Isvonaldo sou Protestante

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segunda-feira, 20 de abril de 2015

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Por Denis Monteiro


Texto base: Mateus 1.1-17

Quem de nós já parou para ler com afinco as genealogias que a Bíblia apresenta? O que há de tão importante em saber que alguém gerou tal pessoa e viveram tantos e tantos anos? Será que o autor bíblico colocou esses dados em alguns livros porque não havia outra coisa a ser colocada? 

Hoje nós veremos, tomando de exemplo a genealogia de Cristo, o porquê existe genealogia e o que podemos aprender com ela.

Se você fosse escrever a história de alguém muito importante, será que você colocaria algumas informações que poderiam manchar o seu currículo? Acho que seria improvável que isso acontecesse, pois o autor de tal biografia quer que todos se admirem com a história a ser contada e veja a impecabilidade do personagem. Mas, Mateus não está preocupado com isso na genealogia de Cristo, pois há alguns personagens que não foram tão bons assim para que fossem colocados na genealogia de uma pessoa tão importante como Cristo.

Portanto, quando Mateus escreve a genealogia de Cristo, há alguns pontos importantes a serem observados que fazem com que este relato seja não apenas uma simples linhagem familiar.

Criação – De Abraão a Davi (1.1-6)

Nesta primeira parte o autor mostra Cristo sendo Filho de Davi e de Abraão, mas, também, mostra como foi o desenrolar na história em todos os personagens citados. Não foi por acaso que Mateus escreveu sobre Jesus ser Filho de Davi e de Abraão. Isso parece não ser muito comum em textos que lemos por aí, na verdade sempre vemos outros títulos de Jesus do que “Filho de Abraão”. Mas, por que Jesus teria sido chamado “Filho de Abraão”? Jesus também pode ser chamado à descendência de Abraão, aquele que abençoaria a todas as famílias da terra (Gn 12; Gl 3.16), e por intermédio de Cristo, pela fé, tanto judeus quanto os gentios são chamados de verdadeiros filhos de Abraão (Gl 3.29). A aliança com o povo Judeu iniciou-se com Abraão, da mesma forma em Cristo é estabelecida a Nova Aliança. Ou seja, Mateus não quer só mostrar que Cristo é o verdadeiro filho de Abraão, mas que Cristo é maior do que Abraão (Jo 8.58). 

Mas, além de ser chamado “Filho de Abraão”, Cristo é chamado de “Filho de Davi”. Esse título que Mateus se refere a Cristo faz parte da promessa de Deus a Davi que estabeleceria para sempre o seu trono (2 Sm 7.12-16; Is 9.6,7). Essa ênfase sobre as ligações davídicas de Jesus diz respeito à afirmação do Evangelho de que Jesus, na verdade, é o Rei de Israel. O verdadeiro Rei de todo o mundo, o herdeiro do trono de Davi. 

Segundo alguns comentaristas o fato de Jesus ser chamado “Filho de Abraão” e “Filho de Davi” faz referência as características do Messias, aquele que viria libertar o povo da opressão do inimigo, tinha que ser um verdadeiro judeu da linhagem de Davi, um rei. E, na verdade, Cristo é de fato o Messias prometido, a raiz de Davi, a descendência de Abraão. Ele não veio nos libertar de um poder político, mas do poder das trevas. E essa libertação pode ser vista não somente no povo de Israel, mas em alguns povos gentílicos, assim como mostra a genealogia. Portanto, por que mencionar estas mulheres, Tamar, que se fez de prostituta; Raabe, uma prostituta; Rute, uma moabita; Bate Seba, uma adúltera? Uma das características do Reino de Deus, estabelecido por Cristo, que Mateus vai fazer questão de mostrar é que Ele “se assenta com pecadores para comer” (Mt 9.10), ou seja, o Reino de Cristo é para todas as nações (Ap 5.9). 

Queda – De Davi à Babilônia (1.7-11)

Após o reinado de Davi, Salomão, seu filho, assumiu o trono, este reinado começou a crescer, mas a vida de Salomão foi manchada por alguns pecados. No entanto, seu filho, que foi um desobediente, fez com que o reino fosse divido, começando assim o processo de queda do trono. A partir daí, reis bons e maus assentaram ao trono, por exemplo: o perverso Roboão que foi pai do perverso Abias, este, foi pai do bom Rei Asa, pai do bom Josafá, o qual gerou o perverso Jorão, pai do Rei Uzias, o qual começa bem o seu reinado, mas por causa do seu orgulho ele desobedece a Deus e é atacado de lepra, acaba morando sozinho e é expulso da Casa do Senhor (2Cr 26). 

Diante de tudo isso, mediante altos e baixos, vemos a graça de Deus operando na vida de cada um. Ou seja, o plano de Deus não pode ser frustrado e a graça de Deus não vai junto com o DNA, passando de pai para filho, mas Deus preserva e faz com que seu plano seja cumprido. Mas não é só isso, diante do declínio desta nação vemos que Deus age graciosamente e salvificamente com alguns, como por exemplo, o caso de Manassés que fez tudo quanto era mau aos olhos do Senhor, chegando ao ponto de queimar seu próprio filho ao deus estranho (1Rs 21.6), mas Deus faz com que este rei sofresse em mãos inimigas fazendo-o, por meio deste sofrimento, buscar ao Senhor e se arrepender de seus pecados, tentando reformar tudo aquilo que ele estragou com suas práticas pecaminosas (2Cr 33.11,12;14-16). 

Não obstante, após um reinado ruim de Amom aos olhos do Senhor (2Cr 33.21-25; cf. 2Rs 21.19-26), de um reinado desastroso, o qual por suas práticas conseguiu influenciar o povo em seu favor, fazendo com que o povo ferisse aqueles que se levantaram contra o rei (2Rs 21.24), Deus levanta Josias, um rei que assume o trono aos oito anos de idade (2Cr 34.1,2) e faz reformas em Judá que se deram em três estágios:

1º - no oitavo ano começou a buscar o Senhor, Deus de Davi, seu pai (2 Cr 34.3); 

2º - no décimo segundo ano começou a destruir os postes ídolos, imagens de deuses (2 Rs 23.4-20; 2Cr 34.3-7); 

3º - no seu décimo oitavo ano ordenou que o Templo fosse reparado (2 Cr 34.8) e durante a reforma no Templo o Livro da Lei é achado por Hilquias e Josias entende, ao ler o Livro da Lei,  que Deus amaldiçoara Judá por causa da idolatria. 

Diante disso, vemos a graça de Deus atuando do começo ao fim, além de Deus preservar a genealogia do nosso Senhor, também fez com que pecadores fossem regenerados e servissem a Ele com suas forças, além de aplicar Sua lei em todos os aspectos da vida diária do povo. 

Redenção – da Babilônia a Jesus (1.12-16)

Diante do declínio desta nação, mesmo com alguns momentos bons, esta é levada cativa como condenação aos pecados da nação. Portanto, nenhum rei da linhagem de Davi havia subido ao trono, mas mesmo assim a linhagem estava sendo preservada. 

Mesmo sem um rei da descendência de Davi, e com a linhagem sendo preservada, Deus levantou homens para que a segunda reforma e a reconstrução do Templo fossem feitas por intermédio de Zorobabel.

Diante disso, vemos mais uma vez a graça de Deus nas pessoas, fazendo com que elas fossem fiéis a Ele em meio a uma época de apostasia e esquecimento da Lei do Senhor. 

Conclusão (1.17)

Olhando para cada parte desta genealogia, vemos que Deus cuida dos mínimos detalhes para cumprir o que Ele mesmo dissera. Mas não é só isso, em todos os aspectos da genealogia, Mateus quer mostrar que Jesus é o Filho prometido de Davi. Aquele que abençoa todas as famílias da terra, o qual não faz acepção de pessoas, que é o Rei Soberano, que salva e condena o pecador, o único digno de se assentar eternamente no trono de Davi, trono este que é d’Ele por direito, desde a eternidade.

Alegremo-nos em Deus, observando o seu cuidado sobre todos e em tudo, até nos mínimos detalhes e pecados que tais personagens praticaram. Às vezes, não conseguimos entender como Deus controla atos pecaminosos que resultam em Seu louvor, mas sabemos que Deus está controlando e permitindo todas as coisas e nos fazendo lembrar, que o Único que se deve ser buscado mediante acontecimentos bons ou ruins, é o Senhor Deus, o Todo Poderoso. 

Por isso que Cristo não se envergonha de nos chamar de irmãos, pois Ele é o Senhor da história e perdoa todos àqueles que se achegam a Ele com um coração arrependido e lavado por Seu sangue. 

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Fonte: Bereianos

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