Isvonaldo sou Protestante

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sábado, 9 de agosto de 2014

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Por Renato César


Já era esperado que grande parcela dos evangélicos discordasse da edificação do Templo de Edir Macedo Salomão, visto que este custou mais de R$ 600 milhões e ainda por cima terá um custo anual de manutenção em torno de R$ 10 milhões. Além disso, o templo acabará por ser mais visado por turistas do que propriamente por pessoas preocupadas em adorar a Deus diante da arca do Edir Macedo da aliança.

Mas eu me pergunto se todos que têm criticado a megalomaníaca construção do agora "Rabispo" Macedo têm prestado atenção em seus calcanhares. Digo isso pois não podemos deixar de pensar em termos proporcionais, ou seja levar em conta se no lugar dele, com toda a dinheirama que o Rabispo tem, muitos não fariam a mesmíssima coisa, ainda que preferindo investir em ilhas em vez de templos.

Há quem estime o faturamento anual da Igreja Universal em mais de R$ 1 bilhão. A revista Forbes avaliou o patrimônio de Macedo em mais de R$ 2 bi. Assim, o Templo de Edir Macedo Salomão, no máximo, teve um custo razoável para a Universal, e sua despesa de manutenção será em boa parte amenizada pela receita oriunda do turismo em torno do mega-templo e, é claro, das ofertas "volotárias", vindo a representar uma ninharia no orçamento total da Universal.

Se pensarmos em termos proporcionais, muitas igrejas têm gastado até uma parcela maior de seu orçamento com construção de seus templos. Quantas catedrais não existem no meio evangélico? Quantas igrejas não possuem piso de primeira, decoração luxuosa e aparatos supérfluos para supostamente dar um upgrade no culto? Já tive o desprazer de visitar igrejas que estão há mais de uma década em obras, preocupadas com a pedra de mármore a ser colocada ali, uns vitrais acolá e o que mais for desnecessário, mas belo e requintado, para melhorar a aparência do templo.

A hipocrisia é um dos pecados mais irritantes que existem, porque ela faz parecer que existem dois pesos distintos com os quais as pessoas são julgadas. É como ver um malandro indignado com os políticos de seu país. As críticas feitas ao Rabispo são em geral corretas, mas deveriam ser direcionadas a uma massa bem maior de líderes evangélicos, e não estou falando apenas dos neopentecostais que aparecem na TV. Muitos têm investido pesadamente em seus templos sob a justificativa de estar fazendo da casa do Senhor um palácio para Deus, mas tudo não passa de vaidade, como bem diz o autor de Eclesiastes: "Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas... E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol" (Ec 2:3,11).

Infelizmente, existe uma obsessão por templos suntuosos entre muitos cristãos, como se fosse antibíblico congregar-se em um espaço simples quando se tem dinheiro para um templo à altura de Deus. O que o Macedo fez, lamentavelmente, não está fora dos padrões da cristandade como um todo. Vide o Vaticano.

É realmente triste que ao longo de toda sua história a Igreja Cristã tenha sido marcada por obras similares a esta da Universal, que não servem para nada além de abrigar muitas cabeças em dias chuvosos ou de sol escaldante e de servir como local de visitação para turistas ou para gerar empregos (pergunto-me quantas pessoas serão necessárias nessa tarefa). No final das contas, ao menos São Paulo saiu beneficiada, pois tem agora mais uma atração turística e alguns desempregados a menos.

Vale aqui lembrar o que diz Atos 17:24:

O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens”.

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Fonte: Bereianos

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