Isvonaldo sou Protestante

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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

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Por Morgana Mendonça dos Santos

"Mate continuamente o pecado ou ele matará você continuamente."

Um teólogo puritano (1616-1683), um pastor fiel, escritor dedicado, chamado John Owen, autor desta intrigante frase, escreve sobre a mortificação do pecado. Bastante ressonante! O entendimento dessa frase poderia ser: ou mata ou morre! A responsabilidade da luta contra o pecado, isto é, uma permanente batalha contra o pecado é o dever do cristão que deve entender a ordem divina que trata da mortificação. Já ouvi dizer: "se pecado fosse ruim, ninguém pecava", desde quando o pecado é algo bom? (Rm 6.23) Como pode ser bom aquilo que manifesta a ira de Deus (Rm 1.18) e nos afasta da Sua presença? (Rm 3.23) O pecado é ruim e mata!

Entender que pecamos porque somos pecadores e nos santificamos porque somos santos é devidamente crucial. Não buscamos a santidade para tornarmos santos, a santificação é uma responsabilidade do cristão por ter sido separado. O pecado não nos torna pecadores, de fato já somos (Sl 51.5; Rm 5.12), o homem depravado totalmente só sabe fazer uma coisa na vida: pecar! O texto que iremos observar sobre a mortificação do pecado em nossas vidas está escrito na carta de Paulo à igreja de Roma. 

Romanos 8.13 "porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis." 

Segundo Owen, essa é a passagem fundamental na teologia da mortificação do pecado. Ele apresenta três princípios fundamentais:
1- Os cristãos diariamente devem trabalhar para mortificar o poder do pecado;
2- Só o Espírito Santo é suficiente para essa obra;
3- A mortificação do pecado gera no cristão vida e bem estar;

O que seria mortificação do pecado? Podemos concordar absolutamente com o autor da frase acima, que "é o enfraquecimento habitual e bem-sucedido do pecado que envolve a luta e a contenda constante contra a carne, através do Espírito Santo". Muitos cristãos acreditam ser salvos pela graça e santificados pelas obras, parecendo que a graça é somente parte inicial da salvação. Por outro lado, existem cristãos acreditando que a justificação isenta a responsabilidade da obediência fiel e ativa, anulando assim o chamado bíblico, gerando então, uma passividade inapropriada. 

O propósito desse texto é enfatizar o pensamento de Owen, sobre esse verso em Rm 8.13, baseando-se nessa declaração e percebendo o contexto que Paulo o encaixa encontramos alguns pontos sublimes. Paulo começa com uma prescrição de um dever:
• "mortificardes os feitos do corpo", quem deve assumir essa ordem? "Vós" - "se [vós] mortificardes"
• Existe uma promessa que está interligada a esse dever, vejamos: "certamente vivereis", qual seria então o meio para o cumprimento? O Espírito: "Se, pelo Espírito"

O esclarecimento de que devemos ter uma praxes em relação ao pecado, deve muda como o enxergamos. O sentido de urgência contra o pecado deve nos levar a uma vida em constante batalhas, a santificação deve ser um prazer para o cristãos e não um peso obrigatório. É intrigante e faz sentido pensar nessa frase em relação ao pecado: "Não poder e Não querer". Percebo que muitos lutam contra o pecado porque não podem pecar, mais isso gera um peso em relação a santidade. Deveria ser "não quero pecar", tornando assim a santidade um prazer, uma disposição agradável para acertar o alvo. Um relacionamento sério com o pecado tem como resultado a morte, o que o apóstolo está dizendo nesse verso (Rm 8.13) é que não há nenhuma outra maneira que seja capaz de produzir mortificação do pecado, a não ser pelo próprio Espírito Santo.

Ao ler calmamente esse verso, percebemos que é pelo Espírito que há morte do pecado, é a Sua obra, a concretização vem do próprio Deus. No verso, vemos as palavras"carne e corpo", usando essas palavras no lugar da depravação da nossa natureza, pois é os "feitos da carne" que serão mortificados, essa carne que converte os membros em servos da iniquidade (Rm 6.29). A ideia da mortificação dos feitos do corpo é combater as obras da carne onde exatamente elas brotam, na sua raiz, essa ideia metafórica "mortificar" tem um sentido, "matar um vivente". É chamado de "velho homem", o apóstolo Paulo diz que é essa natureza que deverá ser morta e aniquilada, isto é, deve ser, pelo Espírito. Por Cristo, pela cruz de Cristo foi crucificado nosso velho homem (Rm 6.6), os cristãos tem o dever de lutar contra o pecado e não admitir amizade com ele.

A promessa desse verso é vida, ao cumprir esse dever, é garantido: certamente vivereis! Aqui temos justamente o oposto da frase anterior: "porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer", a "vida" da qual é a promessa do dever cumprido nos consola não somente na eternidade, mais nessa vida aqui e agora. Gostaria de rescrever nove orientações fornecidas por Owen no que tange à mortificação:
1- Avalie se o pecado com o qual você está lutando é acompanhado de alguns sintomas perigosos;
2- Tenha na mente e na consciência uma percepção clara e duradoura da culpa, do perigo e da malignidade desse pecado;
3- Oprima a sua consciência com a culpa desse pecado;
4- Anele constantemente para ser liberto do seu poder;
5- Considere se o pecado está radicado na sua natureza e é exacerbado pelo seu temperamento;
6- Analise as ocasiões e as vantagens das quais o seu pecado tem se aproveitado para se manifestar e aparecer, e mantenha-se em guarda contra todas elas;
7- Erga-se decididamente contra os primeiros sinais de atividade e concepção do seu pecado;
8- Medite de tal maneira a estar, em todo tempo, plenamente auto-humilhado e consciente da própria vileza;
9- Dê ouvidos ao que Deus diz à sua alma e não fale de paz consigo mesmo antes que Deus o faça, antes preste atenção ao que ele diz à sua alma;
"Mortifique o pecado; seja essa a sua obrigação diária; cumpra-a enquanto viver; não deixe de realizá-la nenhum dia; Mate continuamente o pecado ou ele matará você continuamente". 
A Deus toda Glória! Romanos 11.36. [1]
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Nota: 
[1] Para Vencer o pecado e a tentação, John Owen

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Fonte: Bereianos

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