ALBERTO COUTO RESPONDE A EDIR MACEDO
OUÇA O VÍDEO PARA ENTENDER A CRÍTICA DO ALBERTO AO BISPO
Abençoamado Bispo Edir Macedo, Paz
Pasmo, tão assombrado quanto a plateia que, aparvalhada o ouvia conclamá-la para uma pretensa “MARCHA CONTRA JESUS”, quedei-me ante seu despudor espiritual, quando passava uma descompostura no Príncipe da Paz, nada mais; nada menos, no Filho amado em quem Deus declara ter comprazimento; no autor e consumador da fé, que não parece ser da sua, mas da fé de todos que, perplexos, o ouviam.
Posso admitir indícios de uma ignorância escriturística naquele seu inusitado libelo?
Ou seria um “delirium tremens” provocado pela abstinência àquela cerveja que o respeitável bispo diz gostar de beber? Esta abstinência provoca alterações súbitas na mente e no sistema nervoso – poderia ser isto? O senhor está se tratando?
Sem qualquer pretensão de exibir-me como profundo conhecedor da Bíblia Sagrada, vou tentar persuadi-lo do quão deplorável foi o seu parecer quanto ao milagre realizado por Aquele que, também pelo senhor, morreu lá na cruz.
Quem sabe, respondo às perguntas zombeteiras que fez àquela sua plateia que, atônita e aturdida, o ouviu injuriar a conduta do nosso único e suficiente Salvador no episódio do Seu milagre, o primeiro narrado no Evangelho de João?
Meu caro bispo, o último Evangelho escrito, segundo a tradição da Igreja Primitiva, foi o de João, em torno de 90 d.C. e difere dos três anteriores quanto à intenção dos evangelistas ao escreverem sobre Jesus:
Enquanto vemos em Marcos, Mateus e Lucas uma atenção maior daqueles evangelistas em proclamar a autoridade e a onipotência de Jesus, João buscava convencer a sua comunidade de que Jesus era o Messias aguardado como enviado do Altíssimo.
O objetivo de João, amado bispo, ao redigir o seu Evangelho está registrado nos dois únicos versículos do capítulo 20:
Jo 20:30 – “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muito outros sinais que não estão escritos neste livro.”; 20:31 – “ Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”
João explica, ainda, em seu Evangelho, o principal motivo da incredulidade dos judeus, no relato contido em Jo 12: 37, 38, 42, 43 – 37: “... E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele, 38: “para se cumprir a palavra do profeta Isaias que diz: 42: “...mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulso da sinagoga” 43: “porque amaram mais a glória dos homem do que a glória de Deus.
O amado irmão poderá ver, portanto, que João intentava mostrar aos judeus, através dos “sinais miraculosos” de Jesus, que o Messias já se encontrava entre eles e narrou em seu Evangelho aquele que seria o primeiro sinal de que Jesus operaria muitos milagres, por ser o enviado de Deus: “A transformação de água em vinho”. Destarte, podemos observar que, realmente, esse sinal miraculoso foi o primeiro descrito pelo evangelista (Jo 2:1-11) em seu livro. Assim foi narrado: Jo 2:11 “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galileia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.”
Considerações:
À luz da cronologia, face ao exposto, lembro ao senhor que o primeiro milagre de Jesus foi narrado por Marcos (Mc 1:21-28), sob o título: “A cura de um endemoninhado em Cafarnaum”. Logo em seguida, na casa de Pedro e André, Jesus iria curar a sogra de Pedro.
Segundo registros o Evangelho de Marcos é o mais antigo; dizem-no escrito em época anterior a 62 d.C.
Mateus narra o primeiro milagre de Jesus como sendo a cura de um leproso ocorrida logo após o sermão do monte, fato narrado em (Mt 8:1-4). Na sequência, ao entrar em Cafarnaum, Jesus cura o criado de um centurião, dizendo aos que o seguiam não ter visto, nem mesmo em Israel, uma fé tão grande quanto à daquele centurião.
Os registros históricos mostram-nos que o livro de Mateus teria sido escrito entre 64 e 70 d.C.
O primeiro milagre de Jesus, na Bíblia, é reproduzido por Lucas em seu Evangelho: “A cura de um endemoninhado em Cafarnaum”. Lucas, também, reproduz outros sinais constantes no livro de Marcos.
A ocasião do Evangelho de Lucas é citada, comumente, como “por volta de 63 d.C.”.
Sem detalharmos os sinais que se seguiram à transformação da água em vinho, podemos concluir que cada um dos evangelistas enunciou os seus “primeiros milagres” com intenções distintas:
· Marcos e também Lucas pretenderam fazer-nos entender que Jesus, o Messias esperado, está entre nós disponibilizando o Seu poder para que sejam derrotadas as forças demoníacas opressoras que nos afetam, tanto física quanto mentalmente;
· Mateus faz-nos perceber que o poder de Jesus é mais utilizado para a resolução dos problemas sócio-emocionais evidenciados entre aqueles mais carentes de recursos para sobreviver:
· João, definitivamente, nos mostra que Jesus é o enviado de Deus – nosso único e suficiente Salvador. Em seu Evangelho, por sete vezes, Jesus reivindica esta Sua divindade. João, diferentemente dos outros evangelistas tinha interesse em registrar Quem Ele era e não o que Ele podia fazer.
Observe meu amado irmão, que Jesus, deliberadamente, profana o que era sagrado para os judeus, que tinham aquelas talhas como utensílios de purificação, usados em seus rituais. Jesus utilizou-as como objetos típicos de uma festa, fazendo com que eles entendessem que para o Messias o sagrado só poderia ser estabelecido pelo Deus criador de tudo e de todos.
Jesus joga por terra a ideia de que certos objetos poderiam ser santificados, querendo dizer-lhes que só Ele é santo e santo é tudo aquilo que somente Ele pode santificar.
Jesus, quando utilizou aqueles recipientes quis mostrar aos presentes que Ele não se submete ou não se prende às coisas que o homem conceitua e define como sagradas para si, às quais presta contas e obedece como se submisso a elas. Para o Senhor isto soa como idolatria.
Preclaro bispo, o seu questionamento deveria ser:
Mas por que o evangelista João relata a transformação de água em vinho como o primeiro milagre de Jesus?
Permita-me responder: Há cinco razões consubstanciando o sinal relatado por João como o primeiro sinal miraculoso do enviado de Deus:
1 – A crença judaica era de que quando o Messias estivesse entre eles, Deus iria festejar sua presença com uma grande festa de casamento em que o povo de Israel seria a noiva e o Criador seria o noivo, cuja fidelidade estaria determinando que, a partir das bodas, não mais deixaria seu povo abandonado.
2 – João quis dizer que as bodas previstas por Deus para o final dos tempos já estava acontecendo com a presença do Cristo ressurreto.
3 – O que estaria caracterizando essa festa, ainda segundo a crença judaica, seria a abundância de vinho (600 litros), usado corriqueiramente em eventos matrimoniais.
4 – Aquele sinal miraculoso; um milagre daquela proporção levou os judeus desacreditados da comunidade de João a crerem que, realmente Jesus era o filho de Deus.
5 – A transformação, em que foram utilizadas talhas de pedra usadas em rituais de purificação, determinaram a total desvalorização daquelas práticas que, agora, seriam substituidas pelo vinho sinalizador da ressurreição do nosso Salvador.
Há relatos bíblicos registrando esse casamento entre Deus e Israel. Entre outros, podem ser citados os versículos 19 e 20 do Capítulo 2 do livro do profeta Oseias:
19 – “Desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdia;
20 – “desposar-te-ei comigo em fidelidade; e conhecerá ao Senhor.”
Pode-se ler em (Is 62: 5), sob o título “Jerusalém, a noiva do Senhor”:
“Porque, como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposarão a ti; como o noivo se alegra da noiva; assim de ti se alegrará o teu Deus”.
Embora não desconheça que o nobre bispo ama o dinheiro e jamais se fartará dele; que, em amando a abundância nunca se fartará da renda (segundo Salomão em Ec 5:10) que o posiciona como o tele-evangelista mais rico entre os brasileiros que professam a falaciosa teologia da prosperidade, confesso ainda ter a esperança de que o amado bispo venha a se arrepender de todas as ações anti-bíblicas que vem praticando à frente da gloriosa Igreja Universal do Reino de Deus.
Por meu turno, para não ser taxado de servo impiedoso:
Que Deus o perdoe – eu o amo, neste mesmo Jesus que o senhor desmereceu vilipendiosamente.
Vou orar muito pela sua vida.
Respeitosamente,
Alberto Couto Filho
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