Isvonaldo sou Protestante

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quinta-feira, 18 de julho de 2013

A Aliança Davídica A Fidelidade Eterna de Deus com Israel

A Aliança Davídica - a Fidelidade Eterna de Deus com Israel

Salmo 89 fala da aliança eterna entre Deus e Davi. Esse é o terceiro salmo mais longo da Bíblia (depois dos Salmos 78 e 119), e é um dos salmos messiânicos porque a aliança de Davi, descrita nesse texto, somente encontra sua validade e seu cumprimento definitivo em Jesus Cristo.
Vamos ler o Salmo 89 inteiro: “Salmo didático de Etã, ezraíta. Cantarei para sempre as tuas misericórdias, ó Senhor; os meus lábios proclamarão a todas as gerações a tua fidelidade. Pois disse eu: a benignidade está fundada para sempre; a tua fidelidade, tu a confirmarás nos céus, dizendo: Fiz aliança com o meu escolhido e jurei a Davi, meu servo: Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o teu trono de geração em geração. Celebram os céus as tuas maravilhas, óSenhor, e, na assembléia dos santos, a tua fidelidade. Pois quem nos céus é comparável aoSenhor? Entre os seres celestiais, quem é semelhante ao Senhor? Deus é sobremodo tremendo na assembléia dos santos e temível sobre todos os que o rodeiam. Ó Senhor, Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu és, Senhor, com a tua fidelidade ao redor de ti?! Dominas a fúria do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as amainas. Calcaste a Raabe, como um ferido de morte; com o teu poderoso braço dispersaste os teus inimigos. Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste. O Norte e o Sul, tu os criaste; o Tabor e o Hermom exultam em teu nome. O teu braço é armado de poder, forte é a tua mão, e elevada, a tua destra. Justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça e verdade te precedem. Bem-aventurado o povo que conhece os vivas de júbilo, que anda, ó Senhor, na luz da tua presença. Em teu nome, de contínuo se alegra e na tua justiça se exalta, porquanto tu és a glória de sua força; no teu favor avulta o nosso poder. Pois ao Senhor pertence o nosso escudo, e ao Santo de Israel, o nosso rei. Outrora, falaste em visão aos teus santos e disseste: A um herói concedi o poder de socorrer; do meio do povo, exaltei um escolhido. Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi. A minha mão será firme com ele, o meu braço o fortalecerá. O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há de afligir o filho da perversidade. Esmagarei diante dele os seus adversários e ferirei os que o odeiam. A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder. Porei a sua mão sobre o mar e a sua direita, sobre os rios. Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação. Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra. Conservar-lhe-ei para sempre a minha graça e, firme com ele, a minha aliança. Farei durar para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu. Se os seus filhos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos, se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniquidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram. Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?): A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim. Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço. Tu, porém, o repudiaste e o rejeitaste; e te indignaste com o teu ungido. Aborreceste a aliança com o teu servo; profanaste-lhe a coroa, arrojando-a para a terra. Arrasaste os seus muros todos; reduziste a ruínas as suas fortificações. Despojam-no todos os que passam pelo caminho; e os vizinhos o escarnecem. Exaltaste a destra dos seus adversários e deste regozijo a todos os seus inimigos. Também viraste o fio da sua espada e não o sustentaste na batalha. Fizeste cessar o seu esplendor e deitaste por terra o seu trono. Abreviaste os dias da sua mocidade e o cobriste de ignomínia. Até quando, Senhor? Esconder-te-ás para sempre? Arderá a tua ira como fogo? Lembra-te de como é breve a minha existência! Pois criarias em vão todos os filhos dos homens! Que homem há, que viva e não veja a morte? Ou que livre a sua alma das garras do sepulcro? Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade? Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos e de como trago no peito a injúria de muitos povos, com que, Senhor, os teus inimigos têm vilipendiado, sim, vilipendiado os passos do teu ungido. Bendito seja o Senhor para sempre! Amém e amém!”
Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste.
A aliança que Deus fez com Davi só encontrou seu cumprimento e sua validade definitiva em Jesus Cristo, o que vemos no anúncio do nascimento de Jesus do anjo Gabriel a Maria:“Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.31-33).
Depois da ressurreição e da ascensão de Jesus, Paulo diz aos judeus em relação à aliança de Davi: “E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi” (At 13.34).
E a Timóteo, seu filho espiritual, Paulo escreve: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho” (2 Tm 2.8).
O autor do Salmo 89 chama-se Etã. De acordo com Abraham Meister, esse nome significa: “(Deus é) constância, persistência”. Não foi por acaso que esse Salmo, que fala da aliança eterna de Deus com Davi, foi escrito por um homem com esse nome.

As promessas da aliança

No Salmo 89.1-4 lemos: “Cantarei para sempre as tuas misericórdias, ó Senhor; os meus lábios proclamarão a todas as gerações a tua fidelidade. Pois disse eu: a benignidade está fundada para sempre; a tua fidelidade, tu a confirmarás nos céus, dizendo: Fiz aliança com o meu escolhido e jurei a Davi, meu servo: Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o teu trono de geração em geração” (veja também vv. 21-35).
Ao consultarmos o termo “aliança” em enciclopédias, encontraremos uma grande quantidade de informações. Essas fontes mencionam tratados entre países, alianças militares, pactos sociais e acordos de paz. Como exemplos, tivemos em passado recente o Pacto de Varsóvia, o Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a União Européia. As enciclopédias também citam órgãos governamentais das mais diversas áreas, como meio ambiente, economia e navegação. Há ainda alianças de exilados, de contribuintes, de tendências políticas, de empregadores, de empregados, de inquilinos, de fornecedores e de proteção ambiental. Não faltam alianças ecumênicas, eclesiásticas e teológicas. A aliança mais importante de todas talvez seja o casamento.
Todas essas alianças são caracterizadas pelo fato de serem frágeis e passageiras e não terem durabilidade, pois muitas vezes as partes entram em conflito. Os termos dos pactos quase nunca são cumpridos integralmente, e na maior parte das vezes já de antemão estão condenados ao fracasso. Por isso, a História tem tantos relatos de alianças rompidas e pactos quebrados.
Os pactos e alianças que Deus celebra são totalmente diferentes. Sua garantia é indiscutível e não poderia ser mais segura. No Salmo 89.35-37 o Eterno promete: “Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?): A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim. Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço”. Tentemos responder quatro perguntas:

1. Por que a aliança de Deus é imutável e pode ser mantida para sempre?

Porque está baseada na graça, e não na lei. Tem sua existência eterna na fidelidade e santidade de Deus. Nem mesmo a infidelidade da geração descendente de Davi invalidou a aliança com Deus (cf. Sl 89.30-33). Naturalmente isso teve conseqüências para aquela geração mas não interferiu na própria aliança. Quando Salomão andou por seus próprios caminhos, Deus respondeu dividindo o reino e anunciando o reinado de Jeroboão sobre as dez tribos. O Senhor disse: “Por isso, afligirei a descendência de Davi; todavia, não para sempre” (1 Rs 11.39).
O Salmo 89 cita oito vezes a palavra graça ou suas correlacionadas (v.1, “misericórdias”; v.2, “benignidade”; v.14, “graça”; v.17, “favor”; v.24, “bondade”; v.28, “graça”; v.33, “bondade”; v.49, “benignidade”).
Há quatro menções à aliança nesse Salmo (vv.3, 28, 34 e 39).
O conceito da eternidade (“para sempre”) aparece seis vezes (vv.2, 4, 28, 29, 36, 37).
A fidelidade de Deus é referida sete vezes (vv.1, 2, 5, 8, 24, 33, 49).
E há cinco menções ao trono (vv.4, 14, 29, 36, 44).
Os pactos e alianças que Deus celebra são totalmente diferentes das humanas. Sua garantia é indiscutível e não poderia ser mais segura.
Deus também falou da Sua aliança eterna com Davi pela boca do profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor: Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e eu não mantiver as leis fixas dos céus e da terra, também rejeitarei a descendência de Jacó e de Davi, meu servo, de modo que não tome da sua descendência quem domine sobre a descendência de Abraão, Isaque e Jacó; porque lhes restaurarei a sorte e deles me apiedarei” (Jr 33.25-26; cf. também Gn 15.18-21; 17; Êx 33.1-2; Lv 26.41-42,44-45; Dt 4.30-31; 2 Sm 23.5; 2 Rs 13.23; Sl 105.8-11; Sl 132.11ss.).
Essa profusão de menções à aliança também é uma clara indicação de que todas as doze tribos de Israel serão preservadas, retornando no final, mesmo que hoje sua identificação ainda seja difícil.

2. Quando teve início a aliança de Deus com Davi?

Já na escolha de Davi como rei de Israel. Basta atentar para a palavra “poder”, “óleo” ou “ungir”: “...no teu favor avulta o nosso poder...” (Sl 89.17)“...com o meu santo óleo o ungi” (v.20)“...e em meu nome crescerá o seu poder” (v. 24).
Deus mandou o profeta Natã dizer a Davi: “Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” (2 Sm 7.15-16).
Há uma diferença profética muito significativa entre a unção de Saul e a unção de Davi para serem reis. No caso de Saul lemos: “Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o Senhor por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?” (1 Sm 10.1). Quando Davi foi ungido rei, o relato diz: “Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apossou de Davi...” (1 Sm 16.13). O vaso de azeite é quebrável, já o chifre de azeite não é. Essa é uma indicação profética da fragilidade do reinado de Saul e da durabilidade do reinado de Davi.
Saul foi instituído rei por Deus, mas não havia sido Seu eleito; ele era um rei mais de acordo com a vontade do povo (1 Sm 12.13). Já Davi era homem segundo o coração de Deus e eleito pelo Senhor (2 Cr 6.5-6).
Quando Saul foi morto pelos filisteus, Davi lamentou sua morte: “Montes de Gilboa, não caia sobre vós nem orvalho, nem chuva, nem haja aí campos que produzam ofertas, pois neles foi profanado(quebrado) o escudo dos valentes, o escudo de Saul, que jamais será ungido com óleo” (2 Sm 1.21). Já sobre Davi está escrito: “A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder” (Sl 89.24).

3. A que se relaciona a aliança?

a) Às pessoas de Davi, Salomão e seus descendentes: “...também o Senhor te faz saber que ele, oSenhor, te fará casa. Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens. Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” (2 Sm 7.11-16).
b) Além das pessoas, diz respeito ao trono: “Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino... Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” (2 Sm 7.13,16).
O Salmo 89 fala do trono de modo muito especial: “Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o teu trono de geração em geração” (v.4). “Farei durar para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu” (v. 29). “A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim” (v.36).
Se a promessa dependesse de quem se assenta no trono, ela já teria se tornado ultrapassada e inválida com Salomão. Mas como a promessa está baseada, por um lado, em Deus, em Sua graça, fidelidade e santidade, e, por outro lado, no trono, ela não tem como ser invalidada.
O vaso de azeite é quebrável, já o chifre de azeite não é. Essa é uma indicação profética da fragilidade do reinado de Saul e da durabilidade do reinado de Davi.
c) Jesus, o Messias. Davi aparentemente percebeu isso e disse a respeito da aliança que Deus tinha feito com ele: “Foi isso ainda pouco aos teus olhos, Senhor Deus, de maneira que também falaste a respeito da casa de teu servo para tempos distantes; e isto é instrução para todos os homens, óSenhor Deus” (2 Sm 7.19).
Uma passagem paralela no livro das Crônicas, apesar de ter outras ênfases, certamente tem algum significado profético: “...e também te fiz saber que o Senhor te edificaria uma casa. Há de ser que, quando teus dias se cumprirem, e tiveres de ir para junto de teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que será dos teus filhos, e estabelecerei o seu reino. Esse me edificará casa; e eu estabelecerei o seu trono para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; a minha misericórdia não apartarei dele, como a retirei daquele que foi antes de ti. Mas o confirmarei na minha casa e no meu reino para sempre, e o seu trono será estabelecido para sempre” (1 Cr 17.10-14).
• Aqui Salomão não é mencionado como descendente direto de Davi, que subiria ao trono, mas como o “descendente depois de ti, que será dos teus filhos”. Essa indicação não se refere nem a Salomão nem a outro filho seu, mas a um descendente futuro da linhagem de Davi.
• A possibilidade de pecado não é mencionada nesse texto, pois pelo visto esse descendente não pecará.
• Ele próprio, Seu trono e Seu reinado durarão para sempre. Não é só o trono que permanecerá para sempre, mas também a pessoa que se assenta no trono.
Essa profecia não pode estar relacionada a ninguém mais além de Jesus Cristo, que o anjo Gabriel anunciou da seguinte forma a Maria: “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.32-33). E por referir-se a Jesus, o Salmo 89.24 também diz: “A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder”.

4. Qual é a conseqüência dessa aliança?

1. Israel precisa ser preservado como povo.
2. Israel como nação deve possuir a terra. Portanto, os judeus devem retornar a ela. A existência do Estado judeu é uma premissa básica para isso.
3. Jesus tem de retornar literalmente como Messias.
4. É preciso existir um reino literal. Quando Natã, incumbido por Deus, disse a Davi que o seu “reino”seria “estabelecido para sempre” e que seu “trono” existiria “para sempre”, Davi respondeu ao Senhor:“Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome e fazer a teu povo estas grandes e tremendas coisas, para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste do Egito, desterrando as nações e seus deuses? Estabeleceste teu povo Israel por teu povo para sempre e tu, ó Senhor, te fizeste o seu Deus. Agora, pois, ó Senhor Deus, quanto a esta palavra que disseste acerca de teu servo e acerca da sua casa, confirma-a para sempre e faze como falaste. Seja para sempre engrandecido o teu nome, e diga-se: O Senhor dos Exércitos é Deus sobre Israel; e a casa de Davi, teu servo, será estabelecida diante de ti” (2 Sm 7.23-26).

A interrupção da aliança

Israel como nação deve possuir a terra. Portanto, os judeus devem retornar a ela. A existência do Estado judeu é uma premissa básica para isso.
No Salmo 89.38-49 parece que Etã não entende mais a promessa que Deus fez a Davi. Antes Etã lembrava as promessas eternamente válidas de Deus a Davi e louvava ao Senhor por isso. Mas ele não conseguia conectá-las com a realidade que estava diante de seus olhos. O que via era totalmente diferente do que Deus tinha prometido. O que via em seus dias não combinava em nada com as promessas dadas por Deus. Parece haver uma enorme diferença entre a teoria e a prática. O que estava acontecendo? Será que Deus estava quebrando Sua palavra? Seria possível que Ele tivesse rompido a aliança feita com Davi? Será que já não era possível continuar confiando nEle?
Etã está debaixo de uma insuportável tensão entre a fé na palavra de Deus e a realidade histórica. Por isso, ele questiona consternado: “Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade?” (Sl 89.49).
A coroa de Israel caiu (aparentemente não há mais dinastia real). O trono ruiu, os muros foram derrubados, o templo destruído, os inimigos estão dominando. O reino de Israel foi dividido. Então vieram os inimigos – assírios, babilônios, gregos, Antíoco Epifânio, os romanos – e os judeus foram espalhados entre todas as nações. Além de tudo, ainda aconteceu o Holocausto... Isso realmente pode despertar dúvidas como as de Etã: “Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade?”
Mas Etã não pára por aí; ele suplica: “Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos e de como trago no peito a injúria de muitos povos, com que, Senhor, os teus inimigos têm vilipendiado, sim, vilipendiado os passos do teu ungido” (Sl 89.50-51).
Por que esse afastamento de Israel, essa separação entre a aliança com Davi e a realidade histórica vivenciada? – Porque Deus suspendeu temporariamente a aliança prometida a Davi para que as nações também fossem incluídas na salvação de Jesus, tornando-se participantes da Nova Aliança. No século VIII a.C. o Senhor tinha anunciado por meio de Isaías: “Por breve momento te deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te; num ímpeto de indignação, escondi de ti a minha face por um momento; mas com misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o Senhor, o teu Redentor... Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, e a aliança da minha paz não será removida, diz o Senhor, que se compadece de ti” (Is 54.7-8,10).
Israel tirado do meio das nações e reunido como povo é premissa indispensável para a volta de Jesus. Na verdade, será como desenrolar o tapete vermelho para o Rei que vem chegando.
No capítulo seguinte de Isaías Deus continua o raciocínio e deixa claro que (1) a aliança com Davi é válida e que (2) a aliança serve às nações. Desde Pentecostes as nações usufruem dessa verdade salvadora. No reino vindouro de Jesus Cristo a aliança terá sido cumprida, tanto para Israel quanto para as nações. O Senhor convida por meio do profeta Isaías: “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi (veja At 13.34). Eis que eu o dei por testemunho aos povos, como príncipe e governador dos povos. Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu correrá para junto de ti, por amor do Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel, porque este te glorificou” (Is 55.3-5).
O apóstolo Paulo explica a quebra da aliança aos cristãos de Roma: “Pergunto, pois: porventura, tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua transgressão, veio a salvação aos gentios, para pô-los em ciúmes... assim também estes, agora, foram desobedientes, para que, igualmente, eles alcancem misericórdia, à vista da que vos foi concedida” (Rm 11.11,31). Ele esclarece esse mistério, dizendo: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas; porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (vv.25-29). A aliança de Davi foi interrompida para oferecer a possibilidade de salvação às nações.

A doxologia da aliança

A palavra grega doxologia pode ser traduzida como forma de louvor litúrgico. No final, Etã deve ter alcançado uma libertadora convicção interior, mas ela não é revelada a nós. Ele não mais se expressa sobre isso, mas irrompe em maravilhosa adoração: “Bendito seja o Senhor para sempre! Amém e amém!” (Sl 89.52).
Agora ele tinha certeza absoluta: o Senhor não quebra Sua palavra, Ele permanece fiel! Às vezes, o caminho é diferente daquele que desejamos, mas no final tudo fica bem e todos se unirão no louvor a Deus: “Bendito seja o Senhor para sempre!” Ele transformará tudo em final feliz e concluirá perfeitamente Seu plano de salvação!
Paulo também reconheceu essa realidade e por isso jubila de forma semelhante (no capítulo 11 da Carta aos Romanos): “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Rm 11.33-36).
Ninguém terá sucesso em se opor ao Senhor, ao Seu Ungido ou ao Seu povo. É o que também expressa o Salmo 89.22: “O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há de afligir o filho da perversidade(Anticristo?)”. O versículo 9 também fala da insuperável grandeza e do poder de Deus: “Dominas a fúria do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as amainas”. Muitas vezes, água, mares e rios simbolizam as nações (cf. Is 8.7-8; 17.12-13; 28.15; 57.20; Sl 65.7-8; 93.3-4; 124.2-5; Ap 12.15; 13.1). Que o Senhor Jesus um dia reinará sobre as nações também está escrito no Salmo 89.25:“Porei a sua mão sobre o mar e a sua direita, sobre os rios”.

Pensamentos finais de exortação

No Salmo 89.20 lemos: “Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi”. Saul era o rei que o povo desejava; os israelitas viam somente o que estava diante de seus olhos. Mas Deus estava à procura de um coração que lhe fosse totalmente consagrado e encontrou-o em Davi. O que o Senhor encontra em nós?
Em Atos 13.22 está escrito: “E, tendo tirado a este, levantou-lhes o rei Davi, do qual também, dando testemunho, disse: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade”. Davi serviu ao Senhor de todo coração até sua morte: “Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais...” (At 13.36). Se o Senhor Jesus demorar com o Arrebatamento, quando estivermos perto da morte será que também poderemos dizer que servimos à vontade do Senhor até o fim?
O Senhor conduz tanto a Igreja quanto nossa vida pessoal ao seu alvo (Fp 1.6). Mesmo que muitos descendentes de Davi tenham falhado completamente, Deus conduzirá Israel ao alvo que propôs.

Encorajamento

Freqüentemente nós também não entendemos os caminhos de Deus e vivemos nessa tensão entre fé e experiência. Muitas coisas são totalmente diferentes do que imaginamos ou pensamos compreender a partir da Escritura. Às vezes sentimo-nos como Etã quando orou: “Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade?” (Sl 89.49). Muitos que esperam ansiosamente pelo Arrebatamento talvez já tenham dito a Jesus: “Senhor, afinal, quando virás? Já estou esperando há tanto tempo. Tua palavra não vai se cumprir nunca?”.
Os filhos de Deus são duramente provados, não somente sob o regime comunista na Coréia do Norte, na China, no Vietnã ou em países islâmicos. Também nos países cristãos há muito sofrimento e dor. E quando olhamos para Israel vemos que lá também há inúmeras dificuldades e que aparentemente não há solução para os problemas.
Como cristãos renascidos, preferimos receber novas vestes do que ser despidos delas. Muitos cristãos sinceros já pregaram sobre a vinda de Jesus para buscar Sua Igreja, ansiaram pelo Arrebatamento e contaram com ele durante seu tempo de vida. Mas ficaram doentes, ficaram idosos e o Senhor não os buscou. Pedro tem palavras de consolo para nós: “...que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo. Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória” (1 Pe 1.5-8).
Sejamos confiantes! Um dia os membros da Igreja de Jesus colocarão suas coroas aos pés de seu Senhor (veja Ap 4.10-11) e entoarão o louvor: “Bendito seja o Senhor para sempre! Amém, amém!” (Sl 89.52). Portanto, guarde o que você tem para que ninguém tome sua coroa (Ap 3.11). Afinal, só assim você terá algo para colocar aos pés do Senhor, para honrá-lO na eternidade! (Norbert Lieth -http://www.beth-shalom.com.br)
Norbert Lieth É Diretor da Chamada da Meia-Noite Internacional. Suas mensagens têm como tema central a Palavra Profética. Logo após sua conversão, estudou em nossa Escola Bíblica e ficou no Uruguai até concluí-la. Por alguns anos trabalhou como missionário em nossa Obra na Bolívia e depois iniciou a divulgação da nossa literatura na Venezuela, onde permaneceu até 1985. Nesse ano, voltou à Suíça e é o principal preletor em nossas conferências na Europa. É autor de vários livros publicados em alemão, português e espanhol.

Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, maio de 2010.

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