Isvonaldo sou Protestante

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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

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Por Rev. Leandro Lima


A fé reformada, aquela que desde o Sec. 16 proclama a exclusividade da Bíblia como regra de fé e prática, que busca conduzir todos os aspectos da vida para a glória de Deus, tem sido redescoberta nesses tempos pós-modernos. Em grupos de compartilhamento em redes sociais se multiplicam todos os dias os admiradores (e também os críticos) dessa visão teológica. Mas será que há um genuíno reflorescimento da fé reformada nos dias atuais? Apesar do meu desejo pessoal de acenar positivamente, algumas coisas têm me feito ficar menos empolgado. Identifico inicialmente dois problemas com o único objetivo de promover reflexão e amadurecimento.

Resumo o primeiro problema como "muita discussão, pouca santidade". Espanta-me ver o modo como muitos crentes ditos reformados se comportam em redes sociais. O baixo nível do linguajar, a ira e animosidade diante do pensamento contrário, a absoluta falta de respeito. Ou seja, o problema é a falta de um verdadeiro testemunho de humildade e piedade que foi o estilo de vida dos grandes reformadores do passado. Outro dia, num fórum as pessoas estavam perguntando a opinião dos demais sobre um pregador brasileiro. Espantou-me ver o modo desrespeitoso como a maioria se referiu, mesmo o homem sendo reconhecido como um fiel expositor da Bíblia. “Ele é cópia do fulano” disse alguém. “Ele é exagerado naquilo” disse outro. Até críticas ao modo de se vestir e outras que eu teria vergonha de relatar aqui. Que é feito do respeito? Onde foi parar a polidez? Se não respeitam mais os próprios pastores, a quem respeitarão? De fato, a internet, às vezes, parece mesmo um grande “rebanho sem pastor”. Também se podem ver na internet fotos de pessoas fumando e bebendo ao lado de imagens de Spurgeon ou de Calvino. E a preocupação com o testemunho? Sei de “defensores” de doutrinas calvinistas que, infelizmente, dividem a mesma tela do computador com o grupo de discussão e sites pornográficos.

Em segundo lugar, identifico também “muita discussão, pouco conteúdo”. Ou seja, há um conhecimento superficial das doutrinas, levando muitos a tomar o todo pelas partes. Pessoas jovens demais, com conhecimento bem relativo, que fazem leituras apressadas dos textos dos reformadores (como lêem posts do facebook), sem a devida maturação, acabam tendo impressões muito equivocadas da teologia reformada. Nesse sentido, muitos escolhem suas "doutrinas favoritas” das quais fazem o "cavalo de batalha”, e tentam se promover defendendo pontos de vista polêmicos e complexos, deixando de tratar desses temas com o cuidado e a reverência que os reformadores trataram no passado. Predestinação e a origem do mal estão entre as doutrinas mais abusadas dos dias atuais.

Meu conselho é o seguinte: se queremos ser reformados, precisamos entender que a teologia reformada não é meramente a defesa dessa ou daquela particularidade doutrinária, antes é um modo de vida consistente, que engloba o conhecimento profundo das Escrituras, o exercício intenso da piedade individual, a proclamação inteligente do Evangelho, e a consagração de todos os aspectos da vida diária para a glória de Deus. Do contrário, ela será deformada e não reformada.

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Fonte: Perfil do autor no Facebook

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