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Por Marcelo Lemos
Nos últimos tempos tem sido lei moral máxima afirmar os pressupostos socialistas. Todos cantam a mesma canção, desde governos, até as instituições capitalistas mais convictas. Uma canção atraente, como o canto da Sereia, e tão traiçoeiro e mortífero quanto. Eu não sou socialista. Eu não acredito nem mesmo em “socialismo cristão”, por mais piedosa a expressão possa soar. Afirmar o Socialismo é negar a autoridade moral das Escrituras, e trair a humanidade.
Conheço alguns que ficam no “meio”. São aqueles que rejeitam o extremismo das esquerdas, mas não estão de mãos dadas aos “da direita”. Estão todos errados, inclusive os “da direita”. De fato, só existem tais divisões ideológicas porque o pecado tem cegado o homem, e o afastado do padrão moral de Deus, Sua Santa Lei. Antes que alguém me acuse de escrever em defesa do “direitismo”, vou avisando: sou Teonomista.
Mas não vou explicar aqui os motivos de ser teonomista. Escrevo para explicar as razões que me levam a rejeitar completamente os pressupostos do socialismo.
Primeiro, o Socialismo é uma farsa. Os socialistas defendem a ideia de que é papel do Governo promover o que eles chamam “melhor distribuição da renda”. Evidentemente existem desigualdades terríveis e condenáveis na sociedade, e qualquer pessoa desejaria que o problema fosse resolvido. Almejar “melhor distribuição da renda” não é a questão - o problema é dotar o Governo de responsabilidades Messiânicas.
O Governo além de não ser o tão prometido Messias, também é completamente incapaz de gerar renda. Tudo que o Governo sabe fazer é gastar. E de onde vem o dinheiro que o Governo gasta? Vem dos impostos, que são - como vou demonstrar mais adiante - roubo institucionalizado. E ao cobrar impostos o Governo rouba tanto ricos quanto pobres – sendo que o prejuízo dos pobres é maior, dado que sua capacidade de poupar é mais prejudicada, pois sua renda é menor.
Então, mesmo quando o pobre é ajudado pelo Governo, ele está recebendo aquilo que o Governo roubou das pessoas, inclusive dele mesmo. E da ajuda que recebe do Governo, o pobre terá que abrir mão, mais uma vez, de praticamente metade do beneficio, que lhe será tirado por meio de impostos.
Segundo, o Socialismo é pecaminoso. Segundo as Escrituras Cristãs é dever individual de todo ser humano ajudar aos mais necessitados; dever que se estende a Igreja, cujo dever principal é ajudar “aos de casa”, mas também os “de fora”. Esta ajuda aos necessitados é baseada, não na imposição, mas no altruísmo promovido pelo Espírito Santo.
Quando nós jogamos nas costas do Estado a tarefa de resolver nossos problemas sociais, pecamos gravemente. As soluções a estes problemas são de responsabilidade nossa, de cada um de nós, não do Governo. A Bíblia nunca apresenta o Estado como benfeitor da humanidade, não no sentido Socialista, mas sim como a espada de Deus para punir o mal – preceito que o Socialismo faz de tudo para evitar cumprir; inclusive lançando mão da artimanha de redefinir por si mesmo o que é “bem” e “mal”.
Mas, se negamos o Socialismo é comum ouvir objeções como: “Mas que tipo de cristão você é, que não pensa no bem do seu semelhante?”. A objeção parte de uma auto-justiça hipócrita e infundada, já que no Socialismo o suposto “bem” é promovido com dinheiro que não é nosso, e foi tirado inclusive dos próprios beneficiados. A ajuda devida aos necessitados foi descrita por S. Paulo em sua natureza e real motivação: “Cada uma contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria!” (II Coríntios 9.7).
Não há altruísmo no Socialismo. Não há doação. Há um Governo que se auto-proclama dono das pessoas, as rouba, e supostamente redistribui os ganhos (apenas para tornar a tomar alguns minutos depois). Não importa se o imaginário popular pinta Robin Hood como um “mocinho”, o “não roubarás” aplica-se também a ele. O que o Estado faz é roubo. Um roubo mais gritante que o de Robin, que até onde sei, ao menos não roubava seus próprios beneficiários.
Terceiro, o Socialismo é baseado na tirania. A maioria das pessoas reclama das altas taxas tributárias que é forçada a pagar. A alta taxa tributária é sinal de maldição, nunca do favor divino.
Quando a terra foi amaldiçoada com a fome, nos dias de José do Egito, a taxa tributária chegou a 20% de toda a renda. A taxa era tão exorbitante para os padrões bíblicos, que o texto sagrado diz que toda a terra de Israel, exceto as que pertenciam aos sacerdotes, “pertencia” a Faraó. De fato, Faraó comprou todas as terras, e passou a cobrar o “quinto” de toda produção. Na prática o povo não era dono de nada, o que ele tinha era uma “licença” para trabalhar.
Estamos falando de “apenas” 20% de carga tributária, o que é ninharia comparados com os quase 50% que o brasileiro é obrigado a pagar (sendo que alguns produtos são tributamos em mais de 200%). Porém, mesmo 10% de tributação já eram visto como um castigo divino. Dez por cento era a carga tributária devida aos Reis de Israel. E Deus diz ao povo, que havia exigido um Rei, que esta carga era uma prova de que eles estavam pecando contra Deus, por desejarem ser governados nos moldes dos povos vizinhos:
“Este será o modo de agir do rei que houver de reinar sobre vós: tomará os vossos filhos, e os porá sobre seus carros, e para serem seus cavaleiros, e para correrem adiante dos seus carros; e os porá por chefes de mil e chefes de cinquenta mil, para lavrarem os seus campos, fazerem as suas colheitas e fabricarem as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros.
Tomará as vossas filhas por perfumistas, cozinheiras e padeiras. Tomará o melhor das vossas terras, das vossas vinhas e dos vossos olivais, e os dará aos seus servos.
Tomará um décimo das vossas sementes e das vossas vinhas, para dar aos seus oficiais e aos seus servos. Também os vossos servos e as vossas servas, e os vossos melhores mancebos, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho.
Tomará um décimo de vosso rebanho; e vós lhes servireis de escravos!
Então, naquele dia clamareis por causa do vosso Rei, que vós mesmos houverdes escolhidos; mas o Senhor não vos ouviria”.
(I Samuel 8. 11-18)
“E vós lhes servireis de escravos!”. Quando Hobbes idealizou o Estado “Leviatã”, não estava sendo original. Talvez ele desconhecesse esta passagem das Escrituras, mas há milhares de anos o próprio Deus já havia apresentado o Estado como sendo um monstro devorador de riquezas e da liberdade. Ao longo do Governo José Sarney, a taxa tributária no Brasil oscilou entre 20 e 22,66%; o que representava trabalhar de 73 a 82 dias por ano para pagar o Governo. Na era Collor-Itamar a taxa aumentou, variando entre 24,66 e 29,86%; o que representava trabalhar de 90 a 109 dias para pagar o Governo. Depois, na era FHC a taxa tributária ficou relativamente estável em seu primeiro mandato, mantendo se entre 27,40 e 29,04%; mas no segundo mandato, aumentou terrivelmente, oscilando entre 31,51 e 36,44. Ou seja, no primeiro mandato o Braseiro trabalhou para pagar o Governo quase o mesmo que trabalhou na era Collor-Itamar; já no segundo período, precisou trabalhar de graça entre 115 e 133 dias!
Com Lula, que muitos pintam como sendo o grande defensor dos pobres, a taxa tributária continuou aumentando. No primeiro mandato, ficou entre 36,99 e 39,73% - o que equivale a 145 dias trabalhados para o Governo. No segundo mandato a coisa ficou pior, com a taxa tributária oscilando entre 40 e 40,5% - o que significa quase 5 meses de trabalho para pagar o Governo. Ou seja, hoje o Brasileiro é obrigado a trabalhar quase metade do ano apenas para pagar impostos!
Hobbes, em sua tese, defende que o homem deveria abrir mão de seus direitos, e de suas liberdades, a fim de poder desfrutar da paz promovida pelo Estado paternal – não é exatamente isso que os Socialistas sonham? O Estado passa a se intrometer em tudo, desde o cardápio dos cidadãos, até taxações sobre produção, cheques, transações, poupanças e todo o resto.
E assim caminha a humanidade, as liberdades são a cada dia menores, e os benefícios nunca aparecem; por quê? Por que o socialismo, não importa de qual tipo, é baseado na usurpação. O Socialismo é baseado na ideia de um Estado forte, o Leviatã; e tal é descrito na Bíblia em termos de maldição, jamais de benção. Quando o homem abraça o Socialismo, rejeita a autoridade moral das Escrituras sobre a Economia; mesmo que seu socialismo se apresente como “cristão”.
Vamos pensar um pouco: se pelos padrões bíblicos, até mesmo a taxação de 10%, que era direito dos Reis de Israel, é apontado como uma maldição sobre o povo, como eu poderia abraçar o Socialismo, doutrina que exige um Estado cada vez mais forte, cada dia maior, e a cada momento mais ingerente nas riquezas e nas liberdades individuais? Não vejo como isso possa ser possível. Quando encontro um cristão “socialista”, ou um socialismo “cristão”, logo imagino: ou este não compreendeu os preceitos bíblicos para a Economia, ou não compreendeu os preceitos Socialistas – compreender os dois, e abraçar ambos, é absolutamente impossível.
4. O Socialismo não pode esconder os seus frutos. Em tese os ideais socialistas parecem maravilhosos: o bem estar de toda a humanidade. Na prática, aprendo com a História, acontece algo muito diferente. “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seu frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas de espinheiros, ou figos dos abrolhos?” (S. Mateus 7.15,16).
Não há um único bom fruto produzido pela criação do Estado forte. E a história é farta em apresentar-nos várias testemunhas eloquentes desta verdade: Hitler, Stalin, Mussolini, Mao, Guevara, Castro, dentre tantos outros. Não é ato ter Hitler sido um ávido leitor de Marx, e ter exaltado sua influência sobre a ideologia nacional socialista dos “nazis”. Engana-se quem imagina a Alemanha de Hitler como sendo capitalista pelo fato de haver nela algum tipo de propriedade privada. O Estado Nazista é quem controla quem dirigiria esta ou aquela empresa, o que ela produziria, e por quanto tempo produziria; além de decidir quem compraria de quem, e assim por diante. E toda essa ingerência do Estado na economia e nas liberdades individuais, era justificada em nome do “bem-comum”; exatamente como ocorria na União Soviética, e segue sendo praticado por cada socialista que já pisou neste mundo, ainda que aqui e ali a ingerência do Estado, por limitações políticas, seja menor ou maior.
Os tolos que imaginam Hitler como um “capitalista” deveriam assistir filmes como ‘A Lista de Schindler’, especialmente a cena na qual Oskar Schindler vai a Igreja tentar comprar alguns produtos (risos). Mas, caso imaginem que a película distorce os fatos em nome do capitalismo de Hollywood, aconselho que leiam a magistraltese de Mises.
Os frutos do Socialismo, sob qualquer bandeira ou nome, são bem conhecidos: fim das liberdades individuais; disseminação generalizada da pobreza; aumento descontrolado das tiranias; e assim por diante.
E se não bastasse os frutos sociais, não podemos nos esquecer da oposição que o Socialismo de ontem e de hoje faz ao cristianismo tradicional, incluindo nossos valores sexuais e familiares. Observem que a medita que o Socialismo avança, aumenta a sensação de que o Cristianismo tradicional é cada vez mais marginalizado em nossa sociedade.
Não sou socialista: acredito que a Bíblia rege não apenas minha fé e prática pessoal, mas é também a resposta, a bússola de Deus para dirigir os passos da Sociedade, incluindo no que diz respeito à Economia.
Fonte: Olhar Reformado
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