Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

 
 
Portanto, os que estão na carne não
podem agradar a Deus. Romanos 8:8
Estamos vivendo aquilo que chamam de carnaval. Escolas de sambas em ensaios técnicos, blocos já invadem o centro das metrópoles fazendo assim uma prévia da festa que será realizada na semana que vem. Nos “esquentar” dos tamborins, não se fala em outra coisa, a não ser Carnaval. Desculpe-me os admiradores e devotos desta festa, mas a bagunça, a desordem, as brigas, tomaram conta dos quatro cantos do Rio de Janeiro.
Para que serve o carnaval? Qual é o
significado de carnaval?
Em poucas palavras responderemos que o carnaval serve para conduzir o homem para uma vida de inimizade com Deus. O significado de carnaval é “Festa da carne”. Mas não pense que esta festa não produza seus frutos, que de certa forma, nos atinge.
Não é preciso muita teologia para compreender o texto base desta mensagem.

Os que estão na carne, não podem agradar a Deus. Quem não agrada, logo desagrada, então concluímos que quando eu vivo uma vida de desagrado para com Deus, estou em pecado, e quando eu tenho conhecimento desta prática e mesmo assim vivo pecando me constituo inimigo de Deus, pois passo a ser amigo do mundo. I João 2:15.

O que produz esta festa da carne, a não ser saciar os seus desejos?

Assim como viver no espírito produz frutos, e estes frutos nos atingem e àqueles que estão em nossa volta, também um viver na carne, tem seus frutos, logo atingem os que estão também em volta daqueles que assim procedem. Estes frutos da Carne ou do Espírito podemos conhecer através do texto bíblico relatado em Gálatas 5:16-22.

Viver esta festa de carnaval é viver uma vida inclinada para as obras da carne. É viver em inimizade para com Deus. Romanos 8:7.

A nossa missão como servos de Cristo Jesus é despertar o mundo sobre o perigo de viver uma vida nos prazeres da carne, para que haja arrependimento e com isto venha o refrigério de uma vida no Espírito como a escritura nos adverte. Mas infelizmente muita gente ignora esta mensagem, mas isto não é novidade, pois isso o profeta Isaías já havia relatado, e Paulo usa as mesmas palavras de Isaías dizendo: Quem deu crédito em nossa pregação ... Romanos 10:16.

O nosso papel como cristão é pregar, é anunciar, é denunciar as obras da carne, para que os que assim vivem, arrependa-se e aceite uma vida de amizade sincera com Deus.
Fugindo dos prazeres da carne
Muitas pessoas neste período de carnaval fazem seus retiros, ou seja, fogem literalmente desta festa. Já outras pessoas evangelizam no período de carnaval indo aonde há aglomeração destas pessoas pulando carnaval. Mas, até mesmo como estratégia é preciso entender que “esta estratégia” não seja uma desculpa para participar mesmo que indiretamente da festa da carne. 

Para os que fogem do carnaval é preciso entender, que devemos fugir das concupiscências e prazeres carnais não apenas no período de carnaval, mas todo tempo de nossa caminhada. Nada vai adiantar um pretexto de retiro espiritual, se por dentro eu estiver torcendo por alguma escola, ou bloco, ou me deliciando nas mulatas do desfile das escolas de samba, ainda usado o chavão de “a carne é fraca”.

O meu verdadeiro retiro acontece enquanto estou na cidade rodeado de pessoas carnais em suas comemorações, não me acomodo, não me contamino, não me envolvo, continuo como luz brilhando em meio as trevas. Romanos 8:1, Romanos 8:5, Romanos 8:8.

Participar mesmo que indiretamente é conformismo com este mundo.

A Bíblia nos adverte que não devemos nos conformar com este mundo, mas transformar as nossas atitudes contagiando o que estão em nossa volta. Romanos 12:2
O que o carnaval tem de bom? Quais 
são seus frutos?
Você já parou para analisar que no período de carnaval a cidade fica entregue ao caos? As autoridades entregam literalmente ao rei momo a chave da cidade e seus controles?

Perceba que no período desta festa aparecem, em fartura, os frutos conforme escrito aos Gálatas 5:16-22.

Adultérios, prostituições, impurezas, lascívias, idolatrias, feitiçarias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, inimizades[brigas], porfias, emulações, iras, pelejas, dissenções e heresias. Ainda há sacerdotes que diz que pular carnaval não seja pecado, basta na quarta feira de cinzas passaram cinzas na testa. Misericórdia. Seria ter conhecimento do pecado e mesmo assim pecar.

Estes são infelizmente os frutos que todos os anos vemos da conhecida “Festa da Carne”. Pense nisto: como podemos ser mesmo que indiretamente participantes destas coisas? Mesmo que seja assistir um desfile de escolas de samba, pense se é licito para um cristão colocar isto diante de seus olhos? De uma só fonte não pode jorrar água doce e salgada ao mesmo tempo. Ou eu agrado a Deus com minhas obras, ou desagrado quando obedeço as concupiscências da carne.

Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.I João 2:15-17

E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Gálatas 5:24

Deus em Cristo Jesus continue nos abençoando

Por Pb.Josiel Dias
 

Por Nathan Busenitz


Muito barulho foi feito (nesse blog e em outro lugar) sobre os recentes comentários anti-cessacionistas feitos por um pastor popular de Seattle. Não desejo começar uma guerra de palavras ou me envolver numa polêmica online. Apenas espero fazer uma contribuição útil a esse tema.

Nos últimos anos, investiguei o registro histórico sobre os dons carismáticos, especialmente o dom de línguas. Espero que o pastor citado, e seu co-autor, tratem o material de forma responsável em seus futuros trabalhos sobre o assunto (Quem sabe, talvez eles poderiam estar abertos a um livro com dois pontos de vista?)

Além disso, também espero que, ao criticar a posição cessacionista, os autores não criem uma caricatura do cessacionismo. (Vou admitir que, com base no que li até agora, tenho medo de que a caricatura já esteja em construção.)

Contudo, em um esforço para desmantelar uma deturpação falaciosa antes de ser construída, ofereço os quatro seguintes esclarecimentos sobre o que o cessacionismo não é:

1. Cessacionismo não é contra o sobrenatural e nem nega a possibilidade dos milagres.

Quando se trata de compreender a posição cessacionista, a questão não é se Deus continua a fazer milagres hoje? Cessacionistas reconheceriam prontamente que Deus pode agir a qualquer momento e da maneira que Ele escolher. John MacArthur explica que: 

Milagres na Bíblia (primariamente) ocorreram em três grandes períodos de tempo. O tempo de Moisés e Josué, o tempo de Elias e Eliseu, e o tempo de Cristo e os apóstolos. E durante esses três breves períodos de tempo, e somente neles, os milagres proliferaram; eles eram a norma, eram em abundância. Agora, Deus pode interpor-Se no fluxo humano sobrenaturalmente a qualquer hora que Ele quiser. Nós não o limitamos. O que simplesmente dizemos é que Ele escolheu limitar a Si mesmo em grande medida àqueles três períodos de tempo.

Assim, o cessacionismo não nega a realidade de que Deus pode fazer o que Ele quiser, sempre que Ele quiser. (Salmo 115:3). O cessacionismo não coloca Deus numa caixa ou limita sua prerrogativa soberana.

Ele reconhece que havia algo único e especial sobre o período e realização de milagres que definiu os ministérios de Moisés e Josué, Elias e Eliseu, e Cristo e seus apóstolos. Além disso, ele reconhece o fato aparentemente óbvio que esses tipos de milagres (como a divisão do mar, a interrupção da chuva, a ressurreição dos mortos, o andar sobre a água, ou a cura instantânea de coxos e cegos) não estão ocorrendo hoje.

Assim, os cessacionistas concluem que:

A era apostólica foi maravilhosamente única e está finalizada. E o que aconteceu nesse tempo, portanto, não é o paradigma para a vida cristã. O paradigma para a vida cristã é estudar a Palavra de Deus, que é capaz de nos tornar sábios e perfeitos. (Isto) é viver pela fé e não por vista.  (Ibid.)

Mas, será que Deus ainda pode fazer coisas extraordinárias no mundo de hoje? Certamente que sim, se Ele escolher. Na verdade, cada vez que os olhos de um pecador são abertos para evangelho, e uma nova vida em Cristo é criada, isto nada mais é do que um milagre.

Em seu útil livro, Continua? Samuel Waldron habilmente expressa a posição cessacionista desta forma: 102):

Não estou negando os milagres no mundo de hoje no sentido mais amplo de ocorrências sobrenaturais e providências extraordinárias. Estou apenas dizendo que não existem milagres no sentido mais estrito dos operadores de milagres, que se utilizam de sinais miraculosos para atestar a revelação redentora de Deus. Embora Deus nunca tenha se colocado para fora do Seu mundo, e ainda tenha liberdade para fazer o que Lhe apraz, quando Lhe apraz, como Lhe apraz, e onde Lhe apraz, Ele deixou claro que o progresso da revelação redentora, atestada por sinais miraculosos feitos por operadores de milagres, terminou na revelação apresentada no Novo Testamento.

Portanto, a questão não é: Deus ainda faz milagres?  

Em vez disso, a questão definitiva deve ser esta: Os dons miraculosos do Novo Testamento continuam operando hoje na igreja de tal forma que o que era norma nos dias de Cristo e dos apóstolos  deva ser esperado hoje?

A isso, todo cessacionista responderia que "não".

2. O Cessacionismo não é fundamentado em uma única interpretação do "perfeito" em I Coríntios 13:10.

Com relação a esse assunto, parece que existe tantas abordagens sobre “o perfeito” entre os eruditos cessacionistas quanto existem comentaristas que escrevem a respeito de 1 Coríntios 13:8-13. O espaço desse artigo não permite uma investigação completa sobre o tema, mas somente uma rápida explanação das principais posições.

As diferentes visões

(1) Alguns (como F.F. Bruce) argumentam que o próprio amor é o perfeito. Assim, quando a plenitude do amor vier, os coríntios deixarão seus desejos infantis.

(2) Alguns (como B.B. Warfield) afirmam que o cânon completo da Escritura é o perfeito. A Escritura é descrita como perfeita em Tiago 1:25, um texto em que a mesma palavra para “espelho” (como no v. 12) é encontrada (em Tiago 1:23). Assim, a revelação parcial será aniquilada quando chegar a plena revelação da Escritura. 

(3) Alguns (como Robert Thomas) afirmam que a maturidade da igreja é o perfeito. Esta abordagem é baseada na ilustração do verso 11 e a conexão entre esta passagem e Ef. 4:11–13. O momento exato da "maturidade" da igreja é desconhecido, embora esteja muito associada ao fechamento do cânon e o fim da era apostólica. (cf. Ef.  2:20).

(4) Alguns (como Thomas Edgar) veem a condução do crente à presença de Cristo (no momento da morte) como o perfeito. Esta perspectiva considera o aspecto pessoal da afirmação paulina no verso 12. A experiência pessoal de Paulo do pleno conhecimento quando ele for conduzido a presença de Cristo em sua morte. (cf. 2 Co. 5:8).

(5) Alguns (como Richard Gaffin) veem o retorno de Cristo (e o fim desta era) como o perfeito. Este é o mesmo ponto de vista da maioria dos continuístas. Assim, quando Cristo voltar (como descrito no capítulo 15), a revelação parcial, como nós conhecemos agora, será completada.

(6) Alguns (como John MacArthur) compreendem o estado eterno (no sentido geral) como o perfeito. Esta posição interpreta o neutro de to teleion como uma referência ao sentido geral dos eventos e não ao retorno pessoal de Cristo. Esta perspectiva combina as posições 4 e 5, citadas acima. De acordo com esta perspectiva: "Para os cristãos, o estado eterno inicia na morte, quando se encontram com o Senhor ou no arrebatamento, quando o Senhor o tomar para Si." (John MacArthur, Primeira Coríntios, p. 366).

Destas perspectivas, eu acho as três ultimas mais convincentes do que as três primeiras. Isto se deve principalmente, (eu confesso) ao testemunho da história da igreja. Dr. Gary Shogren, após um profundo estudo de mais de 169 referências patrísticas a esta passagem, conclui que a vasta maioria dos Pais da Igreja entendiam o perfeito como algo que está além desta vida (normalmente associando-o com o retorno de Cristo ou ao retorno de Cristo no céu. Até mesmo João Crisóstomo (que era claramente um cessacionista) via desta maneira. Embora não seja determinante, tal evidência histórica é de difícil rejeição.

Em todo caso, meu ponto aqui é simplesmente este: O intérprete pode tomar qualquer uma das posições acima e ainda permanecer cessacionista. De fato, existem cessacionistas sustentando cada uma das posições listadas (como os nomes listados indicavam).

Deste modo, Anthony Thiselton observa em seu comentário sobre esta passagem: "O único ponto importante aqui é que poucos ou nenhum dos argumentos dos “cessacionistas” sérios dependem de uma exegese específica de 1 Cor 13:8-11. Estes versos não devem ser usados como polêmica em nenhum dos lados neste debate " (NIGTC, pp 1063-1064). 1063–64).

3. Cessacionismo não é um ataque à Pessoa ou à obra do Espírito Santo.

Na verdade, apenas o oposto é verdadeiro. Cessacionistas são motivados pelo desejo de ver o Espírito Santo glorificado. Eles estão preocupados que, ao redefinir os dons, a posição continuísta barateie a natureza extraordinária dos dons, diminuindo a verdadeira obra miraculosa do Espírito nos estágios iniciais da igreja.

Cessacionistas estão convencidos de que, redefinindo a cura, a posição carismática apresenta um mau testemunho para o mundo ao ver que o doente não está curado. Redefinindo o dom de línguas, a posição carismática promove um tipo de jargão absurdo que vai contra tudo o que sabemos sobre o dom bíblico. Redefinindo o dom de profecia, a posição carismática dá credibilidade para aqueles que afirmam falar as palavras de Deus e ainda incorrem em erro. 

Portanto, esta é a principal preocupação dos cessacionistas: Que a honra do Deus Triuno e Sua Palavra sejam exaltadas – e que ela não seja banalizada por fracos substitutos.

E o que fazemos para saber se algo é autêntico ou não? Através de sua comparação com o testemunho escrito das Escrituras. Será que ao irmos para a Bíblia para definirmos os dons significa que estamos desprezando o Espírito Santo? Muito pelo contrário. Quando examinamos as Escrituras, estamos indo ao próprio testemunho do Espírito Santo para descobrir que Ele revelou os dons que Ele concedeu.

Como cessacionista, eu amo o Espírito Santo. Nunca iria querer fazer qualquer coisa para desacreditar sua obra, diminuir os seus atributos, ou minimizar o seu ministério. Nem iria querer perder nada do que Ele esteja fazendo na igreja de hoje.  E eu não sou o único cessacionista que se sente assim.

Porque amamos o Espírito Santo pela incrível e contínua obra do Espírito no corpo de Cristo. Suas obras de regeneração, habitação, batismo, selo, segurança iluminação, convencimento, confrontamento, confirmação, enchimento, e capacitação são todos os aspectos indispensáveis de seu ministério.

Porque amamos o Espírito Santo, somos motivados a estudar as Escrituras que Ele inspirou para aprender a andar de modo digno, sendo caracterizado pelo seu fruto. Ansiamos ser cheios pelo Espírito (Ef. 5:18) o que começa por sermos cheios de Sua Palavra (Cl 3:16-17) e ser equipados com Sua espada, que é a Palavra de Deus (Ef 6:17).

Finalmente, por causa do amor que temos pelo Espírito Santo, o apresentamos de forma justa, para entender e apreciar seus propósitos (como ele no-lo revelou em Sua Palavra), e alinhar-nos com o que Ele tem feito no mundo. Isto mais do que tudo nos dá razão para estudar a questão dos dons carismáticos (cf. 1Co 12:7-11). Nosso objetivo neste estudo tem que ser mais do que mera correção doutrinária. Nossa motivação deve ser de obter uma compreensão mais precisa da obra do Espírito Santo, de tal forma que possamos melhorar o nosso rendimento no serviço a Cristo, para glória de Deus.

4. Cessacionismo não é um produto do Iluminismo.

Talvez a maneira mais fácil de demonstrar este ponto final é citar os líderes pré-Iluministas cristãos que sustentavam uma posição cessacionista. Afinal, é difícil argumentar que a teologia de João Crisóstomo no século IV foi um resultado do racionalismo europeu do século XVIII.

Finalizando o assunto deste post, aqui estão dez líderes da história da Igreja a se considerar:

João Crisóstomo (c. 344–407):

A passagem inteira (falando sobre 1 Coríntios 12) é muito obscura, mas a obscuridade é produzida por nossa ignorância dos fatos referidos e por sua cessação, fatos que ocorriam, mas agora não tem mais lugar.

(fonte: João Crisóstomo, Homilias em I Coríntios, 36.7 Crisóstomo está comentando 1 Co. 12:1-2 como introdução ao capítulo inteiro. Citado de 1-2 Coríntios in: Ancient Christian Commentary Series, 146.)

Agostinho (354-430):

Nos tempos antigos o Espírito Santo veio sobre os crentes e eles falaram em línguas, que não haviam aprendido, conforme o Espírito concediam que falassem. Estes foram sinais adaptados ao tempo. Pois aquilo foi o sinal do Espírito Santo em todas as línguas [idiomas] para mostrar que o Evangelho de Deus era para ser espalhado a todas as línguas sobre a terra.  Isto foi feito por um sinal, e o sinal findou.

(Fonte: Agostinho. Homilias sobre a Primeira Epístola de João, 6.10. Cf. Schaff, NPNF, First Series, 7:497-98)

Teodoreto de Ciro (c. 393 c. 466):

Em tempos antigos, aqueles que aceitaram a divina pregação e que foram batizados para a sua salvação, receberam sinais visíveis da graça do Espírito Santo trabalhando neles. Alguns falaram em línguas que eles não sabiam e que ninguém lhes havia ensinado, enquanto outros realizaram milagres ou profetizaram.  O coríntios também fizeram essas coisas, mas não usaram os dons como deveriam ter usado. Eles estavam mais interessados em se mostrar do que em usar os dons para a edificação da igreja . . . Mesmo no nosso tempo a graça é dada para aqueles que são julgados dignos do santo batismo, mas não pode assumir a mesma forma que possuía naqueles dias.

(Fonte: Teodoreto de Ciro. Comentário sobra a primeira epístola aos Coríntios, 240, 43; em referência à 1Co 12:1,7.  Citado de 1-2 Coríntios, ACCS, 117).

Nota: Os defensores do continuísmo, como Jon Ruthven (em seu trabalho, sobre a Cessação dos Charismata), também reconhece pontos de vista cessacionistas em outros Pais da Igreja (como Orígenes, no século 3, e Ambrósio no século 4).

Além disso, a esta lista, podemos incluir o nome mais conhecido da Idade Média, o escolástico do século 13, Thomás Aquino.

Mas, vamos avançar para a Reforma e a era Puritana.

Martinho Lutero (1483-1546)

Na Igreja primitiva, o Espírito Santo foi enviado de forma visível.  Ele desceu sobre Cristo na forma de uma pomba (Mt. 3:16), e à semelhança de fogo sobre os apóstolos e outros crentes.  (Atos 2:3) Esse derramamento visível do Espírito Santo foi necessário para o estabelecimento da Igreja primitiva, como também foram necessários os milagres que acompanharam o dom do Espírito Santo. Paulo explicou o propósito destes dons miraculosos do Espírito em I Coríntios 14:22, "as línguas são um sinal, não para os que crêem, mas para os que não crêem".  Uma vez que a Igreja tinha sido estabelecida e devidamente anunciada por estes milagres, a aparência visível do Espírito Santo cessou.

(Fonte: Martinho Lutero, traduzido por Theodore Graebner [Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1949]...., pp  150-172. A respeito do comentário de Lutero sobre Gálatas 4:6.)

João Calvino (1509-1564):

Embora Cristo não declare expressamente se Ele pretende que esse dom [de milagres] seja temporário ou a permaneça perpetuamente na Igreja, é mais provável que os milagres tenham sido prometidos apenas por um tempo, para dar brilho ao evangelho enquanto ele era novo ou em estado de obscuridade.

(Fonte: João Calvino, Comentário sobre os Evangelhos Sinóticos, III:389.)

O dom de cura, como o resto dos milagres, os quais o Senhor quis que fossem trazidos à luz por um tempo, desapareceu, a fim de tornar a pregação do Evangelho maravilhosa para sempre.

(Fonte: João Calvino, Institutas da Religião Cristã, IV: 19, 18.)

John Owen (1616-1683):

Dons que em sua própria natureza excederam completamente o poder de todas as nossas habilidades, essa dispensação do Espírito há muito cessou e onde ela agora é simulada por alguém, pode ser justamente presumida como um delírio entusiasmado.

(Fonte: John Owen, Obras, IV:518.)

Thomas Watson (1620-1686):

Claro, há tanta necessidade de ordenação hoje como no tempo de Cristo e no tempo dos apóstolos, quando então havia dons extraordinários na igreja, os quais agora cessaram.

(Fonte: Thomas Watson, As Bem-Aventuranças, 140.)

Mattew Henry (1662-1714):

O que eram esses dons nos é largamente dito no corpo do capítulo [1 Coríntios 12], ou seja, ofícios e poderes extraordinários, concedidos a ministros e cristãos nos primeiros séculos, para a convicção dos descrentes, e propagação do evangelho.

(Fonte: Mattew Henry, Comentário Completo, em referência a 1 Coríntios 12)

O dom de línguas foi um novo produto do espírito de profecia e dado por uma razão particular, retirar o judeu e demonstrar que todas as nações podem ser conduzidas à igreja. Estes e outros sinais da profecia, começaram como sinais, e há muito cessaram e foram deixados para trás, e nós não temos nenhum incentivo para esperar um avivamento deles; mas, pelo contrário, somos direcionados para o chamado das Escrituras a mais certa palavra de profecia, mais certa que vozes dos céus, e ela nos orienta a tomar cuidado, a busca-la e se firmar nela., 2 Pedro 1:29.

(Fonte: Mattew Henry, Prefácio ao Vol IV de sua Exposição do At e NT, vii.)

John Gill (1697-1771):

[Comentando 1 Coríntios 12:9 e 30,].

Agora esses dons foram concedidos comumente, pelo Espírito, aos apóstolos, profetas e pastores, ou anciãos da igreja, naqueles primeiros tempos: a cópia de Alexandria, ea versão Latina da Vulgata, dizem, "por um só Espírito".

(Fonte: Comentário de John Gill de 1 Coríntios 12:9.)

Não; quando estes dons estavam presentes, nem todos os possuíam.  Quando a unção com óleo, a fim de curar o doente, estava em uso, ela só foi executada pelos anciãos da igreja, e não pelos seus membros comuns, que deveriam buscar o doente nesta ocasião.

(Fonte: Comentário de John Gill de 1 Coríntios 12:30.)

Jonathan Edwards (1703-1758):

Nos dias de sua [Jesus] encarnação, os seus discípulos tinham uma medida dos dons miraculosos do Espírito, sendo habilitados desta forma para ensinar e fazer milagres.  Mas, depois da ressurreição e ascensão, ocorreu o mais completo e notável derramamento do Espírito em seus dons milagrosos que já existiu, começando com o dia de Pentecostes, depois da ressureição Cristo e Sua ascenção ao céu.  E, em conseqüência disto, não somente aqui e ali uma pessoa extraordinária era dotada de dons extraordinários, mas eles eram comuns na igreja, e assim continuou durante a vida dos apóstolos, ou até a morte do último deles, mesmo o apóstolo João, que viveu por cerca de cem anos desde nascimento de Cristo, de modo que os primeiros cem anos da era cristã, ou o primeiro século, foi a era dos milagres.

Mas, logo após a finalização do cânon da Escritura quando o apóstolo João escreveu o livro do Apocalipse, não muito antes de sua morte, os dons miraculosos tiveram seu fim na igreja. Pois, agora, a revelação escrita da mente e da vontade de Deus estava completa e estabelecida. Revelação na qual Deus havia perfeitamente gravado uma regra permanente e totalmente suficiente para Sua igreja em todas as eras.  Com a igreja e a nação judaica derrotadas, e a igreja cristã e a última dispensação da igreja de Deus estabelecidas, os dons miraculosos do Espírito já não eram mais necessários e, portanto, eles cessaram; pois embora eles tenham continuado na igreja por tantas eras, eles se extinguiram, e Deus fez com que fossem extintos porque já não havia ocasião favorável a eles.  E assim foi cumprido o que está dito no texto: “Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão;. Havendo ciência, desaparecerá".  E agora parece ser o fim para todos os frutos do Espírito tais como estes, e não temos mais razão de esperar que voltem.

(Fonte: Jonathan Edwards, sermão intitulado "O Espírito Santo deve ser comunicado ao Santos para sempre, In na graça da caridade, ou amor divino", em 1 Coríntios 13:8).

Os dons extraordinários foram dados para a fundação e o estabelecimento da igreja no mundo. Mas, depois que o cânon das Escrituras foi concluido e a igreja cristã foi plenamente fundada e estabelecida, os dons extraordinários cessaram.

(Fonte: Jonathan Edwards, Caridade e seus frutos, 29.)

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Poderiamos adicionar a esta lista outros nomes: James Buchanan, R. L. Dabney, Charles Spurgeon, George Smeaton, Abraham Kuyper, William G. T. Shedd, B. B. Warfield. A. W. Pink, e assim por diante. Mas, tem que se admitir, eles são figuras históricas pós-iluministas.

Então, eu acho que é melhor usar seu testemunho em uma outra postagem.

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Traduzido por: Isaias Lobão Pereira Junior. 
Revisado por: Arielle Pedrosa Borges.
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Por Tim Challies

Eu já disse muitas vezes que a oração sempre foi uma batalha para mim. Não é que eu não ore – eu oro! – mas considero uma batalha colocar minha teologia em ação no dia a dia e viver minhas convicções mais profundas sobre oração ao realmente orar. Experimento pouco da alegria e do sentimento de realização de que muitos dos grandes “oradores” falam. Com bastante frequência, preciso contar mais com os fatos objetivos sobre oração em que creio do que com algum sentimento subjetivo de satisfação.

Semana passada, recebi um golpe ao ler o livro It Happens After Prayer [Acontece Depois da Oração], de H.B. Charles Jr. Se puder ler um livro inteiro e apegar-me a uma grande aplicação ou um grande desafio, eu o considero um livro que foi digno do tempo que investi nele. Há muitas conclusões úteis no livro de Charles, mas a que espero que permaneça comigo é esta: “As coisas pelas quais você ora são aquelas que você confia em Deus para tratar. As coisas que você negligencia na oração são aquelas que você confia que pode tratar por conta própria”. Em um sentido, é uma percepção óbvia, mas, as melhores percepções normalmente são assim. Eu deveria saber disso e, na verdade, acho que sabia. Mas eu precisava dela claramente explicitada nesse momento da minha vida.

Semana passada, enquanto orava, e enquanto me ocupava com a preparação de um sermão, fui atingido por um pensamento relacionado: Falta de oração é egoísmo. Eu passei um tempo orando conforme as diretrizes bastante úteis de Mike McKinley e me peguei orando para que eu crescesse em amor por aqueles que ouvissem o sermão, que eu tivesse sabedoria para aplicar o texto na vida deles, que eu enxergasse como a passagem confronta a incredulidade daqueles que a ouviriam, e assim por diante. E o que me chamou atenção é que não orar, e não orar fervorosamente, durante meu processo de preparação do sermão seria o cúmulo do egoísmo. Eu estaria confiando que poderia lidar com o esboço do sermão e com as aplicações exatas apenas com minhas capacidades. Eu estaria efetivamente negando ao Senhor a oportunidade de realizar sua obra através desse sermão. “Vá fazer outra coisa; eu cuidado disso!”.

O próprio texto me deu uma ilustração. Eu estava pregando o primeiro capítulo de Jonas e, ali, encontramos Jonas a bordo de um navio em meio a uma tempestade tão poderosa que ameaça destruir o barco e todos nele. Há somente um homem naquele navio que teme a Deus, apenas um homem que tem a capacidade de clamar ao Deus que realmente existe e que realmente tem o poder de acalmar a tempestade. E ele é o único homem que se recusa a clamar a seu Deus, o único que desce e dorme profundamente. Mesmo quando o capitão o acorda e o recrimina por não orar, não temos qualquer indicação de que ele ore. Sua falta de oração é egoísmo e ameaça a tripulação daquela pequena embarcação.

Se eu creio que a oração funciona, se eu creio que a oração é um meio pelo qual o Senhor age, se eu creio que Deus escolhe trabalhar por meio da oração de maneiras poderosas e de maneiras que ele não trabalharia sem a oração, então é egoísmo da minha parte não orar. Orar é amar; não orar é complacência, é desamor, é ser egoísta.

Falta de oração é egoísmo para o pastor que não ora durante o processo de preparar um sermão. Ele expressa amor por sua igreja quando ora e clama pela sabedoria e iluminação de Deus.

Falta de oração é egoísmo para o pai que não ora por seus filhos, pela segurança, santificação, salvação, obediência e cada necessidade deles.

Falta de oração é egoísmo para o membro de igreja que não ora para que a graça do Senhor seja estendida a seus amigos, àqueles que estão batalhando contra um pecado específico e vendo vitórias encorajadoras e fracassos de partir o coração.

Falta de oração é egoísmo para o cristão que não orar por seus próximos, que o Senhor os salve e que o Senhor até o utilize como aquele que compartilhará com eles as boas novas do Evangelho.

Falta de oração é egoísmo para cada um de nós quando negligenciamos orar por nossos irmãos e irmãs ao redor do mundo que estão enfrentando perseguição. Negligenciar a oração por eles é dizer ao Senhor que ele pode muito bem permitir que continuem sofrendo.

E se falta de oração é egoísmo, então, uma das melhores maneiras que posso amar minha igreja, família, amigos, o próximo e irmãos distantes é ajoelhar-me e interceder em favor deles.

***
Traduzido por Josaías Jr | Reforma21.org | Original aqui.
 

Por Gordon Clark


Não somente o livre arbítrio é incapaz de livrar Deus da culpabilidade, e a permissão é incapaz de coexistir com a onipotência, mas o posicionamento arminiano também não consegue firmar uma posição lógica para o onisciência. Uma ilustração romantista-arminiana é a do observador posicionado num penhasco. Na estrada abaixo, à esquerda do observador, um carro dirige-se para o oeste. À direita do observador, um carro vindo do sul. Ele pode ver e saber que haverá uma colisão no cruzamento logo abaixo dele, mas a sua presciência, segundo reza o argumento, não causa o acidente. Deus, semelhantemente supõe-se, tem conhecimento do futuro sem, entretanto, causá-lo.

Tal semelhança, porém, é enganosa em vários pontos. O observador humano não pode saber realmente se a colisão ocorrerá. Embora seja improvável, é possível que ambos os carros estourem os pneus antes de chegarem ao cruzamento e se desviem. Também é possível que o observador tenha calculado mal as velocidades, e um carro poderia desacelerar e o outro acelerar, de modo a não colidirem. O observador humano, portanto, não tem presciência infalível. Nenhum desses erros pode ser assumido para Deus. O observador humano pode imaginar a possibilidade de ocorrência do acidente, e tal imaginação não torna o acidente inevitável; mas se Deus sabe, não há a possibilidade de evitar o acidente. Cem anos antes que os motoristas nascessem, não havia a possibilidade de evitar. Não haveria a possibilidade de um dos dois decidir e ficar em casa nesse dia, tomar uma rota diferente, dirigir numa velocidade diferente. Eles não poderiam tomar decisões diferentes das que tomaram. Isso significa que eles não tinham livre arbítrio ou que Deus não sabia.

Suponha-se, só por um instante, que a presciência divina, assim como as predições humanas, não cause o evento conhecido de antemão. Ainda assim, se existe a presciência, em contraste com a predição falível, o livre arbítrio é impossível. Se o homem tem livre arbítrio e as coisas podem ser diferentes, Deus não pode ser onisciente. Alguns arminianos têm admitido isso e negado a onisciência, mas isso, obviamente, antagoniza-os com o cristianismo bíblico. Há também outra dificuldade. Se o arminiano ou o romantista pretende preservar a onisciência divina e ao mesmo tempo alegar que a presciência não tem eficácia causal, ele deve explicar como a colisão foi assegurada cem anos antes, na eternidade, antes que os motoristas tivessem nascido. Se Deus não organizou o universo dessa maneira, quem o organizou?

Se Deus não o organizou dessa forma, então deve existir um fator independente no universo. E se houver tal, decorrem uma ou duas consequências. Primeira, a doutrina da criação deve ser abandonada. Uma criação ex nihilo estaria completamente no controle de Deus. Forças independentes não podem ser forças criadas, e forças criadas não podem ser independentes.  Então, segunda, se o universo não é criação de Deus, o conhecimento que Deus tem dele – passado e futuro – não pode depender daquilo que ele pretende fazer, mas da sua observação do modo como funciona. Nesse caso, como teríamos a certeza de que as observações de Deus são acuradas? Como teríamos certeza que essas forças independentes não mostrarão mais tarde uma torcedura insuspeita que falsificará as predições de Deus? E, finalmente, nessa perspectiva, o conhecimento de Deus seria empírico e não parte integral da sua onisciência, e, portanto, ele seria um conhecedor dependente. Podemos crer consistentemente na criação, onipotência, onisciência e nos decretos divinos, mas não podemos permanecer em sanidade e combinar alguma dessas doutrinas com o livre arbítrio.


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Fonte: Deus e o Mal, o problema resolvido, págs 51-53. Editora Monergismo. 

domingo, 23 de fevereiro de 2014

 

Por Kevin L. DeYoung


Por que fazer boas ações e negar a si mesmo se tais obras não podem fazer nada para merecer o favor divino, afinal? 

Há três respostas a essa pergunta: fé, fruto e gratidão. 

Primeira, a verdadeira fé funciona. Teria sido fácil para Abraão dizer que ele confiou em Deus quando o Senhor lhe disse para matar seu filho. Porém, não teria sido verdadeira a fé a menos que Abraão tivesse levantado a faca no ar e estivesse pronto para mergulhá-la em Isaque. A fé salvadora não é mero assentimento intelectual, mas uma firme confiança, desempenhada na vida real, de que as promessas de Deus são verdadeiras e as suas promessas não falham. 

Segunda, uma árvore boa dá bons frutos. Se nós formos realmente regenerados pelo Espírito de Deus e recebemos nova vida espiritual, vamos mostrar os efeitos. Se vivermos habitualmente como pessoas egoístas, ignorando a Deus, apreciadoras do pecado, então não mudamos realmente, e não vivenciamos realmente a graça. 

Finalmente, a graça não leva à licenciosidade porque a graça leva à gratidão. Se eu fosse chamado para jogar pelo Chicago White Fox, com a minha incapacidade de bater uma bola fora do marco, minha resposta não seria a preguiça, mas trabalho duro. Eu estaria tão atordoado pela indignidade absurda do chamado que, além de me sentir muito grato, estaria motivado a não decepcionar. A gratidão leva às boas obras. 

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Fonte: DEYOUNG, L. Kevin As Boas novas que [quase] esquecemos. p. 118. Ed. Cultura Cristã. São Paulo. 
 

Por John Owen


A obra do Espírito Santo na regeneração de almas precisa ser estudada e claramente compreendida pelos pregadores do evangelho, e por todos aqueles a quem a Palavra de Deus é pregada. É pelos verdadeiros pregadores do evangelho que o Espírito Santo regenera as pessoas (1Cor 4:15; Fm 10; At 26: 17,18). Por isso, todos aqueles que pregam o evangelho precisam conhecer totalmente a regeneração para que possam com Deus e o Seu Espírito trazer almas ao “novo nascimento”. É também dever de todos os que ouvem a Palavra de Deus estudar e entender a regeneração (2Cor 13:5).

O grande trabalho do Espírito Santo é a obra de regeneração (Jo 3:3-6). Certa noite Nicodemus, um mestre de Israel, veio até Jesus, que lhe disse: “se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. (...) O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito”. O nosso Senhor tendo o conhecimento de que a fé e a obediência a Deus, e a nossa aceitação da parte de Deus, dependem de um novo nascimento, fala a Nicodemus do quão necessário é nascer de novo. Nicodemus fica surpreso com isso, e assim Jesus segue adiante a ensinar-lhe que obra de regeneração é esta. Ele diz: “quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (v.5).

A regeneração, portanto, ocorre por meio “da água e do Espírito”. O Espírito Santo faz a obra de regeneração na alma do homem, da qual a água é o sinal exterior. Este símbolo externo é um solene compromisso e selo do pacto que até então lhes vinha sendo anunciado por João Batista. A água pode também significar o próprio Espírito Santo.

João nos fala que todos aqueles que receberam a Cristo só o fizeram por terem nascido de Deus (Jo 1:12,13). Nem a hereditariedade, nem a vontade do homem podem produzir um novo nascimento. A obra como um todo é atribuída tão-somente a Deus (veja também Jo 3:6; Ef 2:1,5; Jo 6:63; Rm 8:9,10; Tt 3:4-6).

É sempre importante lembrar que toda a Trindade está envolvida nesta obra de regeneração. Ela se origina na bondade e no amor de Deus como Pai (Jo 3:16; Ef 1:3-6), da Sua vontade, propósito e conselho. É uma obra do Seu amor e graça. Jesus Cristo nosso Salvador a adquiriu para pecadores (Ef 1:6). Mas o verdadeiro “lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” nas nossas almas é obra do Espírito Santo (Tt 3:4-6).

Todavia o meu presente objetivo é confirmar os princípios fundamentais da verdade concernente a essa obra do Espírito Santo que vêm sendo negados e combatidos.

A regeneração no Velho Testamento

No Velho Testamento a obra de regeneração ocorria desde a fundação do mundo, e foi registrada nas Escrituras. Contudo o seu conhecimento era muito vago comparado ao conhecimento que temos dela no evangelho.

Nicodemus, um importante mestre de Israel, declarou a sua ignorância quanto a isso. “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?”. Cristo maravilhou-se de que um mestre de Israel não conhecesse esta doutrina da regeneração. Estava nitidamente declarado nas promessas especificas do Velho Testamento, como também em outras passagens (conforme veremos), que Deus haveria de circuncidar os corações do Seu povo, tirar-lhes o coração de pedra e dar-lhes um coração de carne. Em sua ignorância os mestres de Israel imaginavam que a regeneração significava apenas uma reforma de vida. De modo semelhante muitos hoje consideram a regeneração como nada mais que o esforço para se levar uma vida moral. Mas se a regeneração significar nada mais do que se tornar um novo homem moral — algo a que todos, tanto mais ou menos, recomendam — dessa forma o nosso Senhor Jesus Cristo, bem mais do que esclarecer a Nicodemus sobre esta questão, a obscureceu mais ainda.

O Novo Testamento ensina claramente que o Espírito Santo faz uma obra secreta e misteriosa nas almas dos homens. Agora, se esta obra secreta e misteriosa for na verdade apenas uma reforma moral que capacita os homens a viverem melhor, se for apenas um convencimento externo para abandonar o mal e se fazer o bem, então, a doutrina da regeneração ensinada por Cristo e todo o Novo Testamento, é definitivamente incompreensível e sem sentido.

A regeneração e a doutrina da regeneração existiram no Velho Testamento. Os eleitos de Deus, de qualquer geração, nasceram de novo pelo Espírito Santo. Mas antes da vinda de Cristo, todas as coisas dessa natureza, estavam “desde o princípio do mundo, ocultas em Deus” (Ef 3:9 — tradução literal NKJV).

Mas agora chegou o grande médico, aquele que haveria de curar a terrível ferida das nossas naturezas pela qual estávamos mortos em nossos “delitos e pecados”. Ele abre a ferida, mostra-nos o quão é terrível e revela a situação de morte que ela trouxe sobre nós. Ele assim o faz para que sejamos verdadeiramente agradecidos quando nos curar. Assim pois, nenhuma doutrina é mais completa e claramente ensinada no evangelho do que esta doutrina da regeneração.

Quão corrompidos, portanto, são os que a negam, desprezam e rejeitam.

A constante obra do Espírito

Os eleitos de Deus não eram regenerados de uma maneira no Velho Testamento e de outra completamente diferente, pelo Espírito Santo, no Novo Testamento. Todos eram regenerados de um mesmo modo pelo mesmo Espírito Santo. Aqueles que foram milagrosamente convertidos, como Paulo, ou que em suas conversões lhes foram concedidos dons miraculosos, como muitos dos cristãos primitivos, não foram regenerados de um modo diferente de nós mesmos, que também temos recebido esta graça e privilégio.

Os dons miraculosos do Espírito Santo nada tinham a ver com a Sua obra de regeneração. Não eram a comprovação de que alguém havia sido regenerado. Muitos dos que possuíram dons miraculosos jamais foram regenerados; outros que foram regenerados jamais possuíram dons miraculosos.

É também o cúmulo da ignorância supor que o Espírito Santo no passado regenerava pecadores miraculosamente, mas que agora Ele não o faz de modo milagroso, mas por persuadir-nos que não é razoável que não nos arrependamos dos nossos pecados.

Jamais cairemos neste erro se considerarmos o seguinte:

a) A condição de todos os não-regenerados é exatamente a mesma. Uns não são mais não-regenerados que outros. Todos os homens são inimigos de Deus. Todos estão sob a Sua maldição (Sl 51:5; Jo 3:5, 36; Rm 3:19; 5:15-18; Ef 2:3; Tt 3:3-4).

b) Há variados níveis de malignidade nos não-regenerados, assim como há diversos níveis de santidade entre os regenerados. Todavia o estado de todos os não-regenerados é o mesmo. Todos carecem de que se faça neles a mesma obra do Espírito Santo.

c) O estado a que os homens são trazidos pela regeneração é o mesmo. Nenhum é mais regenerado do que outro, contudo uns podem ser mais santificados que outros. Aqueles gerados por pais naturais nascem de um mesmo modo, embora alguns logo superem os outros em perfeições e habilidades. O mesmo também ocorre com todos os que são nascidos de Deus.

d) A graça e o poder pelos quais esta obra de regeneração é operada em nós são os mesmos. A verdade é que aqueles que desprezam o novo nascimento, fazem-no porque desprezam a nova vida. Aquele que odeia a ideia de viver para Deus, odeia a ideia de ser nascido de Deus. No final, entretanto, todos os homens serão julgados por esta pergunta: “Você nasceu de Deus?”.

A compreensão errada sobre a regeneração

Em primeiro lugar regeneração não é meramente ser batizado e dizer: “eu me arrependi”. A água do batismo é apenas um sinal externo (1Pe 3:21). A água mesmo só pode molhar e lavar alguém da “imundícia da carne”. Mas como um sinal exterior ela significa “uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (1Pe 3:21. Veja Hb 9:14; Rm 6:3-7). O apóstolo Paulo faz claramente a distinção entre a ordenança exterior e o ato de regeneração em si mesmo (Gl 6:15). Se batismo acompanhado de confissão de arrependimento for regeneração, então todos aqueles que foram batizados e se confessaram arrependidos têm de ser regenerados. Mas é claro que isso não é assim (veja At 8: 13, 21, 23).

Em segundo lugar a regeneração não é uma reforma moral da vida exterior e do comportamento. Por exemplo, suponhamos uma tal reforma exterior pela qual alguém volta-se de fazer o mal para fazer o bem. Deixa de roubar e passa a trabalhar. Não obstante, haja o que houver de justiça real nessa mudança moral exterior de comportamento, ela não procede de um novo coração e de uma nova natureza que ama a justiça. É tão-somente pela regeneração que um corrupto e pecaminoso inimigo da justiça pode ser trazido a amá-la e a deleitar-se em praticá-la. Há os que escarnecem da regeneração como sendo inimiga da moralidade, justiça e reforma, mas um dia hão de descobrir o quanto estão errados.

A ideia de que a regeneração nada mais é do que uma reforma moral da vida, procede da negação do pecado original e do fato de sermos maus por natureza. Se não fôssemos maus por natureza, se fôssemos bons no fundo do nosso coração, então não haveria necessidade de nascermos de novo.

A regeneração não produz experiências subjetivas

A regeneração nada tem a ver com enlevos extraordinários, êxtases, ouvir vozes celestiais ou com qualquer outra coisa do tipo. Quando o Espírito Santo faz a Sua obra de regeneração nos corações dos homens, Ele não vem sobre eles com grandes e poderosos sentimentos e emoções aos quais não podem resistir.

Ele não se apodera dos homens como os maus espíritos se apossam das suas vitimas. Toda a Sua obra pode ser racionalmente compreendida e explicada por todo aquele que crê na Escritura e recebeu o Espírito da verdade que o mundo não pode receber. Jesus disse a Nicodemus: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai”, assim é com a obra de regeneração do Espírito Santo.

A natureza da regeneração

Regeneração é colocar na alma uma nova lei de vida que é verdadeira e espiritual, que é luz, santidade e justiça, que leva à destruição de tudo o que odeia a Deus e luta contra Ele. A regeneração produz uma milagrosa mudança interior do coração. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura”. A regeneração não se dá pelos sinais exteriores de uma mudança moral do coração e é muito distinta deles (Gl 5:6; 6:15).

A regeneração é um ato onipotente de criação. Um novo princípio ou lei é criado em nós pelo Espírito Santo (Sl 51:10; Ef 2:10). Esta nova criação não é um novo hábito formado em nós, mas uma nova capacidade e faculdade. É chamada, portanto, de “natureza divina” (2Pe 1:4). Esta nova criação é o revestir de uma nova capacidade e faculdade criada em nós por Deus e que traz a Sua imagem (Ef 4:22-24).

A regeneração renova as nossas mentes. Ser renovado no espírito de nossas mentes significa que as nossas mentes possuem agora uma nova e salvadora luz sobrenatural que as capacita a pensarem e a agirem espiritualmente (Ef 4:23; Rm 12:2). O crente é renovado em “conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3:10).

O novo homem

Esta capacidade e faculdade nova produzida em nós pela regeneração é chamada de “novo homem”, porque envolve uma completa e total mudança da alma, de onde procede toda ação espiritual e moral (Ef 4:24). Este “novo homem” é contraposto ao “velho homem” (Ef 4:22,24). Este “velho homem” é a nossa natureza humana corrompida que tem a capacidade e faculdade de produzir pensamentos e atos malignos. O “novo homem” está capacitado e habilitado a produzir atos religiosos, espirituais e morais (Rm 6:6). Denomina-se de “novo homem” porque é uma “nova criação de Deus” (Ef 1:19; 4:24; Cl 2:12, 13; 2Ts 1:11).

Este “novo homem” é criado de imediato, num átimo. É por isso que a regeneração não pode ser uma mera reforma de vida, que é o trabalho de toda uma vida (Ef.2:10). É a obra de Deus em nós que antecede todas as nossa obras para com Deus. Somos feitura de Deus, criados para produzir boas obras (Ef 2:10).

Assim pois não podemos produzir boas obras aceitáveis a Deus sem que primeiro Ele produza esta nova criação em nós. Está dito que este “novo homem” é “criado segundo Deus [i.e., à Sua imagem], em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4:24). A imagem de Deus no primeiro homem não foi uma reforma de vida. Nem foi um padrão de bom proceder. Adão foi criado à imagem de Deus antes que fizesse qualquer boa obra. Esta imagem de Deus era a capacidade e faculdade dada a Adão para viver uma vida tal que manifestasse verdadeiramente o caráter santo e justo de Deus. Tal capacidade e faculdade foi dada a Adão antes mesmo dele começar a viver para Deus. É verdadeiramente indispensável que o mesmo ocorra também conosco. Primeiro, a imagem de Deus, a qual é o “novo homem”, é novamente criada em nós. Então podemos começar mais uma vez a apresentar em nossas vidas o caráter santo e justo de Deus (Lc 6:43; Mt 7:18).

A aliança de Deus

Deus já nos tem dito como nos trata em Sua aliança (Ez 36:25-27; Jr 31:33; 32:39,40). Ele primeiro lava e limpa a nossa natureza; arranca o nosso coração de pedra e dá-nos um coração de carne; escreve as Suas leis em nossos corações e coloca o Seu Espírito em nós para nos capacitar a guardar essas leis. É isso o que significa regeneração. Que também é descrita como o santificar, o tornar santo todo nosso espírito, alma e corpo (1Ts 5:23).

Comprovado pela Escritura

O Espírito Santo não opera de qualquer outro modo senão por aquilo que nos mostra a Escritura. Tudo que alega ser obra de regeneração Sua, precisa ser comprovado pela Escritura. O Espírito Santo, por ser onisciente, conhece as nossas naturezas perfeitamente, e por isso sabe com exatidão como operar nelas sem as ferir ou danificar, sem forçá-las de modo algum a concordar com a Sua vontade.

A pessoa ao ser regenerada, jamais, em momento algum, sente que está sendo malignamente forçada contra a sua vontade. A despeito disso, muitos que são verdadeiramente regenerados têm sido tratados pelo mundo como se fossem loucos, ou algum tipo de fanático religioso (2Rs 9:11; Mc 3:21; At 26:24, 25).

A obra do Espírito Santo na regeneração de almas precisa ser estudada e claramente compreendida pelos pregadores do evangelho, e por todos aqueles a quem a Palavra de Deus é pregada. É pelos verdadeiros pregadores do evangelho que o Espírito Santo regenera as pessoas (1Cor 4:15; Fm 10; At 26: 17,18). Por isso, todos aqueles que pregam o evangelho precisam conhecer totalmente a regeneração para que possam com Deus e o Seu Espírito trazer almas ao “novo nascimento”. É também dever de todos os que ouvem a Palavra de Deus estudar e entender a regeneração (2Cor 13:5).

A regeneração foi-nos revelada por Deus (Dt 29:29). Assim pois não estudar nem tentar compreender esta grande obra é revelar a nossa própria estultícia e loucura. Enquanto não tivermos nascido de Deus nada poderemos fazer que Lhe agrade, nem obtemos dEle quaisquer consolações, e nada somos capazes de entender a Seu respeito ou sobre o que Ele está realizando no mundo.

Há o grande perigo de que os homens possam estar enganados quanto à regeneração e que estejam, portanto, eternamente perdidos. Crendo erroneamente que podem obter o céu sem que lhes seja necessário nascer de novo, ou que havendo nascido de novo podem continuar a levar uma vida pecaminosa. Tais opiniões contradizem claramente o ensinamento do nosso Senhor e dos apóstolos (Jo 3:5; 1Jo 3:9).


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Fonte: Jornal Os Puritanos – Ano X – No 04 – Out./Nov./Dez./2002 
Extraído do Livro “O Espírito Santo”, do teólogo puritano John Owen (O Príncipe dos Puritanos), publicado pela Banner Of Truth, cap 8, pg 43-51. Adaptado das suas obras para uma linguagem contemporânea por R.J.K. Law.
Via: Monergismo