Isvonaldo sou Protestante

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quinta-feira, 24 de abril de 2014




Por Álvaro Rodrigues


É comum a utilização de João 3:16 por grupos arminianos em uma tentativa frustrada de demostrar contradição entre o amor de Deus e a eleição incondicional. Para este grupo, não há como conciliar a expressão "Deus amou o mundo" com a crença de que Deus escolheu alguns para salvação e reprovou os demais. Mas o que pode ser dito como resposta à esses arminianos? O texto de Jo 3:16 contradiz a eleição incondicional? 

Demostrarei neste artigo duas possíveis interpretações (talvez existam outras) que calvinistas dão ao texto em análise, mostrando assim a compatibilidade entre João 3:16 e a eleição incondicional.

João 3:16 nos diz: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."

1 - Interpretação: Existem calvinistas que defendem que a expressão "Deus amou o mundo" é referente aos eleitos de Deus que estão em todas as partes da terra. Para este grupo de calvinistas, Jesus quis ressaltar a verdade de que a salvação não estava limitada aos crentes israelitas; mas que se aplicava a todos os eleitos de todo o mundo.

2 - Interpretação: Há outros calvinistas que admitem que a expressão "Deus amou o mundo" refere-se não somente a eleitos, mas a todas as pessoas sem exceção. Só que para este grupo de calvinistas, existe mais de um sentido quando se diz que "Deus amou o mundo". Eles definem que Deus ama os não-eleitos de forma "provisional", enquanto que ama de forma "salvífica" somente os eleitos. 

O amor provisional refere-se aos benefícios de ordens natural e material que são garantidos pelo sacrifício de Cristo e que são dados por Deus à todos os homens. Por exemplo, Deus, por conta do sacrifício de Cristo, tem "suportado com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição" (Rm 9:22). Isto é um tipo de amor, visto que, levando em conta que todos os homens neste momento mereciam estar no inferno, Deus os tem preservado com vida e sustento. (Mt 5:45, At 17:28)

O amor salvífico refere-se a intenção e desejo de Deus em salvar eternamente aqueles os quais elegeu. São os eleitos aqueles pelos quais Cristo garantiu a salvação. A expressão "deu o seu filho único, para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna" é a garantia de que Deus só ama de forma salvífica os que tem fé, ou seja, os eleitos.

Então o texto ficaria assim: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira ( Amor salvífico e provisional aos eleitos/Amor provisional aos não-eleitos), que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (Amor salvífico exclusivo aos que creem, ou seja, os eleitos)."

Deste raciocínio se entende que Deus enviou Jesus para que "os que cressem tivessem a vida eterna". Daí se conclui que Deus ama de forma salvífica somente os crentes, e não a todas as pessoas.

A interpretação arminiana:

Os arminianos defendem que o texto de Jo 3:16 nos quer transmitir a ideia de que Deus enviou Cristo para possibilitar a salvação de todos. Porém a escritura nos ensina que a salvação não é uma mera possibilidade, mas sim uma realidade para aqueles a quem o Pai entregou ao Filho (Jo 6:37). 

Mas, se como os arminianos eu digo que Cristo veio possibilitar a salvação, em outras palavras estaria dizendo que era real a possibilidade de não haver nenhuma salvação. Pois, o que poderia garantir a existência dos salvos se Deus não tivesse decretado a eleição de alguns para a salvação? O livre-arbítrio do homem? Claro que não! Afinal, se eu tenho livre arbítrio eu posso aceitar ou negar a salvação. E se cada pessoa tem o livre-arbítrio conclui-se que elas poderiam ou ter negado ou aceitado, o que quer dizer que existia a possibilidade real de que o plano da redenção fosse frustrado.

Assim sendo, torna-se impossível a interpretação de João 3:16 numa perspectiva arminiana. Logo, fica a critério do leitor escolher entre a primeira ou a segunda interpretação dada pelos calvinistas ao texto em análise. 

Soli Deo Gloria 

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Fonte: A suficiência das Escrituras

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