de Zebedeu)
e João (o seu irmão); Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus (o publicano);
Tiago (o filho de Alfeu) e Lebeu (aquele havendo sido apelidado Tadeu);
Simão (o cananita) e Judas (o iscariote , aquele que também O traiu).”
O texto bíblico mostra nominalmente, os homens a quem o Senhor Jesus
deu autoridade para realizarem os prodígios e com certeza, nesta
relação, não está o nome de nenhum dos milagreiros da atualidade.
Queremos
destacar a importância de Mateus 10 para a boa compreensão do contexto
supracitado, pois o caro leitor não entenderá Marcos 16:14 a 20 se não
souber a quem Cristo está falando. O exame das Escrituras leva-nos a
concluir que, neste contexto (Marcos 16:14-20) o Senhor Jesus Cristo
está falando exclusivamente aos seus apóstolos. Menos o traidor Judas.
Este
grupo seleto de homens, e somente eles, receberam autoridade para
realizarem os milagres descritos no nosso contexto, tendo como objetivo
referendá-los como testemunhas da ressurreição do Senhor Jesus,
testificavam com os sinais que eram prova de que verdadeiramente Cristo
havia ressuscitado. Sendo de grande relevância para a nossa saúde
doutrinária entendermos essa passagem bíblica, para não andarmos fora da
orientação divina e assim não nos colocarmos contra a santa palavra de
Deus. Com base no exposto, podemos afirmar com toda convicção que os
onze são os apóstolos de Cristo, aqueles que receberam o poder
diretamente de Cristo, fato esse documentado em Mateus dez.
É
importante também ouvirmos o depoimento do escritor, Marcos: no mesmo
contexto ele afirma que não realizava os milagres descrito no texto.
Observemos diligentemente o que diz o capitulo 16:20 “E eles
(apóstolos / discípulos), havendo partido, pregaram por todas as partes,
o Senhor operando juntamente com eles, e confirmando a Palavra através
dos sinais que a estavam seguindo. Amém”. Quando Marcos usa os termos “com eles” deixa
bem claro que ele não tinha os dons descritos neste contexto. Ele, o
próprio escritor do livro, sendo testemunha ocular dos fatos, não
recebera esses dons. Marcos definitivamente não era um milagreiro. Pela
ótica dos milagreiros esse texto aplica-se a todo e qualquer crente em
qualquer época e, se essa ótica é verdadeira, Marcos, um escritor da
Bíblia, não era crente. Vejam o perigo das interpretações humanas, que
só levam o homem para distante da verdade revelada por Deus.
O
foco de Marcos se excluir do grupo dos que receberam os dons de sinais
colabora com a assertiva de que aos apóstolos de Cristo foram dados os
dons de sinais. Fatos registrados no livro dos Atos dos Apóstolos
mostram claramente que esses dons foram exercidos pelos apóstolos e não
pela igreja local inteira. Vejamos algumas destas passagens; “E sobreveio temor sobre toda a alma, e muitas maravilhas e sinais eram feitos através dos apóstolos”. (At.
2:43). Nesta fase, já havia uma igreja com mais de três mil membros e
apenas os apóstolos são citados como agentes por meio de quem eram
realizados as maravilhas e sinais. O testemunho da Bíblia é sucinto,
mostrando que não eram todos os crentes a realizarem as “maravilhas e sinais”
mas os apóstolos de Cristo. Estamos falando de uma igreja com mais de
três mil membros e, nesta congregação, apenas os apóstolos exerciam os
dons de sinais. Dentro desta mesma linha de pensamento leiamos At.
5:11-12: “e veio um grande temor sobre toda a assembléia, e sobre
todos os que ouvindo estas coisas. E muitos sinais e prodígios foram
feitos entre o povo através das mãos dos apóstolos (e estavam todos em
uma mesma harmonia no alpendre de Salomão)”. Prestem atenção no que
nos mostra este contexto, ou seja, em uma grande igreja apenas os
apóstolos tinham a capacidade de realizar os sinais e prodígios, naquela
assembléia havia pessoas de várias classes sociais e de várias
nacionalidades, porém somente aos apóstolos foi dado o poder de
realizarem os prodígios. É relevante entendermos que os apóstolos de
Cristo receberam do próprio Senhor Jesus o poder para realizarem aquelas
obras. Não podemos duvidar da palavra de Deus, devemos recebê-la de bom
grado, pois é ela a verdade absoluta de Deus sobre qualquer assunto:
Céu; Inferno; salvação; igreja; dons espirituais; etc.. Sendo assim,
devemos nos submeter a ela no que diz respeito ao contexto de Marcos
16:14-20, e ficarmos satisfeitos com o fato de os apóstolos terem
recebido de Cristo o mandamento para realizarem os prodígios e os
sinais, peculiares à época apostólica. Com a morte dos [12-1+1+1=13]
apóstolos [e 70 discípulos] o dom dado a eles desapareceu juntamente com
eles. Todos os registros na palavra de Deus colaboram com essa
assertiva.
Outros
que também realizaram prodígios e milagres foram pessoas comissionadas
pelos apóstolos. Temos um exemplo deste fato registrado no livro dos
Atos dos Apóstolos capitulo 6, onde alguns homens são apresentados
perante os apóstolos e estes orando sobre eles e impondo as mãos,
comissionados, para cooperarem na obra de Deus. Leiamos Atos 6:5-6: “esta
palavra foi agradável diante de toda a multidão; e elegeram Estêvão
(varão cheio de fé e do Espírito Santo), e Filipe, e Prócoro, e Nicanor,
e Timão, e Parmenas e Nicolau (prosélito de Antioquia); aos quais
apresentaram ante os apóstolos; e estes, havendo orado, lhes impuseram
as mãos”. Este grupo de homens também receberam o poder de operar
sinais e prodígios. Salientamos que é esse também um grupo fechado, são
sete homens neste contexto, todos viveram na época dos apóstolos, e
todos já estão com Cristo. Queremos citar como exemplo os casos de
Estevão e Filipe: Estevão é apresentado como um homem cheio de fé e que
opera grandes sinais, vejamos atos 6:8 “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo”. Já Filipe aparece na Samaria realizando muitos sinais: “E
Filipe, havendo descido à cidade de Samaria, lhes pregava o Cristo. E
as multidões em uma mesma harmonia prestavam atenção às coisas sendo
faladas por Filipe, em eles o ouvirem e verem os sinais que ele fazia” (Atos 8:5-6).
Como podemos verificar, é um fato bíblico que homens que foram
comissionados pelos apóstolos também realizaram os sinais e prodígios
que foram uma característica apostólica. Não eram qualquer um, mas
homens apostólicos, ou seja, pessoas ligadas aos apóstolos de Cristo. Um
análise acurada no livro dos Atos dos Apóstolos levará o leitor à
conclusão de que os dons de sinais foram exercidos por um grupo de
homens e não pela igreja local inteira. Também colabora com esse
argumento o que nos diz Hebreus 2:3-4: “Como
escaparemos nós se havendo negligenciado uma tão grande salvação, a
qual, havendo recebido um começo (ao ser anunciada através do Senhor),
foi-nos depois confirmada por aqueles a havendo ouvido; Deus
testificando juntamente com eles, tanto com sinais como por milagres e
várias maravilhas e distribuições do Espírito Santo, segundo a vontade
dEle mesmo.”.
Atenção!! Mais uma vez eles aparecem em cena, quem são eles? E mais uma
vez teremos de nos remeter aos apóstolos do Senhor Jesus, pois o
contexto afirma “foi-nos depois confirmada por aqueles a havendo ouvido”
dEle (de Deus) mesmo? Prestemos atenção: quem foi que ouviu direto da
boca do Senhor Jesus, a palavra da salvação? Apenas os apóstolos. Você
pode ter certeza disso, apenas os apóstolos ouviram a mensagem santa na
sua totalidade da boca do Senhor Jesus, temos essa verdade confirmada,
quando da escolha do substituto de Judas Atos 1:21-22: “Portanto,
é necessário que, destes varões havendo convivido conosco durante todo o
tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu de entre nós (Havendo
começado desde a Sua submersão por João até ao mesmo dia em que,
proveniente de junto de nós, Ele foi recebido em cima), um deles,
juntamente conosco, se torne testemunha da Sua ressurreição”.
É o Espírito Santo quem afirma que o varão a ser escolhido terá como
atributo o fato de ter convivido com Cristo desde o batismo de Cristo
até à sua assunção aos céus. Com esse atributo, apresentaram apenas dois
homens. Atos 1:23 “E apresentaram dois varões: José (sendo chamado Barsabás, cognominado o justo) e Matias.”
Logo, apenas os apóstolos e mais estes dois não apóstolos estiveram com
Cristo durante todas as suas saídas e entradas de entre os apóstolos.
Com a escolha de Matias para o apostolado, José tornou-se o único homem
não apostolo a testemunhar o ministério do Senhor Jesus. Portanto
somente os apóstolos mais José foram testemunhas de todos os fatos e
mensagem relacionados a vida e ensino de Cristo. É necessário amarmos a
verdade revelada nas Escrituras sagradas, e assim não nos deixarmos
levar em roda por qualquer vento de doutrina “texto” como o contido nas
propagandas enganosas do movimento taumaturgo protestante. Esse
movimento tem investido pesado na mídia, propagando o engano, com fins
lucrativos, e colocando a mensagem do outro evangelho na cabeça das
pessoas. Sendo este outro evangelho completamente contrário ao evangelho
da graça de Deus.
Voltando
à investigação de quem exerceu os dons de sinais, queremos destacar o
caso de Paulo, que também foi apóstolo, mesmo considerando-se como
abortivo I Co.15:8;9 “E
por derradeiro de todos foi visto também por mim, como por um nascido
fora do devido tempo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou
digno de ser chamado um apóstolo, pois que persegui a assembléia de
Deus”. Ele foi chamado apóstolo pelo Espírito Santo em I Co 1:1 “Paulo (chamado, mediante a vontade de Deus, para ser um apóstolo de Jesus Cristo), e o nosso irmão Sóstenes”; o chamado de Paulo para o apostolado foi feito pelo próprio Senhor Jesus Cristo Gl 1:12 “Porque
não o recebi nem fui eu ensinado da parte de homem algum, mas (o recebi
e fui ensinado) através da revelação de Jesus Cristo”;
esse chamado especial de Paulo o credenciou para a prática do
apostolado, e o mesmo apresenta os sinais do seu apostolado em 2Co 12:12
“Na verdade os sinais (identificatórios) do apóstolo foram operados entre vós em toda a paciência, em sinais, e prodígios, e maravilhas”.
Paulo
viu Cristo pessoalmente quando da sua conversão e essa revelação total
do Senhor a Paulo, fez dele uma autêntica testemunha da ressurreição do
Senhor Jesus. O que aconteceu com Paulo não se repetiu nunca e jamais se
repetirá, logo não são verdadeiros os que se rotulam de apóstolos fora
da época apostólica.
E
mesmo o grande apóstolo Paulo, que realizou tantos sinais e prodígios,
viveu para testemunhar um gráfico decrescente dos milagres, prodígios e
sinais. Ele registrou esse fato quando, escrevendo a Timóteo, orienta-o a
usar vinho na água e denuncia as freqüentes enfermidades que sofre o
jovem pastor, vejamos o texto I Tm.:5:23 “Não mais bebas tu somente água, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades”.
É relevante destacarmos que Paulo não mandou Timóteo, procurar um
“curador”, “milagreiro”, pelo contrário recomendou que ele procurasse um
tratamento para a suas enfermidades. Este é um fato marcante, pois
mostra claramente que os dons de sinais já estavam a desaparecer pelo
fato de o Novo Testamento estar sendo concluído, sendo assim os dons de
sinais não tinham mais utilidade. Pois a revelação escriturística e a
verdade absoluta de Deus, revelada aos homens, sendo ela uma autoridade
superior aos sinais e prodígios necessários para a autenticar o
ministério apostólico, que nos deu o Novo Testamento, sendo este a
verdadeira base da doutrina dos apóstolos, na qual devemos perseverar, e
não nos sinais identificatórios do apostolado.
Que
o nosso bom Deus ajude a cada um de nosso leitores a compreender esse
fato, e estar plenamente convicto de que os sinais tiveram sua utilidade
e cumpriram o propósito para o qual Deus os designou. Sendo, no
entanto, cumprido o propósito, desapareceram, devendo os salvos se
contentarem com a verdade revelada na palavra de Deus, sendo Ela, o
único meio “para que o homem de Deus seja prefeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (II Tm.:3:17)
***
Fonte: Solascriptura-tt
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