O MDA e a falaciosa salvação por “decreto”
À luz do Novo Testamento, o dom de profecia é dado pelo Espírito Santo à Igreja para edificação, exortação e consolação (1 Co 14.3); e para o que for útil (12.7). Por meio desse dom, o Senhor fala conosco como e quando quer (12.11; At 13.1-4), e não quando uma pessoa resolve, por conta própria, “decretar”, “determinar”, “declarar” ou mandar alguém fazer isso. Há alguns anos, inclusive, uma famosa profetisa “decretou”, em um megaevento, o fechamento de todos os bares e casas de shows do Rio de Janeiro! Ela disse que todos eles seriam transformados em igrejas em pouco tempo... Isso aconteceu?
Penso que todos os cristãos que se prezam deveriam rejeitar essa prática descabida e herética de “decretar” salvação, visto que à Igreja do Senhor cabe apenas a pregação do Evangelho. Ele é quem salva, segundo a sua graça. E sabemos que a prática de “decretar” salvação, além de não ter o abono da Palavra do Senhor, não muda em nada as circunstâncias. Deus pode mudar a situação de um país ou de um governo por meio de intercessão e influência do seu povo, e não mediante palavras de ordem (1 Tm 2.1-3; 2 Cr 7.14,15).
Muitos evangélicos, enganados, pensam que é assim que o Brasil vai mudar: mediante “decreto”. Mas, hoje, os crentes não incomodam nem influenciam ninguém! Boa parte da igreja evangélica brasileira está misturada com o mundo, envolvida em assuntos que não são de sua competência, e ainda prega um falso evangelho, “contextualizado”, que agrada as pessoas do mundo, atraindo-as para dentro dos templos, mas afastando-as da verdade.
É comum, em grandes eventos, ouvirmos crentes dizendo: “Eu estou aqui para decretar que esta cidade é do Senhor Jesus”. Como os pregadores do evangelho antropocêntrico — boa parte deles faz parte dos movimentos G12, M12 e MDA — acreditam que são “a boca de Deus” na terra e que as suas palavras abrem e fecham portas, “decretar” que uma cidade é do Senhor Jesus determinará que, de fato, ela será dEle. Mas, se não houver compromisso com o Evangelho, as coisas continuarão exatamente como estão! Não seria mais eficaz pregar o Evangelho com verdade?
Não só Belo Horizonte e o Brasil, e sim o planeta Terra e todo o Universo pertencem àquEle que criou todas as coisas (Sl 24.1; Hb 11.3). Entretanto, o mundo precisa ouvir as boas novas de salvação (Mc 16.15; Mt 28.19). Quantos pregadores e líderes já não “decretaram” que nosso país é do Senhor Jesus?! A despeito disso, a nossa nação continua cheia de violência, imoralidade, corrupção, injustiça...
Quantos já não “decretaram” que as cidades do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Belo Horizonte, de Vitória, de Curitiba, de Fortaleza, de Brasília, de Manaus, etc. pertencem a Cristo?! Mas elas continuam indo de mal a pior em matéria de segurança pública, educação, moralidade, civilidade... O Brasil precisa ser conquistado pelo Evangelho, e não politicamente. O Reino de Cristo é espiritual (Jo 18.36; Rm 14.17).
Precisamos abandonar essa ambição de “conquistar o Brasil na marra”, por meio de “decreto”, na base do grito! Devemos orar pela nossa nação e pregar a verdadeira mensagem do Evangelho! Mas, quando fizermos isso, de fato, estejamos preparados para as perseguições (1 Co 16.9). Se o mundo nos trata bem e nos vê com bons olhos, devemos ficar preocupados (Jo 15.18,19). Lembremo-nos das palavras do Senhor Jesus: “bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa” (Mt 5.11).
Ciro Sanches Zibordi
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