Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

sábado, 13 de setembro de 2014

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Por Matt Perman


Liberdade Arminiana é impossível

Tendo visto que o compatibilismo tem sucesso em mostrar a consistência da soberania divina e da responsabilidade humana, nós iremos mostrar a inconsistência da visão arminiana. Na verdade, eu espero mostrar que a forma arminiana de liberdade não é apenas impossível, mas irá destruir a responsabilidade moral. Existem três principais afirmações da liberdade arminiana que nós iremos resumidamente examinar:

1. Nós temos poder de autodeterminação de modo que determinamos nossas próprias escolhas.
2. Anterior ao ato de escolha, nossa mente está num estado de indiferença – que é, não há nada necessariamente induzindo a mente em uma das duas direções.
3. Nossas escolhas são contingentes – elas não são necessariamente resultado de conexões acidentais anteriores. Em outras palavras, para qualquer situação dada, nós poderíamos ter escolhido de outra forma. Isso é um corolário lógico do ponto 2, que nossas escolhas são feitas de um estado de indiferença.

O poder de determinação última é impossível

Considerando a primeira suposição, é impossível para a vontade humana ser autodeterminante? Eu penso que não. Nós vimos anteriormente que todas as nossas escolhas têm uma causa. Alguns arminianos poderiam argumentar que nossas escolhas realmente têm uma causa – elas são causadas pelo agente. Mas, eles diriam, não há nada que cause o agente a agir. Porém, suas escolhas são completamente autodeterminadas. Sem serem causadas por qualquer coisa mais, o agente causa suas próprias escolhas. As coisas que nós vimos acima para argumentar pelo compatibilismo são suficientes para refutar a crença arminiana da autodeterminação.

Primeiro, eles estão apenas trazendo o problema um passo para trás. É obvio que a escolha tem uma causa. Mas eles estão dizendo que o agente que fez a escolha não foi causado a fazer isso. Como vimos anteriormente, é impossível, porque tudo que acontece deve ter uma causa.

Segundo, não é o ato do agente de causar sua própria escolha em si mesma uma escolha – a escolha para fazer uma escolha? Se for, isso significa que Ele está fazendo uma escolha antes que Ele faça sua escolha! Terceiro, a visão arminiana contradiz todas as evidências que mostram que nossas escolhas não são autodeterminadas, mas são determinadas por nossas preferências. Quarto, se for afirmado que o agente causa sua própria escolha determinando suas preferências, a inconsistência do que crê nisso também foi mostrada acima.

Em outras palavras, a objeção essencial para o que crê que nós possuímos poder de autodeterminação é similar a objeção que nós vimos anteriormente dada à ideia que nós escolhemos nossos próprios desejos. Sobre a visão arminiana, devemos perguntar: Por que realmente o agente fez a escolha que ele fez? Foi aquela um resultado de suas escolhas também? Se não, então o ato não foi autodeterminado e, logo, isso não é consistente com a agência moral na visão arminiana. Se fosse um resultado da escolha, então, isso apenas volta um passo no problema. Pelo que, por que ele escolheu fazer a escolha que ele fez? Foi aquela escolha também um resultado de uma escolha anterior? Como podemos ver, o problema se mantém voltando para trás para sempre. Pode não haver um fim para isso, mas ao invés disso, isso resulta no absurdo da regressão infinita – uma cadeia de causas que não tem começo.

Frequentemente, um arminiano tentaria sair desse arrazoado dizendo que o agente “simplesmente escolhe”. Mas isso pede a pergunta, por isso ser simplesmente repetição da dificuldade e, então, deixa o buraco da objeção não endereçada. Além disso, a declaração que o agente “apenas escolhe” é equivalente a dizer que ele age sem causa. Mas, como vimos anteriormente, é impossível qualquer coisa acontecer sem uma causa.

Escolher num estado de indiferença é impossível

A próxima suposição da liberdade arminiana é que a vontade é neutra o suficiente para ir em qualquer caminho. Além disso, qualquer decisão feita, nós poderíamos ter escolhido de outra forma (o que é, então, a terceira suposição da liberdade arminiana). Pelo fato de que a segunda e a terceira suposições são tão proximamente relacionadas, refutar uma é necessariamente refutar a outra. Primeiro, nós iremos agora ver que é impossível para a mente escolher em um estado de indiferença.

Enquanto o ponto de vista arminiano realmente reconhece que razões cercam nossos atos de vontade, eles negam que essas razões são fortes o suficiente para “inclinar a vontade decisivamente em um caminho ou outro. Ao invés, a vontade, a despeito de sua inclinação, é neutra o suficiente de tal modo que pode e, às vezes, realmente escolhe contrariamente à direção que a causa a inclina”.

O primeiro problema com essa visão é que contradiz a verdade que nós fazemos escolhas com um objetivo em vista. Isto é, nós agimos com um propósito. Mas, se você tem um propósito para a sua ação, você não está escolhendo de um estado de indiferença.

Segundo, ser indiferente para suas escolhas não é tido pelo senso comum como uma boa coisa – é mau para uma pessoa (em situações morais) não se importar (ou seja, ser indiferente) com que eles estão escolhendo.

Terceiro, se a vontade não tem preferência decisiva que determine a opção a ser selecionada, se A ao invés de B, então a pessoa simplesmente não poderia agir. É a situação proverbial do burro estagnado entre dois baldes de feno que ele tem igual desejo, e ele termina morrendo de fome por ser incapaz de fazer a escolha. A real escolha da opção A ao invés da opção B é o ato de determinar sua preferência por A ao invés de B. Mas, se sua escolha é de um estado de neutralidade, não há preferência a ser determinada, e, então, nenhuma escolha pode ser feita.

Quarto, para pessoa agir de um estado de indiferença é o mesmo que uma pessoa agir sem uma causa. Por que? Porque não há nada que esta necessariamente trazendo a tona a escolha. Ao invés, pode ir para qualquer lado. Mas, uma causa, por definição, é algo que necessariamente trás a tona um efeito. Se não há nada que necessariamente resulte em você escolher uma escolha em particular, então não há, por definição, uma causa para aquela escolha. Isso faz a indiferença impossível porque, como nós vimos anteriormente, nada pode acontecer sem uma causa.

É o Arminianismo, não o compatibilismo que destrói a responsabilidade moral. Neste ponto somos capazes de ver que a liberdade arminiana destrói a responsabilidade moral. Por que? Porque se nossas escolhas acontecem sem uma causa, é o mesmo que elas acontecerem aleatoriamente. Eventos sem causa são por definição eventos aleatórios. Como disse o filósofo Moritz Sclicke, não há “outra oposição à casualidade” além da chance. Mas, se nossas escolhas são eventos do acaso, então como poderíamos ter responsabilidade sobre elas? Se nossas escolhas são meramente “acidentes” aleatórios que ocorrem sem nenhuma causa, criminosos poderiam se livrar das algemas porque eles não pretenderam quebrar a lei – isso apenas aconteceu sem razão alguma. Como disse um filósofo: “se uma decisão é sem causa, ela seria inteiramente se conexão com nossos traços de caráter e nossa personalidade… como podemos ser responsáveis por uma decisão que está dissociada de nós mesmos dessa forma?”. “Um acontecimento sem causa é o idêntico a um acontecimento por acaso, e consequentemente uma vontade (não causada) destrói toda responsabilidade”. 

É verdade que os arminianos irão negar que eles acreditam que escolhas são aleatórias. Mas então, o dilema incorre nisso: “Como alguém vem a agir? Se não há condições o suficiente (causa), a pessoa não irá agir, ou, se ela agir, o ato é aleatório. Se há uma condição suficiente, então ela irá agir, mas o ato será causadamente determinado. Em qualquer caminho, indeterminismo (Arminianismo) está em problemas. indeterminismo frequentemente diz que o agente “apenas agiu”. Porém, essa afirmação simplesmente repete sua visão; isso não explica como o agente vem a agir sem ser causadamente determinado ou sem fazer uma escolha aleatória, nenhuma das quais é liberdade de incompatibilismo”.

Habilidade para fazer de outra forma

A inconsistência do Arminianismo. Em último lugar, o indeterminismo argumenta que um ingrediente necessário à responsabilidade moral é que o agente poderia ter feito de outra forma. No preceito de ser responsável por uma ação, você deve ter a habilidade de ir em ambas as direções. Se há alguma coisa fazendo uma certa decisão inevitável, sua escolha não foi livre.

Deve ter ficado evidente acima que a habilidade de fazer de outra forma é impossível em qualquer escolha. O único caminho que nós poderíamos fazer de outra forma seria também escolher contrário a nossa grande preferência ou escolher de um estado de indiferença – o que vimos ser ambos falsos. Em segundo lugar, a habilidade de fazer de outra forma significaria a habilidade de fazer escolhas sem uma causa: “Dizer que um ocorrido pode ser diferente mesmo que se todas as condições primárias imediatas sejam as mesmas, é o mesmo que dizer que o ocorrido é sem causa”. Como vimos anteriormente, é impossível qualquer coisa acontecer sem uma causa. Porém, a habilidade de fazer de outra forma também não é possível.

Além disso, nós vimos em nossa análise do compatibilismo que a habilidade de fazer de outra forma não é necessária para responsabilidade moral. Tudo que é necessário para responsabilidade moral é que você está fazendo o que você quer fazer, a parte de qualquer compulsão externa (isto é, força). Liberdade é a habilidade de tomar uma decisão não forçada que está de acordo com suas preferências.

Incapacidade moral e incapacidade natural. Neste ponto, uma distinção feita por Jonathan Edwards (e muitos outros compatibilistas, mas Edward parece ser o mais claro e profundo) irá, além de tudo, mostrar a consistência entre soberania divina e a responsabilidade humana. A distinção é entre incapacidade moral e incapacidade natural. Incapacidade moral significa a lacuna do desejo de fazer alguma coisa. Um exemplo seria se eu estivesse tão satisfeito na livraria que eu simplesmente não poderia me levantar e ir à aula. Eu não tenho o desejo de estar presente na aula e, por isso, era moralmente incapaz de ir. Incapacidade natural seria se eu fosse fisicamente impedido de ira a aula. Isso seria se eu fosse amarrado a uma cadeira e, então, eu era incapaz de ir a aula mesmo que eu quisesse.

O ponto é que a incapacidade moral não exime da culpa “conforme o julgamento quase que universal dos homens, por mais forte que o desejo de um homem seja de fazer o mal, mais incapaz ele está de fazer o bem, e ainda mais enfraquecido ele é julgado ser pelos homens. Se homens realmente acreditam que incapacidade moral exime um homem da culpa, a fraqueza de um homem iria decrescer na proporção da intensidade de seu amor pelo mal. Mas isso é contrário à sensibilidade moral de quase todos os homens”.

Porém, o compatibilismo reconhece que alguém deve ser capaz de fazer de outra forma na ordem de ser moralmente responsável. Mas isso é apenas uma habilidade natural de fazer de outra forma que é necessário, não uma habilidade moral para fazer de outra forma. Nós nunca tivemos a habilidade moral de escolher outra coisa do que escolhemos, ainda assim (como vimos) isso não remove a responsabilidade. Todas as nossas escolhas são feitas pela necessidade moral porque elas são causadas por nossas maiores preferências.
Isso nos leva à próxima distinção: necessidade moral e necessidade natural. Elas estão no outro lado da moeda. Algo é moralmente necessário se é minha grande preferência. Não posso escolher diferente do que eu mais quero. Algo é naturalmente necessário se eu sou forçado a fazer isso. Animais de estimação, por exemplo, são controlados pela necessidade natural. O guia simplesmente manipula a coleira que está presa neles e por meios físicos força-os a fazerem a ação. Se fazemos algo fora da necessidade natural, nós somos responsáveis por isso. Mas necessidade moral não remove responsabilidade.

Por exemplo, quando Martinho Lutero levantou-se foi dito pela igreja Católica Romana para desmentir seus ensinos, ele disse que ele não iria desmentir e que não poderia fazer de outra forma. Ele acreditou tão fortemente no que estava ensinando que ele necessariamente recusou desmentir. É claro que não seria razoável argumentar que, então, Lutero não estava fazendo uma escolha genuína!

O ponto é: “Na intenção de ver como a soberania de Deus e a responsabilidade humana são perfeitamente coerentes, a pessoa precisa apenas perceber que o caminho que Deus trabalha no mundo não é impondo necessidade natural nos homens e, então, tomá-los por responsáveis pelo que eles não podem fazer, mesmo apesar deles quererem fazê-lo. Burt prefere dizer que Deus dispôs todas as coisas (Efésios 1.11) de tal modo de acordo com nossa necessidade moral que todos os homens tomam apenas aquelas escolhas ordenadas por Deus na eternidade”.

Conclusão e aplicações

Concluindo, não estou declarando conhecer tudo (ou a maioria) dos caminhos de Deus nesta área. Nosso conhecimento é muito, muito pequeno. Mas eu acredito que Deus tem dado informações suficientes disponíveis para nós, para, ao menos, vermos como sua soberania é consistente com a responsabilidade moral. Nós temos visto que o compatibilismo tem êxito em mostrar sua consistência. Nós também vimos como a visão que nega a absoluta soberania de Deus e tenta preservar nos humanos um livre-arbítrio não é apenas impossível, mas parece realmente destruir a responsabilidade humana.

É sempre importante aplicar o que nós conhecemos. As coisas que vimos aqui devem nos capacitar a nos aventurar na maravilhosa sabedoria de Deus, pela qual Ele pode determinar todas as coisas sem violentar a vontade de Suas criaturas. Isso deve nos prender sob Deus, através de Cristo, em grande confiança, por sermos inteiramente dependentes de Deus para todo bem. Esta informação também deve nos ajudar a nos apoiar na grande verdade da soberania de Deus com grande confiança, e eu oro para que isso ajude a fixar muitas mentes no descanso de ambas as verdades: absoluta soberania de Deus e responsabilidade humana. É uma coisa verdadeiramente gloriosa que o Reinado Soberano de Deus não é inconsistente com Seu governo moral de Suas criaturas.

Antes de terminar, nós estamos numa boa posição para usar o que nós aprendemos a responder umas das mais frequentes questões sobre a soberania de Deus sobre todas as coisas: Por que a soberania de Deus não nos faz marionetes? Eu ofereço nove razões porque não somos marionetes (apesar de que existem muitas outras):

1. Humanos são autoconscientes, marionetes não.
2. Humanos fazem escolhas, marionetes não.
3. Humanos usam a lógica, marionetes não.
4. Humanos têm emoções, marionetes não.
5. Humanos têm preferências, marionetes não.
6. Humanos agem de acordo com suas preferências, marionetes não.
7. Humanos conscientemente fazem o que é determinado para eles, marionetes inconscientemente fazem o que é determinado para elas.
8. Humanos entendem por que eles estão fazendo o que eles estão fazendo – eles agem por alguma razão, marionetes não.
9. Marionetes são determinadas por necessidade física, humanos por necessidade moral.
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Fonte: The Consistency of Divine Sovereignty and Human Accountability
Tradução: Rev. Ricardo Moura Lopes Coelho
Revisão: Ruy Marinho

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