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Por Ednaldo Cordeiro
Einstein certa vez disse que “Deus não joga dados”, e ao que parece essa frase se eternizou. Hoje eu digo que Deus não joga xadrez. Arminianos, apesar de obstinados, muitas vezes não gostam de ser confrontados no tocante a suas premissas, os que isso fizeram e se mantiveram coerentes com suas crenças tornaram-se teístas abertos.
Por estes dias mantive conversa com um arminiano que não acredita na impecabilidade de Cristo, ou seja, ele acredita que Cristo poderia pecar, para isso ele usou o “se” preferido dos arminianos, o “se quisesse”. Evidentemente a cristologia desse irmão (quero crer que seu posicionamento seja apenas fruto do mau doutrinamento presente na maioria das igrejas atuais) é distorcida, por separar o homem Jesus do Deus Jesus, coisa que é impossível, pois Sua natureza divino-humana é inseparável. Dizer que Jesus poderia pecar é o mesmo que afirmar que Deus pode pecar. Para isso ele raciocina da seguinte forma: “se Jesus não fosse pecável, não poderia representar plenamente o homem, pois todas as suas tentações seriam uma encenação, e a cruz apenas um espetáculo”.
Uma coisa que devemos compreender é que opção não é igual a possibilidade. Se alguém me perguntar: “Cristo, diante das tentações, tinha a opção por pecar?”, responderei que sim, ele tinha esta opção; mas se alguém me perguntar: “Cristo diante das tentações PODERIA pecar?”, a resposta será um retumbante NÃO, Ele não poderia, tanto que não pecou.
Para demonstrar isso vou me disfarçar de arminiano e, ao invés de usar a fórmula calvinista dos Decretos Eternos de Deus, vou usar a fórmula arminiana da presciência. Vou deixar o exemplo de Jesus de lado e passar para o exemplo de Adão, que inclusive alguns calvinistas afirmam ser o único homem a possuir livre-arbítrio, coisa da qual eu discordo.
Um arminiano comum diz “Adão poderia não ter pecado se quisesse”, primeiro essa assertiva é completamente contrária ao arcabouço teológico arminiano.
Vejamos, todos os arminianos afirmam que Deus não interfere nas decisões humanas, mas os deixa livres para fazerem suas escolhas, e ao mesmo tempo afirmam a presciência divina, ou seja, Deus sabe qual será a decisão humana antes mesmo deste fazer sua escolha. Pois bem, pergunto: o que Deus viu Adão fazendo após tomar o fruto proibido das mãos de Eva? Resposta simples e direta: viu ele comê-lo. Pois bem, se Deus viu ou previu Adão comer o fruto, como podemos afirmar que Adão poderia não ter comido? Isso é completamente ilógico, e destrói, ou a suposta liberdade do homem ou a presciência divina.
Agora deixe-me colocar de outra forma, se eu perguntar: “Adão tinha a opção para não pecar?”, sim, ele tinha essa opção, mas de forma alguma ele poderia não comer o fruto pois o seu futuro já estava definido pela presciência. O grande problema é que o homem natural, ao invés de buscar conhecer a Deus mediante as Escrituras, cria um Deus a sua imagem e semelhança, e só aplica atributos divinos presentes nas Escrituras quando deseja defender seu ponto de vista distorcido, como por exemplo, a “eleição por presciência”, mas quando aplicamos a presciência de forma coerente eles pulam fora.
Diante disso a maioria começa a tender para o molinismo. Molinismo é a doutrina criada pelo jesuíta Luis Molina, daí o nome, que defende que Deus não conhece apenas o futuro, mas todas as opções de futuro possíveis. Essa doutrina foi inicialmente criada numa tentativa de conciliar a onisciência divina e o livre-arbítrio humano, porém ela não resolve problema algum, pelo contrário, deixa Deus numa posição de expectativa, pois a priori Ele sabe o que fazer em resposta a determinada decisão do homem, mas efetivamente não sabe que escolha o homem fará. De qualquer forma, reduz Deus a um mero espectador e coloca o homem como o protagonista da história. Por isso o título da postagem, pois num jogo de xadrez é importante antecipar as jogadas dos adversário para que haja chance de vitória.
Para concluir, numa tentação possuímos duas opções: ceder ou resistir; sabemos qual devemos escolher, mas nunca realmente sabemos o resultado. Adão possuía duas opções, resistir ou ceder à tentação da serpente, sabia que não devia comer do fruto, mas não podia escapar do resultado decretado (ops!) previsto por Deus. Isso simplesmente porque o futuro a Deus, e somente a Ele, pertence. Existem opções? SIM! Existe a possibilidade de agir de forma contrária àquilo que Deus já viu? NÃO!
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