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Por Denis Monteiro
2Reis 21.1-9,16; 2Cronicas 3.10-20. Na cultura popular brasileira existe um ditado que diz “pau que nasce torto nunca se endireita, vira lenha”. Ou seja, não há nenhuma esperança para este “pau”, pois não serve para nada. Na mesma voz é o que diz a música brasileira, “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, é assim que eu sou”. O escritor de Eclesiastes diz que “aquilo que é torto não se pode endireitar” (Ec 1.15), claro que tal visão é tida por um viés daquilo que ocorre “debaixo do céu”. Mas, será que não há nenhuma esperança para esta pessoa? É bem claro que o escritor de Eclesiastes diz que “não SE pode endireitar”, ou seja, eu, por minhas próprias forças, não consigo endireitar, mas somente alguém mais poderoso do que eu para fazer isso. Porém, algumas dessas formas de “endireitamento” não são tão boas quanto pensamos, pois Deus, às vezes, usa a sua graça mediante coisas que não entendemos para atingir o seu propósito. E uma dessas formas pode ser vista na vida do Rei Manassés, o pior rei que já sentou no trono de Davi, o qual rejeitou toda a obra de seu pai Ezequias e fez o que seu avô, Acaz, fizera – idolatria (2Cr 28.22-25). Os pecados de Manassés – 2Rs 21.1-9,16 O escritor de Reis nos dá uma lista mais detalhada dos pecados de Manassés do que o escritor de Crônicas, não que isso seja uma contradição, mas porque o propósito de cada autor é diferente. Sendo assim, os pecados deste rei são: O culto é profanado – (3-9) Tudo quanto Manassés fez foi transgredir a Lei de Deus, mais precisamente os quatros primeiros mandamentos, os quais tratam do nosso culto a Deus (Êx. 20.1-11). A família é mal instruída – (v.6) Como consequência de seus atos diante de Deus, a família, como parte do mandato Divino dado a Adão, sofre as consequências da desobediência a Deus. Não que Deus puna uma família, onde há um crente, por causa da idolatria do descrente, mas se tal família continua com as mesmas práticas pagãs de seus antepassados, Deus manifestará a sua ira (Êx 20.11). O relacionamento social é afetado – (v.16) Se o culto a Deus é profanado, logo, a base familiar é arruinada. Mas, se uma sociedade é formada por uma base religiosa e familiar e essas duas são totalmente pervertidas, o que pode acontecer com o relacionamento social? Morte de inocentes! Aquilo que Deus ordenou a Adão – dominar, guardar e cultivar sobre todas as coisas (Gn 1.28; 2.15,16) – é profanado e já não há mais justiça. Todo ato praticado contra Deus é expresso não só em nosso culto, mas nos locais onde vivemos quer seja na família, entre amigos e/ou no trabalho. Não existe esse dualismo, onde aquilo que eu faço na igreja não incentiva ou influencia onde eu vivo. A nossa vida é um culto diário. Se o nosso culto diário for ruim, o nosso culto litúrgico também será. Ou seja, não adianta viver uma vida desregrada fora da igreja e no culto demonstrar-se o maior crente piedoso que já existiu, pois para nós pode parecer piedade, mas para Deus é um culto nojento que estaremos ou estamos apresentando. E como a graça de Deus agiu na vida deste rei ímpio? O juízo de Deus sobre Manassés – (2Cr 33.10-20) Da mesma forma que o autor de Crônicas não detalha os pecados de Manassés, o autor de Reis não fala do cativeiro que Manassés teve que passar. Portanto, o fato de Reis não mostrar a seu arrependimento é porque Reis quer mostrar as causas da profundidade do pecado e por que veio o exílio sobre Judá. Crônicas quer mostrar a graça de Deus em um povo que, por meio do arrependimento, se voltaram para Deus. Mas, a questão é que Deus não usa meios tão lógicos à nossa mente para que produza arrependimento em nós. A Assíria é o instrumento de Deus – (v. 10,11) Assim como profetizado por Isaias (Is 10.5), a Assíria foi o instrumento de Deus para mostrar a Sua ira, Manassés passou por algumas torturas as quais os humilharam, não somente diante de um povo ímpio, mas por ter sido levado a uma nação que já tinha sido vencida também – A Babilônia (v.11). Para os leitores da época, isso servia para que eles relacionassem a experiência que eles tiveram como a deste rei. Diante disso, vemos a graça de Deus produzindo bons resultados em meio a este mal. Manassés buscou a Deus – (vs.12,13) Em meio a um mal físico produzido pelo próprio Deus, Ele faz com que este rei o busque e se humilhe diante do verdadeiro Deus. Manassés se mostra arrependido buscando a Deus em súplicas e humilhações e o Senhor restaura o seu reinado, pois ele tinha reconhecido quem era realmente Deus. Portanto, o fato de Deus se “tornar favorável”, não quer dizer que a oração de Manassés foi mágica, mas porque houve arrependimento, cumprindo-se aquilo que é descrito em 2Cr 7.14. O verdadeiro arrependimento não é só levantar as mãos ou escrever o seu nome no final da Bíblia, na verdade é uma mudança de vida não somente externamente, mas internamente. E é isso que Manassés fez, pela graça de Deus: Reconhece a Deus (v.13) Reconhecer a Deus não é ter certeza de que Ele existe, mas entender quem O é de fato e aceitar todas as suas prerrogativas. Pois, outrora Manassés tinha adorado diversos deuses (33.3), mas agora Deus abriu a sua mente para entender que não há outro Deus além do Deus Todo Poderoso. Reformas militares (v. 14) Provavelmente os muros foram derrubados pelos assírios, e assim, Manassés os restaura como na primeira Reforma com Neemias. Entendo que ter os muros altos simboliza as bênçãos de Deus a Manassés, bem como reorganizar o exercito era comum dos reis fieis descrito em Crônicas (cf. 2Cr 11.5-12; 14.6;; 17.12-19). Reforma o culto (vs 15-17) Toda a nossa vida é centrada em Deus, e o culto não é diferente. Mas, como mostrei acima, aquilo que fazemos fora da igreja refletirá dentro dela de alguma forma. E assim era Manassés, onde que, adorava vários deuses com suas práticas de feitiçaria chegando ao ponto de sacrificar seu próprio filho a um deus pagão. Mas, quando há verdadeiro arrependimento, a nossa concepção de Deus muda, o modo que agíamos na sociedade muda e o nosso culto muda, pois, agora, estamos servindo ao Deus Vivo e Verdadeiro e não a ídolos. Mas, a idolatria não é somente se curvar diante de uma imagem ou ascender uma vela, ela é tudo aquilo que colocamos para substituir Deus, até mesmo às coisas que fazemos na igreja, se não for para a glória de Deus, é idolatria. O escritor encerra essa parte mostrando que o povo de Deus não conseguiu completamente livrar-se das práticas do passado, pois “o povo ainda sacrificava nos altos, mas somente ao Senhor seu Deus” (v.17), isso era apenas uma demonstração daquilo que viria futuramente o qual o próprio cronista relata. A história de Manassés chega ao fim (18-20) mostrando a mesma coisa que o escritor de Reis o fizera, com uma sutil diferença; mostrando que uma das características centrais do seu reinado foi a sua oração e humilhação diante do Deus Todo Poderoso, pois se não for pela graça de Deus tal rei teria sido o pior rei de todos os tempos, mas Deus o converte. O que aprendemos com isso? 1º O escritor de Crônicas mostra como foi os esforços de Manassés para restaurar a sociedade e a religião, diferente do escritor de Reis o qual o mostra como o pior vilão da história de Judá. E é isso o mais interessante, pois se o pior vilão da história de Israel conseguiu fazer tal restauração, quanto mais Deus, por sua graça, não pode fazer na vida de um pecador, assim com o fez com Paulo, o “pior dos pecadores”? 2º Entender que a graça de Deus atua de várias formas e em quem Deus quer. Jeremias 24 mostra Deus dando ao profeta uma visão de dois cestos de figos, uns bons e outros ruins que não se podem comer. Estes figos bons e ruins simbolizavam a nação de Israel quando foi levada cativa à Babilônia, onde que, Deus puniu os pecadores e pôs “favoravelmente” (v.6) os seus olhos sobre os figos bons para que esses voltassem a suas casas, teriam um novo coração para conhecer a Deus e eles seriam o povo d'Ele. Ou seja, Deus usou o cativeiro da Babilônia para converter os seus eleitos. 3º Que um verdadeiro arrependimento é fruto da graça de Deus, e que este arrependimento é acompanhado de algumas características. É claro, elas não veem do dia para noite, mas é algo gradativo. Amém. *** Fonte: Bereianos |
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Isvonaldo sou Protestante
terça-feira, 24 de março de 2015
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