Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

sexta-feira, 18 de abril de 2014


 

Por Denis Monteiro


O que é ser espiritual? Ser espiritual é ir à igreja varias vezes? Ser espiritual é determinar pelo tempo que eu oro? Ser espiritual é ser moldado pelas experiências que tive ou o cargo que eu possuo na igreja? 

Cristo já havia predito que falsos cristos e falsos profetas agiriam, agiriam de tal forma que se possível enganaria até os eleitos, pois viriam vestidos de peles de ovelhas (Mateus 7.15;  24.24). Desde o derramamento do Espírito Santo em Atos 2, Deus agiu extraordinariamente na vida da igreja. No entanto, havia falsificações que se disseminavam. Os apóstolos combateram e alertaram a igreja dessas heresias e falsos mestres (Atos 8.9; 13.6-8; 16.16; 20.29,30; 2 Timóteo 3.5; 4.3; 2 Pedro 2.1-3).

Diante disso, como podemos saber quem provém de Deus ou não? Quem é o verdadeiro mestre? Quem é o espiritual? Quais são algumas das características deste verdadeiro? João, em sua carta, aponta três caraterísticas dos verdadeiros crentes e por consequência dos verdadeiros mestres. Um dos textos que João enfatiza é quarto capitulo de sua primeira carta. Nestes textos vemos as três características para identificarmos o verdadeiro crente e o verdadeiro mestre. 

João, em sua introdução ao “teste”, mostra que devemos provar se os espirito provêm de Deus “porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” e, a partir dos versos 2-6 mostra 3 características de uma pessoa que possui o Espírito de Deus. Então abordarei somente o que João nos mostra. 

A primeira característica é: Apreço por Cristo (vs 2-3)

Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo. (1 João 4.2-3)

Umas das heresias que a igreja do primeiro século enfrentou, e ainda enfrenta, era contra a natureza humana e divina de Cristo. Nos três primeiros séculos da Era Cristã o gnosticismo influenciava (e muito) as religiões monoteístas. Era uma doutrina com implicações filosóficas, que para resumir numa visão bíblico-teológica, o espirito seria santo e a matéria pecado (espírito = bom, matéria = mal). Então, crer que o Filho de Deus veio em carne, para um gnóstico, seria impossível. Pois como alguém santo pode ser encarcerado em uma matéria má? Para o gnosticismo falar que Cristo era o Verbo (logos) encarnado seria uma mentira. Mas isso não passa, apenas, de uma má interpretação e uma ação demoníaca. Primeiro: a Bíblia é clara em mostrar que Deus criou Adão sem pecado contendo um espírito e um corpo (Gn 1.27; 2.7). Segundo: a Escritura não escondeu a natureza humana de Cristo. Os Evangelistas, Mateus e Lucas, falaram do Seu nascimento (Mateus 1.18ss; Lucas 2), a bíblia fala de sua encarnação (João 1.1-14), que Jesus teve fome (Mateus 1.18), que chorou (João 11.35) e que foi ferido e tais feridas foram mostradas aos seus discípulos (João 20.25,27). Estas são provas de que Cristo, o Filho de Deus, foi homem como nós, mas sem pecado. Como o próprio João pergunta: Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. (1 João 2.22-23). Isso não só implica teologicamente. A vida cristã também pode mostrar se confessamos ou não a Cristo. Como diz Jonathan Edwards: a palavra confessar, como normalmente usada no Novo Testamento, significa mais do que admitir, implica estabelecer e confirmar algo pelo testemunho, proclamando-o com manifestações de estima e zelo. Ou seja, confessar que Cristo veio em carne é louvar Seu nome entre os gentios e cantar Seu nome entre as nações (cf. Rm 15.9). É confessa-lo diante dos homens (Mt 10.32). É confessar que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fp 2.11). No entanto, a Escritura compara o confessar com obras: Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra (Tito 1.16). 

A segunda característica é: Apreço em combater o pecado (vs 4-5)

Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. Do mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve. (1 João 4.4-5)

O apóstolo João aqui estabelece a antítese entre o Espirito verdadeiro e o falso. João conforta o coração dos leitores de sua carta mostrando que eles eram filhos de Deus e o que habitava neles era maior do que o que habitava no mundo. 

Enquanto o crente possui o Espirito de Deus, o mundo possui o espirito do anticristo. Como foi mostrado acima, quem é de Deus confessa que Jesus veio em carne ou como diz Paulo que ninguém pode falar que “Jesus é o Senhor!” a não ser pelo Espirito Santo (cf. 1Co 12.3). Ao contrário do mundo, o Espirito de Deus em seu povo age, conforme o escrito paulino, em: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5.22,3; cf. Ef 4.25-32). O espirito deste mundo além de negar a Cristo, age impiamente. Todo e qualquer que age, permanentemente, contrário à vontade de Deus este é o espirito de anticristo, todavia o Espirito de Deus age em nós para nos fazermos santos a cada dia dedicando-se a Deus, como diz Jonathan Edwards: “se diminui o apego dos homens aos prazeres, benefícios e honras do mundo; se arranca de seus corações a procura ambiciosa dessas coisas; se os envolve em uma profunda solicitude pela condição futura e pela fidelidade eterna revelada no evangelho, levando-os a uma busca zelosa do reino de Deus e sua justiça; se os convence a respeito da terrível natureza do pecado, da culpa que ele provoca e da desgraça a que expõe as pessoas – esse só pode ser o Espirito de Deus.

Por isso, aquele que tem o Espirito de Deus ele também tem: Apreço pela verdade (vs 6) - A terceira característica.

Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro. (1 João 4.6)  

Este versículo é semelhante às palavras de Jesus o qual o próprio João relatou em seu evangelho: “Quem é de Deus ouves as palavras de Deus” (João 8.47). Então, podemos entender o que João quis dizer em sua epístola. De que aqueles que não são de Deus, além de ter o espirito de anticristo, eles eram iguais aos fariseus, pois tinha o mesmo pai, o Diabo (João 8.44). Mas suas ovelhas ouvem Sua voz e elas O seguem (cf. João 10.27). 

Aquele que tem o Espírito de Deus este conhece a Deus. Esse “conhece”, o qual João diz, gramaticalmente, indica uma pessoas em ação para adquirir conhecimento de Deus. Ou seja, aquele é de Deus estima em adquirir e prosseguir conhecendo o Deus que o chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Não há possibilidade de alguém querer conhecer a Deus, verdadeiramente e em santidade, sem ser escolhido por Deus, pois João diz que “aquele que é de Deus” e não “quem adquire conhecimento este se torna filho de Deus”. 

Eu fico em dúvida quando vejo as megas igrejas lotadas, mas que são vazias do conhecimento Divino. Não há lógica em crer que em um lugar, que se diz que o Espirito Santo está agindo “maravilhosamente” não aja “maravilhosamente” na vida das pessoas em santificação e dedicação na Palavra de Deus. Creio não ser o mesmo Espírito, pois a promessa de Cristo foi que quando Ele viesse guiaria o seu povo em toda verdade (cf. João 16.13) e como saber se há verdade se não leem as Escrituras? Como provar os espíritos se não leem as Escrituras? Como saber se tal profecia veio de Deus se não leem as Escrituras? 

Igrejas sem doutrina ortodoxa, igrejas sem ensino da Palavra de Deus, igrejas que têm pastores que não são obreiros aprovados são um prato cheio para que Satanás aja sorrateiramente, para que, de uma vez por todas, afunde esta igreja em erros. 

Conclusão

Devemos analisar, primeiramente, nossas vidas e ver se nos encaixamos nos requisitos que o texto nos mostra, para que, depois, possamos analisar outro. Pois do que adiantaria acusar o falso profeta se nossa vida é igual?

Pois, podemos nos enganar a nós mesmos com uma falsa cristandade e, assim, julgarmos precipitadamente a outro. 

E tal prova só pode ser analisada à luz das Escrituras. São as Escrituras que devem moldar nossas vidas e a vida espiritual da Igreja. 

Amém! 

_______________

Notas:
[1] Cf.: LOPES, Augustus Nicodemus. Interpretando o Novo Testamento: Primeira Carta de João – São Paulo. Cultura Cristã, 2004. P. 21
[2]  EDWARDS Jonathan. A verdadeira obra do Espirito: sinais de autenticidade. 2º ed. rev. – São Paulo. Vida Nova, 2012. P. 46
[3] Ibid., p. 49

***
Fonte: Bereianos

Nenhum comentário: