Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

sexta-feira, 31 de agosto de 2012



                                                          2 Samuel 7. 12 – 13
Quando a sua 
vida chegar ao fim e você descansar com os seus antepassados, escolherei um dos seus filhos para sucedê-lo, um fruto do seu próprio corpo, e eu estabelecerei o reino dele. Será ele quem construirá um templo em honra do meu nome, e eu firmarei o trono dele para sempre.
Num determinado dia o rei Davi disse ao profeta Natã que estava morando em uma casa feita de madeira de cedro, enquanto a arca da aliança estava sendo guardada em uma barraca, o profeta lhe disse que fizesse de acordo com o seu querer, na medida em que Deus estava com ele.
Entretanto, o Senhor, naquela mesma noite, determinou a Natã que dissesse a Davi que não seria ele que construiria um templo para Ele e fala que desde o dia em que tirou o povo de Israel do terra do Egito, não tinha se fixado em templo algum e mais, que nunca tinha questionado a nenhum daqueles que tinha escolhido para governar, o motivo pelo qual nenhum deles tinha tido a preocupação de construir um templo de cedro para Ele.
Então lembra a Davi que o tinha tirado da função de pastor de ovelhas com a finalidade de governar o Seu povo e, por isso, sempre tinha estado com ele, defendendo-o contra todos os seus inimigos e que o transformaria em um rei conhecido em toda a terra e promete a Davi que sempre estaria com ele, protegendo-o de seus adversários e, além disso, quando ele morresse um de seus filhos seria o rei e que o seu reino seria muito forte, arremata dizendo que seria esse filho que construiria um templo para Ele e complementa falando que faria com que seus descendentes governassem para sempre.
O que estamos vendo nesse texto é a intenção de um homem de construir um templo para Deus, em sinal de reverência, de gratidão, de reconhecimento de que o Senhor merecia tudo e ele nada, por isso diz que como poderia ele estar morando em uma casa de madeira e Deus não ter um templo, ou seja, estamos vendo uma pessoa reconhecida com um ótimo objetivo em mente. Entretanto, Deus disse não as suas boas intenções.

O senhor não o recusou, porém o templo não era o que Deus tinha em mente. Deus tinha planos muito maiores para a vida de Davi, e neles, não estava incluída a idéia de construção de um templo, pelo menos naquele momento.
E é isso que muitas vezes não conseguimos entender. Davi não estava de modo algum fazendo algo errado, pelo contrário, as suas intenções eram as melhores possíveis, porém Deus tinha planos maiores para a sua vida. Muito embora o Senhor não estivesse descartando a idéia da construção, fato mostrado na sua intenção de que aquela obra seria feita pelo filho de Davi, quando fosse rei, naquele momento os planos de Deus eram outros e estavam voltados para a vida de Davi e o Senhor mostra isso quando diz que, até aquele momento nunca tinha cobrado de nenhum de seus eleitos uma construção como essa, por isso poderia ficar para mais tarde, já que agora a prioridade era outra, ou seja, o rei deveria estar voltado para as coisas que se encaixassem dentro do Seu plano, o templo poderia esperar.
Então, a pergunta que precisa ser feita é a seguinte: “Como reagimos quando Deus diz não às nossas intenções”? A resposta é que na maioria das vezes muito mal, porém esse texto nos mostra que quando Deus não está concordando com os nossos planos, não significa que Ele está nos rejeitando, muito pelo contrário, Ele pode estar preparando algo muito mais grandioso para nossas vidas, coisas que nem fazemos idéia.
Por isso, se por acaso você que está lendo esse texto, teve alguma de suas intenções bloqueadas por Deus, não desanime, não perca a esperança, pois não temos a menor idéia do que o Senhor está preparando. Ele pode estar preparando o mesmo desfecho que deu ao rei Davi para as nossas vidas.

Gospel +


Muito se fala de fidelidade a Deus em nossos dias. Inclusive, há pessoas que batem no peito e dizem que são fiéis a Deus, independente da situação que vierem a enfrentar. No entanto, eu pergunto o seguinte: “A quem nós estamos sendo fiéis: a Deus ou ao homem?” Para respondermos esta indagação, analisemos os três pontos que serão citados abaixo.
Quando o líder da sua igreja (presbítero, pastor, bispo, apóstolo, reverendo) fala alguma heresia, que seja contrária as Escrituras Sagradas, o que você faz? Você faz de conta que nada aconteceu ou questiona o falso ensino? Se você age como se nada tivesse acontecido, então, você está sendo mais fiel ao homem do que a Deus. Não devemos aceitar falsas doutrinas, como podemos ver em Gálatas 1:8,9 e em 2 João 9,10.

Atualmente, estamos vivendo uma verdadeira avalanche de “objetos ungidos” dentro das igrejas evangélicas, como se estes objetos fossem capazes de resolver todos os problemas, da mesma forma como Deus é capaz de fazer. E o pior é que estes “objetos ungidos” custam e custam caro. Quando o líder de sua igreja ensina que os “objetos ungidos” são capazes de trazer a solução de seus problemas, o que você faz? Você questiona o seu líder, mostrando que quem resolve os problemas é Deus e não o “objeto ungido”?

Ou você aceita esta macumbaria evangélica, sem se incomodar com isso? Se você aceita tudo de bom grado, então você está sendo mais fiel ao homem do que a Deus. A Bíblia diz que Deus é Todo-Poderoso e somente Ele. Somente Deus pode trazer a solução para os seus problemas. Objeto ungido não é Deus para trazer solução para sua vida. Então, permitir que estes “objetos ungidos” tomem o lugar de Deus em sua vida é pecado e é um pecado dos grandes. Somente Deus deve ser o Senhor da sua vida e ninguém mais.

Quando o líder de sua igreja faz algo ilícito, como, por exemplo, usar o dinheiro dos dízimos e das ofertas de uma forma inapropriada, o que você faz? Você não liga para isto ou exige uma retratação por parte do seu líder? Se você não liga, então você está sendo mais fiel ao homem do que a Deus, pois, a Bíblia diz que não podemos compactuar com as obras infrutíferas das trevas e desvio de dízimos e ofertas é uma obra das trevas, que entristece o coração do nosso Deus. Uso ilícito do dinheiro da igreja é um grande pecado e infelizmente, isto tem acontecido com certa frequência no meio evangélico.

Irmãos, quem verdadeiramente é fiel a Deus, não aceita heresias, não substitui a presença de Deus pelos “objetos ungidos”, nem admite o uso indevido das ofertas e dízimos da igreja. Quem é de Cristo se indigna com o pecado e com a corrupção. Os profetas de antigamente denunciavam o pecado e não tinham medo disto.

E você? Você se indigna contra o erro e o pecado ou aceita a ambos, de bom grado. Pense nisso, e veja a quem você é fiel? A Deus ou ao homem? Espero que tenham gostado desta breve reflexão e até a próxima oportunidade, se Deus assim quiser.

Gospel+

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Por Mark R. Rushdoony

Um dos mitos mais absurdos do nosso tempo é que “você não pode legislar moralidade”. Nada poderia estar mais longe da verdade. Toda lei é uma moralidade legislada.

Leis são promulgadas para proteger pessoas e propriedades ou para promover a saúde e a segurança. Leis dizem que algo é bom, então a sociedade a protegerá, ou que algo é mau, e portanto será regulado ou punido. Leis contra roubo e assassinato são declarações morais sobre o direito à propriedade privada e sobre a santidade da vida. Até mesmo um sinal de PARE é uma lei moral. Um sinal de PARE diz que você não tem o direito de arriscar a vida de outras pessoas por dirigir de maneira imprudente. Muito tem sido dito em anos recentes sobre aborto e atividades homosseuxais como passando de um pedido de aceitação para um status legal favorecido. Isso é verdadeiro e representa uma progressão lógica. Primeiro, o homossexualismo e o abordo foram exigidos como direitos, isto é, a moralidade como vista pela lei foi buscada e adquirida. Então, favores e proteções para o que a lei considera moral e digno de proteção têm sido progressivamente exigidos e concedidos. A exigência da liberação do casamento gay é baseada nos “direitos” concedidos pela decisão moral anterior.

Não podemos legislar pessoas morais, mas legislaremos moralidade. Leis contra roubo e assassinato nunca foram feitas para tornar alguém melhor, nem pretendem fazê-lo. Elas têm o intuito de dissuadir as pessoas imorais de um comportamento imoral por meio do medo da justiça. Nem parar num sinal de PARE faz você uma pessoa moral; o intuito não é torná-lo moral, mas fazer você dirigir de uma forma que proteja a vida e propriedade dos outros. Os magistrados, diz o apóstolo Paulo, devem ser um terror para os malfeitores; seu propósito é controlar as pessoas que querem fazer o que a lei diz ser errado.

Não é apenas o anti-cristianismo de fora que é o nosso problema hoje; estamos também lutando contra o elemento anti-lei de Deus (antinomiano) que tem atacado o Reino de Deus dentro dos seus próprios portões.

A moralidade sobre a qual nossas leis são baseadas são sempre religiosas em natureza. A ética moral de um cristão será diferente daquela de um humanista, ou hindu, ou muçulmano. Quando mudamos de religão, nossa moralidade mudará e nossas leis eventualmente reflitirão isso. Temos visto uma mudança progressiva da fé e lei cristã para uma lei mais vigorosamente humanista em décadas recentes.

O inverso também é verdade. Quando mudamos nossa moralidade, estamos mudando nossas pressuposições religiosas, e nossa própria religião é mudada. Não é apenas o anti-cristianismo de fora que é o nosso problema hoje; estamos também lutando contra o elemento anti-lei de Deus (antinomiano) que tem atacado o Reino de Deus dentro dos seus próprios portões.

Todos cremos na lei, de forma que todos cremos em legislar moralidade. Eu creio na moralidade de Deus. Em qual moralidade você crê?


- Sobre o autor: O Rev. Mark R. Rushdoony, filho do falecido R. J. Rushdoony, é o atual presidente da Chalcedon Foundation.
Fonte: Chalcedon Foundation
Tradução: Felipe Sabino – março de 2012.
Via: Monergismo


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Por Antônio Pereira Jr.

Estas duas palavras são parecidas, porém, divergentes. Temos visto que, na igreja hodierna, elas misturam-se na mente do povo de Deus. Infelizmente, muitos não conseguem distinguir uma da outra.

Deixe-me dar a definição de ambas. John Stott define avivamento ou reavivamento como: “… uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela. Os inconversos se convencem do pecado, arrependem-se e clamam a Deus por misericórdia, geralmente em números enormes e sem qualquer intervenção humana. Os desviados são restaurados. Os indecisos são revigorados. E todo o povo de Deus, inundado de um profundo senso de majestade divina, manifesta em suas vidas o multifacetado fruto do Espírito, dedicando-se às boas obras” (A verdade do Evangelho, p. 119).

Creio que Deus pode, e frequentemente o faz, operar uma grande reavivamento em nossos dias para reavivar a igreja que está dia-a-dia descendo ladeira abaixo empurrada pelo vento do modernismo, da falta de firmeza doutrinária, da escassez de uma santidade impactante e não legalista. E que isso, na realidade, é necessário e urgente. Não obstante, muito do que se vê por ai não passa de descarado aviltamento.

Já a palavra “aviltamento” significa: vileza, desonra, ignomínia, descrédito, vergonha. A maioria dos “avivamentos” que existem por ai não passa de aviltamento. Verdadeira vergonha de um pseudo-evangelho, uma pseudo-salvação. Verdadeira infâmia contra a santidade de nosso Deus maravilhoso.

Vários períodos da história da Igreja pós-apostólica foram marcados por reavivamentos maravilhosos, onde Deus usou soberanamente homens falíveis para uma proclamação das verdades de um Deus infalível. Por exemplo: A Reforma Protestante (John Wycliffe, Lutero, Calvino, Knox), Reavivamento Morávio (conde Zinzendorf), o Grande Reavivamento do séc. XVIII (John Wesley, Charles Wesley e Jorge Whitefield), Reavivamento Americano de 1725 e 1760 (Teodoro Fredinghuysen e Jônatas Edwards), só para citar alguns.

Todos os despertamentos históricos foram marcados em contraposição por desvios e abusos que tentaram passar por avivamento, mas que nada mais eram que aviltamento. Gostaria de falar, em breves palavras, sobre o que NÃO é reavivamento espiritual: 

· Reavivamento não é simplesmente agendar programações, promover campanha evangelística, retiros, etc. O Espírito Santo de Deus age como Ele quer e não segundo as nossas concepções e agendamentos humanos. “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai…” (João 3:8 a). 

· Reavivamento não é assistir “Louvorzão”. Realizar encontros de jovens e reuniões de avivamento. Não é animação no culto. Participar de uma “coreografia santa” não é reavivamento. Pessoas podem dar amém na hora certa, levantar as mãos para o céu, chorar, cair, mas essas coisas não querem dizer que haja verdadeiramente um mover do Espírito. 

· Reavivamento não é linguajar religioso. “Tome posse da bênção”; “Eu decreto”; “Tá amarrado”. São essas as frases, dentre tantas outras, que os cristãos brasileiros estão usando como mantras espirituais dentro das igrejas. O linguajar tem que ser este. Quem não anda por essa cartilha é taxado de cru. Isso é inconcebível. 

. Reavivamento não é praticar um “pentecostalismo descompromissado”. Em Mt 7. 22 – 23 está uma advertência séria com relação a práticas tão populares hoje. Veja o texto: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. Veja que “igreja” maravilhosa. Existia profecia: “não profetizamos nós em teu nome?”. Existia exorcismo: “não expulsamos demônios?”. Existiam curas e milagres: “não fizemos muitas maravilhas?”. Contudo, Deus os reprovou! A advertência é séria: “Nunca vos conheci”. Em outras palavras: “Vocês não são dos meus”. O problema é que essas pessoas irão descobrir isso muito tarde. Espero que você não seja uma delas. 

· Reavivamento não é mudar os costumes. – Mt 23. O próprio texto de Mateus 23 é contundente. Fala por si. “Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. O maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado”. (v. 1-12). Conheço várias pessoas que poderiam encaixar-se perfeitamente nessas advertências. Lembrem-se: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!” 

· Reavivamento não é mudar de teologia. As pessoas mudam de doutrinas como se muda de roupa. Não existem raízes. São como uma folha seca levada pelo vento. Basta surgir um propagador de bênçãos e ele estará lá. Não se questiona nada, o importante é sentir. Chamo isso de “sensitividade herética”. Charles Spurgeon já advertia a igreja a mais de cem anos atrás: “As pessoas dirão: ‘Gostamos desta forma de doutrina e gostamos também da outra’. Mas o fato é este: eles gostariam de qualquer coisa, desde que um enganador esperto lhes apresentasse isso de uma maneira aceitável. Eles admiram Moisés e Arão, mas não diriam uma palavra contra Janes e Jambres. Não devemos ser cúmplices daqueles que visam criar esta mentalidade. Temos de pregar o evangelho de modo tão distinto que o nosso povo saiba aquilo que estamos pregando. ‘Se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?’ (1Co 14.8). Tenho ouvido dizer que uma raposa, que é perseguida muito de perto pelos cães, finge ser um deles e corre com eles. É isso que alguns estão desejando agora: que as raposas pareçam cães. Existem pregadores dos quais é difícil dizer se são cães ou raposas; contudo os homens não podem ter dúvidas sobre as coisas que ensinamos ou cremos”. – Charles Spurgeon. (1834 – 1892)

Spurgeon também dizia: “Nada há de novo na teologia. Exceto o que é errado”. Ou seja, a teologia bíblica é aquela pregada por Paulo, Pedro, João etc. São as “velhas doutrinas” que fazem bem a alma e salva o pecador. 

· Reavivamento não é algazarra eclesiástica. O que temos visto em muitos arraiais não passa de algazarra eclesiástica. Há muito pulo, gritos, meneios, mas pouca santidade prática. Pouco compromisso com a obra de Deus. Quase nenhuma intenção de evangelizar os povos que ainda não ouviram o evangelho de Cristo. Ninguém quer sair de suas cadeiras confortáveis para lugares inóspitos. Isso me lembra uma velha fábula: “Era uma vez quatro pessoas que se chamavam “Todomundo”, “Alguém”, “Qualquerum” e “Ninguém”. Havia um importante trabalho a ser feito e “Todomundo” acreditava que “Alguém” iria executá-lo. “Qualquerum” poderia fazê-lo, mas “Ninguém” o fez. “Alguém” ficou aborrecido com isso, porque entendia que sua execução era de responsabilidade de “Todomundo”. “Todomundo” pensou que “Qualquerum” poderia executá-lo, mas “Ninguém” imaginou que “Todomundo” não o faria. No final da história; “Todomundo” culpou “Alguém” quando “Ninguém”, fez o que “Qualquerum” poderia ter feito”. Pense nisso quando tiveres que fazer algo na Obra de Deus. 

· Reavivamento não é crescimento do número de membros. Penso que um dos maiores problemas da igreja nesses últimos tempos é o inchamento de livros de registro de membros. Pelo simples fato de que, na grande maioria das vezes, colocam-se pessoas no rol de membros da Igreja local, quando ela não pertence à Igreja Universal de Cristo. Hoje, mais do que nunca, as igrejas estão cheias de pessoas não convertidas, o que gera uma igreja cancerosa, morta, inoperante. Que Deus tenha misericórdia de nós. 

Afinal, o que caracteriza o verdadeiro reavivamento?

Algumas marcas podem ser detectadas nos verdadeiros reavivamentos trazidos por Deus através da história. Além das características que John Stott nos apresenta em sua definição acima, gostaria de traçar alguns breves e limitados pontos no que concerne ao verdadeiro reavivamento: 

A) O verdadeiro reavivamento traz toda honra a Deus. A figura humana não aparece, Deus é que é admirado. Os holofotes estão em Deus, em Sua pessoa, Seu caráter, Sua santidade, Seu poder, Sua honra e Sua glória. O arbítrio humano dá lugar à soberania divina. O homem reconhece que não passa de “um caco de barro no meio de outros cacos” – Isaías 45:9

Edwards disse que: “nenhum avivamento ou experiência religiosa é genuína se não realçar esse Deus sublime em sua soberania, graça e amor”. Ele advertiu contra dois grandes erros no avivamento. Primeiro, o mero emocionalismo. Segundo é dar ênfase não a Deus, mas às respostas humanas. O reavivamento que não se preocupa com a glória suprema de Deus não é reavivamento é aviltamento.

Alguns líderes quando estão falando de Deus, geralmente procuram incutir na mente das pessoas aquilo que Deus jamais diria. Eles dizem: “Deus vai fazer isso amanhã”; “No próximo culto Deus vai operar e vai batizar, curar, etc”; “Vamos fazer uma semana de reavivamento e vocês irão ver Deus fazendo maravilhas”.

Não estou dizendo que Deus não pode fazer, Ele faz o que quiser e não pede licença ao homem. O que estou dizendo é que Deus não trabalha de acordo com a agenda humana. Lamento informar, mas Deus não nos deu a Sua agenda de amanhã, muito menos da semana que vem. 

B) O verdadeiro reavivamento expõe as verdades antigas do evangelho. Avivamento sem retorno às verdades da Palavra de Deus não passa de aviltamento. Charles Spurgeon certa vez disse o seguinte: “Nada há de novo na teologia, exceto o que é errado”. 

C) O verdadeiro reavivamento leva os cristãos à profunda santidade. Consequentemente a Igreja cresce em quantidade e qualidade. A primeira não fica em detrimento a segunda.

É verdadeira mudança no comportamento. 

D) O verdadeiro reavivamento traz abertura, convicção, quebrantamento, confissão e arrependimento do pecado. É descoberta toda podridão do coração depravado do homem, ele sente a nojeira do pecado e é levado a refugiar-se na graça de Cristo.

Grande parte dos cristãos de hoje não sabem nada sobre o pesar do coração em contrição à santidade de Deus. Os puritanos falavam de “agonizar pelo peso do pecado”.

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno. Salmo” – 139:23,24. 

E) O verdadeiro reavivamento traz uma nova vida à ação missionária da Igreja. Reacende a chama por missões. O amor ao perdido é reanimado pela ação irresistível do Espírito Santo.

Traz mudança na sociedade em que a Igreja está inserida. Amados, tenhamos cuidado para não querermos “produzir reavivamento” no intuito de agradar aos homens, granjear ovações e considerações que não servem para nada, senão, para acariciamento do ego e inchamento da nossa natureza carnal. Lembrem-se: “… uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus”.

Nenhum homem pode “produzir” reavivamento. Todo “reavivamento” produzido pelo homem é, sem sombra de dúvidas, aviltamento. Espero que você tenha sido abençoado por estas breves considerações.

Vigiemos para que nosso “avivamento” não se torne em aviltamento a Deus, a quem devemos dar toda honra, toda glória e todo louvor. Como nos diria João Batista: “Importa que Ele cresça e que eu diminua” – João 3:30

Clamemos como o salmista: “Porventura, não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?” – Salmo 85.6.

Fonte: NAPEC

quinta-feira, 30 de agosto de 2012



Se for para vir nas colunas e ofender pessoas, se for para falar de hipocrisia (Já que a grande maioria de vocês são os maiores hipócritas na sociedade porque não movem uma palha a favor de nada que não seja encher a cabeça dos outros de asneiras), se for para contribuir com perfis fakes e esconder a cara quando querem opinar, é melhor que fiquem quietinhos e voltem pro buraco de onde vocês saíram.
Mas se for para contribuir com críticas construtivas, refutar com inteligência e bom senso os posts (coisa que alguns tem feito e contribuído muito), se for para abrir o diálogo, se for para participar de alguma forma que não humilhe ou agrida pessoas, se for para atacar ideias ao invés de pessoas, serão sempre bem vindos! Jesus abriria o diálogo, mas jamais se rebaixaria a bater boca com um arremedo de intelectual.

Considero também que a grande maioria dos que atacam por aqui e se dizem ateus, desconhecem até o sentido da palavra e são ateus “graças a Deus” ou rebeldes sem causa que querem uma bandeira para hastear, ainda que essa bandeira seja a da discórdia. São teóricos e vivem disfarçados e escondidos dentro de seus frágeis “bunkers” ideológicos. Não sabem debater e então apelam para xingamentos e agressões gratuitas.

Quero aqui não cometer o mesmo erro que vocês cometem generalizando tudo, já que toda generalização é burra. Existem pessoas que assumem claramente sua posição enquanto ateu, visitam com frequencia a coluna e são respeitosos apesar de não pensarem sequer parecido comigo. A esses todo respeito e solidariedade. Entenderam que a discussão ideológica não faz de nós inimigos, mas debatedores! Aos esboços de ateus, meu desprezo e indignação, porque são tão ignorantes e preconceituosos quanto os crentes que condenam.

Desculpem os meus amigos e leitores ateus respeitosos, essa mensagem não é para vocês, mas para a banda podre de críticos do cotidiano que fala pelo simples prazer de ofender pessoas e não de acrescentar ideias. No fim deve vencer o direito a liberdade do outro. Eu tenho direito de ser cristão e você tem direito de ser ateu. E isso não deve ser motivo para intolerância.

E no mais, tudo na mais santa paz!

Gospel +


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Por Mark Dever

Pastores sempre me perguntam: "Como fazer para que minha igreja mude?" Muitos ministros têm alienado suas igrejas na tentativa de promover mudança, a tal ponto de alguns serem afastados do ministério.

Mesmo assim, como pastores, temos de levar nossas igrejas a mudanças, muito embora isto seja difícil. Aqui estão algumas sugestões sobre como promover mudança: ensinar, permanecer e amar.

Ensine a mudar

Primeiro, as ideias a serem aplicadas em nossas igrejas deveriam vir das Escrituras. Isso faz do púlpito a ferramenta mais poderosa para mudar uma igreja. A pregação expositiva constante é um meio que o Espírito Santo normalmente usa para falar aos corações humanos.

Ore para que através de sua pregação, Deus venha a ensinar a igreja como ela precisa mudar. É impressionante a frequência com que nós, pastores, queremos consertar os problemas, antes de termos tempo para explicá-los!

Muitos pastores tentam forçar a mudança em suas igrejas - quase sempre defendendo tais medidas como atribuição da liderança - quando deveriam informar a igreja a respeito da mudança pretendida. Irmãos, devemos alimentar o rebanho confiado ao nosso cuidado e não bater nele. Ensinem o rebanho.

Mesmo que a mudança que você vislumbra seja correta, ainda há a questão de o tempo ser ou não adequado. Ser correto não é uma licença para uma ação imediata, o que me leva ao segundo ponto.

Permaneça para mudar


A ideia de se comprometer com um lugar está desaparecendo, tanto no local de trabalho quanto no lar. O modelo para as gerações mais jovens não é como uma escada corporativa pré-fabricada, com passos cuidadosamente limitados, e sim como o mosaico da rede mundial (world-wide web), com alternativas e opções, parecendo espalhar-se infinitamente. Assim, somos ensinados a valorizar experiências variadas, entendendo cada uma como um enriquecimento para a outra.

Nós, pastores, precisamos estabelecer um modelo diferente em nossas igrejas. Precisamos ensinar-lhes que compromisso é bom, quer seja para com nosso casamento, família e nossa fé, ou nossa igreja e nossa vizinhança. É sob a luz de tais compromissos a longo prazo (não pensando em termos de meses, mas de décadas) que podemos ajudar nossa igreja a encontrar suas prioridades certas.

Como um pastor, seu maior poder de ajudar sua congregação a mudar não vem da força de sua personalidade, mas através de anos de ensino fiel e paciente. Mudanças que não acontecem neste ano podem vir no ano seguinte, ou em dez anos.

Para este fim, escolha suas batalhas com sabedoria, cuidadosamente, priorizando uma mudança necessária após a outra. Quais mudanças escolhidas são as mais necessárias e mais urgentes? Qual delas pode esperar? Falando de modo geral, os pastores precisam aprender a pensar de uma maneira madura e a longo prazo.

Pastorados longos também ajudam o pastor. Eles o impedem de se tornar um portador de novas ideias, colocando-as em prática por dois ou três anos e, depois desse tempo, ter de mudar-se para colocá-las em prática em outro lugar. Geralmente, quanto mais tempo ficamos, mais realistas temos de ser - e isso é bom para nossa própria alma e para aqueles a quem servimos.

A chave para uma mudança é ficar em uma igreja o tempo suficiente para ensinar a congregação. Se você não planeja ficar, então tenha cuidado antes de começar algo que o próximo pastor terá de terminar. Não deixe a congregação tornar-se insensível com você ou com o seu sucessor, ou mesmo contra a mudança necessária.

Quando eu era um jovem seminarista, adotei três clérigos anglicanos, de Cambridge, como meus modelos. Todos tinham ministérios onde pregavam expositivamente em seus púlpitos, durante muitos anos - Richard Sibbes (em Cambridge e Londres, por 30 anos), Charles Simeon (em Cambridge, por mais de 50 anos), e John Stott (em Londres, por mais de 50 anos). Pela graça de Deus, estes três pastores construíram as igrejas onde serviam, e tiveram efeito sobre a emergente geração ministerial, mediante sua longa fidelidade.

Ame para mudar

Para desejar as mudanças corretas, ensinar sobre elas, e ficar tempo suficiente, você tem de amar. Você tem de amar o Senhor e amar o povo que Ele lhe confiou.

Clemente de Roma disse: "Cristo pertence aos humildes de coração, e não àqueles que se exaltam sobre o seu rebanho". Do amor procede o cuidado paciente que, continuamente, dirige a congregação para a Palavra de Deus.

Jonathan Edwards não foi um pastor menos fiel somente porque sua congregação o demitiu. Alguns de nós tivemos pastorados curtos e fiéis. Mas este tipo de pastorado não é minha preocupação aqui. Com este breve artigo, simplesmente tentei levantar em sua mente algumas ideias de como você pode - ensinando, permanecendo e amando - levar sua congregação à mudança bíblica.


O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel. 

- Sobre o autor: Mark Dever é pastor da Igreja Batista de Capitol Hill, no distrito de Washington; fundador do ministério 9Marcas e um dos organizadores do ministério Juntos Pelo Evangelho; conferencista internacional e autor de vários livros, incluindo os livros "Nove Marcas de Uma Igreja Saudável","Refletindo a Glória de Deus" e "Deliberadamente Igreja", todos publicados em português pela Editora FIEL.

Fonte: Editora Fiel

quarta-feira, 29 de agosto de 2012



Artigo cristão escrito por Alan César Corrêa
Naquele tempo meu endereço era as margens de um tanque chamado Betesda. Já fazia alguns anos que tinha trocado de endereço, desde que ouvir dizer que pessoas estavam sendo curadas ali, eu mudei de casa.

Duros foram os anos que frequentei aquele lugar cheio de pessoas vitimadas pelas mais diversas enfermidades que você pode imaginar, e eu estava entre eles.

Vez por outra a água agitava e uma multidão se jogava no tanque e depois sempre vinha o boato que alguém tinha sido curado. Eu estava há muitos anos ali, conhecia todos os outros enfermos menos os que diziam que tinha sido curados. No fundo, achava tudo isso muito estranho, mas eu não tinha pra onde ir.

Diziam que era um anjo que descia do céu e tocava com seus pés as águas e depois erguia suas asas enormes e voava de novo para o céu. Bem, achava esse anjo ruim demais para ser anjo.

Devia se tratar de um anjo que tinha asas, mas que lhe faltava coração, pois se tivesse coração ficaria entre nós para nos ajudar ao invés de voltar para o céu ou então, chegando no céu mandaria alguém voltar na terra para estar com a gente e assim não ficariamos orfãos de sua presença.

Mas foi em um sábado, durante a festa da Páscoa, em que minha vida mudou. Eu estava no lugar de sempre, olhos fitos nos movimentos das águas. Dia perfeito, já que o sábado era o dia em que o tanque tinha menos pessoas, pois muitos voltavam para casa antes do sol se pôr na sexta.

Lembro-me de uma voz mansa que fez a pergunta mais absurda que alguém já podia ter feito: me perguntou se eu queria ser curado! Eu nem fiz questão de olhar para quem me fazia uma pergunta daquela, mas ainda assim o respondi, dizendo que não tinha ninguém para me jogar no tanque. Na verdade, eu também não tinha ninguém pra me levar comida, nem mesmo para me levar para casa. Eu não tinha ninguém porque para aquela sociedade um homem como eu era ninguém.

A voz fez silêncio e depois me disse “levanta, toma tua maca e anda!”.

Eu não obedeci àquela voz, mas parece que minhas pernas obedeceram mesmo sem eu conceder. Elas se esticaram e em seguida, se firmaram.

Me levantei sem entender, sem conter lagrimas, sem adiar.

Olhei para os lados e não encontrei o homem da voz mansa e poderosa. Devia ser o anjo, devia ter erguido suas asas e voado de volta para o céu.

Parti pelas ruas de Jerusalém, ora pulava, ora corria, não conseguia acreditar. Nem lembrava que era sábado, mas logo fui abordado pelos chefes da lei, me perguntando o que eu fazia carregando aquela maca. Eu respondi que o homem que havia me curado também havia me mandado carregar e que eu, simplesmente obedeci. Afinal, mais autoridade tem quem me curou do que esses fariseus que nunca me levaram um pão.

Entrei no templo no mesmo dia. Nunca tinha entrado lá, pois o templo para eles era sagrado de mais pra gente com deficiência como eu. E foi lá no templo que a voz mansa me chamou novamente. Eu me virei e o reconheci: era como um anjo, lhe sobrava coração, mas lhe faltava asas

Fonte Gospel Mais

CRISTIANISMO E JUSTIÇA SOCIAL



Luís Borges *

Dedicado ao amigo Pr. Ms. Cláudio Moreira

“Não tire vantagem do trabalhador, apenas porque é pobre, nem se aproveite daqueles que não tiverem quem os defenda no tribunal, pois Deus defenderá a sua causa” [...]  (Provérbios 22: 22-23)

Na época em que fui estudante de Filosofia e militava na política estudantil nos idos da década de 1980, vivíamos dias de grande entusiasmo com a perspectiva da Revolução Sandinista, na Nicarágua. Alguns dos grupos revolucionários mais significativos desse processo de transformação política na América Latina eram os adeptos da Teologia da Libertação, especialmente na formulação que lhe dera o filósofo e teólogo Enrique Dussel.

Entre os professores mais brilhantes, cujas aulas nos encantavam, estava o Dr. Jandir Zanotelli, que era o tradutor das obras de Dussel no Brasil. Além disso, pudemos conhecer pessoalmente e ouvir as conferências do autor de Filosofia da Libertação no I Encontro de Filosofia Latino-Americana, ocorrido em Pelotas, em setembro de 1986. Desse evento eu saí com a firme convicção de que a Filosofia / Teologia da Libertação não era mais que a cristianização do marxismo e que, no fundo, praticamente não havia muita diferença entre os objetivos de ambos, uma vez que propugnavam a Justiça social e a dignidade humana. O resto eram divergências pontuais, ligadas a questões teóricas ou metafísicas.

Alterei profundamente essa posição. Ao observar os processos históricos e a sucessiva falência dos sistemas, tanto capitalista quanto do chamado “Socialismo real”, percebi que a Justiça, tal como se apresentada no Evangelho, é mais profunda e mais abrangente.

Uma das mais terríveis acusações (parcialmente verdadeira) feitas à Igreja é que, ao longo de sua história, ela se tem posto ao lado dos opressores. A Igreja como instituição – santa e pecadora – nos descaminhos da história tem, por vezes, se desviado do ensino de Cristo, promovendo um cristianismo sem comprometimento com a Palavra de Deus, essencialmente libertadora, não apenas dos “pecados sociais”, mas do pecado como tal, que é a raiz de toda injustiça.

A Bíblia fala mais de duas mil vezes nos pobres e em suas demandas. Por isso fico muito surpreso com certas práticas da Igreja contemporânea que vem atraindo multidões com um apelo à ganância e ao individualismo, exatamente fatores que geram pobreza e injustiça, os quais foram fortemente condenados por Jesus. Evidentemente, não faço o discurso de um Cristianismo pauperista. Deus prospera o seu povo (1Rs 2, 3) Entretanto, o conceito bíblico de prosperidade é muito mais amplo que a riqueza material (Sl 127, 3). Vale dizer ainda, considerada a prosperidade em termos econômicos, também neste sentido nunca é um fim em si mesmo, resultado da exploração do trabalho alheio, da degradação da qualidade de vida das pessoas ou da destruição planetária. Isso porque o conceito bíblico de prosperidade não visa à satisfação egoísta de um grupo ou de um indivíduo contra os interesses e necessidades da comunidade.

Cada uma a seu modo, tanto a Teologia da Libertação (1) quanto a chamada Teologia da Prosperidade (2) representam distorções da mensagem evangélica, no que tange à Justiça Social.

Vivemos num mundo extremamente violento e individualista. O individualismo, a despeito de ser uma atitude identificável em todas as eras, como corrente político-filosófica se afirma com o Iluminismo e o movimento Liberal, que erigiram as bases práticas, éticas e econômicas do capitalismo.

Com os graves problemas que acompanharam a Revolução Industrial surgiram também diversas doutrinas que, reagindo a eles, procuravam criticar o sistema social e político. Entre as mais influentes estão o Socialismo, o Utilitarismo, o Positivismo e o Anarquismo, cada qual com seus respectivos matizes, representados por variados autores e movimentos. De maneira aparentemente semelhante às citadas correntes do pensamento político-social, o Cristianismo possui a luta pela justiça como um de seus elementos centrais. Apesar disso, conforme se advertiu, o Cristianismo se distingue dos grandes sistemas de reforma social porque não alimenta ilusões quanto à natureza humana, essencialmente egoísta e corrupta. Sob esse prisma, o Cristianismo, como expressão de pensamento social, é o único corpo doutrinário que não atribui a injustiça à falha na administração dos sistemas, mas ao fracasso moral do próprio homem, o qual entregue a si mesmo não está à altura dos nobres ideais que falaciosa e orgulhosamente proclama (Jo 15, 5).

Se tivéssemos que aproximar o Cristianismo de alguma Filosofia e Teoria Política, estas talvez fossem o Personalismo, de Emanuel Mounier, e o Solidarismo (3) , que embora não possa ser considerado uma filosofia homogênea, possui como base o pensamento de Leon Bourgeois (4) , Émile Boutroux (5) e Célestin Bouglé (6).

A “ditadura do ego”, que coloca a tudo e a todos debaixo dos interesses do indivíduo, é a fonte dos grandes males que assolam a humanidade. Nessa medida, o Cristianismo é intrinsecamente anti-individualista (Mt 18, 20). Entretanto, o Cristianismo não só respeita as diferenças individuais, como também reconhece e se empenha na defesa dos direitos daí advindos. Os direitos coletivos não podem esmagar o indivíduo, assim como não se pode prejudicar a sociedade sob o pretexto da liberdade individual.

De forma diferente das usuais práticas políticas, tão antigas quanto a própria humanidade, riqueza e poder nos termos do Cristianismo são sinônimos de Serviço ao próximo. Ao cristão nada que possa trazer vantagem ou privilégio, cuja condição seja o prejuízo de outrem, lhe interessa. Não foi à toa que Jesus elegeu como a lei mais importante, depois de amar a Deus sobre todas as coisas, o amor ao próximo, pois – continua o Divino Mestre – “aquele que diz amar a Deus, que não vê, e não ama seu irmão, que vê, é um mentiroso” (1 Jo 4: 20-21).

A utopia cristã, apesar das contradições que perpassam a história da Igreja, como instituição também humana, diferentemente das utopias do humanismo secular (7), é que ela só poderá se realizar em plenitude para além da dimensão histórica, na eternidade, no Céu. Em referência e em desconformidade com isso os revolucionários da Comuna de Paris de 1871 pretendiam “assaltar o céu”. Pensavam, equivocadamente, que o Cristianismo jogava as questões concretas da política e da economia para uma vaga compensação dos injustiçados num reino além-vida, tornando-os resignados e, por esse motivo, auxiliando os poderosos a manterem o status quo. Este foi o conceito, basicamente, expresso na célebre frase de Marx: “A religião é o ópio do povo”, constante em sua obra A crítica da Filosofia do Direito de Hegel (1844).

Ao considerar, segundo os princípios do materialismo histórico e dialético, a religião (ele não faz distinção entre religião e espiritualidade) um mero produto social, Marx reduz o homem – por definição irredutível e indefinível – à matéria dotada de consciência, esta, por sua vez, produto das relações materiais de produção. O resultado desse “homem minimizado” é uma ética empobrecida e interesseira, embora, sob certo aspecto, altruísta. A ética marxista é calcada no utilitarismo revolucionário, isto é, os fins justificam os meios. Esse relativismo ético levou à tragédia do stalinismo que, em termos de totalitarismo e violência, não se diferencia muito do nazismo, do fascismo ou do capitalismo selvagem.(8) Em suma, o homem, independente do sistema político, sem Deus está irremediavelmente perdido.

A crítica de Marx e outros aos problemas sociais não são novidade para o Cristianismo. Fernando Bastos de Ávila em sua obra Antes de Marx: as raízes do humanismo cristão (2003), afirma: “Muitos elementos integrados por Marx em sua síntese [o Manifesto de 1848], como dados originais, de fato, ele os encontrou elaborados numa corrente de pensamento que inundara o cenário cultural europeu. Antes de Marx, pensadores cristãos já conheciam o mecanismo da plus-valia e tinham descoberto, no processo espoliador do capitalismo, a causa secreta da questão social. Até expressões habitualmente atribuídas a Marx, como a exploração do homem pelo homem, são encontradas ipsis literis na tradição pré-marxista.”

Engana-se o Humanismo ateu ou agnóstico, sob todas as suas formas, ao propugnar que a filosofia, a ciência e a tecnologia são os únicos pressupostos da emancipação humana. Por quê? Ora, a própria história testemunha inelutavelmente o fracasso do homem e de seus sistemas em promover a justiça e a paz. Apesar de todas as conquistas científico-tecnológicas e do inegável desenvolvimento social e institucional obtidos duramente ao longo de séculos, a humanidade – embora já disponha de meios para tanto – não conseguiu abolir o horror das guerras, sanar o vergonhoso flagelo da fome, impedir a destruição da natureza, proporcionar condições dignas de saúde, educação e emprego a todas as pessoas. Desenvolveram-se fantásticos meios de comunicação e milhões vivem solitários; há uma poderosa indústria do lazer, da qual muitos se valem, numa inútil tentativa de superar o vazio existencial e a depressão.

O egoísmo é uma das expressões mais características de nossa natureza pecaminosa e não permite e jamais permitirá que o homem realize a Justiça, pois “não há um justo sequer” (Ec 7, 20). Não se depreenda daí que o Cristianismo professa uma visão pessimista do homem e da vida, recomendando a apatia e o indiferentismo diante dos problemas sociais e políticos. A Bíblia apenas descreve a natureza humana tal qual é. Na peculiar expressão do escritor João Simões Lopes Neto, no conto Boi Velho: “Cuê-pucha!... é mesmo bicho mau, o homem!”

Num mundo desesperançado e violento, terreno fértil para que vicejem a ganância e o individualismo, observamos cada vez mais estupefatos o grau de crueldade, crime e torpeza a que se chegou, cujas trágicas consequências estão cotidianamente estampadas nas manchetes dos jornais. Em meio a tanta depravação e sujidade apenas Jesus Cristo pode se apresentar como o “caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).

Quando Jesus instituiu a Grande Comissão (Mt 28: 19-20) não nos chamou a uma responsabilidade abstrata, reduzindo o Evangelho a uma mensagem espiritual evasiva. Trata-se de uma ordenança integral. O Evangelho é tanto o anúncio da Boa Nova da Salvação em Cristo, quanto a denúncia do mal no mundo. O Antigo Testamento prenuncia essa concepção: João Batista não foi decapitado por proclamar a verdade, mas por escancarar a mentira e a corrupção dos poderosos, a quem Deus “despacha com as mãos vazias” (Lc 1, 53).

Só Jesus Cristo, como único e suficiente salvador em todas as dimensões da existência, pode suprir as forças do homem decaído em direção a um mundo melhor. Esse “outro mundo possível”, mais solidário, aprazível, pacífico e equânime é indissolúvel da seguinte constatação: os sistemas não conseguiram mudam favoravelmente o mundo, nos termos a que se propõem. Mas os homens podem pensar sistemas e tecnologias para melhorar o mundo. Contudo, só Deus pode mudar os homens suficientemente para fazê-lo com honestidade e eficácia.

Toda opressão, miséria, violência e discriminação desagrada a Deus. Em Cristo Jesus temos a restauração da dignidade da vida – e Ele no-la dá em abundância (Jo 10, 10). A regeneração operada por Cristo não é apenas individual, abrange também o social e começa desde agora, para alcançar a plenitude na Eternidade.

Deus, por meio de Cristo, instruiu os cristãos a se comprometerem com todos os que sofrem, assim somos impelidos para a ação social e política transformadora, animada pelo amor ao outro, independente de professar ou não a nossa fé, conforme declara a Escritura (Ts 5, 15).

Certamente você conhece pessoas íntegras, estaria disposto a confiar sua vida e seus havares, cem por cento, a elas? A maioria de nós também se considera uma pessoa decente, mas você assumiria diante da humanidade inteira que é totalmente digno de confiança? Se você responder sim a estas duas perguntas só lhe restarão estas alternativas: ou é inacreditavelmente ingênuo ou completamente maluco. A Bíblia adverte: “maldito é o homem que confia no homem” (Jr 17, 5). Isso não significa que não possamos confiar em nada nem em ninguém, mas que somos falíveis, ou seja, somos humanos e como tais, incapazes de criar sistemas perfeitos. Dessa maneira, depositar todas as esperanças em pessoas, sistemas ou ideologias como panacéia é conceder condição de absoluto ao que é apenas relativo. Sim, os homens podem e devem melhorar o mundo, mas lembrando-se de que em sua própria força estão fadados ao fracasso. É na força do Espírito Santo, o consolador, o guia, aquele que fortalece e “instruí o homem para toda boa obra” (2 Tm 3, 17), que esse mundo, que “jaz no Maligno” (1 Jo 5, 19), pode esperar não sucumbir, enquanto esperamos pela parousia de Cristo na consumação total da Justiça e do Amor.



* Luíz Borges é coordenador Regional de Educação e Cultura da IEQ. Mestre e Doutorando em Educação (UFPEL) e doutorando em Teologia (Universidade Metodista/SP)



NOTAS

1 Corrente teológica que possui como expoentes principais Gustavo Gutierrez, Leonardo Boff e Enrique Dussel.
2 Corrente teológica que possui como expoentes principais Joel Osteel e Rick Warren.
3 Para mais detalhes vide ÁVILA, Fernando Bastos de. Solidarismo: uma alternativa para a globalização. Editora Santuário, 1997.
4 Autor de Solidarité (1896).
5 Autor de Enssai d’une Philosophie de La Solidarité (1902).
6 Autor de Le solidarisme (1907)
7 Existe também o chamado “humanismo cristão”. No século 18, o termo “humanismo” praticamente esteve identificado com uma atitude puramente secular. No entanto, os estudos da Cultura Clássica, também foram retomados por eruditos cristãos, tais como o inglês John Colet (c. 1467-1519), que desenvolveu métodos para o estudo da Bíblia, fundamentado nos os humanistas italianos. Também Erasmo pode ser incluído entre os mais influentes pensadores do chamado “humanismo cristão”. No século 20, o termo tem assumido uma série de diferentes conotações, muitas vezes, conflitantes. Entre os mais conhecidos pensadores do “humanismo cristão” contemporâneo estão Jacques Maritain e Hans Küng.
8 Para mais detalhes vide: CORTOIS, S.; WERT, N. O livro negro do comunismo. Editora Bertrand do Brasil, 1999 e também PERRAULT, Gilles (Org.). O Livro negro do capitalismo. Editora Record, 2000.









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QUANTO TEMPO É PRECISO PARA UMA IGREJA APOSTATAR?

Por Vinícius Musselman Pimentel
Comecei neste semestre o Seminário Martin Bucer, e na aula magna deste semestre, pregada na Igreja Batista da Graça, em São José dos Campos, o Pr. Paulo César do Valle nos lembrou de como em pouco tempo (cerca de 3 anos!*) a igreja da Galácia havia deixado o evangelho da graça. Paulo, admirado, escreve:
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, (Gl 1:6)
Que alerta é este para nós! Três anos e uma igreja inteira praticamente apostatou. Como cresce a erva daninha da heresia! E, para nosso espanto, uma igreja plantada pelo próprio apóstolo Paulo! Não devemos estar todos atentos? Pastores, vocês estão atentos ao fato de que tão depressa as ovelhas que lhe foram confiadas podem estar crendo em heresias? Pais, vocês estão alertas à possibilidade de que em três anos seus filhos podem estar apostatando? E, não só aqueles que estão em posição de liderança. Você, membro de igreja, não fica preocupado com o que alerta Hebreus 3:12,13? Você o pratica? Encoraja seu irmão a cada dia e é encorajado por seu irmão a cada dia?
Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de
vós seja endurecido pelo engano do pecado. (Hebreus 3:12,13)
Será que não menosprezamos o poder enganador do pecado para endurecer nossos corações? Lembremo-nos dos vários episódios no Antigo Testamento – escrito para nosso ensino (Romanos 15:4) – onde, em poucas gerações, a nação de Israel abandonara o Senhor e Seus preceitos (o livro inteiro de Juízes, especialmente, 2:10,11 e os reis em Crônicas). Não dizemos todos que destruir é muito mais fácil que construir?
Mas não desanimemos. “Atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados” (2 Co4:8). E o motivo de nosso ânimo é que embora grande seja o poder enganador do pecado, maior é o poder de Deus, o qual fazer grandes coisas por seu povo e em pouco tempo, como nos testemunha o reinado de Ezequias:
Ezequias e todo o povo regozijavam-se com o que Deus havia feito por seu povo, e tudo em tão pouco tempo. (2Cr 29:36)
Oremos para que Deus traga tal graça à nossa geração a fim de voltarmos ao Evangelho a cada dia. Oremos para que possamos vigiar e orar (Mc 14:38), vigiar e ensinar, vigiar e encorajar. Lembremos que para edificar algo esforço e energia são necessários. Precisamos ativamente lutar contra a tendência do nosso coração tão propensa a desviar-se, através da leitura da Palavra, da oração e do encorajamento mútuo entre os irmãos. Precisamos manter um equilíbrio saudável de alerta e confiança – cautela contra os enganos do pecado, do mundo e do diabo e esperançosos no poder de Deus. Sem cair no extremo da confiança ingênua, que não vigia e, portanto, não ora, pois é a angústia da tribulação que nos leva à oração (como bem nos exemplifica os salmos), nem no outro extremo do temor paralisante, que não vigia, nem ora, pois não confia no poder libertador de Deus.
Vigiai e orai!
*A data, obviamente, é aproximada. Estima-se que Paulo plantou a igreja na Galácia em sua primeira viagem missionária (46-47 d.C.) e escreveu a epístola aos Gálatas antes do concílio em Jerusalém (48-49 d.C.)
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
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Direto do Voltemos ao evangelho. Divulgação: Púlpito Cristão.


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Por Ruy Marinho

Há quem defenda que nos dias de hoje Deus tem levantado uma geração apostólica, restaurando “ministérios perdidos” durante séculos através de novos apóstolos, supostamente com os mesmos poderes (e até maiores) que os escolhidos por Jesus na igreja primitiva. Muitos deles chegam a declarar novas revelações extrabíblicas, curas e milagres extraordinários, liberando palavras proféticas e unções especiais, vindas diretamente do “trono de Deus” para a Igreja. Seus seguidores constantemente ouvem o termo “decretos apostólicos”, dos quais afirmam que uma vez proclamados por um apóstolo, há de se cumprir fielmente a palavra profética, pois o apóstolo é a autoridade máxima da igreja, constituído diretamente por Deus com uma unção especial diferenciada dos demais membros.

No site de uma "conferência apostólica" ocorrida há alguns anos, narraram a seguinte declaração de um apóstolo contemporâneo: “A segunda noite de mover apostólico invadiu os milhares de corações presentes nesta segunda noite de Conferência Apostólica 2006. Com a ministração especial do Apóstolo Cesar Augusto a respeito do “Ser Apostólico”, todos ficaram impactados com mais esta revelação vinda direto do altar do Senhor para seus corações. Ser Apostólico é valorizar a presença de Deus, é ser fiel, é crer que Deus pode transformar, é ter uma unção especial para conquistar o melhor da terra e, por fim, é crer que Deus age hoje em nossas vidas. [...] Todos saíram do Ginásio impactados por esta revelação, saíram todos apostólicos prontos para conquistar o Brasil e o mundo para Jesus.” [1]

Peter Wagner, um defensor do apostolado contemporâneo, define o dom de apóstolo nos dias de hoje da seguinte forma: "O dom de apóstolo é uma habilidade especial que Deus concede a certos membros do corpo de Cristo, para assumirem e exercerem liderança sobre um certo número de igrejas com uma autoridade extraordinária em assuntos espirituais que é espontaneamente reconhecida e apreciada por estas igrejas. A palavra chave nesta definição é AUTORIDADE, pois isto nos ajuda a evitar um erro muito comum que as pessoas fazem ao confundirem o dom do apóstolo com o dom de missionário." [2]

Com estas declarações, podemos deduzir logicamente duas coisas: Ou o ministério apostólico contemporâneo é uma realidade na Igreja nos últimos dias, ou estamos diante de uma grande distorção bíblica, na qual precisa ser rejeitada e combatida urgentemente. Se a primeira hipótese estiver correta, então obviamente não devemos questioná-los, além de aceitar como verdade de Deus tudo o que vier dos mesmos. Caso contrário, resta-nos rejeitar totalmente as palavras e as reivindicações proféticas destes apóstolos contemporâneos por serem antibíblicas.

Para ter plena certeza do que se trata, não existe alternativa a não ser partir para a análise bíblica, pois a Palavra de Deus é a nossa única regra de fé e conduta, base normativa absoluta para toda e qualquer doutrina. Portanto, da mesma forma que os bereianos de Atos 17:11 fizeram quando receberam as palavras do Apóstolo Paulo, devemos também analisar esta questão sob à luz das escrituras.

A primeira pergunta que devemos fazer é: existem apóstolos nos dias de hoje? Para chegar à resposta, primeiramente precisamos entender quem foi os apóstolos na igreja primitiva. Para tanto, é necessário verificar o fator etimológico da palavra Apóstolo. Biblicamente, esta palavra significa “enviado, mensageiro, alguém enviado com ordens” (grego = apostolos), é utilizada no Novo Testamento em dois sentidos: 1º - Majoritariamente de forma técnica e restrita aos apóstolos escolhidos diretamente por Cristo; 2ª - Em sentido amplo, para casos de pessoas que foram enviadas para uma obra especial. Neste último, a palavra utilizada provém da correlação verbal do substantivo “apóstolo” e o verbo em grego “enviar” (grego = apostello).[3] Das 81 vezes que a palavra apóstolo e suas derivações aparecem no texto grego do Novo Testamento, 73 vezes é utilizada no sentido restrito ao grupo seleto dos 12 apóstolos de Cristo, apenas 7 vezes no sentido amplo (Jo 13:16, 2Co 8:23, Gl 1:19, Fl 2:25, At 14:4 e 14, Rm 16:7) e uma vez para Jesus Cristo em Hb 3:1. [4]

Podemos perceber que, em tese qualquer pessoa que é “enviada” para um trabalho missionário é um apóstolo. Porém, os problemas aparecem quando alguém propõe para si a utilização do termo no sentido restrito ao ofício de apóstolo.

Biblicamente, havia duas qualificações específicas para o apostolado no sentido restrito: 1ª – Ser testemunha ocular de Jesus ressurreto (Atos 1:2-3, 1:21-22, 4:33 e 9:1-6; 1Co 9:1 e 15:7-9); 2º - Ter recebido sua comissão apostólica diretamente de Jesus (Mt 10:1-7, Mc. 3:14, Lc 6:13-16, At 1:21-26, Gl 1:1 e  1:11-12 ). Este fato leva-nos a questionar: quem comissionou os apóstolos contemporâneos?

Depois da ressurreição, Jesus apareceu para os apóstolos comissionados por ele próprio e também para várias pessoas, sendo Paulo o último a vê-lo: “Depois foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. Porque eu sou o menor dos apóstolos...” (1Co 15:7-9). No grego, as palavras “depois de todos” é eschaton de pantwn, que significa literalmente “por último de todos”. [5]

Paulo foi o último apóstolo comissionado por Jesus (At 9:1-6). Posteriormente, não encontramos base bíblica para afirmar que exista uma sucessão ou restauração ministerial de apóstolos. Todas as tentativas para justificar uma suposta restauração do ofício apostólico nos dias de hoje, partiram de interpretações alegóricas, isoladas e equivocadas de textos bíblicos.[6] Na história da igreja, não temos nenhum grande líder utilizando para si o título de apóstolo. Papias e Policarpo, que eram discípulos dos apóstolos e viveram logo após o ministério apostólico, não utilizaram esse título. Nem mesmo grandes teólogos e pregadores da história como Agostinho, Calvino, Lutero, Wesley, Whitefield, Spurgeon - entre tantos outros, utilizaram para si o título de apóstolo.

Os apóstolos tiveram um papel fundamental para o estabelecimento da Igreja. Nesta construção, Jesus foi a pedra angular e o fundamento foi posto pelos apóstolos e profetas, conforme descrito em Efésios 2:19-20: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”. Esta passagem é o contexto direto de Efésios 4:11“E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”. Ora, se já temos o alicerce pronto, qual a necessidade de construí-lo novamente? Na verdade não há possibilidade, pois tudo o que vier posteriormente deverá ser estabelecido sobre esta base, conforme alertado pelo apóstolo Paulo:“Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.” (1Co 3:10-11)

Como fundamento da Igreja, os apóstolos possuíam plena autoridade dada pelo próprio Jesus Cristo para designar suas palavras como Palavra de Deus para a igreja em matéria de fé e prática. Através desta autoridade apostólica mediante o Espírito Santo é que temos hoje o que conhecemos como cânon do Novo Testamento, escritos pelos apóstolos. Além disso, faziam parte das credenciais dos apóstolos: operar milagres e sinais extraordinários como curas de surdos, aleijados, cegos, paralíticos, deformidades físicas, ressurreições de mortos etc. (2Co 12:12). Eu creio que Deus opera curas em resposta à orações conforme a vontade soberana d’Ele, porém não creio que as mesmas aconteçam através do comando verbal de novos apóstolos, da mesma forma que era feito pelos apóstolos na igreja primitiva de forma extraordinária.

Outro grande problema que encontramos no título de apóstolo nos dias de hoje é que, automaticamente as pessoas associam o termo aos 12 apóstolos de Jesus. Quem lê o Novo Testamento, identifica a grande autoridade atribuída ao ofício de apóstolo e consequentemente esta autoridade será ligada aos contemporâneos. Quem reivindica o título de apóstolo, biblicamente está tomando para si os mesmos ofícios dos apóstolos comissionados por Jesus, colocando as próprias palavras proferidas ou escritas em pé de igualdade e autoridade dos autores do Novo Testamento. Afinal, os apóstolos tinham autoridade para receber revelações diretas de Deus e escrevê-las para o uso da Igreja. Se admitirmos que existam “novos apóstolos”, devemos assumir que a Bíblia é insuficiente e que as palavras dos contemporâneos são canônicas, o que é absolutamente impossível e antibíblico!

Não podemos deixar de citar o festival de misticismo antibíblico praticado por muitos apóstolos contemporâneos, tais como: atos proféticos, novas unções, revelações extrabíblicas, maniqueísmo, manipulação e coronelização da fé através do conceito "não toqueis nos ungidos", judaização do evangelho etc. Além disso, o próprio modo de vida deles mostra o oposto dos originais, os apóstolos de Cristo tiveram vida humilde, foram presos, açoitados, humilhados e todos (com excessão de Judas Iscariotes que suicidou-se e João que teve morte natural) morreram martirizados por pregarem o evangelho. Ao contrário disso, os contemporâneos vivem uma vida com patrimônios milionários, conforto e prosperidade financeira. Quando sofrem algum tipo de "perseguição", as mesmas são decorrentes à contravenções penais com a justiça.

Após esta breve análise, concluo que não há apóstolos hoje! O apostolado contemporâneo é uma distorção bíblica gravíssima que reivindica autoridade extrabíblica, da mesma forma que a sucessão apostólica da Igreja católica romana e os Mórmons. Por isso, devemos rejeitar a “restauração” do ofício apostólico, pois os apóstolos contemporâneos não se encaixam nos padrões bíblicos que validam o apostolado, bem como não existe base bíblica que autorize tal restauração.

Sola Scriptura!

Notas:
[1] – Conferência apostólica 2006, site oficial.
[2] – Citado no ítem reforma apostólica do site Lagoinha.com
[3] – Dicionário Bíblico Strong - Léxico Hebr., Aram. e Grego - SBB – 2002, pág. 1214, nº649/652.
[4] – Concordância Fiel do Novo Testamento Grego – Português, Ed. Fiel, Vol. I, pág. 84
[5] – Citado no artigo: Carta ao Apóstolo Juvenal, por Rev. Augustos Nicodemus Lopes.
[6] – Para verificar diversas refutações ao apostolado contemporâneo, clique aqui!

Fonte: Bereianos 
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terça-feira, 28 de agosto de 2012


PASTOR, EU NÃO ARRUMO NAMORADO, SERÁ QUE ESTOU DEBAIXO DE MALDIÇÃO?

Por Renato Vargens
Não sei se você já percebeu, mais para algumas pessoas estar solteiro é estar debaixo de uma verdadeira maldição. Outro dia eu escrevi um texto sobre evangélicos desesperados para casar, (leia aqui) o que gerou quase uma centena de comentários agoniados.
Interessante é que os relatos destas pessoas , apontam para o fato de que não são poucos aqueles que se encontram absolutamente desesperados para contrair matrimônio, na verdade, tem muita gente acreditando que só é possível experimentar felicidade se encontrar um príncipe ou uma princesa encantada.
Se não bastasse isso, a pressão da sociedade, da família e da igreja pelo casamento é além do normal. Desde cedo, na adolescência, meninos e meninas são ensinados que só poderão ser felizes se possuírem seus namoradinhos e namoradinhas. Ora, vamos combinar uma coisa? Esse tipo de pressão é extremamente adoecedor. Para piorar a situação alguns evangélicos movidos por uma percepção adoecida das Escrituras, tem satanizado todas as coisas, ensinando que algumas pessoas só casarão quando amarrarem o espírito da solteirice. (leia aqui)
Caro amigo, estar solteiro ou ser solteiro não significa estar debaixo de maldição. O fato de você não está namorando alguém, ou até mesmo de não ter casado não significa que foi amaldiçoado ou que o capeta amarrou o seu destino. Gostaria de lembrá-lo que existe um tempo estabelecido por Deus para todas as coisas. Salomão em sua grande sabedoria afirmou: “Existe um tempo determinado para todas as coisas na vida”. Sim, isso mesmo, na vida existe momentos pra tudo! Há tempo de plantar e tempo de colher, há tempo para abraçar e deixar de abraçar, em outras palavras isso significa dizer que existe um tempo determinado por Deus para desfrutarmos de carinhos, afagos, abraços e beijos de alguém. Em contra-partida, isso significa dizer também que existem momentos na vida, que somos chamados a um momento de reclusão onde outros valores necessários a uma existência plenificada nos são trabalhados.
Diante disto tenho plena convicção que vale a pena esperar o tempo e o momento certo para desfrutar do prazer de namorar e que o melhor jeito para isso acontecer é o mesmo que levaram nossos avós, pais e amigos a encontrarem seus namorados. A espontaneidade!
Isto, posto, fuja da pressão e confie em Deus deleitando-se naquele que é o supridor de toda carência humana.
‎”Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nEle!” – John Piper
Pense Nisso!
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Mais uma relevante postagem de Renato Vargens, que escreve em seu blog pessoal.