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A apologética cristã – um discurso em defesa das doutrinas cristas - é talvez um dos tópicos mais negligenciados pelos nossos estudiosos. Raramente consta no currículo de algum seminário e comumente se confunde com a heresiologia. No entanto, o atual quadro do cristianismo me faz pensar que poucas vezes ela foi tão necessária. Em tempos difíceis como os nossos, em que evangélicos estão dando as mãos aos católicos, espíritas e budistas em nome do “diálogo inter-religioso” e em que despontam novas espiritualidades, algumas estranhas e avessas ao evangelho de Jesus, é preciso que a liderança séria do nosso país se desperte para a necessidade de elaborarmos uma sólida apologética com a qual possamos combater as doutrinas modernas, geralmente diluídas entre filosofias ocas e relativizantes.
Uma das razões porque defendo que a teologia brasileira deve ter ênfase apologética, vem do nosso contexto histórico-cultural. Os portugueses trouxeram o catolicismo romano. Os africanos arribaram suas crenças em espíritos orixás. Os nativos contribuíram com suas crenças animistas. Isso sem falar no êxodo que houve por ocasião das guerras mundiais, quando japoneses, italianos, poloneses, alemães aportaram por aqui, cada grupo trazendo sua própria cultura religiosa, a qual se misturaria com as crenças já diluídas dos brasileiros. A verdade é que vivemos em uma nação continental onde credos e raças se confundem e exercem influência sobre a sociedade e a religião, demandando dos pastores e pesquisadores um constante raciocínio apologético.
A segunda razão porque defendo a tese de que a teologia brasileira deve ser apologética, é a nossa obstinação em importar tendências. Historicamente acostumados a toda sorte de crenças estrangeiras, o povo brasileiro tem como praxe a “tolerância”. Na verdade, a nossa cultura se parece mais com uma grande esponja, a qual tudo absorve e incorpora, e esta tendência também pode ser vista nas igrejas. Assim, em um mesmo segmento evangélico é possível encontrar conceitos que variam da Teologia da Prosperidade ao Teísmo Aberto, e do Neopentecostalismo ao Liberalismo Teológico. É necessário que a liderança séria do nosso país seja revestida de uma percepção apologética e através de meditação e submissão à Palavra, comece a separar os alhos dos bugalhos.
A terceira razão porque defendo a elaboração de uma teologia apologética nacional é que ninguém conhece melhor a igreja brasileira do que os crentes brasileiros. Obviamente que, como muito do que acontece no cenário teológico é um déjà vu de alguma teologia que surgiu lá fora, a produção de apologistas estrangeiros é de grande importância para nós. Não podemos, porém, negligenciar o fato de que nosso país tem uma problemática própria e muitas das nossas inquietudes não perturbam os grandes mestres da apologia internacional. Lá, fala-se muito em ateísmo e evidências da ressurreição, mas aqui no Brasil o numero de ateus e de pessoas que não creem na ressurreição é consideravelmente menor, sendo este assunto, em certo sentido, menos relevante para nós. Por outro lado, o brasileiro convive com espiritismo, reencarnacionismo e ritos africanos que se misturam com crenças cristãs, mas pouca gente lá fora está preocupada com isso. Assim, ao importar todos os livros de apologética estrangeira, memorizar seus jargões e despejar aquele “grande conhecimento” sobre nossos ouvintes, corremos o risco de ser supérfluos ao ponto de responder perguntas que ninguém está fazendo.
Creio que o momento é oportuno para implantar a apologética em nossas escolas teológicas, dando a ela não um papel secundário, mas essencial na formação dos nossos teólogos e líderes eclesiásticos. Também penso que as editoras evangélicas não perderiam em investir em apologistas nacionais tanto ou até mais do que investem na tradução de obras estrangeiras, pois o que percebo é uma grande carência de estudos especializados voltados para nossa realidade nacional. Penso ainda que a popularidade dos blogs e sites que se dedicam à defesa do cristianismo em um contexto tupiniquim é a prova cabal de que jamais houve momento melhor para se investir nos apologistas nacionais.
É tempo de investir numa teologia com sotaque nordestino, mineiro, paulista e paraibana; uma teologia verde-amarela, indígena, mameluca, curiboca, teologia mulata, robusta, com cara de Brasil.
Por Leonardo Gonçalves
A apologética cristã – um discurso em defesa das doutrinas cristas - é talvez um dos tópicos mais negligenciados pelos nossos estudiosos. Raramente consta no currículo de algum seminário e comumente se confunde com a heresiologia. No entanto, o atual quadro do cristianismo me faz pensar que poucas vezes ela foi tão necessária. Em tempos difíceis como os nossos, em que evangélicos estão dando as mãos aos católicos, espíritas e budistas em nome do “diálogo inter-religioso” e em que despontam novas espiritualidades, algumas estranhas e avessas ao evangelho de Jesus, é preciso que a liderança séria do nosso país se desperte para a necessidade de elaborarmos uma sólida apologética com a qual possamos combater as doutrinas modernas, geralmente diluídas entre filosofias ocas e relativizantes.
Uma das razões porque defendo que a teologia brasileira deve ter ênfase apologética, vem do nosso contexto histórico-cultural. Os portugueses trouxeram o catolicismo romano. Os africanos arribaram suas crenças em espíritos orixás. Os nativos contribuíram com suas crenças animistas. Isso sem falar no êxodo que houve por ocasião das guerras mundiais, quando japoneses, italianos, poloneses, alemães aportaram por aqui, cada grupo trazendo sua própria cultura religiosa, a qual se misturaria com as crenças já diluídas dos brasileiros. A verdade é que vivemos em uma nação continental onde credos e raças se confundem e exercem influência sobre a sociedade e a religião, demandando dos pastores e pesquisadores um constante raciocínio apologético.
A segunda razão porque defendo a tese de que a teologia brasileira deve ser apologética, é a nossa obstinação em importar tendências. Historicamente acostumados a toda sorte de crenças estrangeiras, o povo brasileiro tem como praxe a “tolerância”. Na verdade, a nossa cultura se parece mais com uma grande esponja, a qual tudo absorve e incorpora, e esta tendência também pode ser vista nas igrejas. Assim, em um mesmo segmento evangélico é possível encontrar conceitos que variam da Teologia da Prosperidade ao Teísmo Aberto, e do Neopentecostalismo ao Liberalismo Teológico. É necessário que a liderança séria do nosso país seja revestida de uma percepção apologética e através de meditação e submissão à Palavra, comece a separar os alhos dos bugalhos.
A terceira razão porque defendo a elaboração de uma teologia apologética nacional é que ninguém conhece melhor a igreja brasileira do que os crentes brasileiros. Obviamente que, como muito do que acontece no cenário teológico é um déjà vu de alguma teologia que surgiu lá fora, a produção de apologistas estrangeiros é de grande importância para nós. Não podemos, porém, negligenciar o fato de que nosso país tem uma problemática própria e muitas das nossas inquietudes não perturbam os grandes mestres da apologia internacional. Lá, fala-se muito em ateísmo e evidências da ressurreição, mas aqui no Brasil o numero de ateus e de pessoas que não creem na ressurreição é consideravelmente menor, sendo este assunto, em certo sentido, menos relevante para nós. Por outro lado, o brasileiro convive com espiritismo, reencarnacionismo e ritos africanos que se misturam com crenças cristãs, mas pouca gente lá fora está preocupada com isso. Assim, ao importar todos os livros de apologética estrangeira, memorizar seus jargões e despejar aquele “grande conhecimento” sobre nossos ouvintes, corremos o risco de ser supérfluos ao ponto de responder perguntas que ninguém está fazendo.
Creio que o momento é oportuno para implantar a apologética em nossas escolas teológicas, dando a ela não um papel secundário, mas essencial na formação dos nossos teólogos e líderes eclesiásticos. Também penso que as editoras evangélicas não perderiam em investir em apologistas nacionais tanto ou até mais do que investem na tradução de obras estrangeiras, pois o que percebo é uma grande carência de estudos especializados voltados para nossa realidade nacional. Penso ainda que a popularidade dos blogs e sites que se dedicam à defesa do cristianismo em um contexto tupiniquim é a prova cabal de que jamais houve momento melhor para se investir nos apologistas nacionais.
É tempo de investir numa teologia com sotaque nordestino, mineiro, paulista e paraibana; uma teologia verde-amarela, indígena, mameluca, curiboca, teologia mulata, robusta, com cara de Brasil.
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Fonte: Púlpito Cristão
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