Isvonaldo sou Protestante

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quinta-feira, 31 de março de 2011

Evangelicalismo, Movimento Carismático e Retorno à Roma

Por John W. Robbins

O derramamento do Espírito Santo no Século XVI levou milhões de pessoas a redescobrirem a mensagem objetiva da Bíblia acerca da justificação somente pela fé. Essa doutrina invadiu e transformou a mente dos homens com o poder divino e mudou o curso da história. A Reforma Protestante foi fundada sobre a base da restauração da primazia, supremacia e total suficiência da Bíblia e da justificação pela fé.

Ninguém coloca em discussão o fato de a Reforma Protestante ter restabelecido completamente a pureza da fé e da prática que é apresentada na Bíblia. Nem sempre os Reformadores concordavam entre si. Nem sempre eram consistentes em cada área. Tampouco a igreja abandonara de vez todos os erros da Igreja/Estado Romana da Idade Média. Mas apesar das diferenças e das inconsistências, os Reformadores estavam totalmente unidos quanto à importância da Escritura e da justificação somente pela fé — seus significados objetivos e sua centralidade absoluta para a fé cristã.

Há uma tendência na natureza humana pecaminosa de afastar-se do Evangelho objetivo para o subjetivismo religioso, de deslocar o foco central de Cristo para a experiência cristã. Isso foi o que aconteceu na grande “decadência” da Igreja Primitiva. E a mesma evolução tem dado lugar entre os herdeiros do movimento protestante.

O Erro das Seitas

Antes ainda da saída de cena dos Reformadores, diferentes grupos ou seitas (defensores de ideais de igrejas livres) começaram a proliferar-se dentro do movimento protestante e a devastar as igrejas recém plantadas. Esses grupos diziam que Lutero havia feito um bom começo quando restaurou a doutrina da justificação pela fé, mas nutriam o sentimento de que ele ficara apenas no meio do caminho e que deveriam seguir adiante, rumo ao mais alto e ao mais profundo.

Mas Lutero compreendia que eles se equivocavam acerca das doutrinas-chave do Protestantismo — somente a Bíblia, e a justificação somente pela fé— e, no que lhe concernia, se estavam errados nestes pontos, em tudo estavam errados. “Seja quem for que se afaste do artigo da justificação não conhece a Deus, é um idólatra”, escreveu Lutero. “Uma vez removido este artigo, nada mais permanece senão o erro, hipocrisia, impiedade e idolatria, ainda que tenha aparência de estar à altura da verdade, da adoração a Deus, santidade etc..” (What Luther Says [Concordia Publishing House, 1959], Vol. II, 702-704).

Os mestres sectários não negavam a justificação como um passo inicial na vida cristã. O erro deles residia no antigo descaso da justificação como se fosse aquilo sobre o que o crente dá inicio e depois passa para coisas superiores. Com isso, a justificação pela fé nem de longe ocupava uma posição central. O foco deles afastava-se para além da obra de Cristo para a ação deles próprios, do objetivo para o subjetivo.

No tempo dos reformadores, os munzeristas e os anabatistas radicais exaltavam grandemente a obra e os dons do Espírito. O clamor deles era, “O Espírito! O Espírito!” mas Lutero respondia, “eu não seguirei para onde o espírito deles lhes dirige”. Eles separavam o Espírito da Palavra, da Escritura. Eram os carismáticos do Século XVI.

Lá, então, encontramos Osiander. No inicio ele foi discípulo e colaborador de Lutero, mas rompeu com o ensino da Reforma da justificação por imputação (externa) da justiça e começou a ensinar que o crente é justificado pela habitação de Cristo e pela sua justiça essencial disso decorrente. Tanto Lutero como Calvino reconheceram que o ensino de Osiander representava uma volta, em principio, à idéia católica romana de justificação. Algumas das seitas, desses grupos ou igrejas livres, perderam o rumo do Evangelho quando tentaram ultrapassar a justiça que é pela fé, buscando um estado de impecabilidade absoluta nessa vida mortal sobre a Terra. Os reformadores também reconheceram que era realmente o perfeccionismo católico-romano vestido de nova roupagem.

Depois da Era dos Reformadores, o movimento protestante chegou ao período conhecido como de ortodoxia protestante. Heresias foram resistidas pelas cuidadosas definições e redefinições da fé protestante. Na Alemanha, o pietismo surgiu como uma reação contrária à hipocrisia da Igreja Estatal Luterana formalmente ortodoxa. Mas a tendência definitiva do pietismo era distorcer o Evangelho objetivo com ênfase exagerada na experiência. Muito do pietismo alemão recapturou o espírito dos grandes místicos católicos romanos e se lhes assemelhou em suas devoções cristãs sentimentais (e até mesmo efeminadas).

Wesleyanismo

A Inglaterra do Século XVIII presenciou um notável movimento que inclusive foi também uma reação ao formalismo da Igreja Anglicana. A verdade da justificação somente pela fé tinha sido perdida pela maior parte da igreja. Eram dias em que os párocos caçadores de raposa amavam mais os seus cães de caça do que o seu rebanho. Além disso, havia uma crescente classe operária, excluída e desconsiderada por uma igreja indiferente. John Wesley foi um dos homens mais influentes do Século XVIII. Sua influência na vida nacional de toda a Inglaterra (em especial na classe operária) foi tão marcante que alguns creditam ao seu ministério o livramento da Inglaterra de uma revolução semelhante àquela em que foi mergulhada a França.

John Wesley aparentava crer na justificação somente pela fé. A sua fixação, entretanto, era com a santificação. Tinha sido profundamente influenciado pelo pietismo morávio e com certeza pelos místicos católicos romanos. A ênfase de Wesley na santificação foi dos principais pontos fracos do Movimento Metodista. Junto com a justificação pelo sangue de Cristo, Wesley enfatizou o poder renovador Espírito Santo para se viver em conformidade com a verdadeira obediência à Lei de Deus. Aparte da obediência santificada à Lei de Deus, Wesley declarava, nenhuma alma poderia reter a benção da justificação. Isso implicou, naturalmente, em justificação pelas obras. Representou, portanto, uma volta a Roma.

Wesley desenvolveu a doutrina da inteira santificação, conhecida também como “segunda benção” ou “perfeição metodista”. Propôs que após a justificação e um processo de santificação, o crente poderia receber, pela fé, uma segunda benção repentina que removesse completamente da alma o pecado natural, possibilitando a inteira santificação, nada mais que o amor perfeito. Chamou esta experiência de “uma salvação ainda mais elevada”, “imensamente maior do que quando alguém foi justificado” (Plain Account, 7). Wesley e seus pregadores desafiavam seus ouvintes a procurarem essa segunda benção da perfeição com toda a diligência. Assim fizeram, e deram prova dela por meio de vidas de séria (às vezes frenética) piedade.

Com Paulo e Lutero, a justificação somente pela fé era a verdade plena do Evangelho. Mas no Wesleyanismo, a centralidade e a total-suficiência da justificação foram perdidas, ficando esta subordinada à santificação. A própria justificação podia ser perdida pelo fracasso dos crentes em perseverarem nas boas obras.

Entretanto, ainda que tenha pregado isso a outros, até os seus últimos dias, Wesley confessava francamente que não tinha alcançado a sua famosa “segunda benção”. Ele sempre a perseguiu, mas apenas conseguiu alcançar a esperança dela. Era por demais humilde e franco em confessar que apesar de tudo ele sentia pungente o pecado dentro dele.

Infelizmente, nem todos os seguidores de Wesley eram tão prudentes ou tão humildes quanto o fundador do metodismo. Alguns professaram que tinham alcançado a segunda benção da inteira santificação. Alguns eram pregadores, sendo que uns deles chegaram logo a cair na tentação de se imaginarem superiores a Wesley. O reavivamento metodista foi conseqüentemente submetido ao arminianismo e ao fanatismo. O fanatismo não aflorou enquanto por muito tempo os metodistas procuravam a perfeição. Isso emergiu quando alguns reivindicaram tê-la alcançado.

O Reavivamento Americano e o Movimento de Santidade

O Protestantismo Americano do Século XVIII e do começo do XIX veio se tornar herdeiro do fervor religioso do metodismo. Os EUA desenvolveram o seu próprio estilo e marca registrada de reavivamento. Este talhou o temperamento nacional que foi moldado pelo espírito de fronteira.

A vida na fronteira era crua, rude e excitante. Algumas das pessoas de fronteira viam igrejas ou pregadores muito pouco, talvez uma vez por ano em um encontro de reavivamento feito em grandes toldos, as tendas. Assim como os bezerros que iam crescendo e precisavam ser reunidos num lugar para uma vez por ano serem marcados, a juventude, da mesma forma, precisava ser reunida para ser “salva”, enquanto o pessoal mais velho sentia a necessidade de uma boa “limpeza” assim como no tempo do reavivamento. Assim, Vinson Synan, historiador do pentecostalismo, disse muito bem: “Os que atendiam a tais encontros em acampamento... geralmente esperavam que suas experiências religiosas fossem tão vividas como a vida na fronteira que os cercava. Acostumado com 'briga com ursos e guerra com índios', eles receberam essa religião de grande colorido e excitamento”. (Vinson Synan, The Holiness-Pentecostal Movement in the United States [Eerdmans Publishing Co., 1971], 25). Por vezes, o fervor religioso foi acompanhado de grandes excessos emocionais tais como "divina histeria”, quedas, convulsões, “riso santo”, latidos semelhantes a dos cães e “danças antigas como as que Davi fazia perante a Arca do Senhor”.

No Século XIX, Charles Finney era um evangelista bem sucedido. Já em 1850, o avivamento dentro do estilo de Charles Finney — se tornou numa espécie de religião nacional dos EUA. A Teologia Sistemática de Finney (ainda hoje um dos mais populares manuais de teologia nas igrejas pentecostais) é muito crítica em relação a Lutero e Calvino face ao ensino deles da justificação pela fé por meio da imputação da justiça que é de Deus. A ênfase predominante de Finney é na santificação e na obra de Deus no contexto da experiência humana — uma ênfase que não é bíblica nem reformada. Sua pregação levava as pessoas à verdadeira experiência de crise emocional e a uma busca posterior de uma experiência de santidade que poderia ser aceitável a Deus.

Em todas essas influências avivalistas, a ênfase predominante era encontrar com Deus por meio de uma experiência íntima do coração verdadeiramente dramática, emocional, empírica. Havia um foco muito pequeno em ser aceitável a Deus pela fé numa justiça não propriamente nossa, mas completamente externa a nós existente na pessoa de Cristo. O avivamento americano era mais subjetivo do que objetivo, mais centralizado na experiência do que centralizado no Evangelho.

Em meados do Século XIX, a Igreja Metodista (que era então a maior igreja dos EUA) experimentou o notável ressurgimento do interesse na doutrina da “segunda benção”. A década de 1840 testemunhou uma enchente de ensino perfeccionista na Igreja Metodista. Líderes, pastores, bispos, e teólogos conduziram o movimento, dando-lhe respeitabilidade institucional e intelectual. Este desenvolvimento espraiou-se para outros corpos protestantes, e em 1869 ficou conhecido como “movimento de santidade”. Publicações independentes sobre “santidade” pulularam por todo o País. O movimento transbordou para a Inglaterra e encontrou expressão na famosa Convenção Keswick.

A ênfase popularizada do movimento de santidade foi na vida vitoriosa cheia do Espírito. Seu ponto focal não era nem na justificação nem na conversão, mas na realização de uma experiência empírica de santidade e inteira santificação subseqüente à conversão. Boardman, Inskip, A. B. Simpson, R. A. Torrey e Andrew Murray eram alguns dos bem conhecidos escritores e líderes do movimento. O titulo da obra de Hannah W. Smith, OSegredo da Vida Feliz do Cristão (ainda amplamente circulada hoje), expressa muito bem as aspirações dos adeptos da santidade. Outros títulos também dizem por si o que pode geralmente ser detectado, uma experiência maior em vez do Evangelho (A Vida Vitoriosa, Chaves para um Viver Vitorioso, A Vida Cheia do Espírito etc.). A linha seguida por estes livros é geralmente em Romanos 7 e Romanos 8: “Saia de Romanos 7 e entre em Romanos 8” (que, incidentalmente, é decididamente contrário a tudo o que os reformadores ensinaram).

A natureza objetiva e o valor da justificação e do perdão deixaram de ser o centro do ensino do movimento de santidade. Isso tudo foi subestimado, e mesmo rebaixado, devido a preocupação dominante com a experiência religiosa e o perfeccionismo. O movimento de santidade seguiu pelos corredores formados pelas rochas do subjetivismo, e por essa causa, veio estar mais em harmonia com o Catolicismo Romano do que com o ensino da Bíblia. Nos anos de 1890, a Igreja Metodista tomou medidas administrativas contra o movimento de santidade. Conseqüentemente, entre os anos 1890 e 1900, vinte e três denominações de santidade foram fundadas.

O Movimento Pentecostal

Ao fim do Século XIX, muitos dentre o movimento de santidade começaram a falar e a buscar o “batismo de fogo”. Um ramo do movimento de santidade foi chamado de “Igreja Holiness do Batismo com Fogo” (originada em Iowa em 1895 e dirigida por Benjamin Irwin). Quem recebia “o fogo” freqüentemente poderia gritar, berrar, cair em transes, ou falar enrolado. Este “batismo de fogo” foi considerado como uma visitação milagrosa do Espírito que seguia à inteira santificação. Os mestres mais conservadores do movimento de santidade rejeitaram essa “terceira” benção de fogo, por considerarem a mesma coisa a segunda benção e o batismo especial do Espírito.

Mas os radicais defensores do "fogo" continuaram exercendo influência dentro do movimento com ardentes pregações e publicações semelhantes a Live Coals of Fire – Brasas Vivas de Fogo - (publicado pela primeira vez em outubro de 1899). Este opúsculo falava "do sangue que limpa, do Espírito Santo que enche, do fogo que queima, e da dinamite que arrebenta". Não é difícil imaginar as manifestações excêntricas e desconcertantes que acompanharam o estágio de explosão religiosa que decorreu. O resultado lógico dessa tendência religiosa foi o aparecimento, no século XX, do Movimento Pentecostal, cujo inicio é traçado pelo ministério de Charles Parham em Topeka, Kansas, em 1900.

O Dr. Frederick Dale Bruner escreve: "Como resultado dos movimentos de santidade mundiais, nasceu o movimento pentecostal. O historiador pentecostal, Charles Conn, aponta 'que o movimento pentecostal é uma extensão do avivamento da santidade que ocorreu durante a última metade do Século XIX'" (Frederick Dale Bruner, Teologia do Espírito Santo [Edições Vida Nova, 1977], 44). Diz o notório autor católico-romano e defensor da unificação da igreja, Kilian McDonnell: "John Wesley foi o pai do intenso fervor religioso americano do Século XIX, um dos seus filhos foi o Movimento de Santidade de que originou o pentecostalismo do Século 20" (Kilian McDonnell, "The Classical Pentecostal Movement," Vol. I, No. 11 [Maio/1972], 1). O movimento pentecostal esteve envolvido diretamente na questão da insistência que o sinal físico do falar em "línguas" era a evidência do batismo do Espírito. Esta questão das línguas causou uma divisão entre o movimento de santidade e o pentecostal, ainda que a teologia básica dos dois movimentos permanece a mesma. O pentecostalismo é o resultado inevitável do avivamento subjetivo. Os avivamentos que ocorreram nos Estados Unidos talvez não fossem do gênero abertamente pentecostal ou carismático, mas eles tendiam para aquela direção porque eram, acima de tudo, orientados para o experiencialismo religioso.

Tendência em direção a Roma

Por mais de 400 anos, têm sido exercidas influências no âmbito do Movimento Protestante no sentido de corroer a ênfase objetiva da doutrina reformada da justificação somente pela fé. Isso não passa de uma volta ao romanismo. Há alguns anos, o conhecido autor católico-romano, Louis Bouyer, fez essas impressionantes observações:

A Renovação Protestante... lembra os melhores e o mais autênticos elementos da tradição católica... Vemos por toda essa nação protestante, cristãos que tem como sua religião o movimento a que chamamos, no geral, de Renovação, o qual, mais ou menos, não passa de catolicismo... Os mais valiosos e duradouros reavivamentos contemporâneos em seus resultados em tudo apresentam uma impressionante analogia com o processo de redescoberta do catolicismo... o rumo que instintivamente se tomam em direção ao catolicismo... isso pode conduzir ao caminho da reconciliação entre protestantes e católicos”. (Louis Bouyer, The Spirit and Forms of Protestantism [World Publishing Co., 1964], 186, 188, 189, 197).

Bouyer conclui com um apelo para os seus confrades católicos se preparem para a volta inevitável dos "irmãos separados" sob a influência dos reavivamentos contemporâneos. Não faz diferença o fato de que muitos reavivalistas consideram-se anticatólicos, conforme Bouyer anota, eles estão simplesmente no escuro quanto ao fato de que o cerne da sua ênfase está em profunda harmonia com o catolicismo. Se o leitor deseja saber o que Roma pensa hoje sobre os mais populares reavivalistas americanos, pode ficar seguramente bem informado a respeito através da matéria saída em julho de 1972 no Digesto Católico.

A alguns anos atrás, Paul Tillich abordava o tema "o fim da era protestante":

O tipo de protestantismo que tem sido desenvolvido na América não é bem a expressão da Reforma, mas tem mais elementos do chamado evangelicalismo radical. Há grupos luteranos e calvinistas que são fortes, mas em grau surpreendente eles têm-se adaptado ao protestantismo americano. Este clima não foi produzido por eles, mas pelos movimentos sectaristas. Assim que cheguei à América, há vinte anos atrás [em 1933], a teologia da reforma era quase desconhecida no Union Theological Seminary [New York] por causa das diferentes tradições, e a redução da tradição protestante avizinhava-se das tradições não-reformadas. O conflito de Lutero com os evangélicos radicais é especialmente importante para os protestantes americanos porque o tipo prevalecente de cristandade na América não foi produzido pela Reforma diretamente, mas pelo efeito indireto da Reforma através do movimento de radicalismo evangélico“. (Paul Tillich, A History of Christian Thought [S.C.M. Press Ltd., 1968], 225-226, 239. Das conferências apresentadas primeiramente em 1953).

As últimas décadas têm mais do que justificado as observações de Bouyer e Tillich. O movimento histórico de volta a Roma tem-se tornado como aquele lugar onde no Rio Niágara os canoeiros alcançam aquele ponto que não há volta quando as águas se aceleram em direção às cataratas. O movimento tem-se acelerado em sua corrida, e evangélicos e carismáticos estão, a taxas crescentes, sendo re-introduzidos a Roma.

O Movimento Neopentecostal ou Carismático

De 1900 a 1960, o movimento pentecostal continuou a crescer fora do protestantismo convencional. Todavia já em 1960 tinha atingido uma membresia mundial da cifra de aproximadamente oito milhões de pessoas. Naquele tempo, gente como Henry Van Dusen já começava a chamar o movimento de "terceira força" da Cristandade.

Então, próximo de 1960, teve lugar uma mudança notável quando de repente o pentecostalismo começou a ultrapassar linhas demarcatórias denominacionais para penetrar nas igrejas protestantes históricas. Como John Sherrill diz em seu livro, Eles Falam em Outras Línguas, "caíram os muros". Logo havia milhares, e depois milhões, de episcopais, metodistas, luteranos, batistas, presbiterianos, congregacionais e outros, protestantes-pentecostais. Esta fase interdenominacional do movimento ficou conhecida como movimento neopentecostal, ou carismático. Não foi um movimento para que houvesse uma denominação separada, mas uma experiência que transcendesse todas as linhas divisórias denominacionais. Os que compartilhavam a experiência em diferentes denominações se viram tendo mais em comum mutuamente entre si do que com os não-carismáticos da mesma igreja. Muitos confiantemente previram que este seria o começo do maior avivamento que o mundo jamais conhecera.

Lá para o fim dos anos 1960, o movimento neopentecostal deu duas de suas mais esplendidas passadas. Ele penetrou na nova cultura jovem e ficou conhecido como o Movimento de Jesus. (Estima-se que noventa por cento do Povo de Jesus, como foram chamados, tiveram alguma forma de experiência pentecostal). Muito da cultura da droga ficou "alta" com Jesus ao invés de com drogas. Então, para o coroamento do seu sucesso, o movimento neopentecostal entrou na Igreja Católica Romana em 1967. Depois do começo modesto em dois de seus grandes centros de ensino (Duquesne e Universidade Notre Dame), agora se espalha rapidamente na Igreja Católica Romana, atraindo o apoio de cardeais, bispos, milhares de padres e freiras, e o próprio Papa. Visto que os católicos romanos têm agora recebido idêntica experiência pentecostal que os protestantes, os pentecostais da velha linha estão re-avaliando a sua atitude para com o catolicismo romano. Tradicionalmente antipapais, as igrejas pentecostais clássicas estão mudando sua posição, do "pentecostes" têm-se mudado para Roma.

Embora o pentecostalismo tenha sido introduzido na Igreja Católica Romana inicialmente por pentecostais protestantes, tem encontrando menos resistência em círculos católicos do que em círculos protestantes. De fato, como muitos autores católicos estão apontando, o pentecostalismo se sente em casa na Igreja/Estado Romana. Está mais em casa lá porque a ênfase dominante pentecostal na experiência subjetiva está em harmonia essencial com o ensino e tradição da Igreja Romana. Diz o monge beneditino, Edward O'Connor da Universidade Notre Dame:

Embora tenham se originado da plataforma protestante, as igrejas pentecostais não são tipicamente protestantes em suas crenças, atitudes ou práticas.... não se pode pressupor que o movimento pentecostal represente uma incursão da influência protestante [dentro da Igreja Católica Romana]. ... Católicos que têm aceitado a espiritualidade pentecostal tem-se deparado que esta está em harmonia com sua fé e vida tradicionais. Eles a experimentam, não como um empréstimo de uma religião estranha, mas como um desenvolvimento natural de sua própria... a experiência do movimento pentecostal tende a confirmar a validade e relevância de nossas autênticas tradições espirituais. Outrossim, o desenvolvimento das igrejas pentecostais hoje parece seguir através de estágios muitos parecidos com o que ocorreu nos primeiros anos da Idade Média quando a doutrina clássica estava tomando forma (Edward O'Connor, The Pentecostal Movement in the Catholic Church [Ave Maria Press, 1971], 23, 32,28, 183, 191, 193, 194).

Além disso, o neopentecostalismo não faz nada no sentido de perturbar a fé católico-romana e suas igrejas e tradições. Diz O'Connor:

Semelhantemente, as devoções tradicionais da Igreja têm-se revestido de mais significado. Algumas pessoas têm sido levadas de volta para o uso freqüente do sacramento da penitência através da experiência do batismo do Espírito. Outras têm descobertos em suas vidas um lugar para devoção à Maria, enquanto que antes mantinham repulsas ou indiferença para com ela. Um dos mais extraordinários efeitos da ação do Espírito Sagrado tem sido o de promover a devoção à Presença Real na Eucaristia. (Edward O'Connor, Pentecost in the Catholic Church[Dove Publications, 1970], 14, 15).

O Movimento Carismático e Roma

Os anos de 1970 nos trouxeram para a grande fase ecumênica do reavivamento e do movimento carismático. Em 1º de fevereiro de 1972, a revista Christianity Today escreveu em editorial:

Ao que parece, a força que se apresenta como a maior contribuição para o atual avivamento que varre a face da Terra é o pentecostalismo. Este movimento, que começou a várias décadas atrás, e que em seus anos iniciais tinha um caráter muito sectário, agora é ecumênico no seu sentido mais profundo. Parece que ultimamente o neopentecostalismo tem incluído muitos milhares de católicos romanos... Uma nova era do Espírito tem começado. A experiência carismática mexe com os cristãos em coisas que vão além da glossolalia... Há uma luz no horizonte. Uma renascença evangélica está-se tornando visível ao longo da rodovia cristã, das fronteiras dos grupos sectários aos altos lugares da comunhão católico-romana. Parece ser este um dos momentos mais estratégicos da história da Igreja.

Em maio de 1972, matéria da New Covenant (publicação católica carismática) destaca os católicos e os protestantes unidos numa grande confraternização carismática. Proclama-se que o movimento carismático mantém a esperança de cura das feridas abertas no Século XVI . Destaque para Henry Van Dusen do Union Theological Seminary que teria dito:

A presença do movimento carismático (pentecostal) entre nós diz-se que é para marcar uma nova era no desenvolvimento da cristandade. O novo pentecostalismo parecerá aos historiadores do futuro a "verdadeira reforma" (comparada à do Século XVI) da qual nasce a terceira força do mundo cristão (protestante-católico-pentecostal) (19).

Essa união não está fundamentada na verdade objetiva, mas na experiência subjetiva. A cristandade americana está se afogando num oceano de subjetivismo religioso. A literatura carismática (e ai incluímos todo este reavivalismo subjetivo) está infestando a terra como as rãs do Egito (ver Apocalipse 16:13, 14). Nunca se viu uma massa de literatura tão destituída do Evangelho de Cristo. Praticamente não existe sequer um pensamento objetivo, extrínseco. É tudo na base do "já que é assim, então é desse jeito”, uma volta ao misticismo medieval, efeminado, sentimental. Não é de estranhar que um dos pontos de diálogo entre os líderes pentecostais e os da Igreja Católica Romana é a semelhança notável entre o pentecostalismo e o misticismo católico. O fato aterrador é que o desmoronamento das resistências protestantes ao movimento carismático ilustra a decadência das igrejas protestantes. Até mesmo o termo Protestante está se tornando uma palavra suja. E ser crítico ao romanismo virou agora uma obscenidade nos círculos evangélicos.

O Cumprimento de Profecia

Multidões estão exultantes por causa da igreja que tem sido impactada pelos fogos do reavivamento. Não se trata de uma moda passageira, mas de um notável cumprimento da profecia bíblica. Partamos do principio que os protestantes tenham geralmente aceitado o fato de que a besta semelhante a leopardo de Apocalipse 13 era o símbolo do papado, que dominara a civilização européia por aproximadamente mil anos. Munida da verdade objetiva da justificação somente pela fé, a Reforma provocou no "homem do pecado" a "ferida fatal". Ao quebrar a camisa de força do pensamento papal, as nações começaram a se libertar da dominação papal (ver Apocalipse 13:3). Mas a profecia do Apocalipse claramente prediz uma restauração da força da igreja antiga para dominar as mentes e escravizar as consciências dos homens. O profeta declara:

E operava grandes sinais, de maneira que fazia até descer fogo do céu à terra, à vista dos homens; e, por meio dos sinais que lhe foi permitido fazer na presença da besta, enganava os que habitavam sobre a terra e lhes dizia que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. (Apocalipse 13:13,14).

"Fogo... do céu... à vista dos homens" é um quadro terrivelmente preciso da religião contemporânea envolvida em fogos do falso reavivamento e do movimento carismático. Fogo, que é o símbolo favorito do movimento carismático, é utilizado por Deus para descrever o movimento que nada mais é senão uma contrafação do derramamento do Espírito Santo. Não é realmente fogo do Céu, mas parece ser fogo do Céu. É “fogo do céu... à vista dos homens." Mas, em virtude dessa influência, levará "a terra e os que nela habitavam” a adorarem “a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada". (Apocalipse 13:12).

Os últimos dias serão marcados por grandes decepções religiosas. Operando a pretexto de "fogo...do Céu" (o batismo do Espírito Santo), "os espíritos de demônios" operarão "sinais diante dos reis da Terra, para os congregar para a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso" (Apocalipse 16:14; veja também II Tessalonicenses 2:8-12).

Agora mesmo é considerada blasfêmia falar contra a obra sobrenatural levada a efeito no movimento carismático. Um espírito de prepotente certeza e arrogante intolerância tem sido freqüentemente manifesto pelos que "tem o espírito". A preocupação com experiência interior tem dirigido multidões a retornarem à filosofia religiosa da Idade Média e da igreja medieval. O Vaticano sabe o resultado. Lê-se o que é. Muitos protestantes parecem estar tão paralisados quanto Melanchthon esteve quando não soube o que falar, ou não, aos fanáticos espiritualistas que vieram a Wittenberg enquanto Lutero estava escondido no Castelo de Wartburg. Foi essa a questão que foi levada ao grande reformador que o levou a sair de seu esconderijo e arriscar sua vida. Os líderes "cheios do espírito" conseguiram uma entrevista com Lutero em que clamavam: "O Espírito! O Espírito!" O reformador decididamente não ficou impressionado. "Eu esbofeteio no focinho este seu espírito", ele trovejou. Ele viu que a grande verdade da justificação somente pela fé estava diametralmente oposta a esses assim qualificados por eles mesmos, "profetas alemães".

Estamos agora vivendo numa época em que as questões do Século XVI têm sido de novo combatidas. Avançando para o final desse tempo, o conflito se intensificará. Dobrar-se-ão as velhas linhas demarcatórias denominacionais. O mundo religioso está se agrupando. De um lado, a grande união de católicos romanos, pseudoprotestantes e pentecostais que tem a aparência de ser um movimento para a conversão de todo o mundo. De outro lado, haverá um movimento para restaurar o Evangelho eterno em sua pureza original e força. O Evangelho triunfará. Embora o Anticristo possa ser vitorioso num momento, sua ruína é certa. Uma pequena palavra, e cairá.

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Extensivamente revisado e adaptado de um panfleto publicado em 1972 pelo Australian Forum. Novembro/Dezembro de 1986
Traduzido por: Anamim Lopes da Silva
Fonte: [ Internautas Cristãos ]

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sábado, 19 de março de 2011

É o fim do mundo? Terremotos à luz da Bíblia e da Ciência




Por Hermes C. Fernandes

Sempre que acontece um terremoto, como o que atingiu o Japão neste final de semana, o tema "fim do mundo" volta a ser discutido. Uns o relacionam com a Volta de Jesus, outros com as profecias Maias e o ano 2012. Alguns chegam a dizer que nunca na história da humanidade houve tantos abalos sísmicos. Será que isso condiz com a verdade? Creio que devemos ser cautelosos, pois sempre houve tremores sísmicos no mundo. A diferença é que hoje somos bombardeados por notícias on-line, em tempo real, através das grandes agências de notícias.


Terremotos são medidos por uma escala chamada Richter. Ocorrem milhares deles por ano no mundo. Terremotos de até 1,9 graus na escala Richter, considerados muito fracos, acontecem cerca de 416 mil vezes por ano. De 2 a 2,9 graus, cerca de 52 mil vezes por ano. De 3 a 3,9 graus, 49 mil vezes por ano. De 4 a 4,9 graus, considerados ainda leves, 6.200 vezes por ano. De 5 a 5,9 graus (moderado), 800 vezes por ano. De 6 a 6,9 graus (forte), cerca de 120 vezes por ano. De 7 a 7,9 graus (muito forte), cerca de 18 vezes por ano. E de 8 graus ou mais, considerado devastador, pelo menos uma vez a cada ano. Ao todo, são mais de meio milhão de tremores sísmicos a cada ano.


Dados do USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos) mostram que o terremoto de 8,9 graus na escala Richter que atingiu a costa do Japão nesta sexta-feira (11) foi o quinto maior em todo o planeta desde 1900 e o maior dos últimos sete anos. O maior tremor da história foi registrado no dia 22 de maio de 1960, quando um abalo de magnitude 9,5 na escala Richter (que vai até dez) atingiu o sul do Chile, matando 1.655 pessoas, ferindo 3.000 e causando um prejuízo de R$ 913 milhões no país, com reflexos negativos em pelo menos outros três países. O segundo maior foi registrado na localidade de Prince William Sound, no Estado americano do Alasca, em 28 de março de 1964, com magnitude 9,2. Quinze pessoas morreram em virtude do tremor, mas outras 113 pereceram diante do tsunami causado por ele. Em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de 9,1 graus na escala Richter atingiu a costa oeste da ilha de Sumatra, na Indonésia, e causou a morte de 227.898 pessoas, muitas delas em virtude do tsunami gerado pelo tremor no oceano Pacífico. O quarto maior foi registrado em 4 de novembro de 1952, em Kamchatka, na Rússia. Com magnitude de 9 graus, o abalo gerou prejuízos de R$ 1,328 milhão, porém não foram registradas mortes na ocasião.


O que Jesus teria dito acerca dos terremotos e outros cataclismos? Confiramos nas predições contidas no Sermão Profético:


“Haverá grandes terremotos, fomes e pestilências em vários lugares, e coisas espantosas e grandes sinais do céu” (Lc.21:11).


Não nos esqueçamos que Jesus garantiu que Suas previsões ocorreriam ainda naquela geração. O assunto em pauta não era o fim do mundo, mas o fim daquela era, representada por Jerusalém e seu templo. Quando disse, por exemplo, que não ficaria pedra sobre pedra, Jesus não se referia aos prédios das grandes metrópolis do século XXI, mas especificamente ao complexo de edifícios do Templo em Jerusalém. Os trinta anos que precederam a queda de Jerusalém foram marcados por terremotos e catástrofes que acabaram dizimando a população do Império Romano. Em 46 d.C. houve um grande terremoto em Creta. Talvez fosse sobre isso que Paulo falava ao afirmar que a ira de Deus havia caído sobre os judeus de Creta (1 Tess.2:16).


No dia em que Nero assumiu a toga virillis, em 51 d.C. houve um terremoto em Roma. Houve outro terremoto em Apamea, na Frígia, mencionado por Tácito, historiador romano, que também menciona diversos outros terremotos em Campanha e em Laodicéia.


Um terremoto muito forte sacudiu Jerusalém em 67 d.C., pouco antes daquela cidade ser invadida e destruída pelas hostes romanas. Escrevendo acerca deste abalo sísmico, Flavio Josefo, historiador judeu, diz que “sobreveio uma horrível tempestade: a violência do vento, a impetuosidade da chuva, a quantidade de relâmpagos, o ribombar horrível do trovão, e um tremor de terra, acompanhado de rugidos, perturbou de tal modo a ordem da natureza, que todos o julgaram presságio de grandes desgraças”(Livro Quarto, Cap.17: 316). Não podemos nos esquecer de outros abalos registrados em Atos, como aquele que provocou a abertura do cárcere para os apóstolos Paulo e Silas (At.16:26; 4:31).


Do ponto de vista científico, os terremotos são provocados pela movimentação brusca de um terreno que possua uma falha.


Normalmente eles possuem origem tectônica, relacionados a falhas geológicas. Porém, podem também ocorrer por atividades vulcânicas ou pela ação do homem, que recebe o nome de sismos induzidos, como por exemplo, no uso de artefatos nucleares.


A terra é formada por camadas: a hidrosfera (de água), a atmosfera (de gases) e a litosfera (de rochas). A litosfera é a camada mais rígida da terra e divide-se em partes menores chamadas placas tectônicas. Essas placas tectônicas se movimentam lentamente, gerando um processo contínuo de esforço e deformação nas grandes massas da rocha. Quando esse esforço supera o limite de resistência da rocha, faz com que ela se rompa liberando parte da energia acumulada que é liberada sob forma de ondas elásticas, chamadas de ondas sísmicas. Essas ondas podem se espalhar em todas as direções, fazendo a terra vibrar intensamente, ocasionando os terremotos.


Os efeitos dos terremotos podem ser notados pela vibração do solo, deslizamentos de terra, aberturas de falhas, tsunamis e alterações da rotação terrestre.


De onde vêm estas falhas geológicas? O que as teria provocado? De acordo com a teoria científica mais aceita, um planeta por nome Théia teria se chocado com a Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos, provocando, entre outras coisas, a formação da Lua, a grande extensão e profundidade do Oceano Pacífico e a formação das placas tectônicas.


A Terra, portanto, seria um planeta ainda em convalescência. As placas estariam em constante acomodação, e quando há movimentos bruscos, terremotos acontecem.


Haveria algum indício bíblico que confirme tal postulado científico?


Apocalipse fala de uma estrela que cairia do céu, ferindo a Terra. Às vezes Satanás é chamado de estrela que caiu do céu. E Jesus afirma haver assistido quando este caíra do céu como um relâmpago. Teria isso alguma conexão com o que os cientistas afirmam?


O fato é que Deus fez a Terra perfeita, e algo ocorreu para que ela se tornasse um caos. A Terra está ferida! E alguns acontecimentos fazem com que ela reaja violentamente, principalmente os maus tratos que lhe são impingidos pelo homem. O Japão, por exemplo, foi alvo das duas primeiras bombas atômicas a serem usadas como arma de guerra.


Ao falar dos cataclismos que ocorreriam ao planeta, Jesus usou uma figura de linguagem instigante. Ele compara tais eventos às dores sentidas pela parturiente. Em Suas próprias palavras, tudo isso seria "o princípio das dores". Ora, então, a Terra está grávida! Ela não caminha para o fim de sua existência, e sim para o fim de sua gestação. Parafraseando a metáfora de Cristo, poderíamos dizer que cada abalo sísmico seria uma contração. O que emergirá disso tudo? Muitos esperam por uma catástrofe cósmica que porá fim ao nosso Universo. Mas o que as Escrituras dizem é o oposto disso.


Usando da mesma figura de linguagem de Jesus, Paulo diz que "toda a criação geme como se estivesse com dores de parto até agora" (Rm.8:22).


A nova Terra profetizada em Apocalipse não surgirá do nada, mas a partir da atual. Em outras palavras, a nova Terra nada mais é do que nosso planeta completamente renovado, reconfigurado, em plena harmonia com uma humanidade redimida, cuja consciência predatória terá sido substituída por uma consciência transformada pela Graça.


Não é o fim do mundo que se aproxima, e sim a sua renovação. E será Ele, o Filho do Altíssimo, quem será o Supremo Obstetra a conduzir este parto.

Enquanto o fim não vem... Uma releitura das catástrofes que acometem o planeta

Por Julio Zamparetti

Mais uma catástrofe e mais gente se imbui de anunciar o fim do mundo. Não sei quantos fins ainda serão anunciados, mas sei que os mercados faturam alto com essa especulação. O mercado cinematográfico fatura milhões de dólares ocupando, provavelmente, o segundo lugar no ranking mundial. Sim, possivelmente, o segundo lugar, porque estou convencido de que quem fatura mais alto é o mercado religioso.

Até mesmo seguimentos equilibrados do meio religioso, ultimamente, têm se rendido ao frisson do apelo sensacionalista que arrasta milhares de pessoas ao redil da religiosidade pela promessa de segurança em meio ao caos. Neste ínterim, a fim de que a religião seja sempre mais útil, faz-se necessário que a tragédia seja tanto maior. É nesse ponto que muitos religiosos caem na falácia de presumirem que quanto pior, melhor.

Não quero, aqui, fazer pouco caso dos problemas ambientais e das catástrofes que têm aterrorizado nosso planeta. Por outro lado, não posso me valer disso para constranger alguém a apegar-se à religião. O que posso dizer é que catástrofes naturais são naturais, por mais catastróficas que sejam. Sempre foi assim e continuará sendo assim, enquanto a Terra estiver viva. Deveríamos, sim, nos preocuparmos se a terra estivesse parando seus movimentos geológicos. Isso seria terrível, pois presumiria a morte do planeta.

O que não é natural é que tanta gente aproveite do sofrimento alheio para se enriquecer. Nesta semana, em meio à tragédia dos terremotos e a tsunami no Japão, já ouvi pregadores de renome internacional anunciando em tom profético que “isso é só o começo”; que “catástrofes muito maiores sobrevirão ao nosso planeta”. E eu pergunto: onde fica o Espírito de consolação, restauração e esperança que permeia a mensagem de Jesus Cristo e seus apóstolos?

Não venham me dizer que Jesus anunciou o fim do mundo. Somente neófitos caem nessa. O mundo do qual Jesus anunciou o fim, em Mateus 24 e Lucas 22, no texto original é aions que significa tempo, era, período, daí muitas versões o traduzirem por século em vez de mundo. Jesus estava anunciando o fim de um tempo em que os rudimentos que regiam a religiosidade e os valores humanos dariam lugar aos novos rudimentos de sua graça. Conforme o próprio Messias, isso ocorreria ainda naquela geração (Mt.24:34), e de fato aconteceu. Esses novos rudimentos são baseados no amor, na simplicidade, na reconciliação, na misericórdia e no compromisso de ser solidário para com todos que sofrem.

Não sei explicar o sofrimento humano, nem a causa de tanto terror, não quero justificar Deus, nem creio que Deus precise ser justificado. Só sei que a história nos ensina que somos capazes de superar nossas limitações e aprender em meio às dificuldades; somos aptos a recomeçar, reconstruir e sairmos das provações ainda mais fortalecidos. Portanto, prefiro ser grato a Deus que nos concede repensar nossa própria vida, nossa história, nossa espiritualidade, refletirmos sobre nosso ativismo e apego material, e exercitar a solidariedade e o espírito de consolação mútuo.

Enquanto o fim não vem, que fique longe o fim. Que haja lugar para a esperança. Que seja cada vez mais presente o amor fraternal, o espírito solidário e a força para recomeçar. Assim somos humanos, como Cristo foi; fazendo um mundo melhor, como Ele fez.

A Indústria por trás dos boatos do Fim do Mundo



Uma pessoa bem sucedida geralmente é alguém que vê uma oportunidade onde os outros vêem uma crise. Então, quem se atreveria a capitalizar com o iminente fim do mundo? Poderíamos chamá-los de “vendedores do Armagedon”. Existem dezenas de pregadores cristãos que vêem nas manchetes de hoje uma sinalização que o mundo se aproxima do seu último dia.
Alguns deles parecem passar o dia todo lendo reportagens em busca dos acontecimentos que, para eles, se alinham com as profecias bíblicas. O desastre natural no Japão na semana passada é um bom exemplo disso. Outras catástrofes naturais, bem como agitação política dos países do Oriente Médio, a subida dos preços do petróleo e as guerras civis, parecem ser seus assuntos prediletos. Nestes últimos meses parece que lugares como Egito, Líbia, Coreia do Norte e Arábia Saudita tem lhes oferecido material de sobra.
Os primeiros meses de 2011 está marcando a alta do mercado para os especialistas em prever o final dos tempos. RaptureReady.com [Pronto pro Arrebatamento] é um site que tenta prever quanto tempo nos resta até a volta de Cristo. O mês passado registrou um recorde no número de acessos. A editora evangélica Tyndale House começou a preparar o relançamento de sua série de maior sucesso, a versão romanceada de Apocalipse: “Deixados para Trás”. Seus 16 volumes apresentam uma minuciosa descrição de como seria o fim do mundo. Traduzida para diversas línguas, já vendeu mais de 65 milhões de cópias e inspirou três longa-metragens e dois jogos de vídeo game.

David Endrody, vice-presidente de vendas da Tyndale, explica que em breve sairão edições com novas capas, que usarão as notícias recentes. “Nós mudamos a contracapa para traçar um paralelo com eventos atuais”, esclarece Cheryl Kerwin, gerente de marketing da editora. ”Também atualizamos nosso livro À Beira do Apocalipse. O começo do fimpara refletir melhor o que está acontecendo no mundo de hoje”.
Tim LaHaye, autor da vários livros sobre o assunto, inclusive da série Deixados para Trás, explica que: “A Bíblia diz em Mateus 24 que um dos sinais dos últimos dias – entre as dores de parto – é o aumento da frequência e da intensidade dos tremores de terra”. Ele acredita ainda que está ajudando a esclarecer seus leitores, oferecendo respostas às dúvidas mais comuns.
Parece estar havendo uma explosão nas vendas de títulos sobre o assunto. É isso que ocorre, por exemplo, com Joel Rosenberg, que tornou-se um autor de sucesso depois de publicar The Twelft Iman [O 12° Imã], que narra de forma romanceada o cumprimento das profecias sobre a destruição de Israel.
A conferência ”Epicentro”, idealizada por Joel e que será realizada em Jerusalém dentro de dois meses já está totalmente esgotada. Esse tipo de “fervor apocalíptico” não era visto entre os pastores americanos desde os ataques de 11 de setembro de 2001. Dez anos atrás, alguns deles sugeriram que o evento era um precursor do retorno de Jesus à terra, que marcaria o fim do mundo. É bom lembrar que na virada do milênio passado, muitos diziam que o fator determinante seria o caos da tecnologia por causa do chamado “bug do milênio”. Surgiram então livros, vídeos e diversas conferências para tratar dessas profecias, que não se cumpriram.
A aparente onipresença da internet também tem contribuído para a disseminação de pregadores e profetas que tem como obsessão explicar quando e como o fim virá. Daniel Wojcik, professor da Universidade do Oregon é um pesquisador do assunto. Ele escreveu The End of the World As We Know It: Faith, Fatalism, and Apocalypse in America [O fim do mundo que conhecemos: fé, fatalismo e o Apocalipse na América] e explica que as crenças populares sobre o final dos tempos sempre habitaram o imaginário popular.
Ele destaca o discurso do “profeta” Harold Camping , que previu e tem anunciado em outdoors pelos Estados Unidos que em 21 de maio de 2011, os cristãos serão levados para o céu e o mundo será destruído cinco meses depois. Mas Camping parece que não pretende lucrar com suas previsões, pois todo o material disponível em seu site pode ser baixado gratuitamente.
O sucesso de tudo que se refere a profecias sobre o fim não é exatamente um novidade. Outros tipos de profetas também ficaram famosos com esse tipo de previsão, como Nostradamus. Seus escritos enigmáticos são vendidos até hoje e eventualmente citados em meio a grandes crises mundiais.
John Hagee, pastor da mega igreja Cornerstone em San Antonio, Texas, usa seus sites para promover suas idéias e passou recentemente a oferecer um DVD chamado “Armagedon financeiro” por US $ 12 e está vendendo ingressos para um seminário profético por US $ 10. Em uma de suas newsletters mais recentes ele escreve: ”Preparem-se! O planeta Terra está prestes a tornar-se o parque de diversão do Anticristo e da sua Nova Ordem Mundial. A igreja será arrebatada antes do Anticristo aparecer. Acredito que ele poderá se levantar na Europa a qualquer momento. Igreja, ore e prepare-se para subir”.
Embora a maioria desses pregadores utiliza como base de seus argumentos livros da Bíblia como Apocalipse e os profetas Isaías e Daniel, um grande segmento dos cristãos salienta que o próprio Jesus advertiu que ninguém poderia saber quando o fim do mundo vai acontecer.
Mas existem até índices como o do site RaptureReady.com, cujo Arrebatamentômetro mede 45 itens proféticos em escalas de 1 a 5. Desde a presença de “falsos cristos”, até a incidência de enchentes e terremotos, passando por crises financeiras, cada elemento é medido. O último índice divulgado (14/03/11) é de 180, não muito longe do recorde histórico de 182 (em 24/09/01). Segundo o site, o arrebatamento chegar quando o total for igual a 225.
Todd Strandberg fundou o site 24 anos atrás, quando os computadores tinham telas verde e a velocidade dos modens chegava apenas a 1200 baud. Em sua análise mais recente, ele afirma: “Nunca vi uma época em que tantas manchetes parecem ter sido arrancadas das páginas da Bíblia.”
Para quem domina o inglês existem também canais do Youtube com atualizações regulares de pastores e profetas que analisam as notícias do jornal e as páginas da Bíblia. Os mais populares no momento sã o Paul Begley (500 vídeos) e William Tapley (187 vídeos). Em português há sites como Tempo Final, que inclui um canal de vídeo e vários livros e DVDs sobre o assunto. As recentes mortes misteriosas de animais, a suposta aparição de um dos cavaleiros do Apocalipse, o vazamento nuclear do Japão, está tudo lá, na pauta do dia.
Ao que parece devem ser acessados enquanto é tempo!
Agência Pavanews, com informações de CNBC e God Discussion

A Essência da Verdadeira Adoração



Por Kevin Reed

Cristo descreve a verdadeira adoração durante sua conversa com a mulher no poço (Jo 4: 5-26). Durante esta conversa a mulher propõe a Jesus a controvérsia religiosa preeminente que existia entre os Judeus e Samaritanos.

Especificamente, a disputa era sobre onde adorar. É verdade que Deus havia prescrito Jerusalém como o local para os rituais públicos – embora isto logo fosse mudado. Externamente, quando ao local para os rituais públicos os judeus estavam certos. Deus havia prescrito um padrão de adoração que tinha seu foco em Jerusalém. Este padrão divino foi desenhado como um testemunho para toda a humanidade, no que diz respeito à salvação. “A salvação vem dos Judeus” (Jo 4:22) porque “a eles foram confiados os oráculos de Deus” (Rm 3:22). Neste sentido, os judeus adoravam o que eles conheciam: isto é, eles aderiam ao conhecimento da lei no que dizia respeito ao local para os rituais divinos. (Aqui estamos novamente nos dirigindo para a importância da religião revelada, como dada na lei). Os samaritanos haviam abandonado a lei e forjaram a sua própria religião híbrida (2 Rs 17).

Expressado de forma diferente, Jesus reitera a importância da ordem de Deus na religião. Uma grande mudança estava preste a acontecer no que diz respeito às ordenanças externas da adoração. Em qual direção? Não pela designação humana, mas pela designação de Deus. Ele somente é o legislador. Ninguém pode adulterar o padrão que Ele estabeleceu; ainda mais, é prerrogativa divina fazer alterações de conformidade com seus propósitos.

Em seguida Jesus resume a essência da verdadeira adoração, que inclui a união inseparável de piedade e conhecimento. Os verdadeiros adoradores adorarão a Deus “em espírito e em verdade”. A adoração dos verdadeiros adoradores é caracterizada desta forma, como um resultado da graça salvadora de Deus. A soberania de Deus na salvação se estende não apenas à forma na qual os eleitos são salvos, mas também aos propósitos para os quais estes são redimidos. Um motivo essencial na salvação dos eleitos é de que eles venham a adorar em espírito e em verdade: “são estes que o Pai procura para seus adoradores (Jo 4:23).

A linguagem é repetida na forma imperativa. É uma linguagem semelhante a outros imperativos nos ensinos de Cristo, tal qual a afirmação registrada no capítulo prévio do evangelho de João: “Importa-vos nascer de novo”. Os verdadeiros adoradores “devem adorar o Pai em espírito e em verdade... importa que os seus adoradores o adoremem espírito e em verdade” (Jo 3:7; 4:23-24).

A verdadeira adoração deve ser “em espírito”. Isto envolve o homem interior, exigindo sinceridade e amor. A adoração inclui mais do que meras formas de devoção externa. Muitas vezes Deus pronunciou uma maldição contra pessoas devotadas a formas vazias de religião.

Os judeus incrédulos tinham o coração distante do Senhor, apesar de estarem no local correto para os rituais externos. A verdadeira adoração deve fluir do coração sincero e do amor a Deus, nosso Salvador.

Da mesma forma, a adoração genuína deve ser “em verdade”. Isto é, nossa adoração deve estar de conformidade com a revelação escrita de Deus. Existe, de fato, uma medida externa para a nossa adoração. É comum, nos dias de hoje, ouvir comentários de que o “coração” é tudo o que importa: um conceito errado de que a sinceridade de motivos e a emoção fervorosa sejam a substância da adoração genuína. Mas Cristo não reduz a essência da adoração à adoração em espírito; ele acrescenta a medida da verdade. A adoração aceitável é mais do que a exaltação sentimental de um coração ardente. Sem a verdade tal fervor é uma ofensa diante de Deus; é zelo, mas “não com entendimento” (Rm 12:2).

As afirmativas de Cristo sugerem uma advertência solene. Por sua referência a “verdadeiros adoradores” (Jo 4:23). Podemos perceber algo distinto que os separa dos outros adoradores. Em outras palavras, existe uma classe de adoradores que são falsos em sua adoração. Portanto, devemos examinar a nossa própria adoração cuidadosamente para que possamos discernir a classe a qual pertencemos.

Para ver o artigo completo acesse o site Eleitos de Deus

Fonte: [ Blog dos Eleitos ]

segunda-feira, 7 de março de 2011

Uma parábola sobre o papel da igreja durante o carnaval


Por Hermes Fernandes

Epêneto era o presbítero responsável pela igreja em Roma, desde que Priscila e Áquila tiveram que deixar a cidade em busca de novos campos missionários. Epêneto foi um dos primeiros a se converterem através do trabalho realizado por Paulo nessa cidade.

Aquela igreja era muito ativa, sempre aberta a acolher as pessoas. Quando havia algum cataclismo, fome ou guerra, os cristãos se mobilizavam para socorrer as vítimas. Por causa de seu envolvimento com a dor humana, ganhou a simpatia de todos, inclusive de funcionários do palácio de César.

Num belo dia, ouviu-se o clangor do clarim. Todos se reuniram para ouvir o que o mensageiro do império tinha para anunciar. Em duas semanas, o exército romano estaria chegando de uma campanha militar bem-sucedida. O próprio César o receberia com uma Parada Triunfal, que seria seguida de um feriado prolongado dedicado aos deuses Marte e Saturno, também conhecidos como Apolo e Baco, divindades da guerra e do vinho, respectivamente. Seria uma grande festa, regada a bebidas alcoólicas e todo tipo de luxúria. A população sairia às ruas para assistir ao desfile das tropas romanas, dando-lhes boas-vindas, e assistiriam à execução de milhares de prisioneiros. Ninguém trabalharia naqueles dias.

Epêneto ficou preocupado com a notícia. Qual deveria ser o papel da igreja durante essa festa pagã? Ainda inexperiente como líder, reuniu alguns dos mais antigos membros da igreja para discutir o que fazer.

Um deles, chamado Narciso, pediu a palavra e deu sua sugestão:

- Amados no Senhor, por que não aproveitamos o ensejo para promover um desfile paralelo, onde demonstraremos ao mundo a nossa força, revelando a todos nossa lealdade ao Rei dos reis, Jesus Cristo? Podemos até copiar algumas de suas canções, adaptando-as à nossa fé. Em vez de exibirmos prisioneiros, exibiremos testemunhos daqueles que foram salvos. Vamos montar nosso próprio bloco, quer dizer, nossa própria parada triunfal. Pode ser uma grande oportunidade evangelística.

Epêneto, depois de algum tempo pensativo, respondeu: Caro Narciso, a idéia parece muito boa. Porém, quem ouviria nossa voz durante os momentos de folia? Nosso modesto bloco se perderia no meio de toda aquela devassidão. Ademais, a maioria das pessoas estará embriagada, incapaz de entender nossa mensagem. Também não estamos preocupados em dar uma demonstração de força. Jesus disse que nosso papel no mundo seria semelhante à de uma pitada de fermento, que de maneira discreta, sem chamar a atenção para si, vai levedando aos poucos toda a massa. Por isso, acho que sua idéia não é pertinente. Quem sabe em gerações futuras, haja quem a aproveite?

Levantou-se então Andrônico, que gozava de muito prestígio por ser parente de Paulo, e sugeriu:

- Amados, durante o Desfile Triunfal e as Saturnais, a situação espiritual da cidade ficará insuportável. Divindades pagãs serão invocadas, orgias serão promovidas em lugares públicos à luz do dia. Não convém que estejamos aqui durante essa festa da carne. A melhor coisa a fazer é nos retirarmos, buscarmos um refúgio fora da cidade, e aproveitamos esse tempo para nos congratularmos, sem nos expormos desnecessariamente às tentações da carne.

Todos acenaram com a cabeça, demonstrando terem gostado da idéia. Já que seria mesmo feriado, ninguém precisaria trabalhar. Um retiro parecia a melhor sugestão.

O velho presbítero ficou um tempo em silêncio, meditando. Todos estavam atônitos esperando sua palavra, quando mansamente respondeu:

- Irmãos, não nos esqueçamos de que somos o sal da terra e a luz do mundo. Se no momento de maior trevas nos retirarmos, o que será desta cidade? Por que a entregaríamos ao controle das hostes espirituais das trevas? Definitivamente, nosso lugar é aqui. Não Precisamos de exposição, como sugeriu nosso irmão Narciso, nem de fazer oposição à festa, retirando-nos da cidade, como sugeriu Andrônico. O que precisamos é estar àdisposição para acolher aos necessitados, às vítimas da violência, aos desassistidos, aos marginalizados.
A propósito, não temos estado sempre disponíveis para atender as pessoas durante as tragédias que tem abatido o império? E o que seriam tais desfiles, senão tragédias morais e espirituais? Saiamos às ruas, mesmo sem participar da folia, e estendamo-los as mãos, em vez de apontar-lhes o dedo, oferecendo compaixão em vez de acusação, amor em vez de apatia. Que as casas que usamos para nos reunir estejam de portas abertas para receber quem quer que seja, e assim, revelaremos ao mundo Aquele a quem amamos e servimos. Afinal, o reino de Deus se manifesta sem alarde, sem confetes, sem barulho, mas perturbadoramente discreto.


Depois dessas sábias palavras, ninguém mais se atreveu a dar qualquer outra sugestão.


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Fonte: Hermes Fernandes. Divulgação: Púlpito Cristão