Isvonaldo sou Protestante

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sábado, 2 de novembro de 2013


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Por Morton H. Smith


Integridade Doutrinária

Nesta era de lassidão geral e afastamento da fé cristã ortodoxa, uma das maiores necessidades é o retorno à integridade doutrinária. Em especial, os homens responsáveis pela pregação sagrada deveriam ser homens que ensinam a verdade, e nada mais do que a verdade da Palavra de Deus. Uma das urgentes necessidades deste mundo de trevas, repleto de falsidade, é a proclamação clara da verdade da Palavra de Deus.

A tentação de Satanás para Eva ocorreu na área da integridade doutrinária. Ele ousou acusar a Deus de falta de integridade. A queda do homem resultou em que a tentação permanente do mundo, da carne e do Diabo é sermos menos do que verdadeiros em nosso viver diário. Como Jesus disse, Ele mesmo é a verdade e a vida; por isso, o evangelho envolve uma proclamação da verdade em um mundo de mentiras. Todos os cristãos devem, mediante o seu testemunho por Cristo, declarar toda a verdade do evangelho.

Todo o conhecimento que podemos encontrar neste mundo foi colocado aqui por Deus, o Criador. Em última análise, toda a verdade está em Deus. Ele é a fonte de toda a verdade que encontramos no mundo que ele criou. Portanto, quando Deus falou a Adão as palavras da aliança de obras, proibindo-o de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele afirmou a verdade para Adão. Na tentação dirigida a Eva, Satanás declarou abertamente que isso era falso. Quando Jesus falou com os judeus incrédulos, ele lhes disse que Satanás é o pai da mentira: "Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44). A incredulidade deles se alicerçava no fato de que tinham um coração pecaminoso e não-regenerado.

Em outra ocasião, Jesus falou sobre si mesmo nestes termos: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6). Ele estava afirmando que, desde o momento em que Satanás introduziu a mentira, ou a falta de integridade no mundo, e que Adão a abraçou em sua queda, uma das necessidades básicas do mundo é a reintrodução da verdade. E foi exatamente isso que Jesus declarou estava fazendo no mundo. Também disse que só existe um meio de salvação: vir a ele, que é a própria verdade. Jesus testemunho isto a Pilatos: "Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (Jo 18.37). Pilatos respondeu cinicamente: "Que é a verdade?", mostrando assim sua natureza não-regenerada.

Nesse mesmo evangelho, lemos que Jesus confiou aos seus discípulos o ministério que recebera do Pai: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade" (Jo 17.17-19). Jesus estava rogando que o Pai santificasse os discípulos "na verdade", para que pudessem proclamar a verdade de seu Evangelho neste mundo de falsidade e trevas.

A grande comissão de Jesus, registrada em Mateus 28, define a missão da igreja em dois empreendimentos. Primeiramente, ela deve evangelizar o perdido e, assim, unir os eleitos na igreja. Em segundo, a igreja deve ensinar aos seus membros todas as coisas reveladas nas Escrituras. Qualquer outra coisa que a igreja faça tem de ser subsidiária a essa comissão. Tanto a evangelização como o ensino dos membros exigem que a igreja mantenha integridade doutrinária. Qualquer falha em cumprir isso é desobediência à ordem de Cristo para a igreja.

Se isso é verdade, é óbvio que Deus colocou sobre os ministros da Palavra a absoluta necessidade de serem leais e fiéis à Palavra em sua pregação e ensino. Tornar-se verdadeiro intérprete da Palavra é o dever sublime e celestial de cada homem que prega as Escrituras. Visto que a Palavra foi dada tanto no hebraico como no grego, os pregadores têm de ser capazes de abordar essas línguas de modo tão suficiente, que entendam apropriadamente o texto que desejam proclamar às suas congregações. Em outras palavras, a exigência de integridade no ministério da Palavra exige dos pregadores o compromisso de estudarem a Palavra em suas línguas originais.

Uma parte da verdadeira interpretação da Bíblia inclui o entendimento de como textos específicos se enquadram em todo o sistema de verdade apresentado nas Escrituras. Portanto, o ministro da Palavra precisa estar ciente de todo o sistema de teologia apresentado na Bíblia. O estudo da história da igreja revela que a igreja medieval perdera amplamente a verdade bíblica, visto que substituíra o ensino da Palavra de Deus pela tradição dos homens.

A Reforma produziu um novo compromisso com o princípio de Sola Scriptura. O resultado foi a redescoberta do evangelho pela igreja, à medida que procurava ser reformada pela Palavra de Deus. Um dos benefícios da Reforma foi a destilação dos dogmas da igreja em vários Credos ou Confissões reformados. Foram produzidas cerca de 39 Confissões; e um dos fatos notáveis é que elas mantinham um unidade básica.

A fim de preservar a integridade da pregação nessas igrejas, exigiu-se dos ministros que subscrevessem a Confissão das igrejas em que serviam. Uma forma histórica de subscrição exigida até hoje por algumas denominações é esta: "Você recebe e adota a Confissão de Fé e o Catecismo desta igreja como documentos que contém o sistema de doutrina ensinado nas Escrituras Sagradas?". Em outras palavras, o ministro a ser ordenado está dizendo que a Confissão de Fé e o Catecismo de Westminster afirmam o que ele acredita ser o ensino da Bíblia. Cumpre àqueles que assumem essa subscrição serem fiéis em sua pregação e ensino e proclamarem todo o desígnio de Deus expresso nas Escrituras e interpretado nas Confissões da igreja. Deixar de fazer isso significa corromper a integridade doutrinária que o Senhor espera de seus servos.

Em nossa evangelização, tendemos frequentemente a insistir em uma resposta emocional ao evangelho, sem antes transmitir apropriadamente as grandes doutrinas da fé cristã à pessoa. Precisamos reconhecer que uma resposta correta do coração ou da consciência só pode ser manifestada depois que a verdade do evangelho é comunicada ao pecador. Uma resposta bíblica genuína acontece somente quando a verdade do Evangelho é compreendida. Percebemos, assim, a necessidade de integridade doutrinária por parte de todos os cristãos, que devem ser testemunhas do evangelho para o mundo que nos rodeia.

- Sobre o autor: Dr. Morton H. Smith é Prof. de Teologia Bíblica e Sistemática no Greenville Presbyterian Theological Seminary, SC

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Fonte: Os Purtianos

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