Isvonaldo sou Protestante

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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

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Por Frank Brito


Em outra postagem deste blog foi defendido que os infantes, filhos de pais que professam a fé cristã, devem ser batizados. Nesta outra postagem foi argumentado que:

1. Deus estabeleceu um pacto por meio de Abraão.

2. Este pacto foi feito com aqueles que professam a fé no Deus verdadeiro junto com seus filhos infantes.

3. A promessa de Deus, desde o princípio, era que este pacto seria firmado com “todas as famílias da terra” (Gn 12:3), que é o mesmo que “todas as nações da terra” (Gn 18:18).

4. A primeira família ou nação chamada por Deus para firmar Seu pacto foi “a casa de Israel” (cf. Gn 17:1-14; Ex 19:5-6; Dt 4:7-8; Sl 147:19-20; Am 3:2; Ef 2:11-12).

5. Mediante a vinda de Jesus Cristo, Deus finalmente firmou Seu pacto com todos aqueles a quem a promessa foi originalmente feita (cf. Mt 8:11; Rm 3:29; 4:9-14; 15:8-12; II Co 1:20; Gl 3:27-29; Ef 2:11-14; 3:1-6), isto é, com “todas as famílias da terra” (Gn 12:3), que é o mesmo que “todas as nações da terra” (Gn 18:18).

6. Na era do Antigo Testamento, o sinal e selo deste pacto era a circuncisão (cf. Gn 17:1-14) e na era do Novo Testamento o sinal e selo deste pacto é o batismo (cf. Mt 28:19-20; Gl 3:27-29; Cl 2:11-13).

7. Todos os membros do pacto devem receber o sinal e selo do pacto, isto é, todos aqueles que professam a fé no Deus verdadeiro junto com seus filhos infantes.

O propósito do presente estudo não é demonstrar que todos estes pontos são verdadeiros. Isso já foi feito em outra postagem. O propósito deste estudo é demonstrar porque na era do Novo Testamento as mulheres (incluindo meninas) devem ser batizadas, ainda que na era do Antigo Testamento elas não eram circuncidadas.

A primeira coisa que precisamos observar aqui é que há um importante elemento de descontinuidade entre a promessa original de Deus feita a Abraão em Gênesis 12 e os membros do pacto em Gênesis 17 quando a circuncisão foi instituída. A promessa original era que este pacto seria firmado com “todas as famílias da terra” (Gn 12:3), que é o mesmo que “todas as nações da terra” (Gn 18:18), mas os membros do pacto em Gênesis 17 são a família que daria origem a nação de Israel. Ou seja, o sinal da circuncisão apontava para o cumprimento da primeira parte da promessa que Deus fez à Abraão: “E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras” (Gn 26:4; cf. 12:3). Mas ainda ficaria faltando a segunda parte: “e por meio dela serão benditas todas as nações da terra” (Gn 26.4; cf. Gn 12:3).

Mediante a vinda de Jesus Cristo, Deus finalmente firmou Seu pacto com todos aqueles a quem a promessa foi originalmente feita:

Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém”. (II Coríntios 1:20)

Digo pois que Cristo foi feito ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos pais; e para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: Portanto eu te louvarei entre os gentios, e cantarei ao teu nome. E outra vez diz: Alegrai-vos, gentios, juntamente com o povo. E ainda: Louvai ao Senhor, todos os gentios, e louvem-no, todos os povos. E outra vez, diz também Isaías: Haverá a raiz de Jessé, aquele que se levanta para reger os gentios; nele os gentios esperarão. (Romanos 15:8-12)

Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne… Naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto… Por esta razão eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo Jesus por amor de vós gentios. Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como pela revelação me foi manifestado o mistério, conforme acima em poucas palavras vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho. (Efésios 2:11-13; 3:1-6)

Deus, então, não anulou Suas promessas. Elas foram reafirmadas em Jesus Cristo. As nações precisam ser ensinadas, como Jesus mandou fazer antes de subir ao Céu, porque Deus prometeu a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3) e “em tua descendência serão benditas todas as nações da terra” (Gn 22.18). Deus começou a cumprir essa promessa quando, da descendência de Abraão, formou Israel. Com sinal da promessa, Deus deu a circuncisão. Para cumprir o restante da promessa, Jesus Cristo, na Grande Comissão, mandou que as demais nações também pactuassem com Deus, para que fossem co-herdeiras da mesma promessa. O Novo Pacto não é uma anulação do que foi anteriormente estabelecido, mas é o pacto, conforme Gênesis 12, sendo ampliado para que incluísse todos aqueles a quem o pacto foi originalmente prometido. O Novo Pacto, então, não excluiu Israel (Rm 11:1) com quem Deus já havia firmado o Seu pacto, mas inclui as demais nações, além de Israel, já que “os dons e a vocação de Deus são irretratáveis” (Rm 11:29). É por isso que, tendo sido firmado com todas as famílias da terra, esperamos pelo dia em que “todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor, e diante dele adorarão todas as famílias das nações” (Sl 22:27). É por isso também que o pacto de Deus que já havia sido firmado com os infantes (cf. Ez 16:20-21; Ml 2:15) não poderia ter sido anulado por Jesus Cristo. Para que Deus anulasse seu pacto com os infantes, ele teria que anular o pacto abraâmico que incluia os infantes. Mas Deus não anulou o pacto abraâmico. Pelo contrário, o pacto foi confirmado ainda mais, pois passou a incluir as nações gentílicas como “co-herdeiros da mesma promessas” (Ef 3:6) e, portanto, inclui também os infantes dentre os gentios (cf. I Co 7:14).

Os judeus incrédulos do primeiro século queriam a primeira parte da promessa, mas não a segunda. Eles gostavam de saber que Israel foi chamado por Deus, mas não queriam que as outras nações fossem chamadas da mesma maneira.Paulo perguntou: “É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios?” (Rom 3:29). Essa era a substância do pacto estabelecido com Abraão: “estabelecerei o meu pacto contigo e com a tua descendência depois de ti em suas gerações, como pacto perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de ti” (Gênesis 17:7). E se os gentios “co-herdeiros da mesma promessas” (Ef 3:6), conforme a promessa original de Gênesis 12 diz que seriam, isso significa que Deus o é também das nações gentílicas e de sua descendência. Mas os judaizantes respondiam: “Não, não o é também dos gentios. É somente dos judeus”. Por isso eles exigiam que os gentios, caso quisessem ser salvos, fossem naturalizados e “vivessem como judeus” (Gl 2:14).

A carta aos Gálatas foi escrita para refutar estes judeus que queriam negar o direito das nações gentílicas serem admitidas como co-herdeiras do pacto instituído com Abraão. A questão crucial da carta aos Gálatas, e de toda controversa em torno da circuncisão no Novo Testamento, é o seguinte: Deus estava ampliando o seu pacto para que também incluísse os gentios além dos judeus que já faziam parte? Em outras palavras, Deus cumpriria só a primeira parte da promessa, “E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras” (Gn 26:4; cf. 12:3), mas não cumpriria a segunda parte, “e por meio dela serão benditas todas as nações da terra” (Gn 26.4; cf. Gn 12:3)?

Se o Novo Pacto não é uma anulação do que foi anteriormente estabelecido, mas é o pacto, conforme Gênesis 12, sendo ampliado para que incluísse todos aqueles a quem o pacto foi originalmente prometido, isso significa que o mesmo que fora dito para Israel teria que ser verdade para os gentios, “para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de ti”. Como está escrito também:

Todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor, e diante dele adorarão todas as famílias das nações. (Salmo 22:27)

Tributai ao Senhor, ó famílias dos povos, tributai ao Senhor glória e força”. (Salmo 96:7)

É por isso que Paulo escreveu aos Gálatas:

Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”. (Gálatas 3:27-29)

Mediante a vinda de Jesus Cristo, Deus finalmente firmou Seu pacto com todos aqueles a quem a promessa foi originalmente feita, conforme Gênesis 12 (e textos paralelos) e não somente com aqueles com quem o pacto foi estabelecido em Gênesis 17. O batismo é o sinal e selo deste pacto. É por isso que o Apóstolo diz que agora “não há judeu nem grego” e também “não há macho nem fêmea. O pacto foi ampliado para que incluísse todos os herdeiros conforme a promessa. Por isso, diferente de Gênesis 17, além de incluir os gentios, inclui também as mulheres. Os gentios e as mulheres foram incluídos como pleno herdeiros da promessa e por isso devem ser batizados. Não há, portanto, uma mudança arbitrária. A mudança condiz com as promessas de Deus.

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Fonte: Resistir e Construir

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