Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

sábado, 22 de novembro de 2014

Posted: 22 Nov 2014 02:06 AM PST
.

Por Leonardo Dâmaso


Os “curandeiros” neopentecostais triunfalistas atribuem a fé como o fator determinante para que as bênçãos, curas e milagres aconteçam na vida do crente. Por outro lado, se o crente não conseguiu obter aquilo que foi pedido em oração a Deus ou “profetizado”, o motivo foi que a fé do crente não foi forte o suficiente, a qual o impossibilitou de receber o que já é seu por direito, afirmam os “curandeiros” neopentecostais triunfalistas. Segundo este entendimento, a incredulidade impossibilita a liberação das bênçãos. Embora o pregador neopentecostal receba todos os créditos como o canal de Deus quando as bênçãos, curas e milagres acontecem, todavia, ele não é culpado por sua falha quando um crente não as recebe. Culpar o próprio crente do seu fracasso é a justificativa perfeita para os curandeiros neopentecostais triunfalistas, porém, isso não tem base alguma na Escritura.         

Indubitavelmente, a fé não é o fator determinante para que as bênçãos, curas e milagres aconteçam, e nem a incredulidade é a barreira que os impede de acontecerem. Se nos atentarmos para as Escrituras, iremos perceber que Jesus, em todo o seu ministério, por muitas vezes curou e operou milagres sem exigir fé da pessoa doente ou necessitada de um milagre.                                                             
Em Mateus 13.57-58, é descrito que os familiares, os vizinhos e as pessoas próximas e conhecidas de Jesus se escandalizavam nele. Eles não o reconheciam como o Messias, o Cristo, filho de Deus (Jo 7.5). Por essa razão, ele não fez muitos milagres na sua cidade natal, Nazaré, apenas algumas poucas curas (veja o paralelo dessa passagem em Mc 6.1-6). Contudo, é importante observar que a incredulidade não impediu Jesus de realizar milagres naquela ocasião, mas que pela sua soberania, como Deus que é ele simplesmente não quis realizar os milagres, independente se houve a incredulidade. O propósito maior do ministério de Jesus não consistia na operação de curas e milagres. A ênfase estava no ensino das verdades concernentes a redenção, ao reino de Deus, ao estado do homem caído, entre outros assuntos (veja Mc 6.5; Mt 4.23; 5,6,7; 9.35; Mc 2.13; 9.31; 10.1; Lc 4.15; 5.15; 6.6; 13.22; 20.21; 24.27; Jo 5.38,46-47; 6.44; 7.14,19,28; 8.20,28-45,51-59; 13.34-25, etc...). O propósito das curas e dos milagres era a confirmação da mensagem de Jesus, que ele era o enviado de Deus Pai e o Messias que haveria de vir resgatar o seu povo da escravidão do pecado e da morte eterna (At 2.22).       

Podemos ver alguns outros exemplos de curas operadas por Jesus onde ele não exigiu a fé das pessoas doentes, como em Mateus 19.1-2; 21.14. Temos o evento do homem da mão ressequida relatado também em Mateus 12.9-15. A restituição da orelha do servo do sumo sacerdote que foi cortada por Pedro com uma espada (Lc 22.51). A cura de um homem paralítico (Jo 5.1-3,5-9). Um cego que não sabia quem era Jesus e nem pediu para ser curado (Jo 9.1-12,35-35-38). Em outras ocasiões, Jesus também ressuscitou pessoas mortas, como a filha de Jairo e Lázaro (Mc 5.21-24,35-43; Jo 11.1-46). Sendo assim, eu pegunto: Morto tem fé para ser curado? Acredito que não! E, finalmente, outros eventos de curas realizados por Jesus, registrados em Lucas 7.21; Mateus 14.14; 15.29-31 e Marcus 1.34. 

Em contrapartida, vemos casos em que Jesus exigiu a fé das pessoas doentes para serem curadas. Podemos observar o registro da mulher que sofria há doze anos com uma hemorragia (Lc 8.43-48); o cego de Jericó, que também pode ter sido convertido (Mc 10.46-52); os dez leprosos curados, onde somente um voltou para glorificar a Deus (Lc 17.11-19); e a mulher siro fenícia (Mt 15.21-28).
  
Da modo semelhante, o mesmo ocorreu no ministério dos apóstolos: muitas pessoas doentes foram curadas sem que fosse exigida a fé delas. Em Atos 3.1-8, vemos relatado que Pedro curou um homem coxo que ficava mendigando na porta do templo sem exigir a fé dele. Mais tarde, ele ressuscitou uma mulher morta chamada Tabita (At 9.36-43). Paulo também ressuscitou um jovem chamado Êutico (At 20.7-12). 

Dessarte, então não é necessário ter fé para receber as bênçãos? Não é necessário termos fé que ele existe é que é abençoador daqueles que o buscam (Hb 11.6)? Não obstante, precisamos entender que, primariamente, Deus é soberano. Ele decide, pela sua livre vontade, fazer o que quiser (Sl 115.3). Partindo deste pressuposto, entendemos que Deus é quem decide se vai ou não abençoar, curar ou realizar algum milagre. O agir de Deus não depende da fé do crente para acontecer, mas exclusivamente da sua vontade soberana. Não somos abençoados pelas nossas "boas obras" diante de Deus em primeiro lugar. Existem crentes neopentecostais que, por ignorância, pensam que se fizerem jejuns específicos por uma benção, se fizerem um propósito de oração no monte, na madrugada, ou alguma campanha na “igreja”, receberão a benção que tanto almejam. Nada disso! Somos abençoados pela graça de Deus, a qual exclui os nossos méritos pessoais.

Contudo, é bem verdade que Deus utiliza o “meio de graça denominado oração” para nos abençoar, se assim for da sua vontade, é claro (veja Tg 4.13-15). Deus abençoa operando curando, realizando milagres e provendo em nossa vida pela nossa fé e também independente dela. Deus não está limitado pela fé ou pela incredulidade das pessoas para cumprir os seus propósitos soberanos na terra. Ele é soberano e tem todo o poder. Deus não depende do homem para nada! Se Deus não quiser abençoar um crente, ele não vai abençoar, mesmo se o tal for piedoso e orar por muitas vezes e até por anos! Todavia, é importante elencar que Deus determinou que a fé fosse o meio que ele utilizaria para se agradar em manifestar o seu poder abençoando, curando e realizando milagres na vida dos seus filhos, mas não que ele dependa da fé ou da incredulidade para agir no mundo e na vida das pessoas em geral, quer sejam elas crentes ou não crentes. Até o não crente é abençoado por Deus através da sua providência geral ou graça comum, que é uma manifestação da sua misericórdia e bondade para com todos (Mt 5.45; 6.26; Sl 36.6c; 145.15-17). Deus é soberano e abençoa quem quer, como quer e quando quiser! Portanto, a fé que o neopentecostalismo triunfalista ensina é peremptoriamente equivocada, visto que não é ratificada pelas Escrituras!  

***
Fonte: Bereianos

Nenhum comentário: