Isvonaldo sou Protestante

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quarta-feira, 9 de maio de 2012


Idolatria aos cantores nas igrejas: trocando a admiração por fanatismo na hora do culto



Quando um cantor secular faz um show e apresentado ao público, as pessoas deliram, aplaudem, ficam de pé... Dependendo do tipo de estrela, alguns choram, gritam, desmaiam, fazem um escândalo de envergonhar os seus acompanhantes. Não importam se as músicas são dos Beatles, de Michael Jackson, de Victor e Leo, de Michel Teló ou de qualquer grupo ou cantor que cause histeria entre os fãs, a cena é sempre a mesma: muito frisson, muito alvoroço e muita idolatria. É o que se vê no mundo.

Acontece que essa moda tem invadido, e muito, o meio evangélico nas igrejas. As apresentações de cantores deixaram de ser apenas apresentações para se tornar espetáculos. Cultos deixaram de ter a centralidade em Jesus para ter as solenidades girando em torno de determinados grupos, duplos, trios, quartetos, quintetos e corais.

E a culpa está neles? Nem sempre. Ou melhor, quase nunca. Há aqueles que chegam a se incomodar com o constrangimento. Não é por menos. Os admiradores estão se tornando em verdadeiros idólatras. Apesar de não erigir culto, prestar adoração ou levantar altares aos que cantam, os fãs, em determinadas reuniões, demonstram um apego maior ao cantor do que a ministração da Palavra de Deus, por exemplo.

Quando os cantores são convidados para “ter oportunidade”, as pessoas ficam tão eufóricas que se empolgam: dão glórias e aleluias no lugar das palmas, fazem burburinho, se inquietam nos bancos, fotografam com celulares e câmeras... É como se só os cantores e grupos fizessem “cair fogo do céu”, só eles fossem dignos das muitas glórias, só eles fossem a estrela da noite, quando, na verdade, são prestadores de culto a Deus como todos os demais.

Há algum problema em gostar de cantores? Claro que não. Todos nós temos os nossos favoritos e fazemos questão de ouvir e decorar suas letras e “pegar” a música para tocar e/ou cantar no culto. E onde está o problema? Trocar admiração por fanatismo, deixar de render adoração a Deus para apreciar, tocar, gritar, tirar foto com determinado grupo ou cantor.

Vamos a um exemplo, mais especificamente em Pernambuco. A dupla Canção e Louvor (formada pelos irmãos Claudia e Claudio) é da cidade de Vitória de Santo Antão, a 53 km do Recife. Eles são conhecidos em todo o Estado. A dupla tem agenda cheia até o fim do ano e é presença marcada nos principais eventos voltados para jovens na capital e nas cidades do interior para as quais é convidada a se apresentar.

O prestígio que recebem de quem gosta dos dois é sempre retribuído nas muitas fotos após os cultos, nas interações nas redes sociais e no convívio com os irmãos (sobretudo os jovens) que apoiam o ministério de louvor da dupla. Só que o excesso está virando incômodo. Não são todos, mas muitos crentes estão valorizando mais a foto e a filmagem (que não é errado fazê-lo) do que as músicas de louvor a Deus que a dupla entoa.

"Em alguns lugares, (o exagero) está ficando sem controle", diz Claudia
Claudia (a “Claudia Canção” da dupla) lembra que quando as pessoas agem assim, sobra constrangimento. “Em alguns lugares, está ficando sem controle, infelizmente. Alguns vêm literalmente em cima do púlpito e tiram inúmeras fotos, além de filmarem todas as canções. O ruim de tudo isso é que, por estarem de mãos ocupadas com telefone ou câmera, muitos não glorificam, para a voz não sair no vídeo, e não adoram, para não tremer as fotos”, afirma Claudia, em conversa via Facebook.

Os cantores não reclamam, até porque preferem acreditar nas boas intenções dos admiradores. Mas a popularidade de um trabalho que rende frutos para a glória de Deus acaba sendo mal utilizada pelos entusiastas para misturar admiração com fanatismo e esquecer que o cantor é um canal de adoração, e não objeto.

A dupla já teve que sair mais cedo de cultos para evitar frisson
Claudia Canção afirma que ela e o irmão atendem todo mundo de forma igual, mas temem que o apreço das pessoas seja confundido com estrelismo voltado para a dupla Canção e Louvor. “No fim do culto é até normal (tirar fotos com as pessoas), e a gente tira sem achar ruim, já faz parte, até porque é o reconhecimento do nosso trabalho, e nos sentimos honrados. Mas já teve evento que tivemos que sair ‘escondidos’ mais cedo, pois no dia anterior o frisson foi grande e saiu do controle. Temos até medo de o pastor achar que temos alguma coisa a ver com tudo isso” diz.

A apresentação de um cantor ou grupo musical, seja ele popular ou desconhecido, é apenas mais um elemento de um culto em que o foco é o Senhor. Registrar o que cada um faz nunca foi e nunca será errado, muito menos pecado. O equívoco está quando as pessoas deixam de cultuar a Deus – que é o motivo pelo qual elas estão no templo – para desviar o centro da adoração para algo ou alguém.

Apesar desse tipo de excesso sofrido, os que rendem louvor ao Deus, como a dupla Canção e Louvor, não estão reprimindo os irmãos que fazem filmagem ou fotografam suas apresentações, mas querem que todos mantenham a sintonia de adoração enquanto as canções são entoadas. “Receber o reconhecimento e o carinho dos irmãos é bênção e é promessa de Deus em nossas vidas. Faremos isso sempre e de todo coração. Tirar uma foto e filmar na hora do culto é normal, mas que não deixem de adorar para fazer isso. Estarão perdendo muita coisa. Eu também tiro foto nos cultos, mas não deixo isso interferir na minha adoração”, conta Claudia.

O louvor a Deus, independentemente se é feito por um cantor, um pastor ou um porteiro, chega ao céu de qualquer forma, quando é feito de forma sincera e em adoração. Em vez de cometer excessos típicos de fanáticos idólatras mundanos diante dos seus ídolos, que as pessoas nas igrejas continuem a admirar os seus cantores e grupos preferidos, mas não deixem de render a Deus o que Ele e só Ele merece.

Tharsis Kedsonni
Fonte e credito 
A-BD

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