Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

terça-feira, 31 de maio de 2011

O falso evangelho


Posted: 29 May 2011 08:53 AM PDT

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Por Marcos Aurélio de Melo

Nos dias de hoje há muita confusão no meio evangélico. Não podemos negar que são muitos pregadores (nas televisões, no rádio e nas igrejas) que tentam convencer as pessoas com seu estilo e suas convicções. E diante de tantas vozes que falam sobre a Bíblia, alguém já me perguntou: "como posso saber se o evangelho que é pregado na minha igreja não é falso?" Há um grande número de pessoas vendendo "gato por lebre", isto é apresentando um evangelho falsificado ou diluído para agradar às multidões. Então, precisamos recorrer às Escrituras para não comprar "gato por lebre".

Como você pode saber se o evangelho que é pregado na igreja que frequenta não é falso? O caminho correto é comparar o que você ouve na sua igreja com Evangelho que foi pregado por Cristo e explicado pelos apóstolos nas Escrituras. É importante observar o que está registrado na Bíblia, pois somente a Bíblia oferece o autêntico evangelho. Quando as Escrituras são deturpadas, surgem os falsos evangelhos, os ensinos que são contrários ao padrão bíblico. Então eu gostaria de tratar rapidamente sobre três ensinamentos contrários à Palavra de Deus, que geram falsos evangelhos.

1 – Qualquer ensinamento que promete saúde física perfeita nessa vida como resultado da salvação em Cristo é um falso evangelho. Jesus nunca prometeu que os seus seguidores ficariam livres de qualquer problema de saúde e teriam saúde garantida. O crente também sofre de câncer, tem hepatite e pneumonia. E se não for ao médico e tratar corretamente pode morrer destas doenças. Cristo pagou o preço porque o nosso maior problema era o pecado e não doenças físicas. A Sua morte em favor do pecador serviu como livramento da condenação do pecado. Então, se você está ouvindo um evangelho que promete libertar você de seus problemas de saúde, tome cuidado, porque este é um falso evangelho.

2 – Qualquer ensinamento que nega a realidade do céu e do inferno é um falso evangelho. Satanás quer enganar se possível até os crentes. E muitos hoje acreditam nesta ensino errado. Se observarmos o que Jesus ensinava, vamos perceber que ele falou várias vezes sobre o inferno como um lugar real. Não é uma ilusão ou invenção de alguém. O inferno é um lugar de tormento para todos aqueles que rejeitaram a salvação pela fé oferecida por Cristo. Jesus contou a história do rico e de Lázaro para mostrar a situação do homem que morreu confiando em suas riquezas e estava em tormento neste lugar chamado inferno. Então, se você está ouvindo em sua igreja que o inferno é aqui mesmo, tome cuidado, porque este também é um falso evangelho.

3 – Qualquer ensinamento que defende que todas as pessoas serão salvas mesmo sem arrependimento é um falso evangelho. A Bíblia não ensina em lugar nenhum a salvação universal. As pessoas se agarram ao conceito que Deus é amor e não irá condenar ninguém, porque todos são filhos de Deus. Errado! Deus nunca prometeu que todos os homens serão salvos. Então, se você, está ouvindo que não importa como vai viver sua vida aqui e que Deus vai salvá-lo de qualquer jeito, cuidado, porque este também é um falso evangelho.

"Todo ensinamento que você escuta deve ser avaliado à luz da Palavra de Deus, que oferece o padrão absoluto sobre o que é verdadeiro e o que é falso."

Fonte: [ Blog do autor ]
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Uma defesa da apologética reformada

Posted: 29 May 2011 05:43 AM PDT

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Uma defesa da apologética reformada -
por Cornelius Van Til

Um diálogo – Sr. White, Sr. Black, Sr. Grey

Temos, primeiro, o não-cristão, que cultua a criatura em vez do Criador. Vamos chamá-lo de Sr. Black. Poderá ser um tipo de pessoa bem “decente”. Em função da graça comum ele pode fazer muita coisa “boa”. Ainda assim, conquanto permaneça em seu estado de não-conversão, ele será tenebroso aos olhos de Deus.

Entretanto, temos um representante daqueles que, pela graça de Deus, tornaram-se adoradores do Criador-Redentor. Será o Sr. White. Certamente, ele está distante de ser aquilo que poderíamos esperar devido ao seu nome. Mas ele foi lavado no sangue do Cordeiro. Em Cristo, ele é alvo como a neve. O Sr. White é um cristão reformado.

Estranhamente, porém, há uma terceira parte, um arminiano, chamado Sr. Grey. Certamente, em Cristo, o Sr. Grey é tão alvo como o Sr. White. O primeiro, acha que o Sr. White é muito severo na avaliação do Sr. Black, mas ele próprio crê que o Sr. Black não seja assim tão tenebroso.

Sequer seria correto, política ou pedagogicamente, requerer que o Sr. Black fizesse uma virada de mente tão completa. Certamente, nem será necessário que tal revolução seja completa nos campos das ciências e filosofias. Muitos dos seguidores do Sr. Black têm defendido valentemente a existência de Deus contra o materialismo, o ateísmo e o positivismo. Até mesmo em teologia, muitos desses discípulos do Sr. Black saltaram em defesa quando Deus foi atacado pelos teólogos do Deus-está-morto. O Sr. Grey, portanto, tipifica o metódo de Aquino-Butler de defesa do cristianismo.

Vamos observar agora a diferença na maneira do Sr. White e do Sr. Grey abordarem o incrédulo Sr. Black com o Evangelho de Cristo.

Digamos que o Sr. Black esteja com dor de dente. Ambos, o Sr. White e o Sr. Grey são dentistas. O Sr. White crê em uma metodologia radical. Ele crê que o Sr. Black deveria ter toda cárie removida dos dentes, antes de obturá-los. O Sr. Grey é uma pessoa mais sensível e carinhosa. Ele não quer que o Sr. Black se sinta mal e, por isso, não quer que a broca penetre tão fundo no dente. Ele, certamente, retirará apenas uma parte da matéria deteriorada, e preencherá a cavidade.

Naturalmente, o Sr. Black achará tudo isso maravilhoso. Infelizmente, o dente do Sr. Black em breve continuará a deterioração. Ele retornará ao Sr. Grey, mas este jamais chegará a um procedimento radical. Por conseguinte, ele jamais resolverá o problema do dente do Sr. Black.

Suponha, agora, que, em vez de procurar o Sr. Grey, o Sr. Black tenha ido ao consultório do Sr. White. Este é radical, muito radical. Usa máquina de raios-X para diagnosticar as condições da boca do Sr. Black. Perfura o dente o quanto é necessário para remover toda a matéria deteriorada. A cavidade é preenchida. E o Sr. Black jamais precisa retornar por causa daqueles dentes.

Esta simples ilustração aponta para uma verdade básica. A Bíblia diz que o homem está espiritualmente morto em seus delitos e pecados. Os credos reformados falam de uma depravação total do homem. A única cura para a sua morte espiritual é a regeneração realizada pelo Espírito Santo, na base da morte expiatória de Cristo. É por meio da luz que a Escritura lança sobre a condição do homem natural que o Sr. White examina todos os seus pacientes. Ele poderá também ligar a luz da experiência, mas insistirá sempre que a experiência deva ser derivada, primariamente, da luz da Escritura. Assim, ele poderá apelar à razão ou à História, mas, de novo, somente da maneira que elas são vistas à luz da Bíblia. Ele nem mesmo toma a experiência, a razão ou a História para corroborar os ensinos da Escritura, mas a Bíblia para examinar todas essas operações. Para ele, a Bíblia e, portanto, o Deus da Bíblia, é como o sol do qual derivam a luz das lâmpadas de óleo, de gás e a lâmpada elétrica.

A atitude do arminiano, Sr. Grey, é bem diferente. Ele usa a Bíblia, a experiência, a razão ou a lógica como fontes de informação igualmente independentes sobre os próprios predicamentos e, portanto, os do Sr. Black. Isto não quer dizer que, para o Sr. Grey, a Bíblia, a experiência e a razão sejam igualmente importantes. Na verdade, não são. Ele sabe que a Bíblia é, de longe, a mais importante. Porém, não obstante, ele constantemente apela aos “fatos da experiência” e à “lógica” sem lidar primeiro com a própria ideia de fato e com a ideia de lógica, nos termos da Escritura.

A diferença é básica. Quando o Sr. White diagnostica o caso do Sr. Black, ele toma como máquina de raios-X, somente a Bíblia. Quando diagnostica o caso do Sr. Black, o Sr. Grey toma primeiro a máquina de raios-X da experiência, depois, a máquina de raios-X da lógica, e finalmente, a máquina de raios-X maior, a Bíblia. De fato, ele poderá tomar tais itens em qualquer ordem, mas sempre haverá de considerá-los como sendo fontes de informação independentes.

(…)

Entretanto, quando o cristão reformado, o Sr. White, tem consciência das riquezas da própria posição, e, realmente, tem a coragem de desafiar o Sr. Black, apresentando-lhe uma chapa de raios-X do seu interior tirada com uma máquina chamada Bíblia, ele enfrenta a acusação de “raciocínio circular”. Ele não apresenta nenhum “ponto de contato” com a experiência. Ele será, também, objeto de crítica do arminiano, por falar como se o cristianismo fosse irracional e por falhar em alcançar o homem das ruas.

(…)

1. Um testemunho consistente

A grande questão à qual desejamos nos referir, agora, é se os cristãos que abraçam a fé reformada também abraçam um método especificamente reformado de raciocínio quando se engajam na defesa da fé.

Essa questão abrangente não pertence meramente aos “cinco pontos do calvinismo”. Quando os arminianos atacam estas grandes doutrinas (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível, perseverança dos santos), nós, como calvinistas, estamos prontos para defendê-las. Cremos que estes cinco pontos são derivados diretamente da Escritura. Mas a questão, agora, em discussão é se, na defesa de qualquer doutrina cristã, os cristãos reformados usariam um método de sua própria construção.

Pode ser prontamente demonstrado que uma resposta negativa a tais questões não poderá ser mantida. Tome, por exemplo, a doutrina da expiação. A doutrina arminiana da expiação não é a mesma que a doutrina reformada da expiação. Ambos, arminianos e calvinistas, afirmam crer no sacrifício substitutivo. Mas o conceito arminiano de expiação substitutiva é colorido, e nós, como calvinistas, creríamos “descolorido”, segundo a visão do “livre-arbítrio”. Segundo a visão arminiana, o homem tem poder absoluto ou final para aceitar ou rejeitar a salvação que lhe é oferecida. Isso implica que a salvação oferecida ao homem é mera possibilidade de salvação.

Para ilustrar: suponha que eu deposite um milhão de reais em sua conta bancária. Ainda assim, fica ao seu critério crer que tal riqueza lhe pertença, e usá-la para cobrir o chão de sua casa com tapetes persas, em vez de fazê-lo com os velhos tapetes puídos que você tem agora. Assim, no esquema arminiano, a própria possibilidade das coisas não mais dependem exclusivamente de Deus, mas, em algumas áreas, dependem do homem. O efeito daquilo que Cristo fez por nós é feito dependente de nós. Não é mais certo dizer que, para Deus, todas as coisas são possíveis.

Fica óbvio, portanto, que os arminianos levaram para o seu protestantismo uma boa porção do levedo do catolicismo romano. O arminianismo é menos radical e menos consistente em seu protestantismo do que deveria ser.

Ora, o Sr. Grey, o evangélico, parece estar confortável quando tenta conquistar o Sr. Black, o incrédulo, à aceitação do “sacrifício substitutivo”. Ele pode firmar os pés em “chão comum” com o Sr. Black em termos daquilo que é possível ou impossível. Observe o Sr. Grey enquanto fala com o Sr. Black.

“Sr. Black, porventura já aceitou Jesus Cristo como seu salvador pessoal? Crê que ele morreu na cruz em seu lugar? Se não, certamente estará perdido para sempre.”

“Bem”, responde o Sr. Black, “acabei de receber uma visita do Sr White, falando sobre o mesmo assunto. Vocês parecem ter um ‘testemunho comum’ sobre a matéria. Ambos creem que Deus existe, que ele criou o mundo, que o primeiro homem, Adão, pecou, e que todos nós merecemos o inferno por causa do que esse homem fez, e daí em diante. Tudo isso me parece muito fatalista. Se, como você diz, eu sou uma criatura, então, não terei nenhum poder final para escolher. Não sou livre. E se não sou livre, então, não sou também responsável. Assim, se eu for para o inferno, será simplesmente porque seu ‘Deus’ assim determinou. Vocês, cristãos ortodoxos, matam a moralidade e todo progresso humano. Não quero ter nada com isso. Até logo!”

“Ei! Espere um pouco”, diz o Sr. Grey afobado. “Eu não tenho um ponto de vista em comum com o ponto de vista calvinista. Nós dois, sim, temos um testemunho comum contra o calvinismo quanto ao determinismo mencionado. É claro que você é livre. Absolutamente livre para aceitar ou rejeitar a expiação que lhe é oferecida. Você mesmo terá de torná-la real para a sua vida. Concordo com você, contra o calvinismo, dizendo que a ‘possibilidade’ é maior do que a vontade de Deus. Nem por um momento eu diria com os calvinistas que o conselho de Deus determina tudo o que se passa.”

“Além disso, calvinistas menos extremistas, como o Dr. J. Oliver Buswell, Jr., virtualmente concordam conosco. Observe o que Buswell disse: ‘Não obstante, nossas escolhas morais são escolhas em que nós mesmos somos causas últimas’. O próprio Dr. Buswell deseja ir além da ‘resposta meramente arbitrária’ de Romanos 9.20,21, que fala sobre o oleiro e o barro, para uma análise bem mais profunda do plano de Deus para a redenção em Romanos 9.14-19, em que Paulo faz um retrato de faraó, dizendo: ‘Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra’.”

“Eu entendo, então”, replica o Sr. Black, “que vocês, arminianos e calvinistas moderados, opõem-se ao determinismo regular e antiquado do calvinismo histórico das confissões reformadas? Alegro-me em ouvir isso. Dizer que todas as coisas já foram fixadas por Deus desde a eternidade é algo terrível! Dá-me calafrios! O que aconteceria com toda moralidade e decência, se todos os homens acreditassem em tal ensino? Porém, agora, vocês, arminianos e calvinistas abertos, juntaram-se a nós, para proclamar que a ‘possibilidade’ é independente da vontade de Deus. Vocês, assim, com toda a gente boa e com todos os teólogos liberais e neo-ortodoxos, como Barth, tornam possível a salvação para todos os homens”.

“Isso significa, é claro, que a salvação é possível também para aqueles que jamais ouviram falar de Jesus de Nazaré. A salvação, portanto, será possível até mesmo, sem a aceitação de sua expiação substitutiva mediante esse Jesus de quem você fala. Certamente, você não quer dizer, como os calvinistas, que Deus determinou os limites de todas as nações e indivíduos, e assim, no final das contas, determinou que alguns homens, de fato, milhões deles, jamais ouvissem esse evangelho.

“Além disso, se a possibilidade é independente de Deus, como vocês, evangélicos e calvinistas moderados, ensinam, então, eu não preciso ter medo do inferno. É bem possível, ainda, que nem exista inferno. O inferno, você há de concordar, é a tortura que um homem experimenta quando falha em atingir os próprios ideais morais. Assim, não acho que deva me preocupar, agora, com tal aceitação de Cristo como meu Salvador pessoal. Tenho todo o tempo do mundo.”

Pobre Sr. Grey. No fundo, ele realmente desejaria dizer algo sobre ter um testemunho em comum com os calvinistas. No fundo do coração, ele sabe que o Sr. White, o calvinista, e não o Sr. Black, o incrédulo, foi seu amigo verdadeiro. Mas ele assumiu um testemunho comum com o Sr. Black, contra o suposto determinismo do Sr. White, o calvinista, e assim, era-lhe dificultoso, depois disso, voltar a face e assumir um testemunho com o Sr. White, contra o Sr. Black. Ele não tinha nada inteligente para dizer. Seu método de defesa da fé o forçava a admitir que o Sr. Black estava basicamente certo. Ele não deu ao Sr. Black a oportunidade de conhecer o que supostamente deveria aceitar. Antes, seu testemunho havia confirmado o Sr. Black na crença de que não teria necessidade de aceitar a Cristo.

É verdade, é claro, que, na prática, o Sr. Grey é bem melhor em sua teologia e em seu método de representação do evangelho do que ele disse ser. Mas isso é porque, na prática, todo evangélico que realmente ama o Senhor é um calvinista no coração. Como poderia ele, orar a Deus por ajuda, se realmente cresse que haveria possibilidade de Deus não o ajudar? No fundo do coração, todo cristão verdadeiro crê que Deus controla todas as coisas. Porém, a respeito da expiação substitutiva, os calvinistas não podem ter um testemunho comum com os arminianos que tenham, contra ele, um testemunho comum com o incrédulo, sobre a mais importante questão de se Deus controla ou não todas as coisas que ocorrem.

Devemos nos lembrar de que o primeiro requisito para um testemunho efetivo é que a posição defendida seja inteligível. O arminianismo, quando consistentemente conduzido, destrói tal inteligibilidade.

O segundo requisito para um testemunho efetivo é o de que aquele a quem o testemunho é dado tem de entender substancialmente por que deveria abandonar sua posição para aceitar a que lhe é oferecida. O arminianismo, quando consistentemente conduzido, destrói a razão pela qual o incrédulo deveria aceitar o evangelho. Por que haveria o incrédulo de mudar sua posição se não lhe é mostrado o próprio erro? Por que deveria mudar sua posição para a do cristianismo se aquele que o incita à mudança, na verdade, o encoraja a pensar que está certo? Portanto, o calvinista, certamente, tem um melhor método de defender a doutrina da expiação substitutiva do que o do arminiano.

Fonte: [ Monergismo ]
Via: [ 2 Timóteo 3.16 ]

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Assembleia de Deus: 100 anos de pentecostes


Pb. José Roberto A. Barbosa

INTRODUÇÃO

100 Anos de Pentecostes, neste mês, a Assembléia de Deus no Brasil, alcança essa marca histórica. Na aula de hoje estudaremos a respeito da trajetória dessa igreja que, pelo poder do Espírito Santo, foi constituída a maior denominação evangélica do país. Inicialmente, destacaremos os seus primórdios, em seguida, o avanço significativo nas décadas seguintes, e por fim, seu desenvolvimento nos dias atuais.

1. OS PRIMÓRDIOS DA ASSEMBLÉIA DE DEUS

Em 1910, em plena efervescência do movimento pentecostal na cidade de Chicago, um jovem pastor batista sueco, chamado Gunnar Vingren, atraído pelo poder do Espírito Santo, se dirigiu àquela cidade a fim de atestar a veracidade dos fatos noticiados pela imprensa. Em 1909, após ter concluído o Seminário Teológico de Chicago, pastoreou a Primeira Igreja Batista de Menominee, em Michigan. Em uma das reuniões pentecostais, uma irmã profetizou para o jovem pastor que ele somente seria enviado para a obra missionária depois de ter sido batizado no Espírito Santo. Após ter recebido o poder do alto, Vingren retornou à sua Igreja e passou a ensinar a mensagem pentecostal, mas alguns irmãos da congregação não aceitaram aquela doutrina, recusando-o como pastor. Dias depois, em uma reunião de oração, o Espírito Santo falou-lhe através do irmão Adolfo Uldin que deveria ir ao Pará. Naquela ocasião Vingren encontrou Daniel Berg e juntos foram a uma biblioteca para consultar mapas e verificaram que o lugar profetizado localizava-se no Norte do Brasil. Antes de viajarem, Vingren, que dispunha de apenas 90 dólares, doou aquela quantia para um jornal pentecostal e partiu confiante em Deus. Em Nova Iorque, encontraram um irmão que se dirigia ao correio com uma carta, contendo justamente 90 dólares, e entregou o envelope ao irmão Vingren, comovidos eles agradeceram ao Senhor pela providência. Eles compreenderam que o Senhor estava com eles, e nessa fé, partiram de Nova Iorque em 5 de novembro de 1910, chegando ao Brasil no dia 19 do mesmo mês. Em Belém, foram direcionados a um pastor batista, que os recebeu e permitiu que eles fixassem residência no porão do templo. Daniel Berg começou a trabalhar para pagar as aulas de português de Gunnar Vingren, e este, ensinava a Daniel o que aprendia. Tão logo os missionários começaram a pregar a fé pentecostal, Jesus começou a batizar no Espírito Santo, a primeira irmã a recebê-lo foi Celina Albuquerque, outros crentes também passaram a defender a doutrina, incomodando a liderança da Igreja Batista de Belém. Após serem expulsos daquela igreja, fundaram, em 18 de junho de 1911, a Missão da Fé Apostólica, que viria a se chamar, em 1918, Assembléia de Deus.

2. O CRESCIMENTO DA ASSEMBLÉIA DE DEUS

A expansão da Assembléia de Deus se deu do Norte para o Nordeste e em pouco tempo alcançou o sul e o sudeste do pais. Isso porque os imigrantes nordestinos haviam deixado sua terra, devido à seca, e seguiram em direção ao Norte, em busca de melhorias de vida, impulsionados pela cultura da borracha, que posteriormente entraria em crise. Muitos desses nordestinos não conseguiram o bem-estar financeiro que almejavam, mas foram tocados pela mensagem do evangelho de Cristo e pelo poder do Espírito Santo, e retornando aos seus estados, difundiram-na nos rincões por onde passavam. Em fevereiro de 1910, Absalão Piano é consagrado pastor, se tornando, assim, o primeiro pastor brasileiro das Assembléias de Deus. Mais missionários vieram para o Brasil, em 1914 Otto e Adina Nelson, procedentes da Suécia. Em 1916, chegaram a Belém do Pará, o pastor Samuel Nyström e sua esposa Lina, vindos da Suécia, via Estados Unidos. Em 16 de outubro de 1917, Gunnar Vingren casou-se com Frida Strandberg, cumprindo-se a profecia do irmão Adolfo Uldin, de que ele se casaria com uma jovem com esse nome. Frida Vingren foi um baluarte da fé pentecostal no Brasil, em virtude das doenças do marido, essa obreira incansável empreendeu todos os esforços para a edificação da igreja. Além de compor belos hinos que fazem parte da Harpa Cristã, tinha considerável formação bíblico-teológica, escrevendo artigos para os periódicos pentecostais e lições para o ensino dominical na igreja. A Assembléia de Deus, por aquele tempo, era um movimento menos institucionalizado, isso porque o pentecostalismo sempre foi marginalizado. Na Suécia, as igrejas estatais não admitiam aquele tipo de doutrina, por isso, a tendência dos missionários era adotar no Brasil o sistema de igreja livres, semelhantes àquelas existentes no país deles. A institucionalização da igreja consolidou-se em 1930, quando, em Natal (RN), aconteceu a Primeira Convenção da Assembléia de Deus, cujo objetivo central foi o recebimento dos brasileiros, mas especificamente dos nordestinos, da liderança da igreja, até então conduzida pelos missionários suecos. Dentre os pontos discutidos nessa convenção estavam: a observância dos usos e costumes, a questão da ordenação masculina e a oposição aos seminários teológicos. Esses assuntos estavam em evidência por causa da influência que a Assembléia de Deus dos Estados Unidos, que se mostrava bastante flexível em relação a esses posicionamentos. Ao longo da sua história, a Assembléia de Deus no Brasil, tem se demonstrado mais aberta em relação a alguns desses princípios. A existência da Faculdade da Assembléia de Deus – FAECAD – é uma demonstração de ruptura e de ênfase no ensino bíblico-teológico, bem como a difusão do evangelho através de um programa de TV: Movimento Pentecostal, já que outrora era proibido que os crentes ouvissem rádio e vissem televisão.

3. A ASSEMBLÉIA DE DEUS NOS DIAS ATUAIS

Nesses últimos anos a Assembléia de Deus no Brasil experimentou um avanço extraordinário. Estima-se que atualmente existam mais de 20 milhões de fiéis espalhados por todo o Brasil, representado aproximadamente 40% dos evangélicos, mais de 30 mil pastores, mais de seis mil igrejas-sede, mais de dois mil missionários, milhares de obreiros e mais de 100 mil cultos nos mais de cinco mil municípios brasileiros. Essa expansão possibilitou uma série de vantagens, principalmente no contexto social. A Assembléia de Deus deixou de ser um movimento evangélico marginalizado e passou a gozar de prestígio perante a sociedade, principalmente entre os políticos que querem angariar votos entre os fiéis. A própria igreja, que outrora se posicionava contra o envolvimento dos cristãos na política, passou a investir nessa área, elegendo, a cada pleito, um número representativo de evangélicos, inclusive pastores, para o executivo e o legislativo. Os primeiros crentes eram pessoas simples que não gozavam de condição financeira favorável e tinham pouca instrução estudantil. Esse quadro atualmente é diferenciado, pois existem pessoas hoje na Assembléia de Deus com considerável saber acadêmico, além de empresários bem-sucedidos, considerando que a Associação dos Homens de Negócio do Evangelho Pleno – ADHONEP é uma idealização dessa denominação. A Convenção Geral das Assembléias de Deus (CGADB), criada inicialmente em 1930, foi registrada em 1946, pelo missionário Samuel Nyström e o Pr. Cícero Canuto. Esse órgão assembleiano surgiu com o objetivo de estabelecer um espaço de discussão e direcionar o crescimento da denominação. Em 1989 ocorreu a primeira dissidência na CGADB quando surgiu a Convenção Nacional de Ministros da Assembléia de Deus Madureira. O atual presidente da CGADB é o Pr. José Wellington Bezerra da Costa, que tem dirigido essa convenção desde 1988, após a morte do Pr. Alcebíades Pereira de Vasconcelos. Ligada à CGADB está a Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), que tem experimentado um crescimento considerável nesses últimos anos, publicando Bíblias, periódicos e obras clássicas da teologia evangélica, sendo gerenciada por Ronaldo Rodrigues. Uma das suas principais publicações é a Bíblia de Estudo Pentecostal, com notas de Donald Stamps e cuja tradução foi supervisionada por um dos expoentes da teologia pentecostal brasileira, o Pr. Antonio Gilberto.

CONCLUSÃO

A Igreja que cresce sempre enfrenta desafios, assim aconteceu com a Igreja em Jerusalém, o mesmo tem ocorrido com a Assembléia de Deus. Há muito para celebrar, podemos dizer como o salmista: “grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres” (Sl. 126.4). No entanto, não podemos desconsiderar os riscos que enfrentamos para os próximos anos, enquanto aguardamos a vinda de Jesus. Dentre eles destacamos: a confusão na relação igreja-estado, a secularização da teologia da prosperidade, o exagero na institucionalização, a formação de novos líderes, o formalismo litúrgico e a política eclesiástica, essa última tem causado fortes disputas internas por cargos eletivos. Esses desafios não tiram o brilho do Centenário, mas nos levam a refletir sobre o futuro da igreja, a ponderar a respeito de onde viemos, onde estamos e aonde iremos, sem esquecer, principalmente, que o Senhor Jesus é o Senhor da Igreja e que o Espírito Santo sopra aonde quer, por isso, precisamos estar atentos para ouvir a Sua voz.

BIBLIOGRAFIA

ALENCAR, G. Assembléias de Deus. São Paulo: Arte Editorial, 2010.
ARAÚJO, I. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

"Eu apenas o copie"

Todos os credito para:

Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/
Twitter: @subsidioEBD

A pureza do movimento pentecostal – 5


Caramuru Afonso Francisco

O movimento pentecostal não é uma inovação, mas a continuidade da verdadeira e autêntica Igreja de Jesus Cristo sobre a face da Terra.

INTRODUÇÃO

- Na continuidade do estudo das doutrinas da nossa fé, veremos hoje que o movimento pentecostal é a expressão do genuíno e autêntico Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

- O caráter recente do movimento pentecostal, o último e mais duradouro avivamento da história da Igreja, não o invalida como a expressão da vera Igreja de Cristo Jesus sobre a face da Terra.

I – O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO FIGURADO NA FESTA JUDAICA DE PENTECOSTES

- O movimento pentecostal chega ao seu centenário em terras brasileiras e tem 105 anos de duração, contando-se como seu termo inicial o grande avivamento ocorrido na rua Azusa, em Los Angeles, a partir de 1906. Apesar de centenário, em comparação com a história da Igreja, que está próxima de dois mil anos, o movimento é recente e, por causa disto, muitos se insurgem contra ele, considerando-o uma “inovação” e, portanto, não ser proveniente de Deus.

- Por primeiro, é importante asseverar que o chamado “argumentum ad antiquitatem”, ou seja, o argumento de que algo é correto porque é antigo, duradouro é uma falácia, ou seja, um raciocínio enganoso. É “afirmar que algo é certo ou bom simplesmente porque é velho, ou porque ‘essa é a maneira que isso sempre foi.’…”. Fosse assim, não poderia o Senhor Jesus trazer uma “nova aliança” (Hb.12:24), um “novo testamento” (Mt.26:28; Mc.14:24; Lc.22:20; I Co.11:25; II Co.3:6; Hb.9:15), um “novo e vivo caminho” (Hb.10:20), nem nos trazer “novidade de vida” (Rm.6:4).

- Como bem afirma o teólogo norte-americano Charles Caldwell Ryrie (1925- ), “…o fato de que alguma coisa foi ensinada no primeiro século não torna isso certo (a não ser que fosse ensino das Escrituras canônicas) e o fato de que algo não foi ensinado até o século dezenove não torna isso errado, a não ser, é claro, que for contra as Escrituras(…). A acusação de ser recente foi feita muito tempo atrás contra a doutrina dos Reformadores. Calvino a respondeu com clareza característica, e sua resposta poderia ser usada(…) contra essa mesma acusação: ‘Primeiro, quando a chamam de ‘novidade’ fazem grande injustiça a Deus, cuja Palavra Sagrada não merece ser acusada de novidade…Permaneceu longe tempo no desconhecimento geral, enterrado pela culpa da impiedade do homem. Agora que nos é restaurada pela bondade de Deus, sua reivindicação de antiguidade deve ser admitida pelo menos por direito de recuperação…” (RYRIE, Charles C. Dispensacionalismo: ajuda ou heresia? Trad. de Elizabeth Charles Stowell Gomes, pp.72-3).

- Como ainda afirma Charles Cadwell Ryrie, “… a história jamais é uma prova da verdade. A Bíblia, e somente a Bíblia é essa prova…” (op.cit., p.18). Ademais, como sabemos todos, a história é escrita pelos que dominam o poder e sabemos todos que a Igreja é o corpo de Cristo e, como tal, “Seu reino não é deste mundo” (Jo.18:36), de sorte que muito do que ocorre na Igreja é passado despercebido e não é registrado pelo mundo, que está no maligno (I Jo.5:19).

- Por segundo, como dissemos, se a verdade é a Bíblia Sagrada (Jo.17:17), as crenças do movimento pentecostal mostram-se como genuínas e autênticas na medida em que são encontradas nas Escrituras e, quando vamos analisar a Palavra de Deus, encontramos que o derramamento do Espírito Santo foi uma promessa que estava presente desde o limiar da revelação divina.

- O que caracteriza o “movimento pentecostal”é, precisamente, o fato de se ter chegado à consciência de que, desde o dia de Pentecostes, o Senhor tem prometido à Sua Igreja um “derramamento do Espírito Santo” e de que este “derramamento”, vivenciado e experimentado pela igreja primitiva, não se circunscrevia aos tempos apostólicos,mas que estava à disposição da Igreja e que estava predito para ter igual ou até maior intensidade que nos dias dos apóstolos nos dias finais da dispensação da graça, pouco antes da volta de Jesus para o arrebatamento da Igreja, sendo indispensável para a obra missionária que alcançaria todas as nações, como predito pelo Senhor em Mt.24:14.

- Tem-se, portanto, como fundamental para que se compreenda o “movimento pentecostal” e a sua base doutrinária, o estudo desta promessa do “derramamento do Espírito Santo”, promessa esta que foi a base do sermão de Pedro no dia de Pentecoste, quando a Igreja iniciou a sua tarefa de evangelização, como vemos em At.2:14-21. Aliás, é este o motivo pelo qual os que se envolveram neste movimento passaram a ser chamados de “pentecostais” e a base doutrinária, que é o objeto do nosso estudo, de “pentecostalismo”. Somos chamados de “pentecostais”, porque retomamos a promessa bíblica do “sermão de Pentecoste”, ou seja, da pregação de Pedro proferida no dia de Pentecoste.

- Como se vê, portanto, as “doutrinas bíblicas pentecostais” são, em primeiro lugar, retiradas todas das Escrituras, ou seja, têm uma base bíblica, bem ao contrário das falsas doutrinas, heresias e modismos que foram alvo de estudo no trimestre anterior. Enquanto que as falsidades doutrinárias têm origem em “visões”, “revelações” e “iluminações”, a base doutrinária do “movimento pentecostal” encontra-se toda ela na Bíblia Sagrada, na Palavra de Deus e, por isso, integra a verdade (Jo.17:17). Eis a grande diferença entre o que cremos e aquilo que é proferido e ensinado cada vez mais nestes dias tão difíceis.

- Como nada que ocorre nas Escrituras e, por conseguinte, no plano de Deus ao homem é por acaso, é sem propósito, também não é coincidência nem muito menos um acidente que a promessa do derramamento do Espírito Santo tenha se cumprido no dia de Pentecostes, uma das três mais importantes festas judaicas, ao lado da Páscoa e da Festa dos Tabernáculos (Ex.23:14-19). A própria festa de Pentecoste, também chamada de “festa da sega dos primeiros frutos” (Ex.23:16), “festa das semanas”(Dt.16:16) ou “festa das primícias” (Ex.34:22), já era uma figura que apontava para o próprio derramamento do Espírito Santo.

- Como nos explica a própria Bíblia, a lei, com todas as suas cerimônias, ritos e prescrições, tinha uma finalidade educativa, pedagógica, pois servia de “sombra” das coisas que estavam para vir (Cl.2:16,17; Hb.10:1), tudo tendo sido escrito para nosso ensino (Rm.15:4). Assim, a festa judaica de Pentecoste é uma figura, um símbolo, um tipo do derramamento do Espírito Santo e, por isso mesmo, este derramamento se iniciou num dia de Pentecoste, para que, através do que está escrito sobre esta festa judaica, entendêssemos o significado desta operação espiritual, que é fundamental para a nossa vida cristã.

- A festa de Pentecostes era uma das três grandes festividades anuais do povo israelita, conforme determinado na lei de Moisés, as festas em que deveriam comparecer à presença de Deus todos os varões (Ex..23:14-19). Esta festa foi denominada de “festa da sega dos primeiros frutos” (Ex.23:16), “festa das semanas” e “festa das primícias” (Ex.34:22), porque, nela, deveriam os israelitas trazer os primeiros frutos colhidos durante o ano (o ano religioso começava, precisamente, na Páscoa, como se vê em Ex.12:2). O nome hebraico da festa é, precisamente, “Shavuot”, que quer dizer “semanas”, precisamente porque era comemorada sete semanas depois da Páscoa (ou seja, 49 dias depois da Páscoa, ou seja, num intervalo de 50 dias entre a Páscoa e esta celebração).

- Em “Shavuot”, os israelitas deveriam apresentar os primeiros frutos da colheita para o Senhor, em gratidão a Deus pela fertilidade da terra. Tratava-se de uma festa em que se ofereciam estes primeiros frutos a Deus e o sacerdote deveria apresentar esta oferta como uma “oferta de movimento”, “dois pães de movimento”, além de animais para sacrifícios (Lv.23:15-25). Era uma festa em que se agradecia a Deus pelo fruto da terra, em que se apresentava ao Senhor uma “oferta de movimento”. Esta festividade foi relacionada, posteriormente, pelos Sábios Rabínicos, como sendo a celebração do “tempo em que nos foi dada a Torah”, passando a representar a recepção da Lei por parte do povo de Israel.

- Não é, portanto, coincidência que o derramamento do Espírito Santo tenha se iniciado no dia de Pentecostes. Em primeiro lugar, é importante salientar que estamos diante do “ano aceitável do Senhor” (Lc.4:19), ou seja, o tempo em que haveria a pregação do evangelho. Este ano se iniciou com a morte de Jesus Cristo no Calvário, que nos abriu um novo e vivo caminho para o Pai (Hb.10:20), episódio que, por inaugurar este ano do Senhor, nada mais é que a Páscoa (I Co.5:7). Tanto assim é que, no dia seguinte ao sábado da páscoa, era oferecido um molho das primícias da colheita ao sacerdote (Lv.23:10), que seria movido perante o Senhor, primícia esta que outra não é senão o primogênito dentre os mortos, aquele que ressuscitou no primeiro dia da semana, Cristo Jesus (I Co.15:20,23; Cl.1:18). Em seguida, cinqüenta dias depois, vinha o Pentecostes, a festa que indica o início da colheita no ano, ou seja, a ocasião que demonstra o início da salvação da humanidade através da Igreja, o início do movimento do Espírito Santo, baseado no sacrifício de Cristo, com poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o reino celestial, algo que perdurará até a festa da colheita final, até o final deste ano, que se dará com a terceira festa, a festa das trombetas ou festa dos tabernáculos, que representa a volta de Cristo, o arrebatamento da Igreja.

- Assim, a descida do Espírito Santo somente poderia ocorrer, mesmo, na festa das primícias, na festa das semanas, que indica o início da colheita, o início da manifestação plena do Espírito Santo no meio da humanidade com vistas à salvação das almas. Era o começo do movimento e o Espírito Santo sempre esteve relacionado com o mover, como vemos desde a Sua primeira aparição no texto sagrado (Gn.1:2). Mesmo o significado dado pelo judaísmo posterior a “Shavuot”, qual seja, a celebração da entrega da Lei ao povo de Israel, o que teria se dado cinqüenta dias depois da libertação do Egito, no deserto, não foge a considerações por parte dos cristãos, porquanto, se, para tais rabinos, “…a saída dos israelitas do cativeiro no Egito representara, na realidade, apenas um prelúdio para a sua libertação e não a libertação em si, pois os antigos escravos não podiam ser considerados realmente livres, diziam os Rabis num espantoso paradoxo, até que se tivessem resolvido a adotar voluntariamente ‘o jugo da Torah’, que os conduziria à plena libertação. Foi a aceitação jubilosa por Israel desses verdadeiros ‘ grilhões da liberdade’ em Shavuot, diziam eles, que transformou aquele dia santo em data comemorativa da libertação de Israel da escravidão da mente e do espírito.…” (Nathan AUSUBEL. Shavuot. In: A Judaica, v.6, p.776), torna-se evidente que, também, no dia de Pentecostes, terminou o “prelúdio”, ou seja, a preparação dos discípulos para a tarefa que lhes fora confiada por Jesus e, a partir daí, totalmente libertos do medo, da apreensão, revestidos de poder, puderam iniciar a exitosa tarefa de demonstração do amor e do poder de Deus a toda a humanidade.

- O Pentecostes era celebrado após as primeiras chuvas da primavera, a chamada “chuva temporã”(Dt.11:14), as primeiras chuvas do ano religioso (que se iniciava com a Páscoa, que era celebrada sempre no início da primavera – Ex.12:2), de modo que a festividade estava relacionada com o início do “derramamento de água” sobre a terra da Palestina, o que havia possibilitado a apresentação dos “primeiros frutos” diante do Senhor, antes do “verão”, estação de grande calor (notadamente na região desértica do Oriente Médio), onde haveria a formação das safras mais importantes, o crescimento das grandes colheitas, mas sob o influxo destas primeiras chuvas e pouco antes das chamadas “chuvas de outono”, ou “chuva serôdia” (Dt.11:14; Os.6:3), que eram as chuvas antes da grande colheita, a chuva que daria a força final para o crescimento e maturação das plantações.

- O ritual do Pentecostes muito nos fala a respeito do papel do “derramamento do Espírito Santo”, pois. As suas ofertas eram “ofertas de movimento”, ou seja, as ofertas, antes de serem queimadas, eram movimentadas para frente e para trás, na direção do altar. “ ‘(…)Com este gesto, o sacerdote dava a entender que a oferta estava sendo dada a Deus. E então esses mesmos itens eram queimados sobre o altar’ (John D. Hannah). O movimento servia para atrair a atenção de Deus, como se se pedisse que Ele aceitasse a oferenda…” (CHAMPLIN, R.N. O Antigo Testamento interpretado, v.1, p.436). A “oferta de movimento”, portanto, revela que o era ofertado a Deus era fruto de gratidão e de dedicação, de um “mover”, de um envolvimento em tudo o que dizia respeito a Deus e à Sua obra. É por isso que o pentecostalismo é um “movimento”, uma vida espiritual dinâmica e que não comporta paralisia nem formalismo paralisante, pois o que é próprio do Espírito Santo, é o “movimento”, pois é assim que o Espírito surge, pela vez primeira, nas Sagradas Escrituras (Gn.1:2).

- Outra peculiaridade do ritual de Pentecostes era o número de pães e de dízimas de farinha, a saber, dois, a nos lembrar do propósito missionário envolvido no derramamento do Espírito Santo. Com efeito, quando Jesus enviou Seus discípulos para a missão nos dias de Seu ministério terreno, fê-lo de “dois em dois” (Lc.10:1), tendo, também, o Espírito Santo designado, na igreja de Antioquia, dois homens para iniciarem a primeira missão transcultural da Igreja (At.13:2). O “derramamento do Espírito Santo”, portanto, tem um intento missionário, como, aliás, ensinou Jesus pouco antes de subir aos céus (At.1:8).

- Estes pães, ao contrário do que ocorria na Páscoa, continham fermento (Lv.23:17), aliás, era a única vez em que se apresentava pão fermentado diante do Senhor. Segundo Duane Lindsey, citado por Champlin, “…o pão era levedado misturando-se na massa um bocado de fermento, extraído da cevada da colheita do ano anterior. Isso reenfatizava a íntima conexão entre as colheitas do trigo e da cevada, bem como as festividades associadas a estas colheitas…’ (CHAMPLIN, R.N. op.cit., p.568). A presença do fermento, portanto, tinha a conotação de mostrar a relação da colheita do ano com a do ano anterior, indicava continuidade, bem assim estava relacionado com a própria idéia de crescimento e fertilidade que se aguardava da colheita. O “derramamento do Espírito Santo” indica-nos a continuidade da obra de Deus em favor do homem, a continuação do ministério de Cristo, agora através do outro Consolador, que está na Igreja, que nos permitirá lembrar o que Jesus nos ensinou (Jo.16:14,15). É, por isso, que o verdadeiro pentecostal não é um “inovador”, não é um “modernista”, mas, antes de tudo, um “conservador”, um “preservador” da sã doutrina, da pureza doutrinária, porque representa a continuação da operação divina, de um Deus que não muda e em que não há mudança nem sombra de variação (Tg.1:17).

- Mas, além das ofertas de movimento, eram também sacrificados animais, sete cordeiros sem mancha, de um ano, e um novilho, e dois carneiros, num total de dez animais que, somados aos que deveriam ser oferecidos diariamente, chegava-se a um total de vinte animais (catorze carneiros, três touros e três bodes). O sacrifício de animais tinha, por objetivo, aplacar a ira de Deus, satisfazê-lO no sentido de não culpar o povo pelos seus pecados, e, deste modo, na festa de Pentecoste, tinha-se, como conseqüência, uma grande satisfação por parte do Senhor, uma propiciação abundante (“o cheiro suave ao Senhor” – Lv.23:18 “in fine”), a indicar, portanto, que o “derramamento do Espírito Santo” é resultado de uma satisfação do Senhor pelo sacrifício de Cristo, pelo resultado da obra redentora do Calvário(Is.53:11a). É uma bênção seguinte à salvação, um “movimento” resultante da comunhão obtida com o Senhor por intermédio de Jesus.

OBS: “…Sete semanas depois da festa da Páscoa, que são quarenta e nove dias, oferece-se a Deus, no qüinquagésimo dia, que os hebreus chamam de Asarta, isto é, plenitude de graças, e os gregos de Pentecostes, um pão de farinha de trigo, de dois gomores, feito com fermento, e matam-se dois cordeiros, que servem para a ceia dos sacrificadores, sem que se possa reservar coisa alguma para o dia seguinte. Quanto aos holocaustos, oferecem-se três novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros e dois bodes pelos pecados.…” (JOSEFO, Flávio. Tradução de Vicente Pedrosa. História dos Hebreus, v.1, p.78). É interessante notar que o nome hebraico que Josefo dá à festividade, Asarta, também nos diz algo profundo sobre o “derramamento do Espírito Santo”, ou seja, de que somente com este “derramamento” é que se tem a plena graça de Deus.

- Não nos esqueçamos, também, que a presença de sacrifício de animais como oferta pacífica (caso dos dois cordeiros, apresentados também como oferta movida ao Senhor) indica-nos que o “derramamento do Espírito Santo” está vinculado à santidade, ou seja, não se tem, no dia de Pentecoste, um sacrifício por pecado, mas uma “oferta pacífica” (Lv.23:19), o que, de imediato, nos faz ver que o “derramamento do Espírito Santo” é algo exclusivo daquele que já tem comunhão com Deus, que está em santificação, a desmentir “operações do Espírito Santo” em meio ao pecado e à idolatria, como tem sido alardeado por aí, notadamente entre os romanistas ditos “carismáticos”.

- A oferta do pão era apresentada juntamente com o sacrifício, ainda que o sacrifício pacífico, a indicar, portanto, que o “derramamento do Espírito Santo” jamais se desvincula seja do sacrifício de Cristo, que foi o nosso sacrifício pelo pecado, como também dos esforços e da dedicação de cada crente (o nosso sacrifício pacífico). O “derramamento do Espírito Santo” mantém a centralidade na pessoa de Cristo e da Sua obra salvadora, tem como finalidade a dinamização da mensagem do Calvário (daí porque não serem genuínas manifestações “espirituais” que mudem o tema da pregação da Igreja), como também cria um comprometimento, um esforço e uma dedicação crescentes na vida dos que forem alcançados por esta bênção. O “derramamento do Espírito Santo”, portanto, não pode gerar comodismo nem sensação de “superioridade espiritual”, mas, bem ao contrário, envolvimento e comprometimento no trabalho de evangelização e de aperfeiçoamento dos santos.

- Por fim, segundo a tradição rabínica posterior, que vinculou o Pentecoste à celebração da recepção da Torá por parte de Israel, temos que, também nesta interpretação, há um elucidativo paralelo com o “derramamento do Espírito Santo”, vez que é o derramamento do Espírito Santo a operação que demonstra, de modo inequívoco, o comprometimento do crente com as Escrituras Sagradas. O movimento pentecostal é aquele que demonstra, de modo cabal, a observância da Bíblia como única regra de fé e de prática. O evangelho completo, sem restrições, inteiramente assumido como verdade atual só é possível para quem crê na atualidade da operação do Espírito Santo, o que só é possível dentro da aceitação das doutrinas bíblicas pentecostais. Como se vê no episódio dos discípulos encontrados por Paulo em Éfeso e no exemplo de Apolo, somente a admissão do “derramamento do Espírito Santo” como uma realidade atual poderá dizer que cremos na Bíblia e que a praticamos. Todos os demais posicionamentos infirmam uma tal postura.

II – A PROMESSA DO ESPÍRITO SANTO EXPLICITADA NA PROFECIA DE JOEL

- Além da lei, o Senhor revelou a Israel as coisas que estavam para vir, indicando-lhes mais claramente o que estava preparado para o homem, por intermédio dos profetas, a quem confidenciava os Seus segredos (Dn.2:28; Am.3:7).

- Com relação ao “derramamento do Espírito Santo”, não foi diferente. Como nos dá conta o apóstolo Pedro, no instante do início do cumprimento mesmo da profecia, o “derramamento do Espírito Santo” foi profetizado por Joel, considerado, por muitos, como o mais antigo profeta literário de Israel, ou seja, o primeiro profeta que teria registrado por escrito as suas profecias, o que já mostra a importância desta profecia, a ponto de ter sido dada ao profeta que registrou, por primeiro, para a posteridade o que recebera do Senhor.

- Esta circunstância também nos mostra que o “derramamento do Espírito Santo” jamais pode ser considerado como uma “inovação” ou um “modernismo”, como, lamentavelmente, foi tratado por muitos, notadamente no início do movimento pentecostal, há mais de cem anos atrás. Aliás, foi uma constante, na história dos líderes da primeira geração deste movimento, o fato de terem sido expulsos de suas congregações ou denominações, por terem crido, pregado e recebido o batismo com o Espírito Santo, o que, inclusive, aconteceu com os missionários pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren que, mandados embora da igreja batista onde estavam a congregar, acabaram, juntamente com alguns irmãos, em 18 de junho de 1911, fundando a “Missão da Fé Apostólica” que, em 1918, passaria a se chamar “Igreja Evangélica Assembleia de Deus”.

- Estas mesmas denominações, na atualidade, possuem seus segmentos pentecostais (a Convenção Batista Nacional, v.g.), mas não são poucos os que, ainda hoje, costumam alardear o fato de que os primeiros líderes pentecostais foram “excluídos” de suas primitivas igrejas locais e que, por isso, “todo movimento pentecostal é espúrio, nascido da rebeldia e da liderança de pessoas excluídas”. Entretanto, quando nos voltamos para a Bíblia Sagrada, vemos que tais pessoas, ainda que tenham sido excluídas de suas igrejas locais, encontram-se na mesma situação do cego de nascença, que, por ter crido em Jesus, foi expulso da sinagoga, mas foi recebido pelo Senhor (Jo.9:34-41). O “derramamento do Espírito Santo” é cumprimento das Escrituras, tem base na Palavra de Deus e, portanto, nele crer é crer na verdade, nele crer é ficar do lado do Senhor Jesus. O mais antigo texto exclusivamente profético já predizia este “derramamento” e, pois, não se trata de qualquer invenção humana, mas de demonstração clara e explícita de fé em Deus, o que somente pode agradá-l’O (Hb.11:6). Na vida cristã, ademais, não devemos querer a glória dos homens, mas, sim, a de Deus (Jo.12:42,43; Ef.6:6; I Ts.2:4).

- A profecia de Joel começa com a descrição de um estado lamentável em que se encontrava o povo de Israel, um estado de miséria e de extrema necessidade. Entretanto, após ampla descrição desta situação, o profeta chama o povo ao arrependimento, à conversão, a fim de que possa restabelecer a prosperidade do povo (Jl.2:12-17). A mensagem profética é clara: somente com a conversão do povo, o Senhor terá zelo da terra e Se compadecerá do Seu povo (Jl.3:18). Com a conversão, o quadro tétrico é radicalmente alterado, sobrevindo a bênção divina sobre a terra, com o restabelecimento da prosperidade e da alegria. Então, o Senhor, diz o profeta, “…dará ensinador de justiça e fará descer a chuva, a temporã e a serôdia, no primeiro mês” (Jl.2:23).

- Percebemos, pois, que a profecia fala que, antes da “chuva temporã e serôdia”, deve vir a conversão e a vinda do “ensinador de justiça” e haveria abundância nas colheitas, satisfação e louvor ao Senhor e, então, se saberia que o Senhor estaria no meio de Israel, que Ele só é o Deus de Israel, povo que jamais se envergonharia (Jl.2:24-27).

- Vê-se, portanto, que a “chuva temporã e serôdia” é uma figura do “derramamento do Espírito Santo”, vez que sobreviria à vinda do “ensinador de justiça”, isto é, à vinda de Cristo, do Messias, trazendo vida espiritual abundante e a certeza de que o Senhor estaria no meio do Seu povo. O “derramamento do Espírito Santo”, portanto, é uma consequência resultante da conversão feita mediante a pessoa do “ensinador de justiça”, ou seja, da conversão e da fé em Cristo Jesus. Mais uma vez, vemos que a profecia confirma a figura apresentada na festa judaica das semanas, ou seja, de que é impossível que se tenha o “derramamento do Espírito Santo” sem que haja uma prévia conversão e, principalmente, que o “derramamento do Espírito Santo” não se confunde com a conversão, sendo uma bênção posterior.

- A profecia apresenta-nos, também, nesta sua primeira parte, a conscientização de que o “derramamento do Espírito Santo” se daria em dois instantes, quais sejam, o da “chuva temporã”, no início do ano religioso, logo após a Páscoa, e a “chuva serôdia”, a chuva tardia, a chuva que ocorre pouco antes do término do ano civil, no outono. Este período corresponde ao “ano aceitável do Senhor” (Lc.4:19 “in fine”), que nada mais é que a dispensação da graça (Ef.3:2).

- Dentro do paralelismo característico da poesia hebraica, o profeta, em seguida, retoma a promessa, trazendo a parte mais conhecida da profecia, que é a que foi mencionada por Pedro no dia de Pentecoste, qual seja, a promessa explícita do “derramamento do Espírito Santo sobre toda a carne” (Jl.2:28a). Este texto, aliás, deve ser entendido de duas maneiras: como reafirmação do que fora dito antes, dentro da ideia do paralelismo típico da poesia hebraica (e os livros proféticos, via de regra, são escritos de modo poético), ou seja, como repetição da promessa da vinda de Deus para o meio do Seu povo, em meio a uma abundância espiritual e material, seguinte à conversão, como também uma promessa futura de derramamento do Espírito sobre todo o povo de Israel, por causa do uso da palavra “depois”, numa visão escatológica que se adéqua às promessas relacionadas com o reino milenial de Cristo.

- A promessa é de “derramamento”, que, em hebraico, é “shaphak”(???), cujo significado é de “derramar”, “transbordar”, “espalhar”, “efundir” e “derramamento” que atingiria “toda a carne”, ou seja, o Espírito de Deus, que, segundo os preceitos judaicos, era peculiar ao povo de Israel, estaria sendo disseminado entre todas as nações, todos os povos, sobre todo o ser humano. Tal promessa prenunciava, portanto, um tempo inteiramente novo sobre a Terra, onde a presença do Senhor se faria sentir além das fronteiras do “reino sacerdotal”, da “propriedade peculiar entre os povos”, que era Israel (Ex.19:5,6), algo jamais visto pela humanidade desde a queda do homem no jardim do Éden.

- A profecia, pois, mostra que não há como comparar o “derramamento do Espírito Santo” com o que havia ocorrido antes, sendo, portanto, um engano muito grande querer circunscrever os modos de servir a Deus da Igreja com o que aconteceu no passado. Não que Deus tenha mudado, pois, conforme já visto supra, Deus é imutável, mas a maneira de Deus agir, após a vinda do “ensinador de justiça”, é totalmente distinta, visto que há um “derramamento” do Espírito, ou seja, Deus passa a atuar em cada vida que se converte, que aceita os ensinamentos da justiça divina, numa intimidade e demonstração de poder que, quando muito, estavam reservados a alguns poucos, os profetas e outros homens escolhidos por Deus para serem receptáculos do Seu Espírito nas dispensações anteriores.

- A profecia prossegue dizendo que este derramamento, que não escolhe fronteiras (tanto é que a expressão “sobre toda a carne” que se encontra na ARC, é traduzida na NVI como “sobre todos os povos”, já que a palavra hebraica “basar” — ???— pode, também, significar “humanidade”), também não se prende a distinção de gênero, tanto que o profeta diz que tanto “os filhos” quanto “as filhas” “profetizarão”. Nesta expressão, o profeta mostra, de modo claro, que a operação do Espírito Santo que se diz, agora, universal, é uma operação idêntica àquela que era reservada antes apenas aos profetas, é a presença do Espírito Santo no interior das pessoas, assim como ocorria no ministério profético da antiga aliança (do qual o próprio Joel é um exemplo), mas que atingiria tanto homens quanto mulheres.

- Esta indistinção de gênero, portanto, é a verdadeira igualdade entre os sexos que tanto se apregoa na atualidade. O predomínio do homem sobre a mulher é resultado direto do pecado (cf. Gn.3:16), sendo uma desigualdade que se constitui em injustiça, em iniquidade e, como tal, desagradável a Deus, vez que toda iniquidade é pecado (I Jo.5:17a). Somente após uma genuína conversão a Deus, por intermédio de Cristo, o ensinador de justiça, é que se tem a possibilidade da criação de um ambiente em que há justiça e igualdade entre os gêneros. Isto será proporcionado pelo “derramamento do Espírito Santo” e é por isto que um sexismo é nefasto e não contribui em coisa alguma para a edificação espiritual dos crentes em uma igreja local.

- Outro ponto que indica a universalidade decorrente do “derramamento do Espírito Santo” é a circunstância de que “os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões”. Aqui, também, notamos que o “derramamento do Espírito Santo” também ignora a discriminação relacionada com a idade, algo que era já frequente na Antiguidade e que tem sempre ocorrido nas civilizações humanas. Se hoje há uma discriminação voltada ao idoso, o que não ocorria naqueles tempos, naquela época, a discriminação era em relação às crianças e jovens, tanto que, como podemos observar, os próprios discípulos de Cristo procuraram impedir o acesso de crianças ao Senhor (Mc.10:13,14). O “derramamento do Espírito Santo” está à disposição tanto de idosos quanto de jovens e são eles igualmente aptos para serem instrumentos nas mãos do Senhor.

- A profecia, neste ponto, também indica que o “derramamento do Espírito Santo” tem por finalidade dirigir o povo de Deus na sua caminhada para o céu.“Visões” e “sonhos” são meios de revelação da vontade divina por modos sobrenaturais, a mostrar, claramente, que a sobrenaturalidade continua a existir mesmo depois da vinda de Cristo, o ensinador de justiça, ao mundo. Evidentemente que toda manifestação sobrenatural deve ser julgada à luz das Escrituras Sagradas (I Co.14:24,29), até porque a nossa crença na sobrenaturalidade está firmada na Bíblia, mas isto é importante porque há hoje quem diga que não se devem mais crer em “visões” nem em “sonhos”, o que é totalmente contrário ao ensinamento bíblico. Uma das consequências do “derramamento do Espírito Santo” é o fato de Deus manifestar Sua vontade e dar direção aos Seus servos por intermédio de “sonhos” e de “visões”.

- O profeta prossegue sua mensagem ao dizer que o “derramamento” também se daria a “servos e servas”(Jl.2:29), ou seja, também não teria qualquer discriminação social. O “derramamento do Espírito Santo” está à disposição tanto da elite quanto das camadas marginalizadas da sociedade, é uma bênção que não vê posição social, pois para Deus não há acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34). Devemos, por isso, ter muito cuidado para não vincularmos a posição de alguém entre os homens com a sua posição na igreja local, lembrando que Deus é imparcial e que o “derramamento do Espírito Santo” a todos iguala. Não foi casual que o avivamento da rua Azusa tenha se iniciado por intermédio de um pastor leigo e negro em plenos Estados Unidos da América que, há pouco menos de 40 anos, havia entrado em guerra civil justamente por causa da escravidão negra. “…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.”(I Co.1:27) e “…o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”(I Co.2:14). Por isso, sem o Espírito do Senhor, jamais poderemos entender o movimento pentecostal.

- A profecia, ainda, informa que haveria prodígios no céu e na terra, sangue e fogo e colunas de fumo, que o sol se converteria em trevas e a lua, em sangue, antes que viesse o grande e terrível dia do Senhor, mas que todo aquele que invocasse o nome do Senhor seria salvo, porque haveria livramento no monte de Sião e em Jerusalém, assim como o Senhor tinha dito e, nos restantes, que o Senhor chamar (Jl.2:30-32). Neste trecho da profecia, vemos, uma vez mais, reafirmada a sobrenaturalidade e a operação de Deus no meio do Seu povo, inclusive através de sinais na natureza. Isto confirma que a presença de Deus não seria hipotética nem puramente intimista, ou seja, reduzida ao interior dos homens, mas se apresentaria através de sinais e de maravilhas, tendo como limite o “grande e terrível dia do Senhor”, expressão que tem sido interpretada como o final da grande tribulação, na batalha do Armagedom.

- De qualquer maneira, se há a expectativa de um juízo divino sobre a Terra, isto não impede a operação e a proteção divinas sobre o Seu povo. É precisamente esta a realidade que presenciamos na dispensação da graça: o povo de Deus usufruindo da proteção divina, da operação de sinais e maravilhas, do derramamento do Espírito Santo, do desfrute da abundância de bênçãos em virtude da salvação, obtida mediante a invocação do nome do Senhor, não só para os de perto, mas também para os de longe, para todas as nações, enquanto que estes mesmos sinais, em especial os da natureza, apontam para a proximidade do “grande e terrível dia do Senhor”. O “derramamento do Espírito Santo”, portanto, traz uma convicção sem igual a todos quantos invocam o nome do Senhor de que estamos no monte de Sião, de que estamos em Jerusalém, isto é, debaixo da presença de Deus, que é o que se tem simbolizados por estes lugares, que apontam para o templo, mesmo que sejamos os “restantes que o Senhor chamar”. O “derramamento do Espírito Santo” fala-nos, portanto, de uma proximidade com o Senhor, de uma intimidade, que não diminui nem se deixa impressionar seja com a distância física, seja com os prodígios no céu, terra, sol ou lua.

III – A PROMESSA DO ESPÍRITO SANTO INDICADA NA PROFECIA DE JOÃO BATISTA

- O maior de todos os profetas, João Batista (Mt.11:11), tem como marca de sua superioridade de ministério precisamente o de que ter sido o profeta, depois de Joel, que mais explicitamente falou a respeito do derramamento do Espírito Santo. Em sua pregação voltada para o arrependimento (assim como o início da mensagem de Joel), o último dos profetas (Mt.11:13) também disse que haveria uma nova operação do Espírito do Senhor, a que chamou de “batismo com o Espírito Santo e com fogo”, que seria proporcionado por intermédio do Messias, do Cristo.

- Ao lado da pregação do batismo, que o notabilizou a ponto de ter se adicionado ao seu nome João o de Batista, João Batista também anunciou que o arrependimento dos pecados seria apenas o primeiro fator da transformação que seria proporcionada pelo Messias. Era absolutamente necessário que as pessoas se arrependessem dos seus pecados e se confessassem pecadoras publicamente, através do batismo em água, mas isto não seria o suficiente. Além de uma vida de santidade e de pureza, o Messias traria uma nova experiência para os homens, experiência esta que João denominou de “batismo com o Espírito Santo e com fogo”.(Mt.3:11 e Lc.3:16).

- É importante observar o contexto em que João profere estas palavras, a fim de que elas não sejam incompreendidas, como o têm sido nestes quase dois mil anos desde que foram ditas pelo Batista. João fala estas palavras em meio a seu discurso didático para a multidão a respeito de como deveria ser a vida das pessoas diante de Deus. João está falando com a multidão, mostrando a necessidade de haver a confissão e o arrependimento dos pecados e que, a isto, se seguisse uma vida de santidade, uma vida que testificasse o arrependimento publicado por meio do batismo. João está, portanto, indicando aos que creram na sua pregação, o caminho para uma vida com Deus, uma vida de comunhão com o Senhor e, sem jamais se esquecer do significado de sue ministério, nunca deixa de apontar para o Messias, que estava para chegar e, dentro deste contexto, confirma que o Messias traria algo mais excelente do que ele (João), qual seja, o “batismo com o Espírito Santo e com fogo”.

- Esta expressão de João tem sido alvo de muita discussão através dos séculos. Que seria este batismo? Seria a conversão, o novo nascimento? Seria um revestimento de poder especial, após o novo nascimento? Ou seria o julgamento que seria levado a efeito pelo Messias, “no dia da vingança do nosso Deus”(cfr. Is.61:2)? Muitos estudiosos das Escrituras têm se debatido sobre este texto, trazendo as mais variadas interpretações, muitas vezes tendenciosos pronunciamentos, exatamente para tentar desacreditar o batismo com o Espírito Santo como uma experiência necessária e atual para a igreja.

- Primeiramente, é bom verificar que, seja no evangelho segundo escreveu Marcos, seja no evangelho segundo escreveu João, a expressão utilizada por João é “ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mc.1:8; Jo.1:33), sem a expressão “com fogo”, o que revela que a expressão não está, a princípio, designando duas realidades, mas apenas uma e que a referência ao fogo é, precisamente, para indicar o modo, a maneira, o caráter com que esta experiência seria notada pelos servos de Deus, em contraste com o elemento “água”, que era o utilizado por João no seu batismo. Russel Norman Champlin afirma que esta é a interpretação mais aceita, “…talvez o modo como ele veio (no Pentecoste) tenha sido como vento, dotado de poder, força, como se fora um fogo impelido pelo vento; e quanto aos seus efeitos seria isso a purificação do povo de Deus (na qualidade de fogo produziria a purificação) e – a transmissão de poder-(usando a força do fogo). Temos, pois, uma dupla referência aos efeitos do fogo: o primeiro, de limpar, de purgar o bem; o outro, de destruir o mal.(…). O símbolo do batismo do Espírito (fogo) e o caráter e os resultados desse batismo mostram a superioridade do ministério de Jesus, em contraste com o de João.…” (Novo Testamento interpretado versículo por versículo, v.1, com. Mt.3:16, p.287-8).

- João, como vimos, está interessado em mostrar que o caminho que está indicando para a multidão é apenas o início de uma transformação bem mais profunda que seria trazida pelo Messias. Ele era apenas o preparador do caminho do Messias e este não traria apenas o arrependimento dos pecados, mas concluiria o trabalho de restauração espiritual da humanidade, trazendo algo mais excelente, a própria transmissão do poder de Deus, representado pelo fogo. A água fala de purificação, mas o fogo vai além, trazendo não só purificação, mas também poder.

- O fato de João indicar a superioridade de Jesus em relação a si pelo batismo no Espírito Santo fala-nos da necessidade que há de que esta experiência seja vivida por parte dos discípulos de Jesus. Como os discípulos de Jesus podem comprovar a sublimidade de seu Senhor, se não houver o batismo no Espírito Santo? Como podemos dizer que estamos numa nova dispensação, que desfrutamos de um novo tempo no relacionamento de Deus com o homem, sem o batismo no Espírito Santo? O grande diferencial entre o ministério de João e o de Jesus estava, exatamente, na realização de sinais e maravilhas, na demonstração do poder de Deus (Jo.10:41). A falta de sinais no ministério de João está, provavelmente, relacionada ao próprio propósito do Senhor em distinguir o batismo de João do batismo no Espírito Santo. Observemos, aliás, que este é mais um paralelo entre a mensagem de João e a de Joel.

- Na pregação de João, vemos, assim, que, embora o batismo com o Espírito Santo não seja necessário para que haja arrependimento de pecados, é um sinal indispensável para a comprovação de que Jesus é o Cristo e que Seu ministério é o mais sublime da história da humanidade. Não é outro motivo pelo qual o próprio Jesus disse que seria através da virtude do Espírito Santo que nós nos tornaríamos testemunhas d’Ele (At.1:8).

IV – A PROMESSA DO ESPÍRITO SANTO REAFIRMADA POR JESUS

- Mas não foram apenas Joel e João quem demonstraram a importância do derramamento do Espírito Santo para a vida cristã. O próprio Jesus o confirmou. Pouco antes de ser preso e morrer por nós, o Senhor fez questão de ensinar aos Seus discípulos a respeito do Espírito Santo, o outro Consolador, que continuaria a obra do Senhor aqui na Terra, juntamente com a Igreja. Jesus, em Seus ensinos sobre o Espírito Santo, foi claro ao mostrar que o Espírito Santo prosseguiria a Sua obra, não só no que se refere ao convencimento dos pecadores, mas também no que concerne à operação de sinais e maravilhas que confirmassem a palavra que seria pregada. O primeiro trabalho do Espírito seria o de continuação da mensagem de arrependimento dos pecados (Jo.14:16,17; 16:7-11) que, iniciada por João, tinha sido o âmago da pregação de Jesus (Mc.1:14,15). O segundo trabalho do Espírito seria, precisamente, o de confirmar a palavra que fosse pregada, através de obras e manifestação de poder (Jo.16:14; Lc.24:49; At.1:8). Pedro dá-nos a entender que Jesus, pessoalmente, retomou a profecia de João e a relembrou aos discípulos durante Seus ensinamentos (At.11:16). O evangelho somente seria completo se houvesse esta dupla operação do Espírito Santo, algo tão necessário para a vida da igreja que Jesus não permitiu que os discípulos iniciassem seu trabalho, para o qual haviam sido comissionados (Mc.16:15), antes deste revestimento de poder.

- Ora, Jesus, sendo o dono da obra, determinou que os discípulos não saíssem de Jerusalém, não iniciassem o trabalho para o qual haviam sido chamados antes que fossem revestidos de poder. Se Jesus assim agiu, como poderemos discutir ou debater a respeito da necessidade do batismo com o Espírito Santo para que se execute a tarefa própria da igreja da forma biblicamente exigida? Dirão alguns que houve casos, não só na história da igreja, mas também nas próprias Escrituras, de pessoas que pregaram o Evangelho sem que tivessem tal revestimento de poder, o que, evidentemente, é verdadeiro (nas Escrituras, temos, por exemplo, o caso de Apolo, como se lê em At.18:24,25). Mas, o fato de assim ter acontecido permite-nos dizer que o batismo com o Espírito Santo é uma desnecessidade, algo secundário e totalmente dispensável para a realização da obra do Senhor? As Escrituras mostram que não, pois não foi este o caminho determinado pelo Senhor Jesus aos Seus discípulos e, mesmo os casos escriturísticos mencionados, se mostram que é possível alguém pregar o Evangelho sem tal revestimento de poder, são textos que antes confirmam que não é esse o caminho bíblico para o cumprimento da tarefa confiada à igreja (como se pode verificar, ainda para ficarmos no caso de Apolo, em At.18:26). Aqui devemos seguir o único mandamento de Maria que consta da Bíblia Sagrada e que é uma lição para todos os crentes, de todas as gerações e idades: “Fazei tudo quanto Ele vos disser” (Jo.2:5b). Aliás, Maria foi uma das pessoas que foi batizada no Espírito Santo no dia de Pentecostes, como serva que era do Senhor (Lc.1:38).

- Mas Jesus não ficou apenas em Seus ensinos e palavras. Como bem sabemos, Jesus só ensinou aquilo que já antes tinha feito (At.1:1), de modo que, também para cumprir o Seu ministério terreno, foi ungido pelo Espírito Santo (At.10:38), unção esta que se deu quando de Seu batismo no rio Jordão pelo próprio João Batista (Mt.3:16). Esta unção não é, evidentemente, o derramamento do Espírito Santo prometido por Joel e por João, vez que tal derramamento, como já vimos, se daria depois da vinda do ensinador de justiça (Jl.2:23) e seria um ato do Messias (Jl.2:23; Mt.3:11), mas é um episódio que mostra a necessidade de se estar revestido do poder do Espírito Santo para se desincumbir da obra dada por Deus a cada um de nós (Jo.17:4;19:30). Jesus, sendo Deus, num instante sublime da comprovação da Sua deidade, não deixou de, como homem obediente e submisso, receber a unção do Espírito. Aliás, Cristo significa precisamente “ungido”, que é significado do hebraico “Messias”. Não há, pois, como fazermos obras maiores que as realizadas pelo Senhor Jesus, como é Sua promessa (Jo.14:12), nem como vermos obras maravilhosas da parte do Senhor (Jo.5:20), sem que se parta para o caminho do “derramamento do Espírito Santo”, que é a forma pela qual o Messias nos torna tão ou mais produtivos do que Ele foi em Seu ministério terreno.

V – A PROMESSA DO ESPÍRITO SANTO CUMPRIDA AO LONGO DA HISTÓRIA DA IGREJA

- Todas estas promessas do derramamento do Espírito Santo começaram a se cumprir no dia de Pentecostes subsequente à morte e ressurreição de Jesus. Naquele Pentecostes do ano 30, como afirmou o apóstolo Pedro no sermão inaugural da Igreja, cumpria-se a profecia de Joel, na festividade judaica que servira de tipo e figura principal desta promessa, confirmando-se as palavras do Batista e as do próprio Jesus, que, também, cumpria com a Sua Palavra dada aos discípulos. O Espírito Santo foi derramado sobre os quase cento e vinte discípulos que haviam permanecido em oração em Jerusalém, consoante o mandado do Senhor.

- Pedro, diante da perplexidade de alguns e da zombaria de outros, tomou a palavra e fez um sermão cheio do poder de Deus, que levou à conversão de quase três mil almas e ao surgimento da Igreja, do corpo de Cristo, contra a qual as portas do inferno não prevalecem. Trazendo alimento espiritual proveniente da boca de Deus, o apóstolo mostrou como aquele episódio estranho era cumprimento da profecia de Joel e que como se abria um novo horizonte para a humanidade, que teria uma inigualável oportunidade de salvação (At.2:21,37-40).

- Salvação, aliás, é o propósito primeiro do derramamento do Espírito Santo. A profecia de Joel fala-nos de invocação do nome do Senhor para que se alcance a salvação (Jl.2:32a). João Batista fala-nos também da necessária conversão para que se possa estar entre aqueles que serão recolhidos pelo Messias como trigo no Seu celeiro (Mt.3:11,12), enquanto que Jesus também Se refere ao revestimento de poder como indispensável mecanismo para que se pudesse, de forma plena e eficaz, pregar o arrependimento e a remissão dos pecados em todas as nações (Lc.24:47-49). Eis, aliás, um importante fator para discernirmos a genuína manifestação sobrenatural decorrente do derramamento do Espírito Santo daquilo que for “fogo estranho”, daquilo que é simples mistificação ou até mesmo operação demoníaca: há salvação de almas? Há transformação de vidas?

- O avivamento centenário da rua Azusa representou, indubitavelmente, o início da “chuva serôdia”, depois do “longo e causticante verão” ocorrido na história da Igreja, depois dos tempos apostólicos até o surgimento do “movimento pentecostal”. Isto também é cumprimento das Escrituras, algo inevitável e já predito (Mt.24:35). Glorifiquemos ao Senhor porque somos da geração do outono, porque vivemos antes do “terrível inverno” que se abaterá sobre o mundo, após o arrebatamento da Igreja e nos esforcemos para que recebamos a “chuva serôdia” e nos mantenhamos a invocar o nome do Senhor, a ficar no monte Sião e na Jerusalém, que hoje é a Igreja, para que demos bons frutos, para não sermos cortados pelo machado, nem deixemos de se recolhidos como trigo para o celeiro do Senhor Jesus. Assim fazendo, confiantemente veremos a face do Senhor naquele dia. ‘Desperta, Jesus Cristo, os que dormem, o mui profundo “sono do jardim”. Como operaste, nos antigos tempos, com Teu poder nos guia até o fim. Como operaste nos antigos tempos, com Teu poder nos guia até o fim” (5ª estrofe do hino 387 da Harpa Cristã).

- Mas, neste “longo e causticante verão”, entre as duas chuvas (temporã e serôdia), o Espírito Santo não deixou de atuar. Um dos pontos essenciais do pentecostalismo é a crença de que o avivamento da Igreja é contínuo, ou seja, que Deus não cessa de intervir no meio de Seu povo para impedir que a vida espiritual deixe de ser abundante. Esta crença é extremamente fortalecida quando abrimos as Escrituras Sagradas e contemplamos a história de Israel. Já na antiga aliança, quando ainda o Espírito Santo era dado sob medida, Deus promovia frequentes avivamentos no meio do povo, a demonstrar, portanto, que a crença pentecostal é a que corresponde à realidade da Palavra do Senhor.

- “…Na Bíblia, foram registrados avivamentos em que um grande número de pessoas voltou-se para Deus e desistiu de seu modo pecaminoso de viver. Os avivamentos foram liderados por alguém que reconheceu a crise espiritual da nação, superou o medo e tornou a vontade de Deus conhecida às pessoas.

PRINCIPAIS AVIVAMENTOS DA HISTÓRIA DE ISRAEL

Líder

Referência

Como as pessoas responderam

Moisés

Ex.32:33

Aceitaram as leis de Deus e construíram o Tabernáculo.

Josué

Js.24

Deitaram fora os deuses estranhos e inclinaram seu coração para o Senhor.

Samuel

I Sm.7:2-13

Prometeram colocar Deus em primeiro lugar em sua vida e destruíram os ídolos.

Davi

II Sm.6

Levaram a Arca da Aliança para Jerusalém e louvaram a Deus com cânticos e instrumentos musicais.

Asa

I Rs.15:9-14; II Cr.14,15

Tiraram os ídolos, removeram a prostituição sagrada e observaram a lei do Senhor.

Josafá

II Cr. 20

Decidiram confiar somente na ajuda de Deus e o desânimo deu lugar à alegria.

Elias

II Rs.18

Reconheceram que só o Senhor é Deus e mataram os profetas de Baal e de Asera.

Ezequias

II Cr. 29-31

Purificaram o Templo, livraram-se dos ídolos e levaram os dízimos à Casa de Deus.

Manassés

II Cr.33:11-20

Purificaram o Templo, livraram-se dos ídolos e passaram a sacrificar apenas ao Senhor.

Josias

II Cr.34,35

Fizeram um compromisso de obedecer às ordens de Deus e remover as influências pecaminosas de sua vida.

Esdras

Ed.9,10; Ag.1

Pararam de associar-se com aqueles que os faziam transigir em sua fé, renovaram seu compromisso com os mandamentos de Deus e começaram a reconstruir o Templo

Neemias (e Esdras)

Ne.8-10

Jejuaram, confessaram seus pecados, leram a Palavra de Deus publicamente e prometeram por escrito (II Cr.9:38) servir novamente a Deus, de todo o coração

João Batista

Mt.3; Mc.1:1-8; Lc.3:1-20; Jo.1:15-34.

Arrependeram-se dos seus pecados e se submeteram ao batismo pregado por João Batista.

…” (BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, p.628) (quadro baseado no apresentado na referida Bíblia, mas com modificações nossas, inclusive do título).

- Pelo que podemos perceber pelo quadro supra, ao longo da história de Israel, Deus levantou homens para que houvesse um despertamento espiritual, para que o povo voltasse a ter vida espiritual e vida espiritual abundante. Como afirma o teólogo John Stott, um avivamento é “… uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela. Os inconversos se convencem do pecado, arrependem-se e clamam a Deus por misericórdia, geralmente em números enormes e sem qualquer intervenção humana. Os desviados são restaurados. Os indecisos são revigorados. E todo o povo de Deus, inundado de um profundo senso de majestade divina, manifesta em suas vidas o multifacetado fruto do Espírito, dedicando-se às boas obras…” (A verdade do Evangelho, p. 119 apud COSTA JÚNIOR, Antonio Pereira da. Avivamento ou aviltamento? Disponível em: Acesso em: 26 maio 2006).

- “…O que aprendemos sobre o reavivamento no Velho Testamento? É que não é fácil experimentar um reavivamento, mesmo sob Davi e sob aqueles profetas maravilhosos na sua pregação, como Moisés. Mas uma coisa é certa, Deus nunca cessou a Sua obra com relação ao pacto. (…).por natureza, estamos espiritualmente mortos, a melhor das nossas obras não é meritória, o melhor da nossa vida não nos traz a comunhão com Deus. Por natureza, não podemos andar com Deus, ser inculpáveis e servi-l’O como Ele nos chama a fazer. Regeneração é absolutamente uma necessidade de acordo com o Velho Testamento. É uma volta para Deus, um andar com Ele conforme a Sua vontade. (…) Mas a questão é esta: A regeneração leva necessariamente a reforma? Na história da Igreja, conforme lemos no Velho Testamento, as pessoas, mesmo regeneradas, ainda podem adormecer espiritualmente; elas não morrem, mas ficam adormecidas. Os cuidados do mundo, as pressões da sociedade, as angústias econômicas que alguém enfrenta; problemas familiares, preocupações com as crianças… nós podemos cair no sono espiritual. Então, o que é necessário? Temos que ser despertados, e um despertamento é uma volta àquele estado de regenerado.(…). Quando vem o despertamento, a pessoa despertada precisa respirar. Com a atuação do Espírito, ela responde pessoalmente; então outros têm a mesma experiência e quando isso atinge uma parte da sociedade então há um reavivamento.…” (VAN GRONINGEN, Gerard. Avivamento sob o prisma do Velho Testamento. Disponível em:< http://www.monergismo.com/textos/avivamento/avivamento_prisma.htm> Acesso em: 26 maio 2006).

- A Igreja, o Israel de Deus (Gl.6:16) não é diferente. A necessidade do avivamento sempre foi uma constante na história. Jesus, mesmo, disse que, para que se iniciasse a obra da evangelização, necessário se fazia que os discípulos, já regenerados, já tendo o Espírito Santo em suas vidas (Jo.20:22), tivessem um “revestimento de poder” (Lc.24:49b), recebessem “a virtude do Espírito Santo” (At.1:8), para que, então, fossem testemunhas de Cristo em todas as partes do mundo.

- Como sublinhou Gerard Van Groningen, mencionado supra, a regeneração, embora seja suficiente para conceder vida aos servos do Senhor, não basta para que tenhamos uma vida abundante. A vida intensa exige intensidade além de vida. A vida notória e abundante exige notoriedade e abundância além de vida. Por isso, o avivamento é indispensável para que se tenha o cumprimento eficaz da Grande Comissão por parte da Igreja. Para pregar o Evangelho a toda a criatura e aperfeiçoar os santos, não basta que se tenha vida, que se tenha comunhão com Deus, mas é preciso disposição e poder do Espírito Santo para que se parta, para se saia do lugar onde se está e se busquem os perdidos, como também sinais que confirmem a Palavra, exatamente como se deu nos tempos apostólicos (Mc.16:20).

- A história da Igreja apresenta vários avivamentos, a demonstrar que, ao longo dos séculos, o Senhor sempre esteve presente no meio do Seu povo e ainda que, depois dos tempos apostólicos, o período da “chuva temporã”, tenha havido o verão, que é caracterizado por uma temperatura alta, com poucas chuvas, normalmente de curta duração, o que, profeticamente, simboliza o período de escassez das manifestações espirituais abundantes na Igreja, foi um período de contínua intervenção divina, em menor expressão que no período da “chuva temporã” e no período subsequente da “chuva serôdia”, mas, indubitavelmente, um período em que a Igreja ganhou vitalidade e força para dar a grande colheita que se verá no dia do arrebatamento da Igreja, pois é durante o verão que se dá o crescimento da safra, que se faz um grande esforço por parte dos lavradores e a formação do fruto, que amadurece no outono, depois da “chuva serôdia”.

OBS: “…Na Palestina, o verão ocorre entre maio e outubro. Esses meses são praticamente sem qualquer precipitação de chuva. Portanto, no verão havia seca (Sl.32:4), um calor opressivo, mas também muito trabalho nos campos (Pv.10:5; Jr.8:20). A principal atividade humana no verão era a colheita(…). Primeiramente, vinha a colheita das primícias (…) e, somente mais tarde, vinha a colheita principal.…” (CHAMPLIN, R.N. Verão. In: ____. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.6, p.592).

- Apresentamos aqui uma relação dos principais avivamentos da história da Igreja:

Líder e movimento decorrente do avivamento

Local e Época

Características

Montano (séc.II)

(os montanistas)

Frigia (atualmente Turquia) – por volta de 170

Diziam-se possuídos pelo Espírito Santo e manifestavam os dons espirituais, em especial o de profecia. Lutavam contra a paralisia e o intelectualismo das igrejas organizadas de sua época. Foi dado a extremismos.

Pedro Valdo

(?-1217)

(os valdenses)

França – a partir de 1173

Adotaram a Bíblia como única regra de fé e prática, aceitaram apenas o batismo e a ceia do Senhor. Há registro de que alguns falaram em línguas estranhas. Surgimento da Igreja Valdense, que existe até hoje.

John Wycliff(1329-1384) (os lolardos)

Inglaterra – a partir de 1378

Criticaram a autoridade papal e adotaram a Bíblia como única regra de fé e prática. Formaram pregadores leigos que passaram a explicar as Escrituras ao povo, Escrituras traduzidas para o inglês. O movimento difundiu-se pela Europa, em especial, na Boêmia, onde foi alcançado Jan Hus.

Jan Huss (os taboritas, que deram origem à Igreja Moraviana)

Boêmia (atualmente República Tcheca) – a partir de 1403

Condenaram o papado e a venda de indulgências, defenderam que a Bíblia é a única regra de fé e prática. Surgimento da Igreja Moraviana, reconhecida por seu ímpeto missionário na Europa (inclusive será um pregador morávio que promoverá a conversão de John Wesley)

Martinho Lutero(1483-1546)

(os luteranos)

Alemanha – a partir de 1517

Defenderam a justificação somente pela fé em Cristo, adotaram a Bíblia como única regra de fé e prática.

João Calvino (1509-1564)

(os calvinistas ou presbiterianos)

Suíça – a partir de 1536

Defenderam a justificação pela fé em Cristo, adotaram a Bíblia como única regra de fé e prática, bem como a doutrina da predestinação.

Thomas Cartwright

(1535-1603)

(os puritanos)

Inglaterra – a partir de 1571

Criticaram a organização eclesiástica da Igreja Anglicana, considerando-a fora da igreja primitiva. Sistematizaram a doutrina calvinista na Inglaterra e reforçaram a ideia da Bíblia como única regra de fé e prática, exigindo santidade como característica do cristão (uma igreja “pura”).

Robert Browne(1550-1633) (os brownistas, precursores dos congregacionalistas)

Inglaterra – a partir de 1580

Criticaram o controle da igreja por parte do Estado e defenderam a auto-organização das igrejas locais pelos crentes fiéis, com eliminação de bispos e sacerdotes ordenados.

George Fox (1624-1691) (os “quackers”)

Inglaterra – a partir de 1644

Defenderam a Bíblia como única regra de fé e prática, bem como a simplicidade e o abandono do luxo como exigíveis na vida cristã. Também foram contrários à necessidade de formação intelectual para a separação ao ministério, que é resultado da chamada do Espírito. Defenderam a atualidade dos dons espirituais, da

cura divina e dos sinais e maravilhas dos tempos apostólicos.

Philip Jakob Spener (1635-1705) (os pietistas) e Nicolau von Zinzeldorf (1700-1760 (os morávios)

Alemanha – a partir de 1670

A Igreja Moraviana, fundada pelos crentes que haviam adotado as ideias de Hus, vive um grande despertamento e inicia um grande ímpeto missionário, após o início de reuniões de oração, que passaram a ser uma “marca registrada” desta denominação por 100 anos. Há notícias de derramamento do Espírito Santo.

John Wesley (1703-1791)

(os metodistas)

Inglaterra – a partir de 1738

Evangelizado pelos morávios, Wesley passou a defender a necessidade de uma santificação pessoal para servir a Cristo, como também a necessidade de uma vida espiritual abundante, em que a fé fosse posta em prática.

Jonathan Edwards (1703-1758) e George Whitefield (1714-1770) (o “grande avivamento”)

Estados Unidos – a partir de 1734

Defenderam a simplicidade da fé cristã, uma vida de santificação e de pureza, como também a existência de um avivamento contínuo na Igreja, de forma equilibrada e centrada na Palavra de Deus, que não se confundia com emocionalismo nem com a resposta humana à graça de Deus.

Charles Grandison Finney(1792-1875)

(o “segundo grande avivamento”)

Estados Unidos – a partir de 1821

Converteu-se e foi imediatamente batizado com o Espírito Santo, cuja realidade fez parte de suas pregações.Grande pregador, ganhou multidões para Cristo, que permaneciam cerca de 85% fiéis ao Senhor.

Edward Irving(1792-1834)

(Igreja Católica Apostólica, que teria cura duração após a sua morte)

Escócia – a partir de 1822

Pregador eloqeente, pregava contra o materialismo vigente e a frieza espiritual. Sentindo a iminência da volta de Cristo, começou a clamar por um derramamento do Espírito Santo e houve manifestação de línguas estranhas e do dom de profecia.

Charles Haddon Spurgeon (1834-1892)

Inglaterra – a partir de 1851

Considerado o “príncipe dos pregadores”, eram comuns a ocorrência de sinais e prodígios nas reuniões de sua igreja local.

Dwight Lyman Moody (1837-1899) e Reuben Archer Torrey (1856-1928)

Estados Unidos – a partir de aproximadamente 1860

Moody, evangelista sem igual, pregou a respeito da “segunda bênção”, uma bênção necessária ao crente após a conversão. Seu ministério evangelístico foi o maior de todos os Estados Unidos no século XIX. Torrey continuou seu trabalho, sendo um homem de oração que, a partir de 1901, passou a fazer cruzadas onde pedia um reavivamento mundial.

Phoebe Palmer(1807-1874),

John Swanell Inskip(1816-1884)

e Alfred Cookman(1828-1871)

(o “avivamento posterior à Guerra Civil”, de onde surgiu as Igrejas da Santidade)

Estados Unidos – a partir de 1867

Pregadores metodistas, enfatizaram a existência de uma “segunda bênção”, posterior à conversão, que conferiria maior santificação aos crentes. Início das Igrejas da Santidade, onde congregariam Charles Fox Parham e William Joseph Seymour.

John Alexander Dowie (1848-1907)

(fundou a Igreja Católica Apostólica, nos Estados Unidos, em 1896).

Austrália – a partir de 1872

Sua pregação enfatizava o relacionamento pessoal com Cristo e a cura divina. Despertou a atenção de Charles Fox Parham, que seria o professor de William Joseph Symour, o pioneiro do movimento pentecostal mundial.

- Como se pode perceber pelo quadro acima, sempre houve, no meio do povo de Deus, um remanescente fiel, mesmo em meio ao obscurantismo de uma cúpula que, notadamente após a liberalização do culto cristão pelo Império Romano, permitiu a entrada do paganismo na Igreja e promoveu uma frieza espiritual. Este remanescente, de tempos em tempos, era despertado pelo Espírito Santo e movimentos espirituais ocorriam, levando as pessoas a uma vida de maior intensidade na presença de Deus, uma vida de maior dedicação e de pregação da genuína Palavra de Deus. Era o “verão” do Israel de Deus, onde havia pouquíssimas chuvas e quando as havia, de curta duração. No entanto, enquanto isto se dava, havia a preparação para a formação de uma safra substanciosa, que será colhida pelo Senhor antes do “grande e terrível dia” (cf. Jl.2:28-31).

- Esta realidade histórica já havia sido revelada pelo Senhor Jesus, quando ditou as Suas cartas para as igrejas da Ásia, ao apóstolo João, que se encontrava preso na ilha de Patmos por causa da Palavra do Senhor (Ap.1:9,19,20). Com efeito, quando nos deparamos com as cartas às igrejas da Ásia, vemos que elas dizem respeito às “coisas que são”, que correspondem à segunda parte do livro do Apocalipse (capítulos 2 e 3), ou seja, ao período da dispensação da graça, ao tempo da Igreja sobre a face da Terra.

OBS: “…Os teólogos costumam dividir o livro do Apocalipse em sete partes, mas a sabedoria divina o dividiu em apenas três, a saber: 1. As coisas que tens visto. É a primeira das três divisões deste livro. É, sem dúvida, a menor das três partes deste compêndio divino: um capítulo apenas! Também pela duração dos acontecimentos a que se refere. 2. E as que são. Esta se refere à segunda parte do livro. De exposição, pouco mais extensa em conteúdo (capítulos 2 e 3). No que diz respeito ao tempo, é o mais longo período: abrange ensinos para a vida inteira da Igreja desde os primitivos tempos, e como lição tem servido durante toda a dispensação da Graça, até o momento do arrebatamento. 3. E as que depois destas (das duas primeiras) hão de acontecer. A terceira parte é essencialmente futurística, vai do capítulo 4 a 22. Porém os fatos decorrerão com rapidez e as profecias que terão lugar neste tempo, sofrerão uma reação em cadeia e se cumprirão sucessivamente…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.27-8).

- Em todos os períodos identificados pelo Senhor (pois cada igreja, nesta perspectiva histórico-profética, fala-nos de um período da história da Igreja), temos sempre a presença de um remanescente fiel ao Senhor, bem como a ação contínua do Espírito Santo a avivar estes servos fiéis. Assim:

a) igreja de Éfeso (correspondente ao período apostólico, até por volta do ano 100) – uma igreja que nasce avivada, mas vai perdendo o “primeiro amor”.

b) igreja de Esmirna (correspondente ao período pós-apostólico, mas de perseguições por parte de Roma, por volta do ano 100 até por volta de 315) – uma igreja que, apesar da presença dos integrantes da “sinagoga de Satanás”, tem riqueza espiritual e é fiel até a morte.

c) igreja de Pérgamo (correspondente ao período da liberdade de culto por parte de Roma e início da paganização, por volta de 315 até por volta de 600, com a instituição do Papado) – uma igreja que se mantém fiel apesar de habitar onde está o trono de Satanás, ainda que já sofrendo a infiltração da doutrina de Balaão, da idolatria e dos nicolaítas.

d) igreja de Tiatira (correspondente ao período que vai por volta de 600 até a Reforma Protestante) – uma igreja se mantém fiel, apesar da tolerância que há com “Jezabel”, com a idolatria e com as profundezas de Satanás.

e) igreja de Sardes (correspondente ao período que vai da Reforma Protestante até o século XIX) – uma igreja fiel em meio a uma igreja que está espiritualmente morta, alheia à volta de Cristo.

f) igreja de Filadélfia (correspondente ao período que vai do século XIX até o arrebatamento da Igreja) – a igreja fiel é despertada, evangeliza todo o mundo e é poupada da Grande Tribulação.

g) igreja de Laodiceia (correspondente ao período que vai do século XIX até o arrebatamento da Igreja) – a igreja apóstata ou paralela, concomitante a igreja de Filadélfia, mas que, em vez de se despertar, prefere confiar na sua autossuficiência e na sua história, cujo final será trágico: ser vomitada pelo Senhor, perdendo a chance de ser poupada da Grande Tribulação.

- Vemos, portanto, que não houve período da história da Igreja em que não tenha existido um remanescente fiel, remanescente este que, por ter o Espírito Santo nele, vez por outra, como as “chuvas escassas e rápidas” do verão da Palestina, manifestaram-se em avivamentos que passaram a ser cada vez mais intensos a partir do século XVIII, culminando no avivamento do início do século XX, que indica o início da “chuva serôdia”, do derramamento intenso do Espírito Santo antes da volta do Senhor.

- Razão, portanto, têm os pentecostais quando ensinam que as Escrituras nos mostram que o avivamento da Igreja é contínuo, jamais foi interrompido desde o dia de Pentecostes do ano 30, embora esteja determinado que se intensifique, como está intensificado nos últimos cento e cinco anos, na proximidade da volta do Senhor.

- Por estar completamente de acordo com as Escrituras, o movimento pentecostal é puro, vez que a Palavra do Senhor é pura (Pv.30:5). O movimento pentecostal, pois, não é uma “inovação”, mas a expressão da autêntica e verdadeira Igreja de Jesus Cristo, que brevemente se encontrará com o Senhor nas nuvens. “Maranata”!

Caramuru Afonso Francisco

Fonte: Portal EBD