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Por Mauro Meister
Muitos pais estão ainda no processo de buscar uma escola para seus filhos. As incansáveis idas a diferentes lugares para ver as instalações e conhecer alguns funcionários e professores toma tempo e energia de pais preocupados com a educação dos filhos. Mas, quase por 'default', a maioria esquece de fazer a pergunta no título desta postagem. Até por assumirem que a educação escolar é neutra e, ao final, tudo igual... mas não é bem assim. Dai a minha recomendação do livro do Pb. Solano Portela, O que estão ensinando aos nossos filhos?. Segue abaixo parte do prefácio que tive o privilégio de escrever para o livro, a fim de que você se sinta encorajado a uma leitura a fim de saber, com uma base cristã sólida, fazer a melhor escolha:
Do Prefácio da Obra
Prefaciar esta obra é um privilégio. Sou o discípulo sendo honrado pelo mestre, apresentando sua obra! Minha apreciação, amor e vocação pelo tema deste livro foram fomentados e estimulados pelos escritos e pela pessoa de Solano Portela, como instrumento nas mãos de Deus para minha formação. Ao longo de alguns anos tivemos muitas oportunidades de conversar, discutir, debater, trabalhar e produzir dentro de um movimento que continua incipiente, porém, em pleno crescimento no Brasil: a educação escolar cristã.
Sobre a situação da educação escolar cristã no Brasil
Ainda que as escolas cristãs do ramo protestante já tenham história centenária no solo brasileiro e muitos homens e mulheres de valor tenham dedicado suas vidas inteiras a este trabalho, algo ficou faltando: uma base teórica sobre a qual pudéssemos refletir a educação escolar cristã e desenvolver métodos e sistemas de ensino com sólida fundamentação da cosmovisão bíblica.
Podemos claramente observar que a história do Brasil se confunde com a educação religiosa durante todo o processo de colonização. A maior cidade brasileira tem como seu marco inicial o Pateo do Collegio. Uma escola de catequese Jesuíta é o coração da capital paulista, não por acaso, São Paulo, toda cercada por santos. Essa confusão entre escola e ensino religioso pode dar a impressão de que o ensino do fundamento do cristianismo, a Bíblia, tenha tido grande influência no processo educacional. Ledo engano. Cercado de tradições que não são bíblicas e de muitos interesses diametralmente contrários à Bíblia, a educação praticada não era serva da Escritura, mas usava sua autoridade para fazer cumprir vários interesses. A cultura judaico cristã que ainda domina a cultura brasileira foi distorcida para acomodar o pensamento, a religião e os valores morais de muitas classes que vieram tomar posse da terra brazilis.
Quando as primeiras missões protestantes chegaram ao Brasil, ainda no império, imediatamente perceberam a necessidade da educação do povo, e dai nasceram as primeiras escolas protestantes. Cheias de vigor, trouxeram inovações e pensamento revolucionário para o contexto educacional. Refletiam preocupação missionária e redentiva para o processo educacional. Algumas se tornaram modelo de excelência em educação, deixando marcas profundas nas vidas dos que ali passaram.
Porém, a dinâmica do mundo em processo de globalização e secularização não deixou estas escolas protestantes ilesas. Novos conceitos educacionais altamente naturalistas nas suas bases vieram como um rolo compressor sobre o sistema educacional tradicional brasileiro e de dentro de nossas universidades começou a ecoar uma nova voz que exigia o exercício de uma educação que preparasse para uma nova realidade, o cidadão autônomo, livre. Somado a uma série de outros problemas como a falta de planejamento, investimentos, corrupção e desvio de verbas, a educação praticada no Brasil tem mostrado resultados vergonhosos. Em um ranking de 65 países, o Brasil se colocou como 53º no último Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA 2009).
Mas o problema não reside apenas no quanto nossos alunos são capazes de ler e realizar operações aritméticas, seja na escola secular ou religiosa. O problema maior está na formação moral dos alunos destas escolas. A criação do estado laico passou a ser confundida com um estado ateu e a escola laica, da mesma forma. Nesse processo as escolas de origem cristã protestante praticamente perderam sua identidade e quaisquer elementos distintivos na sua pedagogia. Passaram a adotar como modelos de excelência os mesmos modelos ensinados nas universidades, sem críticas e sem questionamentos, não percebendo que nas bases fundamentais destes modelos e teorias pedagógicas encontrariam pressupostos absolutamente anticristãos.
Assim como a educação brasileira em geral passa por uma crise de resultados, as escolas de origem cristã protestantes passam por uma crise de identidade, necessitando responder com urgência a questões como: o que é educação cristã escolar? O que é e como se deve ensinar em uma escola cristã?
Sobre a atuação do autor
Diante da situação e das questões acima é que encontramos a importância do trabalho de pesquisa e reflexão do autor deste livro. Com mente inquiridora e insatisfeito com a situação e respostas fáceis, na década de 1980 escreveu um pequeno opúsculo publicado pela Editora Fiel com o nome “Educação Cristã?” Esta primeira obra começou a despertar em educadores brasileiros a necessidade de argumentar em favor de uma educação escolar cristã que não fosse meramente emuladora das teorias e métodos da educação secularizada ou da educação religiosa amplamente praticada no país. Antes, propunha que a educação escolar cristã deveria encontrar sua própria definição no contraste com a educação secular. O próprio título da obra, com uma interrogação ao final, já mostrava que o conceito ainda era estranho ao nosso público. Naquele tempo, era comum o encaixe do papel das escolas cristãs debaixo do conceito de ‘educação secular’, em contraste com a ‘educação cristã’ dada na igreja. Por sinal, o livro saiu após as palestras que proferiu na Primeira Conferência Fiel para Pastores sobre o tema.
Sempre pensando sobre os diversos atores envolvidos no processo educacional (professores, gestores, pais e alunos) e buscando respostas bíblicas sobre o papel de cada um deles, passou a ser requisitado como conselheiro e palestrante nas mais diversas situações por educadores cristãos e igrejas, tendo auxiliado a muitos, em repetidas ocasiões, com palavras bíblicas e sábias sobre o processo educacional.
Vivendo em Recife com a família e trabalhando no ramo da indústria e comércio, como gerente e diretor de empresas, foi conselheiro no processo de abertura de uma escola cristã muito bem sucedida, naquela cidade, e atuou na preparação de folhetos para a divulgação do conceito de educação escolar cristã, apontando a pais e pastores a necessidade de uma educação realmente bíblica. Mais tarde, morando em Manaus, interagiu com iniciativas da educação escolar cristã por parte de irmãos que traduziam material didático cristão de origem norte americana para a língua portuguesa e rodou o país proferindo conferências, com eles, sobre o tema.
No começo da década de 2000, sempre envolvido com a educação cristã e tendo seus filhos estudando em uma escola comprometida com o conceito bíblico de educação, em São Paulo, aproximou-se da Association of Christian Schools International – ACSI, da qual tornou-se, em 2004, um associado fundador e vice-presidente de seu conselho, a Associação Internacional de Escolas Cristãs – ACSI Brasil, mais tarde tornando-se o seu presidente.
Em 2004 foi contratado para trabalhar no Instituto Presbiteriano Mackenzie, uma instituição de origem cristã presbiteriana e dentro da área educacional. Como presbítero desta denominação encontrou realização ao unir suas competências profissionais com suas aspirações educacionais, como ele mesmo diz, seu primeiro amor. Em 2005 foi nomeado Superintendente da Educação Básica das Escolas Mackenzie (São Paulo, Tamboré e Brasília), incluindo a responsabilidade pelo recém-estabelecido Sistema Mackenzie de Ensino, que ainda dava seus primeiros passos de estruturação. Desde as ideias seminais que compuseram o primeiro projeto político pedagógico unificado das escolas e do Sistema até a produção final dos primeiros livros da educação infantil, a firmeza e clareza dos conceitos da educação cristã escolar postulados por Solano estiveram presentes de forma marcante e visível. Neste estágio, junto com uma equipe que foi sendo por ele formada aos poucos, o trabalho pioneiro tomou corpo e vulto para chegar até o presente com quase 150 escolas ao redor do Brasil que usam este material, abrangendo todas as áreas do conhecimento e que em breve deve completar o Ensino Fundamental II, já partindo para o Ensino Médio. Atualmente, como Diretor Financeiro no Mackenzie, continua com o coração na educação, envolvido em conferências e planejamento.
No ano de 2000, Solano Portela registrou em um artigo na revista acadêmica Fides Reformata (5/1), “uma avaliação teológica preliminar de Jean Piaget e do construtivismo”. Essa análise, mais aprofundada do tema da educação escolar cristã, está contida neste livro, expandida e atualizada. Em 2008, Solano Portela foi o grande incentivador e apresentador da produção de um volume da Fides Reformata totalmente dedicado à educação escolar cristã. Dentro desse volume publicou o artigo intitulado Pensamentos preliminares direcionados a uma pedagogia redentiva. Nele, propõe “O desenvolvimento de uma pedagogia própria à educação cristã, [...] apresentada como sendo a solução imperativa para as escolas cristãs [...] A pedagogia redentiva apoia-se em nove alicerces: metafísico, epistemológico, ontológico, nomístico, ético, relacional, metodológico, estético e teleológico” (Fides Reformata, 13/2). Entendo que este artigo, inédito quanto à sua aplicabilidade no contexto da educação brasileira, é um marco na busca da compreensão e execução da tarefa da educação cristã em nosso país e, agora, encontra sua forma mais completa e ampla apresentada neste livro. Assim, a obra que o leitor tem agora nas mãos é o fruto de um processo de reflexão e aplicação do pensamento bíblico à educação ao longo de quase 30 anos. Reúne uma sólida cosmovisão bíblica e sua aplicação bastante prática para o contexto educacional brasileiro.
O livro é dividido em três grandes partes que relatam: a) O Contexto: como se encontra o atual cenário da educação no Brasil, tanto secular quanto religiosa, principalmente orientada pelas teorias construtivistas; b) O Contraste: a plausibilidade da educação cristã como uma alternativa; c) A Proposta: uma proposição para o desenvolvimento de uma pedagógica cristã, como mencionada acima, chamada de “Pedagogia Redentiva”.
A primeira parte faz uma avaliação bastante pertinente do Construtivismo e sua influência na educação brasileira nas últimas três décadas. Nesta seção o autor demonstra que a proposta pedagógica predominante na educação brasileira é muito mais do que uma metodologia de educação e que não pode ser tomada como algo neutro e estéril para ser aplicado em qualquer contexto. Antes, é uma filosofia que contém uma série de contradições fundamentais com os princípios da fé cristã que encontramos nas Escrituras. Os conceitos fundamentais de Piaget, Emilia Ferreiro e de vários pensadores brasileiros são avaliados à luz dos conceitos bíblicos da epistemologia e de seu sistema de valores. Dentre seus 20 capítulos, encontramos vários temas que incluem a avaliação de alguns materiais didáticos e suas filosofias anticristãs. A seção serve como um chamado à reflexão por parte dos pais, educadores e escolas cristãs que querem de fato promover uma educação de excelência que tenha fundamentos numa cosmovisão bíblica sobre a vida e o mundo.
A segunda parte do livro labora sobre a educação escolar cristã como uma alternativa, partindo do princípio de que a Bíblia nos apresenta uma visão unificada da vida que deve servir como base para a educação praticada pelo cristianismo em geral e pelas escolas cristãs em particular. A seção trata de definir o que é a educação escolar cristã, quais são seus parâmetros e como ela se constitui a partir de uma cosmovisão cristã. Neste ponto o autor faz uma descrição da aplicação do conceito de educação cristã escolar para as grandes áreas do conhecimento, demonstrando como cada uma delas deve ser compreendida e ensinada a partir das Escrituras: a matemática, ciência, saúde, geografia, história, sociedade, governo, economia, cultura e arte e tecnologia. Dentre os capítulos encontramos tratados os temas da didática de Jesus, limites, a missão da escola e do educador e seu papel na cultura.
A última parte trata da Pedagogia Redentiva traçando as suas definições e tarefas fundamentais. Trabalhando sobre os principais atores e ideias da pedagogia praticada no Brasil, Solano caminha para uma proposta que avalia os caminhos seguidos até o momento avaliando em que pontos são possíveis o diálogo entre a pedagogia em geral e a proposta de uma pedagogia que leve, de fato, em consideração os pressupostos do cristianismo histórico conforme compreendido a partir das Escrituras. Os principais temas abordados são a complexidade, transversalidade e transdisciplinaridade, individualidade, pilares da educação, construtivismo, pedagogias de Paulo Freire e males sociais. O livro é concluído com uma breve seção que abre o caminho para as próximas pesquisas e desafios que se encontram no caminho dos educadores cristãos brasileiros.
Como dito anteriormente, trata-se da reflexão sobre a experiência numa caminhada que amadureceu ao longo do tempo. Solano Portela estabelece em seu livro o “ponto de fuga” sobre o qual poder-se-á construir toda uma perspectiva para a educação escolar cristã no Brasil.
Mauro Meister
Fonte: O Tempora! O Mores!
Via: IP Santo Amaro/SP
Nota do editor: Em tempos difíceis no Brasil, onde a educação escolar está cada vez mais corrompida pela imoralidade liberal, recomendo a leitura deste excelente livro de Solano Portela. Para mais informações, clique aqui.
Ruy Marinho
Nota do editor: Em tempos difíceis no Brasil, onde a educação escolar está cada vez mais corrompida pela imoralidade liberal, recomendo a leitura deste excelente livro de Solano Portela. Para mais informações, clique aqui.
Ruy Marinho
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