Isvonaldo sou Protestante

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sexta-feira, 18 de julho de 2014

O propósito da tentação

Por Eliseu Antonio Gomes

O que é uma tentação no sentido bíblico?

Tentar é provar. A ideia bíblica da tentação não é primariamente a de sedução, conforme o conceito moderno, mas a de pôr  uma pessoa em prova, de sujeitá-la a um teste, o que pode acontecer com o propósito benevolente de provar ou melhorar sua qualidade, ou então com o objetivo malicioso de mostrar a sua fraqueza ou levá-lo a cair na armadilha de fazer uma ação má. Somente mais recentemente é que a palavra carrega o sentido limitado de testar com má intenção.

Há dois aspectos da tentação: o sofrimento e a sedução: tanto a perseguição quanto o desejo de pecar são provações.

Os verbos hebraicos "mãsâ" (costumeiramente traduzido como "tentar") e "bãhan" (provar, testar) são usados na Bíblia como metáfora, baseada na refinação de metais. A Septuaginta e o Novo Testamento usam como equivalentes de "peirasmo", os verbos "(ek)  peirazo" e "dokimazo", este último correspondente a "bãhan".

O substantivo locativo, hebraico, "massá" transformou-se em um memorial permanente da tentação contra Deus, atitude considerada irreverência extrema, proibida por Deus (Deuteronômio 6.16; Mateus 4.7; 1 Coríntios 10.9 e versos seguintes).

O apóstolo Paulo recomenda que o homem teste ("dokimazõ) a si mesmo antes de participar da Santa Ceia, para não se iludir com seu estado espiritual (1 Corintios 11.28); e também testar o seu trabalho, a fim de que não se desvie e perca seu galardão (Gálatas 6.4).

A origem da tentação (má intenção)

Embora Tiago tenha escrito aos cristãos perseguidos, não aborda de maneira abrangente a tentação originada da perseguição religiosa, quando a própria vida é colocada em risco de ser ceifada e o cristão perseguido pode se sentir tentado a negar sua fé. Ao líder da igreja de Esmirna, Cristo afirmou o seguinte a esse respeito: "Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida" - Apocalipse 2.10.

Tiago 1.13-21 nos ensina que a tentação não vem de Deus, tampouco afirma que vem do diabo, mas dos desejos descontrolados (concupiscências) do ser humano. O aspecto da tentação abordado por Tiago tem origem no coração humano, vem de maus desejos interiores. Começa com um pensamento mau, e se torna pecado quando alimentado e permitimos que se transforme em ação.

Jesus Cristo descreveu as más ações de quem cede aos desejos desenfreados: crimes de morte; adultérios, imoralidades sexuais; roubos; mentiras e calúnias (Mateus 15.19, NTLH); e Paulo também mencionou a tentação transformada em pecado ao catalogar as obras da carne: imoralidade sexual, impureza, ações indecentes, adoração de ídolos, feitiçarias, inimizades, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, divisões, invejas, bebedeiras, farras, e outras coisas parecidas (Gálatas 5.19-20, NTLH).

Deus testa as pessoas, mas jamais induzindo-as a pecar. Ele permite a Satanás tentar - a revelação mais clara é a experiência de Jó - com a finalidade de refinar a sua fé e ensiná-las a crescer em sua dependência a Cristo. Permite que aconteçam momentos de provas, colocando o seu povo em situações que revelam a qualidade de sua fé e devoção afim de que possam ver o que está em seus corações. Conferir: Gênesis 22.1; Êxodo 16.4; 20.20; Deuteronômio 8.2, 16; 13.3; Juízes 2.22; 2 Crônicas 32.31; Jó 1.6-12.

O propósito da tentação/provação

Tiago faz uma explanação competente no que que diz respeito às questões que envolvem o crente. No capítulo 1, além de destacar a importância da sabedoria, perseverança, fé, conduta em humildade, nos versículos 2-4; 12-15, leva o leitor a tomar consciência da necessidade de conviver com as provações de forma alegre, visto que todo crente deve saber que não vem sobre ele nenhuma provação sem que, primeiro, passe pelo crivo do Senhor, por mais que sejam ardentes.

Podemos observar que a provação muitas vezes traz proveito, se não material, ao menos moral. Quando as pessoas passam pelas provações com Deus, desenvolvem paciência, serenidade de espírito, coragem, resolução, habilidade. Por isso, podemos considerar a provação como uma situação vantajosa, sabendo que dela resultará benefício espiritual (versos 2-4).

Conclusão

É possível que o pobre possa ser provado com inesperada riqueza e o rico passar pela prova da pobreza inesperada. Orientações para vencer as provações: Mateus 4.1-11; 1 Corintios 10.13; 2 Timóteo 2.22.

Ao ser derrotado pela tentação, o caminho certo para se consertar é não usar desculpas, como: não foi possível evitar, alguém o induziu ao erro, todos fazem o mesmo, ninguém é perfeito, não sabia que era errado, a culpa é do diabo, a culpa é de Deus. No momento do fracasso, é preciso ser humilde e assumir a responsabilidade pelo ato falho cometido, confessá-lo e pedir perdão a Deus e não voltar a cometê-lo (Provérbios 28.13; 1 João 1.9). Misericordioso, o Senhor levanta o caído, o pecado é esquecido e ele pode seguir adiante de cabeça erguida (Salmos 34.18; 51.7, 17; Isaías 1.17-18).

A coroa da vida pode ser comparada com a coroa da vitória dada aos atletas vencedores (1 Corintios 9.25). Porém, a coroa celestial não é glória e honra aqui neste mundo, mas a recompensa irrevogável de receber a oportunidade de viver com Deus para sempre, a vida eterna.

Bem-aventurado aquele que experimenta e vence a provação, pois morará no céu (Tiago 1.12).

Podemos resistir à tentação de pecar. O melhor momento para deter uma tentação é antes que esta esteja demasiadamente forte ou se mova demasiadamente rápido e dificulte ser controlada.  A estratégia eficaz para vencer a tentação é amar a Deus e permanecer atento à Palavra, apenas desta maneira o crente tentado poderá fazer parte do feliz grupo de vencedores.

E.A.G.

Compilações de:
A Bíblia Explicada - S. E. McNair, 12ª edição em 1997, página 478, Rio de Janeiro (CPAD). 
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, página 1753, edição 2004, Rio de Janeiro (CPAD).
Ensinador Cristão, ano 15, nº 58, abril-junho de 2014, página 15, A Carta de Tiago - Eliezer de Lira e Silva, Rio de Janeiro (CPAD).
O Novo Dicionário da Bíblia, volume III, página 1580 e 1581, edição 1981, São Paulo (Edições Vida Nova).

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