Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

quinta-feira, 11 de setembro de 2014



Talvez os teólogos não se ocupem mesmo de discutir o “sexo dos anjos”. Afinal, há outras preocupações. Entre elas, a aparência definitiva do messias supremo do cristianismo. Mas não apenas os peritos, é verdade. Muito se discute sobre a cor da pele, as feições, a estatura e a beleza física de Jesus Cristo.
Ok, considerando-se as dúvidas levantadas em relação à originalidade do Sudário de Turim (o Santo Sudário), é provável que críticos, fiéis e estudiosos jamais cheguem a um consenso sobre a aparência do Salvador. Entretanto, isso não nos impede de atravessar a História, recolhendo representações variadas, desde os primeiros séculos.


Há de um tudo, é verdade. Vai-se do Cristo pastor, envolto em santidade e também por um clima bucólico. Outras representações mostram o Messias ainda jovem, sem barba e com cabelos curtos. Por fim, parte-se daí para a beleza personificada durante a Idade Média, para o cristo “extraterreno” das representações globais e, por fim, para o fruto de uma investigação científica — a qual tentou se aproximar o máximo possível da fisionomia real de Jesus.
Enfim, seja você um cético, um religioso ou um amante de artes, a sequência abaixo traz consigo um belo retrato da evolução das próprias religiões cristãs — desde o século III até os dias de hoje.


Primeiras representações 
A imagem do afresco acima é uma das primeiras representações de Jesus Cristo encontradas. O retrato foi originalmente pintado nos muros de uma sinagoga na cidade síria de Dura Europos. No registro, “A Cura do Paralítico”, o Messias aparece jovem, ainda sem barba e com cabelos curtos e encaracolados.


Surgem a barba e o cabelo comprido 
As primeiras imagens do Cristo barbado e com cabelos longos datam do século IV. Acima, uma representação encontrada na Catacumba de Marcelino e Pedro. A inspiração vem das representações de deuses do panteão grego e romano, trazendo consigo uma das imagens do Cristo mais tradicionais até hoje.

O “Bom Pastor” 
O mosaico da imagem acima foi encontrado no Mausoléu de Galla Placidia e mostra o Cristo jovem e, novamente, sem barba — embora tenha sido acrescentado um halo. O Messias pode ser visto segundo a identidade do “Bom Pastor”, conforme é apresentada no evangelho de João. A representação inclui as cores púrpura e dourado, consideradas nobres, e traz a semelhança de um cidadão da Roma Antiga.

Primeira aparição dos apóstolos 
A imagem acima foi encontrada nas catacumbas de Santa Tecla, próximas à Basílica de São Pedro, em Roma. O afresco é a obra mais antiga a reunir Jesus Cristo e seus 12 apóstolos — além de Paulo. De fato, as representações dos seguidores de Cristo serviram como base para diversas outras obras ao longo dos séculos.



O bebê Jesus
Os retratos de Jesus ainda bebê começaram a surgir a partir do século IV. O mosaico acima encontra-se na Basílica de Santa Sofia, em Istambul (Turquia), e mostra a Virgem Maria embalando o Cristo, enquanto os imperadores bizantinos o presenteiam com a cidade.


No Calvário 
As imagens de Jesus Cristo no Calvário começaram a emergir a partir do Século V. O retrato acima é encontrado nos Evangelhos de Rabbula, um livro do século VI que trazia ilustrações sagradas. Trata-se, portanto, de uma das primeiras iconografias do salvador cristão crucificado — ao lado de dois ladrões convictos, conforme aparece nas Escrituras Sagradas.


A legitimidade do Sudário de Turim (ou Santo Sudário) é debatida até hoje. Há quem afirme ser o próprio manto que cobriu o rosto de Jesus Cristo, quando sepultado, mantendo assim suas feições. Entretanto, um reste baseado em radiocarbono realizado em 1988 revelou que a peça foi tecida em algum momento durante a Idade Média. Os fiéis rebatem, afirmando que apenas a restauração é recente.


Belo ou apenas comum? 
A Bíblia fornece apenas algumas poucas informações bastante vagas sobre a aparência do Messias. Dessa forma, há quem acredite em uma fisionomia pouco destacada, bastante comum para a época. Outros, como Agostinho de Hipona, acreditam que o Cristo foi também a personificação da beleza mundana. De qualquer forma, a representação de Jesus como um homem belo constituiu o padrão durante a Renascença.


O Cristo globalizado 
Há atualmente cerca de 7 bilhões de praticantes da fé cristã no mundo. Nisso se incluem diversas etnias, culturas e tradições artísticas. Dessa forma, o Cristo representado nos dias de hoje tende a ser um tanto mais “extraterreno” do que já foi um dia. Um bom exemplo é o nosso Cristo Redentor, postado no topo do Corcovado, no Rio de Janeiro (RJ). Trata-se do fruto de nove anos de trabalho, predominantemente em concreto e pedra-sabão.


Jesus forense 
A imagem acima foi idealizada por uma série da BBC exibida em 2001. Intitulado “Son of God”, o programa teve por objetivo investigar desde os traços étnicos até as formas artísticas praticadas na época de Cristo, a fim de chegar a uma “conclusão” sobre a aparência do Cristo.
As diversas vias forenses chegaram, ao final, a um homem com tonalidade de pele escura e cabelos curtos (também escuros). Algo distante do Salvador de olhos azuis e pele alva dos filmes bíblicos, portanto.

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