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O título deste estudo foi escolhido de propósito. Muitas palavras inúteis têm sido trocadas entre presbiterianos e batistas tratando de assuntos que são secundários, como “batismo infantil” e “batismo de crentes”. Ninguém deveria se satisfazer com estes títulos - eles não descrevem aquilo que qualquer desses grupos deseja defender. O presbiteriano não quer defender o batismo de crianças: ele quer defender o batismo de algumas crianças (i.e., as crianças da Aliança). O batista não quer defender o batismo só de crentes (pois, ele nunca poderia estar seguro de que o são); ele quer, isto sim, defender o batismo de crentes professos; i.e., esses que, por uma profissão de fé digna de crédito, pertencem à Aliança. Assim, ambos estão, na verdade, falando de um mesmo assunto, ou seja, da Aliança e do Batismo da Aliança. Abrindo esta questão, há três áreas importantes:
1. A Continuidade da Aliança.
2. A Continuidade da Igreja.
3. A Continuidade do Sinal.
1. A Continuidade da Aliança
Em todos os tempos só tem havido uma única Aliança salvadora entre Deus e os pecadores. É chamada Aliança da Graça (ou Pacto da Graça), ou, Aliança Abraâmica (ou Pacto Abraâmico). Nós lemos sobre sua origem em Gen. 17. Deus, em Sua misericórdia, veio a Abraão (um homem pecador como todos os demais; caldeu, de origem pagã idólatra) e lhe deu uma promessa. Abraão creu em Deus crendo em Sua palavra e Deus o declarou justo. Qual era a essência dessa promessa pactual em que Abraão creu? Era uma promessa de união e comunhão com Deus para Abraão e para os seus descendentes, depois dele. “Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, como aliança perpétua, para ser o teu Deus, e da tua descendência depois de ti” (Gen. 17:7). Todos que pertenceram a esta Aliança tiveram Deus como o seu Deus, e se tornaram o Seu povo por aliança. É dito que ela é uma aliança perpétua. Isto é digno de nota. Significa que se qualquer um, em qualquer ponto na história, entrar em união e comunhão com o Deus vivo, então a mesma Aliança Abraâmica estará em vigor. Ninguém é filho de Deus a não ser por adoção e o meio dessa adoção é a única e exclusiva Aliança pela qual Deus adotou Abraão como Seu filho, juntamente com a sua posteridade. Portanto, não é nenhuma surpresa, mas sim o que se espera, quando encontramos o Novo Testamento dizendo:
“Ele nos resgatou para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebêssemos a promessa do Espírito” (Gal. 3:14) e “...se sois de Cristo, então sois descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa” (i.e., a promessa da Aliança) (Gal. 3:29).
Assim, enfatizo o ponto apresentado na Bíblia: há uma continuidade da Aliança desde Abraão até agora. Não há tal coisa como uma Aliança da Graça do Velho Testamento e uma Aliança da Graça do Novo Testamento. Não há distinção entre a Aliança Abraâmica e a Aliança Cristã. Elas são uma e a mesma coisa. Isto não é posto em nenhuma parte mais claramente do que em Gal. 3: 16: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: e aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: e ao teu descendente, que é Cristo”. Assim a Aliança Abraâmica incluía Cristo... de fato significava preeminentemente Cristo. Ele é a semente de Abraão - Ele é o único que fielmente guardou a Aliança. Se uma pessoa está em Cristo está na Aliança com Abraão, não apenas porque Abraão creu em Deus (e viu a Cristo pela fé, João 8:56) mas principalmente porque Cristo é a bênção prometida na Aliança, “se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão”. Nós não devemos pensar que Abraão foi salvo por uma aliança diferente ou creu num evangelho diferente. Só há uma aliança que salva porque só há um evangelho que salva. Foi este evangelho que foi pregado a Abraão e no qual ele creu. “E a Escritura ... preanunciou o evangelho a Abraão” (Gal. 3:8) Abraão creu e foi salvo por esta fé, “de modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão” ( Gal. 3:9). Há continuidade na Aliança.
Nós vamos um pouco mais adiante. Tanto naquela época quanto agora sempre houve uma forma externa e outra interna da Aliança - uma forma visível e outra invisível. Esta é uma observação da maior importância. Os homens só podem lidar com a forma externa e visível. É Deus quem trata da forma interna e invisível. Foi assim no tempo de Abraão, desde o começo da Aliança. Todos que pertenceram aos descendentes de Abraão eram considerados membros da Aliança (visível) e receberam o sinal da Aliança (circuncisão). Isto incluía os estrangeiros e qualquer que quisesse união e comunhão com o Deus de Abraão (i.e., prosélitos) (Gen. 17:14). Todavia, nem todos que pertenciam à forma visível ou externa da Aliança estavam verdadeiramente em união e comunhão com Deus. Nem todos eram espirituais. Desta forma, Deus declara que não é com os filhos da carne (Ismael) mas com os filhos da promessa (Isaque) que Ele internamente estabelece uma aliança (Gen. 17:18-21). De igual forma, mesmo hoje a Igreja só pode administrar a forma exterior da Aliança. Os batistas, de boa vontade, admitem isso. Eles só podem batizar na base da profissão externa e visível. Nunca podem estar seguros de que todos que admitem ao batismo, como crentes, estão verdadeiramente arrependidos. Eles reconhecem que há membros da Igreja que são hipócritas.
Assim, quando qualquer igreja cristã batiza alguém, ela não está dizendo (ou não deveria estar) que tal pessoa é definidamente um crente. Somente Deus pode realizar um batismo que faz infalivelmente de alguém um crente, o qual é chamado de Batismo do Espírito Santo, ou a lavagem da regeneração (1 Cor. 12:13). A água do batismo é um sinal externo e visível aplicado pela Igreja externa e visível àqueles que pertencem à comunidade externa e visível da Aliança. O batismo do Espírito Santo é o sinal invisível aplicado pelo Deus invisível para unir uma pessoa à comunidade invisível da Aliança (i.e., o corpo de Cristo). O batismo da água significa o batismo do Espírito. A Confissão de Fé de Westminster sumariza tudo isso de modo claro no Capítulo 28:1: “O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, não só para solenemente admitir na IGREJA VISÍVEL a pessoa batizada, mas também para servir-lhe de sinal e selo do pacto da graça...”. Notem que ele é um sinal e selo do pacto da graça (i.e., da operação interna de Deus).
SINAL: significa que ele aponta para a graça oferecida na promessa de Deus. Como qualquer “SINAL”, ele nos leva a olhar para outra direção... para Deus, Sua misericórdia e Sua prontidão para salvar qualquer que, como Abraão, tome Deus pela Sua palavra e creia nEle.
SELO: uma marca para nosso próprio benefício, para nos mostrar que a coisa selada é autêntica. Os reis costumavam SELAR uma carta com uma estampa de cera de seus próprios sinetes. Esse selo era para o bem daquele a quem a carta era enviada, para mostrar que era genuína. Não é o selo que faz a carta genuína: é a carta do rei, quer ele a sele ou não. Mas o selo a confirma à nossa mente. É uma confirmação visível de uma realidade invisível.
Notemos, agora, que, enquanto o batismo da água é o selo da forma externa da Aliança, o próprio Espírito Santo é o selo da forma interna.
Efésios 1:13: “...tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa”.
Efésios 4:30: “...não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção”.
Este é o ponto em que devemos, respeitosa mas energicamente, apontar o erro de nossos irmãos batistas. Eles afirmam que o batismo da água é o selo da fé. Quando uma pessoa crê, então ela é batizada e este é um selo de sua fé. A Bíblia nega isto - O Espírito Santo, que é derramado nos nossos corações, é o selo da nossa fé. A razão é simples: somente o Espírito pode selar algo que Ele próprio fez. Somente Ele pode nos assegurar que nos deu o novo nascimento, que somos renascidos do Espírito. Isto é o que Paulo quer dizer em Romanos 8:16: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. A Igreja visível adota pessoas no seu rol de membros através de um sinal e selo visíveis. O Deus invisível adota pessoas como membros de Cristo através de um sinal e selo invisíveis.
Portanto, todo presbiteriano e todo batista devem negar juntos que o batismo da água salva alguém. Nós todos rejeitamos integralmente a expressão “cristenizar” (designação que, na língua inglesa [“christening”], é dada ao batismo pelos católicos romanos). Esta expressão é uma herança da superstição católico-romana que supõe que o batismo da água lava pecados e “cristianiza” (“cristeniza”) alguém.
2. A Continuidade da Igreja
A Igreja de Deus tem continuado através dos tempos, tanto do Velho quanto do Novo Testamento. É errado pensar que a “Igreja” começou com Jesus. Isto, todavia, subjaz na raiz de muito pensamento batista. Porém, antes dos dias de Abraão, Deus tinha um povo-chamado (uma Igreja) no mundo (os Setes, os Noés e os Enoques). A partir dos dias de Abraão esse povo ficou praticamente confinado a uma nação - os judeus. Mas mesmo na peregrinação do deserto no Êxodo, muito antes dos judeus terem uma terra prometida, um sacerdócio e um cerimonial de culto, foram chamados de “IGREJA”. Atos 7:38 refere-se a eles como “a igreja no deserto” (ekklesia).
Novamente, Romanos 11 nos diz que os gentios que crêem em Cristo não são uma Igreja diferente dos crentes do Velho Testamento. Nós somos enxertados na mesma oliveira. A Igreja é descrita como uma oliveira crescendo através de todas as épocas.
Tanto este é o caso que Pedro descreve a Igreja cristã do Novo Testamento com a rica linguagem judaica do Velho Testamento - “vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1Pedro 2:9). Os crentes do Novo Testamento são, claramente, parte da ininterrupta Igreja de Deus.
Há judeus que são realmente gentios e gentios que são realmente judeus: “... porque nem todos os de Israel são de fato israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; ...estes filhos de Deus não são propriamente os da carne ...” (Romanos 9:6-8). De sorte que Paulo diz: “se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão” (Gal. 3:29). Isto só pode fazer sentido se tiver havido continuidade da Igreja em todas as épocas. Assim, não nos surpreende encontrar que na era por vir a Igreja única é descrita em termos de “gentios sentando à mesa com Abraão, Isaque e Jacó”. A Igreja visível hoje é uma continuação do que o Israel visível era no passado. Nós temos hipócritas hoje e eles também tinham. Nós podemos extirpá-los hoje e eles também podiam. De igual forma, a Igreja invisível hoje é a continuação do que o Israel invisível era então.
Ora, dada essa continuidade tanto da ALIANÇA quanto da IGREJA (comunidade da Aliança), chegamos a uma observação vital. A Igreja visível tem sempre incluído os filhos dos crentes. Vemos isso em Gen. 17:7. Porque o crente Abraão e todos os seus filhos faziam parte da forma externa da Aliança, então deviam todos receber o sinal externo da Aliança - A CIRCUNCISÃO. Sabemos que alguns eram como Esaú, incrédulos, e não incluídos na forma interna da Aliança. Mas é somente Deus quem opera este outro lado. Mesmo os Esaús devem ser recebidos como membros da Aliança e tratados como tais, até que cometam apostasia declarada.
Desde que a Igreja visível e o sinal visível têm sempre incluído os filhos dos crentes, então também os incluem agora. Por qual processo de raciocínio devemos excluir hoje as crianças da Igreja visível, à qual elas sempre pertenceram? Ambos os lados concordam que a era neotestamentária da Aliança é até mais graciosa do que a antiga. Então, como podem os filhos dos crentes ter perdido esse gracioso privilégio que gozavam numa época muito mais estrita, nas escuras sombras da lei e do cerimonial?
Se a Igreja inclui APENAS os crentes hoje, então a prova disso está para ser apresentada há muito tempo. Notem que quando Paulo escreve suas cartas às várias igrejas, ele fala não só aos adultos, mas também aos seus filhos. “Filhos, obedecei a vossos pais” (Ef. 6:1). É uma carta a uma igreja com uma palavra aos filhos, porque a Igreja inclui os filhos. Filhos de crentes ainda são membros da forma visível da Aliança. Eles devem ainda receber o sinal visível do batismo. Não há mandamento explícito para batizar crianças no Novo Testamento exatamente porque tal mandamento não é necessário.
As condições da Aliança, uma vez estabelecidas por Deus, são totalmente invioláveis. Ninguém pode revogar suas condições nem acrescentar outras. Este é o argumento de Paulo em Gálatas 3, que, embora não se refira à Aliança de Deus, ainda é verdade mesmo a respeito de uma aliança (ou testamento) feita pelo homem; “... falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga, ou lhe acrescenta alguma coisa” (Gal. 3:15).
Os batistas estão, na verdade, acrescentando condições. Eles dizem que você precisa primeiro ser crente antes de ser membro da Aliança. Uma criança é muito nova para crer; portanto, as crianças não recebem o sinal da Aliança nem são admitidas como membros dela. Ora, além da séria violação da Aliança de Deus neste ponto (i.e., a exclusão dos filhos, a quem Deus uma vez admitiu) isto envolve algo muito triste. Quando você encontra um crente batista sincero, cujo filho morreu ainda criança, você o vê compreensivelmente triste. Mas sua tristeza não é como a dos que não têm esperança. Ele tem conforto e esperança em Deus. Se você lhe perguntar onde está o pequenino, ele lhe dirá, confiantemente, que o seu filhinho está com Jesus, no céu. Ele responde como um pai da Aliança em favor de um filho da Aliança. Mas em que base está a criança segura? Ela é muito nova para arrepender-se e crer. Claro que ele sabe que, na verdade, isso é devido a uma fidelidade pactual de Deus. Por que é então que, “quando as coisas apertam”, o batista confessa que seu filho pertence a Deus por aliança? Suspeito que é porque a única aliança encorajadora é a original, mantida em sua forma inalterada, como Deus a deu. Quem é o mais consistente, então: o presbiteriano (que admite que seu filho é filho da aliança enquanto vive) ou o batista (que apenas o admite chorosamente quando ele morre)?
3 - A Continuidade do Sinal
O que resta para considerar agora é a continuidade do sinal da Aliança. Isto pode parecer algo estranho porque todos sabem que há uma clara descontinuidade ... a circuncisão foi substituída pelo batismo. Não obstante, a continuidade é real, porque ambos representam a mesma verdade; ambos significam as mesmas graças espirituais. Assim como o sacramento cruento do Cordeiro Pascal é substituído pelo sacramento incruento da Ceia do Senhor, também o sacramento cruento da circuncisão é substituído pelo sacramento incruento do batismo. Antes de mostrar isto, há um ponto de vista (mantido pelos batistas) que deve ser tratado. Eles dizem que não havia uma, mas duas alianças, nos dias do Velho Testamento - uma espiritual e outra nacional. Dizem que a circuncisão refere-se apenas à nacional e não à espiritual; i.e., afirmam que a circuncisão era um tipo de “emblema nacional” para os israelitas. Ora, isto é uma tentativa de evitar o fato que o batismo substitui a circuncisão como sinal do pacto. Todavia, pode-se responder facilmente a esse ponto de vista com duas observações:
1 - A circuncisão não é um símbolo ou emblema nacional porque foi administrada 430 anos antes da nação de Israel existir. Israel só se tornou uma nação pactual distinta quando a Lei foi dada no Sinai.
2 - A circuncisão não era uma marca de descendência física porque foi administrada a todo gentio, e seus filhos do sexo masculino, que quisessem adorar a Jeová em Israel.
Primeiro: A Circuncisão
A circuncisão externa era sinal e selo de uma circuncisão interna muito mais importante. O despojamento físico da carne significava o despojamento espiritual da carne do coração pecaminoso. A circuncisão feita pela Igreja do Velho Testamento apontava para uma circuncisão muito maior, que somente Deus poderia realizar. Isto é claramente posto por Paulo em Romanos 2:28-29: “Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão a que é do coração, no espírito”.
Portanto, não nos surpreende ler o que Moisés diz aos judeus quando se dirige a eles, nas planícies de Moabe, pouco antes destes entrarem na terra prometida. Ele diz: “O Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas” (Dt. 30:6).
Observem que Moisés está falando a homens que eram circuncidados exteriormente, mas que necessitavam de uma circuncisão interior. Eles tinham o sinal externo e visível, mas faltava-lhes a realidade interna e invisível. Além disso, o texto nos diz o que a verdadeira circuncisão (a circuncisão do coração) efetua: a remoção da incredulidade, resultando em amor a Deus e vida em vez de morte (“para que vivas”). A mesma coisa pode ser vista no mandamento de Moisés a Israel em Dt. 10:16: “Circuncidai, pois, o vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz”, i.e., Amai a Deus! Obedecei-O! Sede homens espirituais e não carnais! Todo esse assunto é resumido por Paulo em Romanos 4:11: “E recebeu (Abraão) o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé...” Aí está. A circuncisão não é meramente um emblema nacional. É um sinal externo da justiça da fé. O significado da circuncisão é uma realidade espiritual.
Segundo: O Batismo
Muitos textos poderiam ser estudados para mostrar a conexão entre o batismo e a circuncisão, mas um só será suficiente. Em Col. 2:11-12 nós lemos: “Nele também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo; tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos”. Aqui a circuncisão é descrita como um batismo! Isto só é possível porque eles significam a mesma coisa. Enquanto Moisés disse aos judeus circuncidados que eles não eram realmente circuncidados, agora Paulo diz a esses gentios incircuncisos que eles foram realmente circuncidados. Paulo diz: “vós fostes também circuncidados”. Que tipo de circuncisão era aquela? Uma circuncisão feita “não por intermédio de mãos”. Que significa isso? O “despojamento (remoção) do corpo da carne” (i.e., da natureza carnal, do espírito rebelde). Quem a fez? Cristo a fez ... pela “circuncisão de Cristo”. Como isso ocorreu? “Tendo sido sepultados juntamente com Ele no batismo”. O que isso efetuou? “No qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé”. Assim, fica claro que este batismo e esta circuncisão se referem à mesma obra interna de Deus. A circuncisão é feita sem mãos, i.e., a circuncisão de Cristo, e o batismo é a operação de Deus “que O ressuscitou dentre os mortos”. É essa circuncisão/batismo do coração que produz a fé num pecador ... ressuscitados com Ele MEDIANTE A FÉ.
Assim, claramente não é o batismo da água que é referido aqui. Isto se torna ainda mais claro no próximo versículo (v. 13) porque Paulo diz que tudo isso aconteceu enquanto a pessoa era ainda um pecador, um incrédulo. Isto tornou vivos homens mortos (espiritualmente), e lhes obteve o perdão dos pecados: “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões, e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos”. Longe de ser o caso de “batismo de crentes” é exatamente o oposto - é o batismo/circuncisão de um incrédulo, que faz dele um crente. Não é o batismo da água realizado por homens, mas o batismo do Espírito realizado por Deus.
Não pode haver, portanto, dúvida de que o batismo e a circuncisão significam a mesma coisa. Há verdadeiramente uma continuidade do sinal da Aliança.
Conclusão
Em razão da continuidade da Aliança, da Igreja e do Sinal, nós admitimos ao batismo todos os que pertencem à Aliança. Estes têm sido sempre os crentes professos e seus filhos menores. A comunidade da Aliança nunca excluiu as crianças. O batismo desses infantes (e apenas desses) é a única prática bíblica consistente. Os que se recusam a batizar tais crianças devem explicar por que estão acrescentando condições à Aliança, as quais Deus nunca acrescentou. Também, os que batizam tais crianças devem defender essa prática puramente na base da Aliança, devem deixar de lado todas as invenções humanas (tais como “padrinhos”, que a Escritura não reconhece), devem fazer distinção entre as formas interna e externa da Aliança, e devem repudiar qualquer sugestão de que o batismo da água salva.
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Sobre o autor: Peter Bloomfield é ministro da Igreja Presbiteriana do Leste da Austrália.
Divulgação: Bereianos
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