Por John MacArthur
Em
1874, um ministro batista chamado Robert Lowry redigiu um dos mais
comoventes hinos e que muito exaltou a ressurreição de Jesus Cristo – “Fundo, no túmulo, Ele deitou”. Note como estes versos contrastam a impotência da morte e do sofrimento com o poder da ressurreição de Cristo:
Fundo, no túmulo, Ele deitou, Jesus, meu Salvador;
À véspera do dia seguinte, Jesus, meu Senhor!
Em vão observam o leito de Jesus, meu Salvador;
Em vão, eles selam o morto, Jesus, meu Senhor!
A morte não pode deter sua presa, Jesus, meu Salvador;
Ele rompeu as barreiras, Jesus, meu Senhor!
A
morte, o mais terrível inimigo do homem, não tem poder para reinar
sobre o Senhor da vida. Essa verdade tem significado para você e para
mim, aqui e agora, no vigésimo primeiro século. Você pode ver isto na
parte mais emocionante e comovente do hino de Lowry, o refrão que pontua
cada estrofe.
Do túmulo, Ele ergueu-se,
Com um poderoso triunfo sobre seus inimigos,
Ele ergueu-se, como um conquistador,
Vencendo o domínio da escuridão
Ele vive para sempre, com seus santos a reinar.
Ele levantou-se! Ele levantou-se!
Aleluia! Cristo ressuscitou!
Você vê nestas linhas o que a ressurreição de Jesus significa para você? Se você é um cristão, pode se regozijar no fato de que Cristo levantou-se dos mortos como um conquistador, um campeão que vive para sempre, para reinar “com seus santos”. Isso se refere à promessa baseada em nosso batismo na morte e ressurreição em Cristo – é a nossa esperança e a razão e base de tudo o que cremos.
Mas,
e se não houve a ressurreição? E, se a ressurreição de Jesus Cristo é
apenas um mito do primeiro século a ser ignorado ou marginalizado como
uma questão secundária? As implicações dessa abordagem são devastadoras
para o cristianismo.
Chamo
sua atenção ao que Paulo escreveu em 1 Coríntios 15.16-19, de modo que
você possa ver o que acontece quando esquece a ressurreição.
“Porque,
se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se
Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa
esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais
infelizes de todos os homens.”
Sem
dúvida, se Jesus ainda está no túmulo, se Ele é perpetuamente o
sofredor e nunca, o conquistador, então você e eu estamos
desesperadamente perdidos. E, embora esse não seja o caso, quero
focalizar no hipotético “e, se” que Paulo presume temporariamente, em 1
Coríntios 15. “E, se a ressurreição fosse um mito? E, se Jesus Cristo
ainda estivesse morto e no túmulo?”
Em
primeiro lugar, vocês ainda estariam em seus pecados, sob a tirania da
morte, juntamente com o mais vil e incrédulo pagão. Se Jesus não
ressuscitou dos mortos, então, o pecado ganhou a vitória sobre Ele e
continua a ser vitorioso sobre você também. Se Jesus permaneceu no
túmulo, então, quando você morrer haverá de permanecer morto. Além do
mais, visto que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23), se você tivesse de permanecer morto, a morte e a punição eterna seriam o seu futuro.
A razão de confiarmos em Cristo é para perdão de pecados. Porque é do pecado que precisamos ser salvos. “Cristo morreu pelos nossos pecados” e “foi sepultado, e... ressuscitou ao terceiro dia”
(1 Co 15.3-4). Se Cristo não ressuscitou, sua morte foi em vão, sua fé
nEle seria sem sentido, e seus pecados ainda seriam contados contra você
e não haveria nenhuma esperança de vida espiritual.
Segundo, se não há ressurreição, então, “ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram”
(v.18). Isso significa que todo santo do Antigo Testamento, e todo
santo desde que Paulo escreveu estaria sofrendo em tormento neste exato
momento. Isso incluiria o próprio Paulo, os outros apóstolos, Agostinho,
Lutero, Calvino, Wesley, Moody, e os santos de fé e oração que você
conheceu – todo e qualquer crente, em todas as eras, também estaria no
inferno. Sua fé teria sido em vão, seus pecados não teriam sido
perdoados, e seu destino seria a condenação.
À luz das outras consequências, a última é bem óbvia: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”.
Sem a ressurreição de Cristo, a salvação e as bênçãos que ela traz, o
cristianismo seria sem sentido e lamentável. Sem a ressurreição não
teríamos o Salvador, o perdão e o evangelho, jamais teríamos a fé
significativa, nem a vida, e nunca poderíamos ter esperança por alguma
dessas coisas.
Esperar
em Cristo somente nesta vida seria ensinar, pregar, sofrer,
sacrificar-se, e trabalhar inteiramente por nada. Se Cristo ainda está
morto, então Ele somente não tem habilidade de salvar você no futuro,
mas Ele também não pode lhe ajudar agora. Se Ele não estivesse vivo,
onde estaria sua fonte de paz, alegria ou satisfação hoje? A vida cristã
seria uma galhofa, uma farsa, uma piada cruel e trágica. Os cristãos
sofreriam e até morreriam porque a fé seria apenas tão cega e patética
quanto a daqueles “crentes” que seguiram Jim Jones e o Templo do Povo,
David Koresh e as Raízes Davídicas, e Marshall Applewhite e a seita do
Portão do Céu.
Se
o cristão não tem um Salvador, senão Cristo; um Redentor, senão Cristo;
e um Senhor, senão Cristo; e, se Cristo não é ressurreto, Ele não está
vivo; nesse caso, a nossa vida cristã é sem vida. Nós nada teríamos para
justificar nossa fé, nosso estudo bíblico, nossa pregação ou
testemunho, nossa adoração e serviço de culto a Ele, e nada para
justificar nossa esperança nesta vida ou na próxima. Nós nada
mereceríamos, senão a compaixão reservada para os tolos.
Mas, Deus sim ressuscitou “dentre
os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das
nossas transgressões, e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4.24-25). Porque Cristo vive, nós também viveremos (Jo 14.19). “O
Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes,
pendurando-o num madeiro. Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a
Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a
remissão de pecados” (At 5.30-31).
Não somos dignos de pena, pois Paulo imediatamente encerra a terrível seção “e, se”, dizendo: “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1 Co 15.20). Como Paulo disse, no final de sua vida, “sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito [i.e. sua vida] até aquele Dia” (2 Tm 1.12).
Aqueles
que não esperam somente em Cristo para salvação são verdadeiros tolos;
eles são os que precisam ouvir seu testemunho compassivo sobre o triunfo
da ressurreição de Cristo. Então, não esqueça a ressurreição;
regozije-se nela e glorie-se nela, pois Ele ressuscitou de fato.
***
Via: Cristão Reformado
Sobre o assunto Páscoa, leia também: "Verdades e Mitos sobre a Páscoa".
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