Isvonaldo sou Protestante

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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

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Por Renato César


Com alguma frequência ouço crentes argumentarem em torno de como o Diabo pode atormentar a vida dos cristãos, tanto por meio de tentações como mediante seu suposto poder para causar enfermidades ou tragédias. Não satisfeitos, colocam anjos e demônios em todos os lugares e situações, por mais corriqueiras que possam ser.

É verdade que anjos existem e que Satanás pode efetivamente interferir em nossa vidas, mas é notável a necessidade que muitos têm de "sobrenaturalizar" a vida cristã, como se vivessem uma versão hollywoodiana da batalha espiritual travada nas regiões celestiais.

Dessa interpretação equivocada da natureza da vida espiritual do crente surgem dezenas de aberrações, que incluem sonhos corriqueiros com status de revelação, sinais e mais sinais divinos que indicam que decisões tomar e justificativas absurdas para os desfechos negativos da vida pessoal.

Se observamos bem, veremos que pessoas assim têm a forte tendência ao legalismo e apresentam significativa inclinação à exacerbação de seu orgulho próprio, de tal forma que é comum não assumirem a responsabilidade por seus erros e serem presunçosos a ponto de se considerarem possuidores da verdade.

Na realidade, cristãos que veem a caminhada na fé como um show de efeitos especiais tendem a se distanciar drasticamente da praticidade do dia-a-dia, como se vivessem uma realidade paralela, marcada por eventos fantásticos e, consequentemente, ilusórios. São, por assim dizer, pessoas que não são levadas a sério por indivíduos de bom senso.

Lamentavelmente, o evangelicalismo reformado brasileiro, se podemos falar nesses termos, está muito bem servido desse tipo de crente. Alguns são mais tímidos que outros, sentindo-se mais à vontade em sair do armário somente quando estão presentes em reuniões de oração “quentes”, mas camuflando-se quando diante de outros irmãos mais conservadores. Já os mais eufóricos compartilham suas experiências a fim de dar validade a seus posicionamentos e autoridade às suas palavras. Argumentar contra esse tipo de prática sempre fez de mim um incrédulo, no máximo um frio na fé, para os tais espirituais.

O que esses fãs de Rebeca Brown querem está muito além do simples obedecer a Cristo e carregar sua própria cruz, pois isso torna a vida do cristão excessivamente normal, nada muito além do cotidiano do vizinho incrédulo. Tais crentes querem sentir o mover sobrenatural do Espírito, pois o papel deste de consolador, intercessor, capacitador e orientador de nossas vidas não basta. É preciso haver palavras ininteligíveis, visões mirabolantes e respostas de oração espetaculares para autenticar a fé.

Contudo, e felizmente, Jesus não deixou muito espaço para esse tipo de pensamento. Em vez disso, o Senhor nos deu uma fórmula bastante prática para viver nossa fé: obedecê-lo (Jo 15:14). O que Jesus quer de seus seguidores não é que sejam versões cristãs dos Jedi de Guerra nas Estrelas. Ele requer de nós que priorizemos a Reino de Deus e sua justiça e que amemos ao próximo (Mt 22:36-40), que sejamos justos, humildes e mansos (Mt 5:3-6), que antes de pedirmos perdão a Deus perdoemos os que nos devem ou nos ofenderam (Mt 6:12), que repartamos o que possuímos com os mais necessitados (Mt 25:41-46), que nos arrependamos de nossos pecados (Mt 3:2) e sejamos perfeitos (Mt 5:48), para citar alguns dos tantos mandamentos que nos deixou. Simples assim!

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Sobre o autor: Renato César é cristão reformado, formado em administração de empresas e teologia, membro da IPB - Fortaleza/CE. Contatos: renatocesarmg@hotmail.com

Divulgação: Bereianos

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