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Ordenar Tudo Que Acontece Torna Deus Um Monstro Moral? Uma resposta ao livro "contra o calvinismo" do arminiano Roger Olson
Uma das premissas principais do novo livro de Roger Olson “Against Calvinism”
é sua declaração de que a clássica doutrina reformada da providência
meticulosa faz de Deus um monstro moral, ou pior, indistinguível do
diabo. Ele afirma que o calvinista não pode afirmar consistentemente que
Deus ordena tudo o que acontece, incluindo os atos ímpios dos homens,
sem também fazer de Deus o autor do pecado.
Mas isso procede? Não. Nem um pouco.
A
acusação que torna Deus um monstro moral SE o Deus da Escritura ordena
todas as coisas, mesmo os atos ímpios dos homens, se baseia no
pressuposto de que a menos que possamos explicar Suas ações, nós podemos
colocá-Lo em julgamento. Em outras palavras, a acusação se baseia
puramente em racionalismo e lógica extra-bíblica. Nós reconhecemos que
não podemos explicar todos os atos secretos de Deus, uma vez que Deus
escolheu não revelar muitas coisas sobre Si mesmo. Mas uma
característica marcante na Bíblia é que ela freqüentemente declara que
Deus ordena meticulosamente tudo o que vem a acontecer (Ef 1:11) e que
os homens são responsáveis por suas ações. Um exemplo importante se
sobressai: o maior pecado cometido pelo homem na história - a
crucificação de Jesus. Quando o apostolo Pedro pregou em Pentecostes,
ele declarou:
“Este
homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de
Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o
na cruz” Atos 2:23
e dois capítulos depois em Atos é dito novamente:
“Porque
verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo
Jesus, ao qual ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os
gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu
conselho predeterminaram que se fizesse”.Atos 4:27-28
A
própria Bíblia testifica, em linguagem clara, que Deus ordenou que os
homens maus crucificassem a Jesus. No entanto, os “homens maus (homens
sem lei, em inglês)" são 100% responsáveis, por essa realização.
Portanto, aqueles que abraçam a Bíblia como sendo autoritativa
necessitam ser capazes de desenvolver uma teologia que se encaixe nessa
visão. Embora você possa não compreender isso, você deve se render ao
que as Escrituras ensinam sobre a meticulosa mão da providência de Deus
em todas as coisas e Sua inocência ao fazer isso.
A
falha fatal no argumento de Olson vem principalmente de sua insistência
em que os calvinistas devam de alguma forma explicar isso
filosoficamente, ou então estaríamos sendo inconsistentes, ou pior,
estaríamos tornando Deus em um monstro. Mas eu diria o contrário. Uma
vez que a Bíblia prevalece sobre nossas mais elevadas pressuposições, a
posição mais consistente possível é ceder ao ensino da Bíblia de que
ambas as coisas são verdadeiras. Deus não nos diz muito sobre COMO Ele
pode ordenar os atos maus, embora não seja culpado do mal. Ele só nos
mostra muitos exemplos onde isso acontece. Isso pode ser um mistério
para seres humanos compreenderem, mas claro como cristal no que diz
respeito à sua verdade estabelecida.
Da
mesma forma, em nenhum lugar na Bíblia Deus nos chama para explicar os
detalhes dessa doutrina por meios filosóficos, ou para bisbilhotar nas
coisas secretas de Deus. Ao contrário, Ele nos chama para sermos fiéis
ao Texto que diz que Deus ordena todas as coisas, mesmo o mal, e que, ao
mesmo tempo, Deus é irrepreensível ao fazê-lo. Ele ordena o pecado sem
pecar. Eu não devo sustentar essas verdades juntas racionalmente (de
acordo com o conhecimento humano) ou filosoficamente, mas porque elas
são axiomáticas na Bíblia. Meu entendimento dos meandros de como isso
acontece é secundário. Deus é Deus. Nossas mentes finitas TEM que
entender como Ele faz isso a fim de que isso seja verdade?
Parece
que, em última análise, as objeções de Olson para isso são morais e
filosóficas, ao invés de exegéticas. Ele está, portanto, baseando suas
considerações e, assim, seus fundamentos teológicos, sobre a areia. As
conclusões em que chegamos, eu afirmaria, devem ser baseadas no que a
Escritura diz. Porque a alternativa é traçar nossos mais elevados
pressupostos a partir de algo que não é uma fonte de autoridade, como a
razão humana isolada. É de extrema importância que ele venha com
fundamentos exegéticos para a sua posição, ao invés de basear sua
teologia sobre uma reação emocional.
Eu
honestamente fico temeroso com Olson, quando ele diz que se Deus ordena
eventos maus, então Deus é indistinguível do diabo, porque a Bíblia
declara que Deus os ordena e também declara que Ele o faz sem culpa, ou
seja, sem pecado. E se nossa teologia é bíblica, (e eu acredito que é),
então o Dr. Olson acaba chamando Deus de monstro, ou pior , de diabo. Eu
não gostaria de ser ele.
Nota:
Deve ser algo dado para os cristãos, que, devido à queda, todos os
seres humanos não estão a salvo de castigo temporal e eterno. Por que
deveria, portanto, surpreender a Olson que Deus justamente exerça essa
autoridade durante as nossas vidas? O julgamento já começou a leste do
Éden e nós todos estamos sujeitos à morte. Portanto, nada (sem
sofrimento) deve nos surpreender aqui, exceto a grande misericórdia que
Ele nos mostrou em Jesus Cristo. Em relação a Torre de Siloé (Lucas
13:4), Jesus declarou que ela não caiu sobre as pessoas pelo pecado
particular delas, como se elas estivessem, de alguma forma, pior do que
os outros, mas como um sinal neste mundo decaído, de que somos todos
maus, pecadores merecedores, debaixo de maldição que precisam se
arrepender e receber a misericórdia de Jesus Cristo. Não se surpreenda
que a torre tenha caído sobre as pessoas, mas faça disso um sério
lembrete de que você merece o mesmo.
***
Fonte: Monergism
Tradução: Francisco Alison Silva Aquino
Divulgação: Bereianos
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