Isvonaldo sou Protestante

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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O Pré-requisito para Educação Teológica de Acordo com John Owen

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Por Rev. Charles Bradley


John Owen é, às vezes, citado como “o grande teólogo Britânico de todos os tempos.” Ele viveu na Inglaterra no século dezessete quando o Puritanismo estava no seu auge, morrendo com a idade de sessenta e sete anos em 1683. Ele foi um escritor prolífico e profundo. Tamanha foi sua influência que muitos de seus trabalhos continuam a ser reimpressos hoje em dia.

Alguns podem levar a questão, “Por que considerar os pensamentos de alguém tão distante do cenário contemporâneo na educação teológica, afinal?”.  Há uma razão importante para levar em conta o que Owen tem a dizer seriamente: Existe uma falha crescente e separação entre teólogos e ministros no pastorado. Teologia, na prática, é cada vez mais a província do seminário e da classe de aula é cada vez menos do que o pastor na igreja local. John Owen, em contraste, foi tanto teólogo quanto pastor.  Além disso, ele é típico desses Reformadores ambos no Continente e na Inglaterra que, como Merle d’ Aubigné observou, “… sempre combinavam atividades aprendidas com seus trabalhos práticos: estes trabalhos eram seus objetivos, seus estudos foram seus recursos” [História da Reforma, 2:362]. Grande parte do trágico desperdício e fraqueza na igreja contemporânea pode ser delineada pelo divórcio da teologia e do ministério prático. Parece lógico voltar e examinar o que era essencial na educação teológica nas mentes dos pastores-teólogos da grande Reforma—dos quais Owen é um exemplo notável. Talvez tal exame fornecerá uma correção necessária.

Antes de alguém poder entender os pré-requisitos essenciais para educação teológica de Owen, deve familiarizar-se com a posição de Owen pertinente aos objetivos da educação teológica. Para Owen, a busca por conhecimento era seu principal objetivo e propósito primário, primeiro “viver aceitavelmente diante de Deus” [Biblical Theology 668] e, segundo, “o cultivo da mais santa e doce comunhão com Deus, onde reside a verdadeira felicidade da humanidade” [Biblical Theology 618]. Que ele manteve este propósito como fundamental para o estudo teológico não é necessário dizer. Ele esperava que ministros fossem afetados pela palavra de Deus num nível pessoal antes de seu avanço no ministério público. Apenas, então, ele considerava os homens qualificados para buscar o desenvolvimento de capacidade e habilidade nas áreas práticas de serviço [Works of John Owen 9:455-463].

Uma coisa permanece clara nos escritos de Owen: Nem teologia, nem ministério prático, nem sequer o processo de educação sempre serviram como fins em si mesmos. Seu objetivo sempre foi que a glória de Deus fosse exibida através da vida do ministro-estudante, e que a presença de Deus fosse manifesta em sua vida e ministério. Ambos são derivados da comunhão com Deus a nível pessoal.  É um eufemismo dizer que os paradigmas modernos da educação teológica, com suas ênfases nos processos e resultados, não edificam o ministro-estudante ou aumentam sua própria comunhão com Deus.  Apenas um olhar para o nível de frustração e desapontamento experimentado por ministros para perceber que o objetivo de Owen não é estimado atualmente, e é raramente alcançado.

Neste ponto muitos leitores podem ser tentados a parar de ler. Para a mente moderna, os pré-requisitos essenciais para educação teológica de Owen são simples ao ponto de ser absurdo: O estudante de teologia deve ser totalmente convertido a Cristo. Porém, apenas na história recente da igreja a conversão a Cristo tornou-se de fato, um caso, uma matéria, um simples assunto. Em tempos de avivamento e reforma genuína, o que a igreja moderna toma apenas como informação (que a salvação é um assunto rápido e fácil) é o elemento central na vida da igreja. Isto certamente foi verdade nos dias de Owen. A conversão da alma era de importância vital.

Deixar de examinar a questão da necessidade de regeneração na educação teológica é fazer um pouco mais do que admitir que a reforma genuína da igreja não vale a pena ser buscada. Talvez devêssemos ouvir o que Owen tem a dizer.

Primeiro, Owen afirma que a disciplina da teologia é única. É o oposto da ciência natural, na qual não é baseada sobre observação, mas sim sobre a revelação de Deus nas Escrituras. O teólogo deve, necessariamente, ser estudante do “o livro.” Ainda, na mente de Owen, mero reconhecimento da autoridade e verdade das Escrituras não é suficiente para assegurar o sucesso na busca por teologia.  A Bíblia não pode ser abordada da mesma maneira que os estudantes estudiosos, em outras disciplinas, procuram textos relacionados à sua própria área. Para Owen, a razão é simples o bastante: A Bíblia é o livro de Deus, revelando a verdade que não pode ser descoberta de outra maneira, senão por sua revelação. As verdades da Escritura cobrem os assuntos mais importantes que podem ocupar os pensamentos do homem: Caráter de Deus, a pecaminosidade humana, incapacidade humana, e a gloriosa obra de redenção em Cristo. Para Owen, as Escrituras devem ser abordadas com a mesma reverência devida a Deus, pois nelas Deus tem falado. Estudantes de teologia devem, portanto, entender que a natureza das Escrituras exigem mais do que a razão humana sem ajuda pode fornecer. Isto deve ser entendido e corrigido antes que qualquer benefício possa ser obtido em seus estudos. Formulando este ponto Owen exclama:

“Oh, que Deus abra os olhos dos estudiosos para ver que as questões da teologia são totalmente diferentes dos objetivos da filosofia, e que o seu estudo necessita de uma atitude diferente da mente, outra disposição de caráter, um novo coração, do que aqueles que eles estão acostumados a abordar “na roda de aprendizagem humana”! Ele também afirmou que “ninguém pode compreender ou corretamente entender teologia evangélica pela força humana ou confiança no intelecto, usando a assistência externa ele vai…” [Biblical Theology 592].

Assim, para Owen, teologia não pode ser um trabalho estritamente humano. Nem Deus, nem as Escrituras podem ser estudados da mesma maneira que um biologista, por exemplo, se aproxima de uma dissecção. O estudante de teologia deve ter uma atitude diferente para com esse assunto—uma mente diferente; pois este é o mais nobre dos objetivos. Seu campo de trabalho demanda muito mais daquilo que ele é capaz de fazer. Seu assunto ordena respeito e adoração. Seu método insiste num novo coração e disciplina rigorosa. Seu objetivo não é tanto catalogar e classificar; mas tornar-se um adorador e servo. Da mesma forma que Deus é a fonte da Escritura, Ele também é a fonte de um coração regenerado. O ministro-estudante deve reconhecer isso e responder ao consagrar sua vida, a fim de atingir esse objetivo. Com estas coisas em vista, não vem como surpresa que Owen dogmaticamente afirma que Deus deve ser um participante ativo no estudo da teologia; e sem a Sua participação, nada de importância duradoura será ganho. Ele comentou: “Da minha parte, se eu trouxer para este estudo qualquer entendimento que Deus graciosamente tem o prazer de conceder-me, e se Ele abençoou meu propósito e oração por tal, e por meu labor os piedosos são beneficiados, então, Eu considero que, entre muitas bênçãos, recebi somente da graça soberana” [Biblical Theology 592]. Algo essencial para o estudo teológico é que a pessoa embarcando em tal objetivo seja completamente nascida de novo “num caminho salvífico e benéfico.” O corolário necessário para a regeneração do estudante é que aqueles ensinando teologia devem ser também, recipientes de um coração regenerado, antes que eles possam levar o título de teólogos, no sentido pleno e adequado da palavra. Como Owen observa, “Nunca vamos conceder o título de teólogo a qualquer um que não é discípulo de Cristo, ou qualquer que não seja Cristão, ou os que são incapazes de fazer as coisas comandadas por Cristo” [Biblical Theology 616].

É indispensável, a consideração que normalmente é ignorada como um dado, porque, sem ela, o homem não tem a capacidade de entender e se beneficiar das Escrituras.  Ele também é impotente para resistir a grande tentação da qual muitos teólogos e escolas teológicas sucumbem: incorporar os objetivos e métodos de outras disciplinas para os alunos na educação teológica, para ganhar a atenção e respeito dos acadêmicos do lado de fora da igreja. Owen reconheceu esta tentação para a corrupção do estudo das Escrituras como existente na igreja primitiva, citando a defesa de Paulo de seu ministério a Igreja dos Coríntios e seus escritos de Efésios 1:8-9,17,19 e Colossenses 1:27-28, 2:2, 8-9. Owen corretamente identificou a fonte dessa corrupção, como um desejo dos teólogos não-regenerados de fazer sua própria teologia em conformidade com o método dos não-regenerados, estes, afim de elevar a teologia à respeitabilidade do mundo, e ganhar o louvor dos homens.

A desvantagem de tal conduta, é que a verdade do evangelho é prejudicada por qualquer empreendimento desse tipo. Consequentemente, a mensagem do evangelho, ao invés de ser o soar claro de uma trombeta, assume a forma de uma confusa conversa de três vias que ninguém compreende, e que poucos ouvem. O ministro-estudante inconscientemente desce do ar puro da montanha de seu Deus, e sua teologia de Deus para chafurdar na lama do carisma religioso e manipulação. Naquele lugar, ele acaba – na melhor das hipóteses, com um coração vazio, técnicas de um intelecto inútil fazendo seu dever profissional por causa de seus deuses. Se John Owen fosse avaliar a educação teológica hoje, ele poderia muito bem concluir que os grandes problemas não são com os métodos ou com as instituições, mas com Adão raramente desafiando o reinado de ambos.

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Sobre o autor: Rev. Charles Bradley é pastor da Hopewell Associate Reformed Presbyterian Church em Culleoka, Tennessee.

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Traduzido por César Augusto Vargas Américo

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