Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

domingo, 3 de novembro de 2013


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Por Pr. Anízio Gomes


Os milagres foram fatos marcantes na vida do Senhor Jesus e de seus apóstolos, dos setenta discípulos, e de mais algumas pessoas ligadas aos apóstolos e por eles comissionadas. Principalmente depois da ressurreição do Senhor Jesus Cristo, Deus deu a esse método uma atenção especial, pois através dele autenticou o testemunho e a mensagem dos apóstolos, mensagem essa que forma a base (fundamento) doutrinária da sua igreja e está revelada no Novo Testamento. Sendo também os milagres, um sinal para o infiel Israel, pois eles (os Judeus) buscavam sinais I Co 1:22.

Na atualidade, vivemos em tempos trabalhosos, como nos advertiu o apóstolo Paulo em sua segunda carta a Timóteo cap. 3:1. Onde, muitos reivindicam para si a dádiva que foi dada aos apóstolos de Cristo. Ou seja, o dom de realizarem milagres, prodígios e sinais, afirmando que curam, profetizam, revelam e realizam todo tipo de prodígios pela fé em Jesus Cristo. Pregando que o mesmo tipo de milagres realizados pelos apóstolos estão em evidência em nossos dias.

Porém, ao analisarmos os fatos à luz das sagradas escrituras, constataremos que na realidade a característica central dos super-crentes da atualidade é igual àquelas dos que não entrarão no reino de Deus, conforme descrito em Mateus 7:21-23, quando Cristo abordou o assunto da seguinte maneira , “nem todo o que me diz: Senhor Senhor! entrará no reino dos céus , mas aquele que faz a vontade de meu pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor! Não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”. Na realidade, a pregação promovida pelos super-crentes da atualidade é idêntica e descrita por Cristo no contexto acima. Logo, sendo também idêntica a condenação. “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vos que praticais a iniqüidade”.

No entanto, há uma pergunta, elaborada pelos adeptos da teologia dos milagreiros, que precisar ser respondida. Seu questionamento vem do capítulo 16 de Marcos. Vejamos a sua pergunta: “Jesus não garante a todos os crentes a prática dos milagres como prova de fé?” Há um problema com esse raciocínio pois é ele uma prova do total desconhecimento escriturístico por parte dos seguidores desse pensamento teológico. O que eles não entendem que Marcos capítulo 16, não ensina o que eles pretendem. E um breve olhar neste contexto bíblico fará com que o leitor compreenda a perfeita vontade de Deus revelada na Bíblia. Livrando-se assim de ensinos humanos e diabólicos completamente separado das escrituras sagradas. Vamos ao nosso contexto.

Marcos 16: 14-20, “Finalmente Ele foi manifesto aos onze, estando eles assentando à mesa, e lhes lançou em rosto a incredulidade e dureza de coração deles, porque não creram naqueles havendo-O visto já tendo sido ressuscitado. E Ele lhes disse: ‘Tendo ido para dentro de todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. Aquele havendo crido e havendo sido submerso será salvo, mas aquele havendo descrido será condenado. E estes sinais seguirá de lado para aqueles havendo crido: No Meu nome eles expulsarão demônios; falarão novas línguas; levantarão serpentes; e, se eles beberem alguma coisa mortífera, de modo nenhum isto lhes fará dano; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes ficarão perfeitamente bem.’ Na verdade, então, depois de o Senhor lhes falar, Ele foi tomado para acima, para dentro do céu, e assentou-Se à direita de Deus. E eles (apóstolos / discípulos), havendo partido, pregaram por todas as partes, o Senhor operando juntamente com eles, e confirmando a Palavra através dos sinais que a estavam seguindo. Amém”. 

Os milagreiros costumam apegar-se a esse texto, principalmente aos versos 17 e 18, para assim defenderem os seus postulados, porém esquecendo-se de fazerem uma abordagem correta do assunto. A primeira regra para uma interpretação correta de um texto é não destacá-lo do seu contexto. Essa regra não é levada em consideração pelos defensores da teologia dos milagreiros. O contexto em questão mostra claramente que o Senhor Jesus está falando aos onze. Quem são esses? Essa é uma pergunta relevante para a compreendermos o nosso contexto. A resposta a essa importante pergunta está em Mateus cap.10:1-4 “E Jesus, havendo chamado a Si os Seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos, para os expulsarem e para curarem todo tipo de enfermidade e todo tipo de mal. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: Primeiramente, Simão (que é chamado Pedro) e André (o seu irmão); Tiago (o filho de Zebedeu) e João (o seu irmão); Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus (o publicano); Tiago (o filho de Alfeu) e Lebeu (aquele havendo sido apelidado Tadeu); Simão (o cananita) e Judas (o iscariote , aquele que também O traiu).” O texto bíblico mostra nominalmente, os homens a quem o Senhor Jesus deu autoridade para realizarem os prodígios e com certeza, nesta relação, não está o nome de nenhum dos milagreiros da atualidade.

Queremos destacar a importância de Mateus 10 para a boa compreensão do contexto supracitado, pois o caro leitor não entenderá Marcos 16:14 a 20 se não souber a quem Cristo está falando. O exame das Escrituras leva-nos a concluir que, neste contexto (Marcos 16:14-20) o Senhor Jesus Cristo está falando exclusivamente aos seus apóstolos. Menos o traidor Judas.

Este grupo seleto de homens, e somente eles, receberam autoridade para realizarem os milagres descritos no nosso contexto, tendo como objetivo referendá-los como testemunhas da ressurreição do Senhor Jesus, testificavam com os sinais que eram prova de que verdadeiramente Cristo havia ressuscitado. Sendo de grande relevância para a nossa saúde doutrinária entendermos essa passagem bíblica, para não andarmos fora da orientação divina e assim não nos colocarmos contra a santa palavra de Deus. Com base no exposto, podemos afirmar com toda convicção que os onze são os apóstolos de Cristo, aqueles que receberam o poder diretamente de Cristo, fato esse documentado em Mateus dez.

É importante também ouvirmos o depoimento do escritor, Marcos: no mesmo contexto ele afirma que não realizava os milagres descrito no texto. Observemos diligentemente o que diz o capitulo 16:20 “E eles (apóstolos / discípulos), havendo partido, pregaram por todas as partes, o Senhor operando juntamente com eles, e confirmando a Palavra através dos sinais que a estavam seguindo. Amém”. Quando Marcos usa os termos “com eles” deixa bem claro que ele não tinha os dons descritos neste contexto. Ele, o próprio escritor do livro, sendo testemunha ocular dos fatos, não recebera esses dons. Marcos definitivamente não era um milagreiro. Pela ótica dos milagreiros esse texto aplica-se a todo e qualquer crente em qualquer época e, se essa ótica é verdadeira, Marcos, um escritor da Bíblia, não era crente. Vejam o perigo das interpretações humanas, que só levam o homem para distante da verdade revelada por Deus.

O foco de Marcos se excluir do grupo dos que receberam os dons de sinais colabora com a assertiva de que aos apóstolos de Cristo foram dados os dons de sinais. Fatos registrados no livro dos Atos dos Apóstolos mostram claramente que esses dons foram exercidos pelos apóstolos e não pela igreja local inteira. Vejamos algumas destas passagens; “E sobreveio temor sobre toda a alma, e muitas maravilhas e sinais eram feitos através dos apóstolos”. (At. 2:43). Nesta fase, já havia uma igreja com mais de três mil membros e apenas os apóstolos são citados como agentes por meio de quem eram realizados as maravilhas e sinais. O testemunho da Bíblia é sucinto, mostrando que não eram todos os crentes a realizarem as “maravilhas e sinais” mas os apóstolos de Cristo. Estamos falando de uma igreja com mais de três mil membros e, nesta congregação, apenas os apóstolos exerciam os dons de sinais. Dentro desta mesma linha de pensamento leiamos At. 5:11-12: “e veio um grande temor sobre toda a assembléia, e sobre todos os que ouvindo estas coisas. E muitos sinais e prodígios foram feitos entre o povo através das mãos dos apóstolos (e estavam todos em uma mesma harmonia no alpendre de Salomão)”. Prestem atenção no que nos mostra este contexto, ou seja, em uma grande igreja apenas os apóstolos tinham a capacidade de realizar os sinais e prodígios, naquela assembléia havia pessoas de várias classes sociais e de várias nacionalidades, porém somente aos apóstolos foi dado o poder de realizarem os prodígios. É relevante entendermos que os apóstolos de Cristo receberam do próprio Senhor Jesus o poder para realizarem aquelas obras. Não podemos duvidar da palavra de Deus, devemos recebê-la de bom grado, pois é ela a verdade absoluta de Deus sobre qualquer assunto: Céu; Inferno; salvação; igreja; dons espirituais; etc.. Sendo assim, devemos nos submeter a ela no que diz respeito ao contexto de Marcos 16:14-20, e ficarmos satisfeitos com o fato de os apóstolos terem recebido de Cristo o mandamento para realizarem os prodígios e os sinais, peculiares à época apostólica. Com a morte dos [12-1+1+1=13] apóstolos [e 70 discípulos] o dom dado a eles desapareceu juntamente com eles. Todos os registros na palavra de Deus colaboram com essa assertiva. 

Outros que também realizaram prodígios e milagres foram pessoas comissionadas pelos apóstolos. Temos um exemplo deste fato registrado no livro dos Atos dos Apóstolos capitulo 6, onde alguns homens são apresentados perante os apóstolos e estes orando sobre eles e impondo as mãos, comissionados, para cooperarem na obra de Deus. Leiamos Atos 6:5-6: “esta palavra foi agradável diante de toda a multidão; e elegeram Estêvão (varão cheio de fé e do Espírito Santo), e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau (prosélito de Antioquia); aos quais apresentaram ante os apóstolos; e estes, havendo orado, lhes impuseram as mãos”. Este grupo de homens também receberam o poder de operar sinais e prodígios. Salientamos que é esse também um grupo fechado, são sete homens neste contexto, todos viveram na época dos apóstolos, e todos já estão com Cristo. Queremos citar como exemplo os casos de Estevão e Filipe: Estevão é apresentado como um homem cheio de fé e que opera grandes sinais, vejamos atos 6:8 “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo”. Já Filipe aparece na Samaria realizando muitos sinais: “E Filipe, havendo descido à cidade de Samaria, lhes pregava o Cristo. E as multidões em uma mesma harmonia prestavam atenção às coisas sendo faladas por Filipe, em eles o ouvirem e verem os sinais que ele fazia” (Atos 8:5-6). Como podemos verificar, é um fato bíblico que homens que foram comissionados pelos apóstolos também realizaram os sinais e prodígios que foram uma característica apostólica. Não eram qualquer um, mas homens apostólicos, ou seja, pessoas ligadas aos apóstolos de Cristo. Um análise acurada no livro dos Atos dos Apóstolos levará o leitor à conclusão de que os dons de sinais foram exercidos por um grupo de homens e não pela igreja local inteira. Também colabora com esse argumento o que nos diz Hebreus 2:3-4: “Como escaparemos nós se havendo negligenciado uma tão grande salvação, a qual, havendo recebido um começo (ao ser anunciada através do Senhor), foi-nos depois confirmada por aqueles a havendo ouvido; Deus testificando juntamente com eles, tanto com sinais como por milagres e várias maravilhas e distribuições do Espírito Santo, segundo a vontade dEle mesmo.”. Atenção!! Mais uma vez eles aparecem em cena, quem são eles? E mais uma vez teremos de nos remeter aos apóstolos do Senhor Jesus, pois o contexto afirma “foi-nos depois confirmada por aqueles a havendo ouvido” dEle (de Deus) mesmo? Prestemos atenção: quem foi que ouviu direto da boca do Senhor Jesus, a palavra da salvação? Apenas os apóstolos. Você pode ter certeza disso, apenas os apóstolos ouviram a mensagem santa na sua totalidade da boca do Senhor Jesus, temos essa verdade confirmada, quando da escolha do substituto de Judas Atos 1:21-22: “Portanto, é necessário que, destes varões havendo convivido conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu de entre nós (Havendo começado desde a Sua submersão por João até ao mesmo dia em que, proveniente de junto de nós, Ele foi recebido em cima), um deles, juntamente conosco, se torne testemunha da Sua ressurreição”. É o Espírito Santo quem afirma que o varão a ser escolhido terá como atributo o fato de ter convivido com Cristo desde o batismo de Cristo até à sua assunção aos céus. Com esse atributo, apresentaram apenas dois homens. Atos 1:23 “E apresentaram dois varões: José (sendo chamado Barsabás, cognominado o justo) e Matias.” Logo, apenas os apóstolos e mais estes dois não apóstolos estiveram com Cristo durante todas as suas saídas e entradas de entre os apóstolos. Com a escolha de Matias para o apostolado, José tornou-se o único homem não apostolo a testemunhar o ministério do Senhor Jesus. Portanto somente os apóstolos mais José foram testemunhas de todos os fatos e mensagem relacionados a vida e ensino de Cristo. É necessário amarmos a verdade revelada nas Escrituras sagradas, e assim não nos deixarmos levar em roda por qualquer vento de doutrina “texto” como o contido nas propagandas enganosas do movimento taumaturgo protestante. Esse movimento tem investido pesado na mídia, propagando o engano, com fins lucrativos, e colocando a mensagem do outro evangelho na cabeça das pessoas. Sendo este outro evangelho completamente contrário ao evangelho da graça de Deus.

Voltando à investigação de quem exerceu os dons de sinais, queremos destacar o caso de Paulo, que também foi apóstolo, mesmo considerando-se como abortivo I Co.15:8;9 “E por derradeiro de todos foi visto também por mim, como por um nascido fora do devido tempo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado um apóstolo, pois que persegui a assembléia de Deus”. Ele foi chamado apóstolo pelo Espírito Santo em I Co 1:1 “Paulo (chamado, mediante a vontade de Deus, para ser um apóstolo de Jesus Cristo), e o nosso irmão Sóstenes”; o chamado de Paulo para o apostolado foi feito pelo próprio Senhor Jesus Cristo Gl 1:12 “Porque não o recebi nem fui eu ensinado da parte de homem algum, mas (o recebi e fui ensinado) através da revelação de Jesus Cristo”; esse chamado especial de Paulo o credenciou para a prática do apostolado, e o mesmo apresenta os sinais do seu apostolado em 2Co 12:12 “Na verdade os sinais (identificatórios) do apóstolo foram operados entre vós em toda a paciência, em sinais, e prodígios, e maravilhas”.

Paulo viu Cristo pessoalmente quando da sua conversão e essa revelação total do Senhor a Paulo, fez dele uma autêntica testemunha da ressurreição do Senhor Jesus. O que aconteceu com Paulo não se repetiu nunca e jamais se repetirá, logo não são verdadeiros os que se rotulam de apóstolos fora da época apostólica.

E mesmo o grande apóstolo Paulo, que realizou tantos sinais e prodígios, viveu para testemunhar um gráfico decrescente dos milagres, prodígios e sinais. Ele registrou esse fato quando, escrevendo a Timóteo, orienta-o a usar vinho na água e denuncia as freqüentes enfermidades que sofre o jovem pastor, vejamos o texto Tm.:5:23 “Não mais bebas tu somente água, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades”. É relevante destacarmos que Paulo não mandou Timóteo, procurar um “curador”, “milagreiro”, pelo contrário recomendou que ele procurasse um tratamento para a suas enfermidades. Este é um fato marcante, pois mostra claramente que os dons de sinais já estavam a desaparecer pelo fato de o Novo Testamento estar sendo concluído, sendo assim os dons de sinais não tinham mais utilidade. Pois a revelação escriturística e a verdade absoluta de Deus, revelada aos homens, sendo ela uma autoridade superior aos sinais e prodígios necessários para a autenticar o ministério apostólico, que nos deu o Novo Testamento, sendo este a verdadeira base da doutrina dos apóstolos, na qual devemos perseverar, e não nos sinais identificatórios do apostolado.

Que o nosso bom Deus ajude a cada um de nosso leitores a compreender esse fato, e estar plenamente convicto de que os sinais tiveram sua utilidade e cumpriram o propósito para o qual Deus os designou. Sendo, no entanto, cumprido o propósito, desapareceram, devendo os salvos se contentarem com a verdade revelada na palavra de Deus, sendo Ela, o único meio “para que o homem de Deus seja prefeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (II Tm.:3:17)

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