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O cantor cristão Stênio Marcius compôs uma música sobre um episódio da Bíblia, o qual relata o diálogo entre Pedro e Jesus, quando Cristo pede que os discípulos, depois de passarem a noite inteira pescando sem nenhum sucesso, lançassem as redes ao lago. Pedro, por sua vez, responde a Jesus se justificando que eles já tinham tentado a mesma coisa a noite inteira, e a música do Stênio mostra um Pedro, baseado na narrativa de Lucas (Lc 5.5), cheio de certezas de alguém que já nasceu na beira do mar, sempre pescando por ser ele filho de pescador. E a música mostra Jesus, filho de um carpinteiro, dizendo:
Filho de pescador eu nasci e aqui me criei
Conheço o mar há tanto tempo que já nem me lembro mais
Trabalhei noite inteira, e nada foi tudo que ganhei
E agora vens, queres me ensinar aquilo que na vida eu mais sei
No relato bíblico, Pedro, cheio de certezas e confiança, age da mesma forma quando Jesus o avisa de sua traição na ocasião da prisão de Jesus: “Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos. E ele lhe disse: Senhor, estou pronto a ir contigo até à prisão e à morte.” (Lc 22.31-33)
Nos dois relatos acima, vemos a confiança de um pecador nele mesmo ante a Palavra do Mestre. No primeiro caso este pecador pensava entender daquilo que ele não criou, no segundo caso ele pensava entender sobre si mesmo, como num famoso dito popular: “eu me conheço, sei até onde eu posso ir.”
O problema não é o “ser confiante”, mas quando a confiança é um orgulho torna-se pecado. Portanto, quando Pedro não confia nas palavras do Senhor Jesus, ele peca. Isso nos mostra que, assim como Pedro foi orgulhoso, nós podemos ser igual a ele quando não cremos no que a Palavra de Deus nos mostra.
A graça de Deus
Um dos sinais da graça de Deus na vida de um pecador regenerado que age desta maneira é o fato do Espirito Santo fazer lembrar daquilo que Jesus disse (Jo 14.26). Veja quando Pedro nega a Cristo ao ser reconhecido por uma criada, Jesus se volta para ele e Pedro se lembra das palavras de Jesus:
“E, virando-se o Senhor, olhou para Pedro, e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Antes que o galo cante hoje, me negarás três vezes.” (Lc 22.61)
O fato de Pedro se lembrar do que Jesus havia lhe dito, é o que produziu um verdadeiro arrependimento. Remorso produz morte, mas arrependimento produz vida. Como por exemplo, o caso de Pedro e Judas; os dois foram avisados que eles iriam trair a Jesus, eles traíram, porém um se arrepende e o outro sente remorso, um se enforca, o outro chora amargamente e se volta para o mestre. Jesus tinha dito que escolheu doze e um deles era o diabo (Jo 6.70). Pedro, da mesma forma, foi chamado de Diabo (Mt 16.23). Por que um se arrepende e o outro não?
Satanás, por permissão de Deus, entrou em Judas e em Pedro. Porém, observe que Jesus roga ao Pai para que preservasse somente a fé de Pedro (Lc 22.31,32b). A graça de Deus fez com que estes dois discípulos servissem a Cristo e fizessem a obra que Ele os designou, mas a graça salvadora de Deus fez com que somente Pedro fosse preservado diante da tentação.
Essa escolha de Deus em preservar um e outro não, não é baseado nos que eles fizeram, pois os dois negaram a Cristo – os dois pecaram. Mas a escolha que Deus já havia feito foi baseada em Sua própria vontade.
Diante disso, vemos que as nossas certezas (orgulho) não são nada diante da graça de Deus, pois se nós não confiarmos naquilo que a Bíblia nos diz, estaremos sendo arrogantes confiando em nós mesmos, sendo nós mesmos os nossos deuses e senhores. Mas Deus, por sua infinita graça, quebra esse nosso orgulho mediante as tentações que nos fazem ficar mais dependentes d'Ele, mostrando que não somos nada.
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