Por Augustus Nicodemus Lopes
Já no séc. II apareceram evangelhos apócrifos com histórias fantasiosas sobre Jesus, boa parte deles produzidos por gnósticos e seitas como os Cainitas. A igreja cristã os rejeitou exatamente porque eram recheados destas histórias absurdas. Qual, então, o valor real de um fragmento de 9 linhas supostamente do séc. II sugerindo que Jesus tinha uma esposa, se comparado com os 5 mil manuscritos do Novo Testamento, datados do séc. II em diante, e que omitem qualquer referência ao fato? Mais um exemplo de notícia sensacionalista tipo Código da Vinci.
Aproveito para indicar o excelente artigo de Reinaldo Azevedo sobre este tema.
Fonte: O Tempora! O Mores!
Leia também: Por Que Não Aceito os Evangelhos Apócrifos.
Vejam esta notícia no Estadão sobre a descoberta de fragmento onde Jesus diz, "minha esposa...":
ROS KRASNY - Reuters
Um fragmento de um antigo papiro escrito no antigo idioma copta, e até agora desconhecido, contém frases que sugerem que Jesus tenha sido casado, numa descoberta que deve alimentar o acalorado debate sobre esse tema no mundo cristão.
A existência do fragmento do século 4o, não muito maior do que um cartão de visitas, foi revelada na terça-feira numa conferência proferida em Roma por Karen King, professora da Escola de Divindade de Harvard, de Cambridge (Massachusetts).
Nesse pedaço, leem-se as palavras: "Jesus disse a eles: minha esposa...".
"A tradição cristã por muito tempo manteve que Jesus não foi casado, embora nenhuma evidência histórica confiável exista para amparar essa afirmação", disse King em nota divulgada por Harvard.
"Esse novo Evangelho não prova que Jesus foi casado, mas nos diz que toda a questão só apareceu como parte dos inflamados debates sobre sexualidade e casamento."
Apesar da posição oficial da Igreja Católica de que Jesus nunca se casou, o tema reaparece regularmente - especialmente em 2003, quando da publicação do best-seller "O Código da Vinci", que irritou muitos cristãos por se basear na ideia de que Jesus se casou e teve filhos com Maria Madalena.
King disse que o fragmento, apresentado no Décimo Congresso Internacional de Estudos Coptas, representa o primeiro indício de que alguns protocristãos acreditavam que Jesus havia sido casado.
Roger Bagnall, diretor do Instituto para o Estudo do Mundo Antigo, em Nova York, disse acreditar que o fragmento, chamado por King de "O Evangelho da Esposa de Jesus", seja autêntico.
Mas especialistas ainda irão analisar melhor o fragmento e submetê-lo a testes, com especial atenção para a composição química da tinta.
O fragmento, esfarrapado e amarelado, pertence a um colecionador privado anônimo, que contatou King para que o ajudasse a analisar e traduzir o material, que teria sido descoberto no Egito ou talvez na Síria.
King disse que só por volta do ano 200 a afirmação de que Jesus era solteiro começou a aparecer, por intermédio de um teólogo conhecido como Clemente de Alexandria.
"Esse fragmento sugere que outros cristãos desse período estavam dizendo que ele foi casado", afirmou ela, ressaltando que o papiro não comprova a existência de uma esposa de Jesus.
"A tradição cristã preservou apenas aquelas vozes que diziam que Jesus nunca se casou. O ‘Evangelho da Esposa de Jesus' agora mostra que alguns cristãos pensavam o contrário."
A análise de King deve ser publicada em janeiro de 2013 pela Harvard Theological Review. Ela já divulgou um esboço do trabalho (em inglês) e imagens do fragmento no site da Escola de Divindade de Harvard: http://www.hds.harvard.edu/faculty-research/research- projects/the-gospel-of-jesuss- wife Fonte: Estadão
Já no séc. II apareceram evangelhos apócrifos com histórias fantasiosas sobre Jesus, boa parte deles produzidos por gnósticos e seitas como os Cainitas. A igreja cristã os rejeitou exatamente porque eram recheados destas histórias absurdas. Qual, então, o valor real de um fragmento de 9 linhas supostamente do séc. II sugerindo que Jesus tinha uma esposa, se comparado com os 5 mil manuscritos do Novo Testamento, datados do séc. II em diante, e que omitem qualquer referência ao fato? Mais um exemplo de notícia sensacionalista tipo Código da Vinci.
Aproveito para indicar o excelente artigo de Reinaldo Azevedo sobre este tema.
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