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A Total Depravação antes de ser o primeiro ponto da TULIP, é um ensinamento bíblico, uma verdade que contrasta efusivamente com a visão que a grande maioria tem do ser humano. A visão influenciada pela ideia (Pelagiana) de que o homem precisa de uma receita apenas, pois o problema dele é temporário ou remediável vem nos forçar a ir contra as Escrituras. Uma enfermidade moral resultando uma parcialidade corrompida, isto é, podendo ainda ser “ele” responsável pelas suas escolhas e decisões. Estamos convictos que esse pensamento é uma heresia, não pós-moderna, pelo contrário, bem antiga.
“A expressão ‘pecado original’ não significa que o pecado faça parte da natureza humana como tal, pois ‘Deus fez o homem reto’ (Ec 7.29). Mais exatamente, ‘pecado original’ significa que a pecaminosidade marca a cada um desde o nascimento, na forma de um coração inclinado para o pecado, antes de quaisquer pecados de fato cometidos. Essa pecaminosidade íntima é a raiz e a fonte desses pecados atuais. Ela nos foi transmitida por Adão, nosso primeiro representante diante de Deus. A doutrina de pecado original nos diz que nós não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores, nascidos com uma natureza escravizada ao pecado.” [1]
Segundo o autor Gise Van Baren:
“O que nós devemos entender por 'depravação total'? 'Depravação' significa perversidade, corrupção, o mal inato do homem não regenerado. Adicionar a palavra 'total' a depravação, é enfatizar sem nenhuma sombra de dúvida, a verdade que não há absolutamente nenhuma bondade no homem natural, no homem que é nascido do Adão caído.” [2]
As Escrituras Sagradas afirma com clareza a condição humana caída.
Efésios 2.1 “Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”.
Colossenses 2.13 “e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos”.
O Apóstolo Paulo é claro, oferecendo a realidade do nosso estado antes da regeneração ou novo nascimento. Estávamos mortos, isto é, mortos por conta dos nossos pecados, corrompidos totalmente, de fato, depravados. Todavia, esse homem foi criado à imagem (Ec 7.29) e semelhança de Deus (Gn 1.26-27). Deus deu uma ordem (Gn 2.16-17) ao homem e através dessa obediência o homem poderia obter vida. De forma consciente o homem falhou desobedecendo a Deus (Gn 3.6), rebelando-se contra o seu Criador. Pecado esse conhecido como a "Queda do Homem", trazendo uma trágica realidade: o homem está morto espiritualmente e sofreu uma ruptura na ligação da sua alma com Deus o que mais adiante resultou em morte física.
Romanos 5.12 “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”.
Adão como representante de toda a raça humana, afetado pelo pecado e pelo pecado a morte, condicionando assim toda a humanidade a um estado de destituição para com o Criador. Com isso tornando o homem objeto da justa ira de Deus, e por conta desse pecado a morte passa a todos os homens. A humanidade recebeu essa herança da culpa do pecado e por isso todos nascem totalmente depravados e espiritualmente mortos. Significando uma natureza má, não de forma intensiva e sim extensiva, no que se define todo o nosso ser, isto é, intelecto, emoções e vontades, no qual, estão corrompidos pelo pecado.
Romanos 3.10-18 “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos”.
Eclesiastes 7.20 “Pois não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque”.
Salmos 14.1-3 “Diz o néscio no seu coração: Não há Deus. Os homens têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras; não há quem faça o bem. O Senhor olhou do céu para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento, que buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um”.
Compare com o salmo 53 e perceba que é o único Salmo que se repete, gerando uma inabilidade total para reconciliar-se com o Seu Criador, esse homem depravado, por si só, é completamente incapaz de crer em Cristo verdadeiramente.
Vejamos o que mais uma vez Paulo diz:
Romanos 3.23 “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
Esse estado "destituído" do homem para com Deus o torna eternamente morto, se Deus não tomar a iniciativa de salvá-lo, ele continuará assim. Impossível ao homem fazer algo de si mesmo que contribua para a sua salvação. Essa doutrina chamada por alguns da incapacidade humana ensina que de fato, torna-se impossível que um pecador escolha a Deus. Devendo isso preceder a obra vivificadora e regeneradora do Espírito Santo. O próprio Cristo afirma que a eleição é incondicional, a graça é irresistível.
João 6.44 “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”.
Essa obra chamada "regeneração" antecede o arrependimento, confissão e crença genuína no Evangelho. O próprio Espírito Santo cumpre a sua função de convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. (João 16.8)
Na Confissão de Fé de Westminster, encontramos a seguinte afirmação:
“O homem, por sua queda em um estado de pecado, perdeu completamente toda a capacidade de desejar qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; portanto como homem natural inteiramente contrário ao bem e morto em pecado, ele não é capaz, por sua própria força, de converter-se ou mesmo preparar- se para isso”. [3]
“Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, Ele o liberta de sua natural escravidão ao pecado, e somente por Sua graça, Ele permite que ele livremente deseje e faça o que é espiritualmente bom [...]”.
No Catecismo de Heidelberg observamos:
“Somos então tão corruptos ao ponto de sermos totalmente incapazes de fazer qualquer bem que seja, e inclinados para todas as perversidades?" Resposta: "Certamente nós somos, exceto se formos regenerados pelo Espírito de Deus”. [4]
Na Confissão Belga há uma declaração:
“Tornando- se ímpio, perverso e corrupto em todas as suas práticas, ele perdeu todos os dons excelentes, que tinha recebido de Deus. Nada lhe sobrou destes dons, senão pequenos traços, que são suficientes para deixar o homem sem desculpa.” [5]
As Escrituras Sagradas, inerrante e suficiente, afirma fazendo assim das confissões e catecismo relevante:
Tito 3.3-5 “Porque também nós éramos outrora insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e deleites, vivendo em malícia e inveja odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador e o seu amor para com os homens, não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo.”
Ao declarar a depravação em sua totalidade, queremos afirmar três coisas:
Primeiro, todos os homens, exceto Cristo, são depravados e transgressores (Sl 142-3; Sl 53.2-3)
Segundo, em cada parte, são depravados. Seus atos, emoções, vontades, corações, pensamentos são comprometidos pela sua condição diante de Deus.
Terceiro, de forma completa em cada parte, os homens são depravados. Não há uma parcialidade, cada parte do homem é totalmente depravada e não há nenhum bem em parte alguma.
Com isso veremos a necessidade da Cruz, revelação da Sua Graça, que impossibilita o homem a fazer qualquer coisa para concertar sua real situação para com o Criador de todas as coisas, para a Sua Glória.
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Notas:
[1] Bíblia de Estudo de Genebra, Editora: Cultura Cristã.
[2] BAREN, Gise Van. Depravação Total. Fireland Missions: janeiro de 2013
[3] Confissão de Fé de Westminster - Capítulo IX: III-IV.
[4] As três formas de Unidade das Igrejas Refromadas – A Confissão Belga, O catecismo de Heidelberg e Os Canones de Dort. Editora: Puritanos, 2009. (Parte 1, Dia do Senhor 3, Pergunta 8. Ref.: Gn 6.5; Jó 14.4; Is 53.6; Jó 3.3-5.)
[5] As três formas de Unidade das Igrejas Refromadas – A Confissão Belga, O catecismo de Heidelberg e Os Canones de Dort. Editora: Puritanos, 2009. (Confissão Belga - artigo XIV.)
Divulgação: Bereianos
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