Isvonaldo sou Protestante

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quarta-feira, 26 de junho de 2013




Por João Calvino - 1509 - 1564


"...O que devemos fazer então? Devemos entender que não é suficiente para nós apenas ouvir o sermão pregado no dia do Senhor, receber algumas boas instruções e invocar o nome de Deus. Também devemos digerir essas coisas e meditar sobre os benefícios que a graça de Deus tem feito por nós. Por este meio podemos nos adaptar as coisas que nos levarão ao nosso Deus na segunda-feira e durante o resto da semana. Assim, quando temos tempo para meditar sobre o que aprendemos, exteriorizamos de nossas mentes todas as coisas que nos impedem ou que nos arrastam para longe da meditação das obras de Deus.

Desse modo vemos a finalidade do regulamento para mantermos este dia. Não é para conservar as cerimônias estritamente como sob a servidão legal judaica, porque não temos a figura ou sombra. Mas, sim, o Dia serve como um meio para que possamos aprender de Deus na medida em que somos capazes, para aplicar-nos mais plenamente ao serviço de Deus. Dedicamos o dia todo a ele para que possamos nos retirar completamente do mundo e, como eu disse antes, para que possamos ter um bom começo para o restante da semana.

Também devemos considerar que não é o suficiente para nós meditarmos no Dia do Senhor sobre Deus e seus trabalhos apenas para nós mesmos. Pelo contrário, devemos nos reunir em um dia especifico para realizar a confissão pública de nossa fé. Na verdade, como eu disse antes, isso deve ser feito todos os dias, mas por causa da imaturidade espiritual do homem e da preguiça é necessário ter um dia especial dedicado inteiramente a este propósito. É verdade que isso não se limita ao sétimo dia; nem nós, de fato, mantemos o mesmo dia nomeado para os judeus, o sábado. Mas, para mostrar a liberdade dos cristãos, o dia foi mudado porque a ressurreição de Jesus Cristo nos libertou da escravidão da Lei e cancelou a obrigação a ele. É por isso que o dia foi alterado. No entanto, devemos observar o mesmo regulamento de ter um dia específico da semana. Quer se trate de um dia ou dois é deixado à livre escolha dos cristãos.

No entanto, se as pessoas se reúnem para observar os sacramentos, para oferecer oração comum a Deus e para mostrar concordância na união da fé, é conveniente ter um único dia especifico para isso. Não é suficiente que cada pessoa apenas se recolha a sua própria casa para ler as Sagradas Escrituras ou para orar a Deus. Pelo contrário, o melhor é que mantenha o regulamento que Deus ordenou , o de estarmos juntos na companhia dos fiéis e demonstrar o vínculo que temos com todo o corpo da Igreja.”...

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Fonte: João Calvino, Sermões sobre Deuteronômio (“On the Sabbath” - No Sábado / Dia do Senhor) - parte 1


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Rev. Rogério da Silva Cardoso


Raízes da distorção

Para satisfação de alguns e espanto da maioria, o movimento da "confissão positiva" tem se alastrado na comunidade evangélica brasileira nos últimos anos. Conhecido popularmente como a "teologia da prosperidade", esta corrente doutrinária ensina que qualquer sofrimento do cristão indica falta de fé. Assim, a marca do cristão cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual, além da prosperidade material. Pobreza e doença são resultados visíveis do fracasso do cristão que vive em pecado ou que possui fé insuficiente.

Outros ensinos pouco ortodoxos caracterizam a confissão positiva, conhecida também como "evangelho da saúde e da prosperidade'', ' 'palavra da fé'' ou ainda como "movimento da fé". Seus líderes apregoam que os humanos possuem a natureza divina, que consultar médicos ou tomar remédios é pouco recomendável para o cristão, que Jesus foi milionário e que a soberania de Deus é limitada pela vontade humana.

A confissão positiva tem causado muita controvérsia e deixado um rastro de tragédias, desapontamentos e confusão em muitas igrejas de diferentes denominações. Para surpresa de muitos, as igrejas evangélicas tradicionais estão entre as mais vulneráveis a este movimento.

Não se pode negar que o movimento de confissão positiva tem várias coisas a nos ensinar, tais como orar com fé, orar crendo nas promessas de Deus e ter uma mente positiva, evitando, assim, atitudes pessimistas, tão comuns em muitas pessoas que se dizem cristãs. Nestes aspectos, precisamos reconhecer que a confissão positiva tem algo a nos transmitir e devemos ser humildes o suficiente para receber tais ensinos. Nossa preocupação é com outros aspectos do movimento abertamente contrários às Escrituras, com respeito à soberania de Deus, à pessoa e obra de Jesus Cristo, à natureza do homem, bem como ao resultado, na prática, ao se abraçar tal ensino.

Uma definição

Antes de prosseguir, cremos que seria necessário definir o que é este movimento conhecido como confissão positiva. De acordo com o Dictionary Of Pentecostal And Charismatic Movements (Dicionário dos Movimentos Pentecostal e Carismático):
Confissão positiva é um título alternativo para a teologia da fórmula da fé ou doutrina da prosperidade promulgada por vários televangelistas contemporâneos, sob a liderança e a inspiração de Essek William Kenyon. A expressão "confissão positiva" pode ser legitimamente interpretada de várias maneiras. O mais significativo de tudo é que a expressão "confissão positiva" se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos com nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão.

As origens

A confissão positiva tem suas origens numa antiga heresia conhecida como gnosticismo. Esta palavra vem do vocábulo grego gnosis, que significa "conhecimento". Tal heresia data do primeiro e segundo séculos da era cristã e ensinava que havia uma verdade especial, mais elevada, acessível somente aos iluminados por Deus. Os gnósticos acreditavam que na natureza humana há o princípio do dualismo, isto é, que o espírito e o corpo - duas entidades separadas - são opostos. Para eles, o pecado habitava somente na carne, tornando-a totalmente má. O corpo podia fazer tudo o que lhe agradasse, vivendo nos prazeres da carne. O espírito era totalmente bom. Assim, alguém poderia ter uma vida impura fisicamente e ao mesmo tempo ser espiritualmente puro. Judith A. Mata declara:

Na virada do século XIX, as seitas gnósticas têm se tornado uma parte da história religiosa no nosso próprio país. O mormonismo, tornando homens em deuses, e a Ciência Cristã, com seus métodos de unidade com a Mente Divina, foram ambos estabelecidos no século passado. A mitologia do mormonismo e as "leis" da Ciência Cristã são reflexos diretos do pensamento gnóstico.5 [...] Há seitas gnósticas na nossa sociedade hoje, e o movimento Palavra da Fé é a mais nova e disfarçada de todas as seitas gnósticas que apareceram nos últimos dois séculos.

Muitas pessoas no movimento da confissão positiva consideram Kenneth Hagin como o pai deste ensino. Paul Crouch, presidente da maior rede evangélica de TV do mundo, conhecida como Trinity Broadcasting Network (TBN), com sede na Califórnia, E.U.A., refere-se a Hagin como "papai Hagin". Outros proeminentes pregadores do evangelho da prosperidade consideram-se de fato discípulos de Kenneth Hagin. Entretanto, quando se investiga o desenvolvimento histórico do movimento, chega-se à conclusão de que o verdadeiro pai da confissão positiva é Essek William Kenyon.

Kenyon nasceu no condado de Saratoga, Nova York, Estados Unidos, em 1867. Sua conversão deve ter acontecido quando ele tinha entre 15 e 19 anos de idade. Aos 19 anos, pregou o seu primeiro sermão numa igreja metodista. Em 1892, mudou-se para Boston, onde freqüentou várias escolas, entre elas a Faculdade Emerson de Oratória, fundada por Charles Emerson. É importante saber quem foi Charles Emerson para se compreender a hermenêutica (ciência que trata da interpretação bíblica) de Kenyon. Em seu livro A Different Gospel, McConnell comenta que Charles Emerson foi um colecionador de religiões, um eclético, no sentido mais verdadeiro da palavra:

Em seus 40 anos de ministério, a teologia de Emerson evoluiu do congregacionalismo para o universalismo, para o unitarismo, para o transcendentalismo, para o Novo Pensamento (Nova Idéia), e terminou, finalmente, nas mais rígidas e dogmáticas de todas as seitas metafísicas, a Ciência Cristã. Emerson uniu-se à Ciência Cristã em 1903 e nela permaneceu envolvido até sua morte, em 1908. Sua conversão à Ciência Cristã foi a última progressão lógica na sua evolução metafísica do ortodoxo para o sectário.

McConnell cita em seu livro uma declaração de Ern Baxter, que torna patente a influência da Ciência Cristã sobre Kenyon. Conheci Ern Baxtet pessoalmente nos Estados Unidos e estudei a Bíblia com ele no primeiro semestre de 1979, em San Diego, Califórnia. Confesso que fiquei bem impressionado com ele e com seus ensinos e tive a impressão de que ele realmente amava o Senhor. Não sabia, entretanto, de seu envolvimento com uma prática nada recomendável sobre o discipulado.

Baxter estava engajado no Shepherding Movement, movimento que ensinava a necessidade de cada novo membro no grupo ter um líder espiritual, um discipulador, a quem contaria todos os seus pecados, fantasias ou qualquer outro problema do passado e do presente. Chegava-se ao cúmulo de o discipulador poder decidir sobre a carreira, o curso na faculdade e até sobre com quem o discípulo deveria se casar, tolhendo, assim, a liberdade cristã do novo membro e assumindo o papel do Espírito Santo em sua vida.

Ern Baxter, que conheceu e conviveu com Kenyon, declara que ele sem dúvida foi influenciado por Mary Baker Eddy, fundadora da seita norte-americana Ciência Cristã. Veja o que Baxter tem a dizer sobre isto:

Minha razão principal para afirmar isto não se baseia apenas no que apanhei das coisas metafísicas que ele dizia em nome do cristianismo, mas também de uma certa tarde em que me fez uma visita, como já fizera em várias ocasiões. Ele estava sentado lendo, num canto da sala onde eu tinha uma prateleira com alguns livros, um dos quais era Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, que eu tinha para fins de referência, sendo estritamente contra quase todos os seus pontos de vista. Mas eu o encontrei lendo o livro e sorri enquanto passava, não querendo interrompê-lo. Voltei uns 30 ou 40 minutos depois e ele ainda o estava lendo. Então fiz um comentário e ele respondeu, positivamente, que havia muito que se poderia aproveitar de Mary Baker Eddy. Aquilo me despertou. Não posso dizer que me surpreendeu, mas me alertou para o fato de que ele provavelmente não estava formulando suas posições de fé inteiramente baseado em sola Scriptura, mas foi influenciado pelos metafísicos.

Torna-se necessário abrir aqui um parêntese para um interessante comentário de Charles Capps, outro proeminente pregador da Confissão Positiva do Estado de Arkansas. Num de seus livros ele comenta: “Às vezes, quando começo a ensinar sobre isso, as pessoas dizem que parece doutrina da Ciência Cristã. Uma senhora cutucou o marido numa reunião no Texas (minha esposa ouviu) e disse: ' 'Isto parece Ciência Cristã''.

É certo que Kenyon esteve envolvido com uma variedade de ministérios e atividades durante a sua vida. Fez reuniões evangelísticas em San José, Oakland e em muitas outras cidades da Califórnia. Era sempre convidado por Aimee Semple McPherson para pregar no Angelus Temple, em Los Angeles, sede da denominação da Igreja do Evangelho Quadrangular. Em 1926, assumiu o pastorado de uma igreja batista independente em Pasadena, também na Califórnia. Fundou a Igreja Batista Nova Aliança, na cidade de Seattle, em 1931. Logo em seguida, começou um programa de rádio, tornando-se, assim, um dos pioneiros deste novo método de evangelização.

Kenyon faleceu no dia 19 de março de 1948 com a idade de 80 anos. Antes de sua morte, encarregou sua filha Rute de continuar o seu ministério e publicar os seus escritos, o que ela cumpriu fielmente. Mais tarde, alguém utilizaria as idéias e os escritos de Kenyon para dar forma ao que viria a ser um dos maiores e mais controvertidos movimentos dentro do corpo de Cristo da atualidade. Esta pessoa é Kenneth Erwin Hagin.

Hagin, o porta-voz da confissão positiva

Kenneth Hagin nasceu em McKinney, no Estado do Texas, Estados Unidos, no dia 20 de agosto de 1917. Hagin nasceu com sério problema de coração e por este motivo os médicos o desenganaram. Teve uma infância difícil e emocionalmente turbulenta. Aos seis anos de idade seu pai abandonou sua mãe, o que a levou a ter tendências suicidas. Aos nove passou a viver com o avô. Pouco antes de completar 16 anos de idade, a condição física de Hagin piorou, deixando-o confinado a uma cama.

Duas experiências afetariam toda a sua vida e ministério. A primeira foi Hagin ter sido "levado ao inferno", onde viu e sentiu coisas que o deixariam perplexo, tais como trevas que o impediam de enxergar até mesmo a sua mão a uma distância de três centímetros dos seus olhos e um calor que, quanto mais ele descia, mais forte ficava. Hagin desceria outras duas vezes "ao inferno" para ali contemplar os seus horrores, sendo assim levado a tomar uma decisão quanto a sua vida espiritual. Depois da terceira "visita ao inferno", Hagin aceitou a Cristo como seu Salvador.

A segunda experiência veio através da leitura de uma passagem das Escrituras, mais precisamente Marcos 11:23,24:

Porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele. Por isso vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.

A revelação desta passagem foi dada a Hagin em duas partes. A primeira começa no primeiro dia do ano de 1934. O avô de Hagin possuía várias casas de aluguel na cidade e decidiu mudar-se para uma delas. Houve toda uma preparação, mudando primeiro os móveis e deixando as coisas do quarto de Hagin por último. Finalmente a ambulância chegou para levar Hagin. Enquanto ele estava na ambulância, um dos atendentes perguntou-lhe se gostaria de ver algumas coisas na cidade, o que muito o alegrou. Depois de ver diferentes lojas e partes da cidade, chegaram finalmente ao fórum localizado no centro da praça. Hagin relata:

Nunca esquecerei aquele momento enquanto viver. Naquele instante algo me disse: "Você nunca pensou que poderia ver estes prédios novamente. E não poderia mesmo, se não fosse pela gentileza do homem que o está levando". Então me lembrei do versículo em Marcos 11:24 (...) e recordei o versículo anterior a ele (...) Aí está o princípio da fé: Creia no seu coração, diga-o com sua boca, "e assim será convosco". Quando disse isto na ambulância naquele dia, lágrimas rolaram pela minha face. Não entendia tudo o que eu sei agora. Eu tinha apenas um pequeno raio de luz. Era como uma pequena luz chegando através de uma brecha na porta, mas aquilo foi o ponto de partida para mim — primeiro de janeiro de 1934, por volta das duas horas da tarde.

Hagin continua contando que janeiro e fevereiro passaram e ele ainda permanecia na cama. Depois março, abril, maio, junho e julho também passaram. O diabo poderia ter dito que não estava funcionando, mas ele continuava firme na sua confissão e recusava desistir apesar da cura não se concretizar. Finalmente, outra parte da revelação de Marcos 11:23, 24 aconteceria na segunda semana de agosto de 1934. Veja como foi:

Terça-feira eu orei nas primeiras horas da manhã. No horário de costume, minha mãe veio e me ajudou com o banho. Eram mais ou menos 8h30 quando ela saiu do quarto; eu continuava a orar. Eu já estava lutando com este versículo de Marcos 11:24 por um bom tempo, mas não ficava nada melhor. Neste momento eu vi exatamente o que aquele versículo significava. Até então, ficara esperando até estar realmente curado. Olhava para o meu corpo e testava as batidas do coração para ver se eu já tinha sido curado. Mas percebi que o versículo afirma que é preciso crer quando oramos. O ter vem depois do crer. Eu estava invertendo. Tentava primeiro ter e então crer em segundo lugar. E isto é o que a maioria das pessoas fazem. Já sei, já sei, disse com alegria. Já sei o que eu tenho de fazer, Senhor. Tenho de crer que meu coração está bem enquanto ainda estou deitado aqui nesta cama e enquanto meu coração não está batendo direito. Tenho de crer que minha paralisia já se foi enquanto ainda estou deitado e incapacitado.

Por uns dez minutos Hagin louvou a Deus, levantando as mãos aos céus e agradecendo pela cura apesar de não haver qualquer evidência. Logo em seguida o Espírito Santo falou-lhe: "Você crê que está curado. Se você está curado, então deveria se levantar e sair da cama".13 Segurando-se na beira da cama, Hagin levantou-se e sentiu o quarto todo girando. Considerou isto normal, pois, afinal, havia ficado na cama por um período de 16 meses. Fechou os olhos e ficou ali parado por alguns minutos. Finalmente abriu os olhos e não sentiu mais o quarto girar. Começou a sentir as pernas novamente. Determinado a andar, deu um passo. Depois, mais um passo. E então, apoiando-se nos móveis, conseguiu dar uma volta ao redor do quarto. Não disse nada a ninguém. Na manhã seguinte, caminhou pelo quarto outra vez. À noite, pediu à mãe que lhe trouxesse roupa, pois pretendia juntar-se à família para o café da manhã do dia seguinte. Claro que ela ficou surpresa. No outro dia pela manhã, lá estava Hagin sentado à mesa e tomando café com sua família.

Hagin logo começou seu ministério como um jovem pregador batista (1934-1937) e pastoreou uma igreja da comunidade onde morava. Durante o seu primeiro ano de pastorado, gastou quatro pares de sapatos de tanto andar para pregar. Devido à sua crença em cura divina, começou a associar-se com os pentecostais. Em 1937, recebeu o batismo com Espírito Santo e falou em línguas. Neste mesmo ano foi licenciado como ministro da Assembléia de Deus (1937-1949) e pastoreou várias igrejas dessa denominação no Estado do Texas. Depois disso, começou a envolver-se com vários pregadores independentes de cura divina, tais como William Branham, Oral Roberts, T. L. Osborn e outros e fundou, em 1962, o seu próprio ministério.

Visões

As visões tornaram-se parte importante do ministério de Kenneth Hagin. Um exemplo das várias que ele já teve:

Em 1952, o Senhor Jesus Cristo me apareceu numa visão e falou comigo por mais ou menos uma hora e meia sobre o diabo, demônios e possessão demoníaca. No final daquela visão, um espírito maligno que parecia um macaquinho ou um duende correu entre mim e Jesus, espalhando alguma coisa parecida com fumaça ou nuvem escura.
Então este demônio começou a pular, gritando com uma voz estridente: "Iaqueti-iac, iaqueti-iac, iaqueti-iac". Eu não podia ver Jesus, nem entender o que Ele dizia. (Durante todo o tempo dessa experiência, Jesus estava me ensinando alguma coisa. E, se prestar atenção, você encontrará resposta aqui para muitas coisas que o têm perturbado.)
Não podia compreender por que Jesus permitia ao demônio fazer tanta algazarra. Fiquei imaginando a razão por que Jesus não repreendeu o demônio para que eu pudesse ouvir o que Ele falava. Esperei algum tempo, mas Jesus não tomou nenhuma iniciativa com relação ao demônio; Jesus ainda estava falando mas eu não podia entender uma palavra sequer do que dizia e eu precisava ouvir, porque Ele dava instruções referentes ao diabo, demônios e como exercer autoridade.
Pensei comigo mesmo: "Será que o Senhor não sabe que não estou ouvindo o que Ele quer que eu ouça? Preciso ouvir isto. Estou perdendo!" Quase entrei em pânico. Fiquei tão desesperado que gritei: "No nome de Jesus, espírito tolo, te ordeno que pares!" No mesmo instante que disse isso, o demoniozinho caiu no chão como um saco de feijão e a nuvem negra desapareceu. O demônio ficou ali no chão tremendo, choramingando e gemendo como um cachorrinho acossado. Nem olhava para mim. "Não somente cales a boca, mas sai daqui em nome de Jesus!" ordenei. Ele foi embora correndo.
O Senhor sabia exatamente o que se passava em minha mente. Eu estava pensando: Por que Ele não fez nada? Por que permitiu isso? Jesus me olhou e disse: "Se você não tivesse tomado uma atitude a respeito, eu não poderia fazê-lo".

Ao ouvir isso tomei um verdadeiro choque — fiquei pasmo. Respondi: "Senhor, acho que não O ouvi direito! O que o Senhor disse é que não o faria, não foi?" Ele respondeu: "Não, se você não tivesse tomado nenhuma atitude, eu também não poderia fazê-lo". Repeti tudo por quatro vezes. Ele era enfático ao dizer: "Não, não disse que não faria, disse que não poderia fazê-lo.

Observe bem as palavras de Hagin. Não é que Jesus não quis, é que ele não pôde. Como entender que Jesus não pôde expulsar o demônio à luz de Mateus 28:18: "Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra"? Veja ainda Marcos 16:17 e 1 João 3:8 que claramente indicam o contrário do que Hagin comenta em sua visão. O pior de tudo é que qualquer pessoa que ler o relato de Hagin acima concluirá facilmente que ele alega ter mais poder sobre os demônios do que o próprio Jesus.

Impacto

O ministério de Kenneth Hagin é hoje um dos maiores do mundo e sua influência tem se espalhado por muitas partes do globo. Em 1966, Hagin estabeleceu o centro de suas atividades na cidade de Tulsa, em Oklahoma. Em 1974, iniciou a Escola Bíblica por Correspondência Rhema e o Centro de Treinamento Bíblico Rhema em Tulsa. Esta escola já formou cerca de 6.600 alunos. A revista Word of Faith (Palavra da Fé) do movimento é enviada para 190 mil lares mensalmente e calcula-se que cerca de 20 mil fitas cassete de estudos são distribuídas a cada mês. Já foram vendidos cerca de 33 milhões de cópias de seus 126 livros e panfletos. Os bens da organização estão avaliados em 20 milhões de dólares.

Depois que se formam na Escola Rhema, os alunos espalham-se por diferentes partes do mundo, levando em sua bagagem os ensinos de uma fé triunfalista e de um evangelho certamente controvertido.

As estrelas da confissão positiva

A confissão positiva é um verdadeiro leque. Por esta razão, não se pode julgar seus líderes da mesma forma, pois alguns são mais equilibrados do que outros. Infelizmente, porém, há muitos extremos; há aqueles que chegam até ao ponto de exortar seus membros a não procurarem os recursos da medicina quando se encontrarem enfermos.

Além de Essek W. Kenyon e Kenneth Hagin, os nomes mais conhecidos ligados à confissão positiva são Ken Hagin Jr. (filho de Kenneth Hagin), Kenneth e Glória Copeland, T. L. Osborn, Fred Price, Hobart Freeman, Charles Capps, Jerry Savelle, John Osteen e Lester Sumrall. Nos últimos anos, tem surgido vários outros nomes.

Bob Tilton, que já esteve no Brasil acompanhado de Rex Humbard, é uma figura extremamente controvertida hoje nos Estados Unidos, principalmente pelos seus métodos de levantamento de fundos. Ele chega a chorar e a profetizar ao mesmo tempo enquanto pede dinheiro no seu programa de televisão, como se fosse o próprio Deus pedindo.

Outros, como Marilyn Hickey, John Avanzini e Benny Hinn, já estiveram no Brasil participando de conferências promovidas pela ADHONEP (Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno).16 O norte-americano Dave Roberson também já esteve algumas vezes no Brasil ministrando ao lado de Valnice Milhomens.

Bem conhecido de muitos evangélicos no Brasil é o nome de Paul Yonggi Cho, talvez o menos controvertido dos pregadores da fé. Cho é o pastor da maior igreja evangélica no mundo, em Seul, na Coréia do Sul. Vários de seus livros já foram publicados em português.

Bom dia, Espírito Santo

Não há dúvida de que o movimento da fé tem em Benny Hinn, pastor do Centro Cristão de Orlando, na Flórida, um de seus nomes mais famosos. Seu livro, Bom Dia, Espírito Santo, é um dos mais vendidos hoje na América do Norte. Porém, tanto o livro de Hinn como seus ensinos têm suscitado muita polêmica, como, por exemplo, o estudo acerca do "corpo" do Espírito Santo.17 Não faz muito tempo, Hinn levou os membros de sua igreja a repetir depois dele a seguinte frase: "Eu sou um deus-homem" (vídeo nos arquivos do ICP).

A revista Christianity Today (Cristianismo Hoje), publicada nos Estados Unidos, afirma que em 1992 Benny Hinn disse, num programa de TV, que o Espírito Santo lhe ensinava, naquele momento, que Deus havia originalmente planejado que as mulheres dessem à luz pelo lados. Quando pressionado sobre tal ensino, Hinn admitiu que o havia tirado da Dake's Annotated Reference Bible ("Bíblia de Referência Anotada de Dake", edição de 1963). Hinn ainda continua falando sobre o "corpo" do Espírito Santo, ensino este mencionado em Bom Dia, Espírito Santo.

Outros dados mencionados na mesma edição da revista têm a ver com fatos relatados por Hinn no seu livro e que não são verídicos, como a cura de sua gagueira (várias pessoas que o conheceram na adolescência não confirmaram isso) e que seu pai teria sido prefeito da cidade de Jafa, em Israel. Na verdade, seu pai chegou a trabalhar num escritório árabe (Christianity Today, outubro de 1992, pp. 52-54).

O boletim The Berean Ca// (O Chamado dos Bereanos), de Oregon, em setembro de 1992, publicou os seguintes comentários de Hinn a respeito de Adão e Eva:

Adão era um ser sobre-humano quando Deus o criou. Não sei se as pessoas chegam a saber disso, mas ele foi o primeiro super-homem que já existiu. Adão não só voava [como os pássaros], mas também voava para o espaço (...) com um pensamento ele estaria na Lua (...) podia nadar [debaixo d'água] sem perder o fôlego, e sua esposa fazia o mesmo (...) Ambos eram sobre-humanos.

Em 1992, o jornal Mensageiro da Paz publicou uma nota sobre Benny Hinn: “O livro Bom Dia, Espírito Santo, de Benny Hinn, está causando celeuma nos Estados Unidos. Ele passa a idéia de que existem nove deuses na Trindade. O autor se justifica afirmando que não soube explicar bem o que queria dizer.”

A confissão positiva no Brasil

O movimento da fé tem encontrado uma formidável guarida entre os brasileiros. Algumas igrejas já foram estabelecidas em diferentes lugares, como a Igreja do Verbo da Vida, em Guarulhos, São Paulo, a Comunidade Rema no Morro Grande, também em São Paulo (não há ligação entre esta igreja e a de Guarulhos) e a Igreja Verbo Vivo, em Belo Horizonte. Diversos outros líderes, igrejas e organizações estão aderindo aos ensinos da confissão positiva sem fazer uma avaliação bíblica adequada de sua proposta. Em muitos lugares, até mesmo pastores de igrejas evangélicas tradicionais aconselham seus membros a ler os livros do movimento, que são vendidos aos montes nas livrarias evangélicas.

A confissão positiva já alcançou repercussão significativa nos meios de comunicação, especialmente na televisão.

Um nome bastante conhecido é o de R. R. Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, responsável pela publicação da maioria dos livros de Kenneth Hagin no Brasil. Seu programa vai ao ar todas as manhãs pela TV Bandeirantes.

Outra pessoa que tem influenciado muitos no Brasil é o engenheiro Jorge Tadeu, hoje pastor e líder das igrejas Maná, em Portugal. Alguns de seus livros já circulam no Brasil, e ele tem aparecido em programas evangélicos de TV (como o de Valnice Milhomens) e promovido conferências bastante concorridas em São Paulo.

O ministério Cristo Salva, liderado pelo Pr. Cássio Colombo (o "tio Cássio"), em Indianópolis, na cidade de São Paulo, já se ligou oficialmente ao ministério de Jorge Tadeu em Portugal.

Pode ser citado ainda o ministério de Miguel Ângelo da Silva Ferreira, pastor da Igreja Evangélica Cristo Vive, no Rio de Janeiro. Estas são as informações contidas em várias publicações do ministério sobre Miguel Ângelo.

Pastor, evangelista, pregador de grandes campanhas e reconhecido internacionalmente. Nascido em Luanda, Angola, foi chamado ao Ministério em 1979. Professor, Bacharel em Teologia e Advocacia, formado pelo Haggai Institute for Advanced Leadership Training, fundador e Presidente da Igreja Evangélica Cristo Vive — Rio de Janeiro — Brasil. Tendo sido reconhecido como Apóstolo em graça para o Brasil pela 1ª Convencion Internacional de Iglesias en Gracia, em Miami, EUA, autor de vários livros de grande repercussão, tem sido um instrumento de Deus para Evangelização e Pregação da Palavra em graça. Preside a Associação Brasileira de Comunicadores Cristãos do Brasil; é membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e desenvolve um grande Ministério de Comunicação, através de televisão e rádio.

Apesar do currículo impressionante, vários ensinos de Miguel Ângelo têm gerado controvérsia. Um deles é o da preexistência do ser humano, com base em Jeremias 1:5: ''Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações" (sermão A Nossa Preexistência, 25.8.91, nº 127). A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (os mórmons), uma seita herética, também usa este versículo para defender a mesma posição (Joseph Fielding Smith, Doutrina de Salvação. São Paulo: Centro Editorial Brasileiro, 1976, vol. I, p. 65). Miguel Ângelo diz que antes de 1953 Deus já o conhecia. Isto é verdade, mas, ao mesmo tempo, não quer dizer que ele já existia.

A passagem de Jeremias citada acima não está falando da preexistência do profeta, mas, sim, da presciência de Deus. Creio que, desde a eternidade, Deus já conhecia ou já sabia sobre as cidades de São Paulo, Rio ou Paris. Nem por isso elas já existiam antes de serem construídas. O profeta Zacarias declarou ainda: "...

Fala o SENHOR, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito do homem dentro dele" (Zacarias 12:1). Veja ainda 1 Coríntios 15:46, que claramente refuta a crença na preexistência do ser humano: "Mas não é primeiro o espiritual, e, sim, o natural; depois o espiritual".

Além da preexistência do homem, Miguel Ângelo ainda defende a divindade do cristão, doutrina que será mais detalhadamente discutida no capítulo 4.

A Igreja Universal do Reino de Deus, fundada pelo bispo Edir Macedo, possui alguns respingos do movimento da fé. A ênfase sobre a prosperidade financeira é bastante acentuada. O movimento da fé tem investido também na educação. O Seminário Verbo da Vida, fundado em 1986, em Guarulhos, já conta com filiais nas cidades de Santos e Campina Grande, na Paraíba.

O fenômeno Valnice Milhomens

Na pessoa de Valnice Milhomens Coelho que a confissão positiva tem encontrado a sua maior expressão. De acordo com o Ministério Palavra da Fé, fundado por Valnice, ela nasceu na cidade de Carolina, Estado do Maranhão, em 16 de julho de 1947. Na sua juventude, após três anos dedicados ao estudo da Bíblia, teve um encontro com Cristo que, como ela mesma afirma, foi tão maravilhoso ao ponto de não poder descrevê-lo. Ao ser chamada para o ministério, ingressou no Seminário de Educadoras Cristãs, em Recife, recebendo o grau de bacharel em Assistência Social e Educação Religiosa.

Em janeiro de 1971, foi enviada como a primeira missionária da Convenção Batista Brasileira à África, trabalhando assim por 13 anos em Moçambique. Foi por ocasião de sua ida à África do Sul, onde ficou por dois anos, que ela entrou em contato com os ensinos da confissão positiva através da Escola Bíblica Rhema, ligada ao ministério de Kenneth Hagin, Valnice afirma que já havia recebido esse tipo de doutrina por revelação mesmo antes de ter tido qualquer contato com os ensinos de Hagin.

Após voltar ao Brasil, fundou o Ministério Palavra da Fé. Atualmente promove conferências e estudos bíblicos em igrejas de várias denominações e apresenta um programa semanal na TV Bandeirantes aos sábados pela manhã, além de liderar periodicamente viagens à Israel. Desenvolve também um ministério de vídeos e fitas de áudio com bastante sucesso, além de liderar ainda um grupo de intercessores espalhados por todo o Brasil denominado Guerreiros de Oração.

Devemos ressaltar que a expressão Movimento Palavra da Fé nem sempre se refere especificamente ao trabalho de Valnice Milhomens, mas ao movimento da fé no seu sentido mais amplo.

Antes de fornecer aos leitores as informações sobre os ensinos de Valnice, tentamos entrar em contato com ela a fim de cumprir a ética cristã. Telefonamos várias vezes sem qualquer resultado e finalmente decidimos enviar uma carta. Como não houve resposta, enviamos a mesma carta um mês depois. Até hoje nada ouvimos ou recebemos de sua parte. Quando isto acontece, a pessoa passa a ser secundária e o rebanho é sempre prioritário. Todo o esforço deve ser feito para que o rebanho seja protegido. Para melhor compreensão do leitor, publicamos aqui, na íntegra, a carta enviada por nós ao Ministério Palavra da Fé:
São Paulo, 6 de janeiro de 1992.
À

Missionária Valnice Milhomens Ministério Palavra da Fé

Avenida Pompéia, 2.110 - Vila Pompéia 05022 - São Paulo/SP

Fone: (011) 62-4015 ou 263-4620
Prezada irmã Valnice Milhomens,
Saudações no precioso nome de Jesus!
Depois de tentar várias vezes entrar em contato com você através do seu escritório na Av. Pompéia, em São Paulo, fomos informados pela Clícia Oliveira, sua secretária, de que um encontro entre você e a equipe do Instituto Cristão de Pesquisas (ICP) está descartado. O ICP é uma organização evangélica interdenominacional que assiste as igrejas, informando e alertando o corpo de Cristo em geral sobre o perigo das seitas e movimentos religiosos controvertidos nos dias de hoje.
Nos últimos meses, muitas pessoas têm entrado em contato conosco pedindo-nos informações sobre o Ministério Palavra da Fé e sobre certos aspectos de seus ensinos, parte deles transmitidos pela TV Bandeirantes aos sábados pela manhã. O ICP se esforça em transmitir acuradamente as informações, tanto aos irmãos como ao público em geral. Esta é a razão de procurarmos marcar uma reunião com a irmã.
Cremos que temos quase todos os seus vídeos e já assistimos a uma boa parte deles. As indagações mais freqüentes são a respeito de declarações como: "Deus assumiu a natureza humana para que o homem assuma a natureza divina", usando para isto o texto de 2 Pe 1:4; o seu comentário de Is 53:9, onde afirma que Jesus morreu duas vezes, física e espiritualmente; a afirmação de que o número dos salvos será maior do que o número dos perdidos; a guarda do sábado; a maldição de família etc. Além destas, há ainda questões escatológicas, como a volta de Jesus num dia de sábado no ano 2007.
E óbvio que, se pudermos conversar pessoalmente sobre esses assuntos, muitos no reino de Deus certamente se beneficiarão por receber informações de primeira mão. Além disso, temos a preocupação de agir dentro da ética cristã e de acordo com a Palavra de Deus. Por isso, gostaríamos de ouvi-la primeiro.
Certos de sua preciosa atenção, aguardamos sua resposta.
Fraternalmente, na defesa da fé cristã, INSTITUTO CRISTÃO DE PESQUISAS
Paulo Romeiro
Diretor Executivo

Estaremos sempre abertos para dialogar não apenas com Valnice Milhomens, mas com qualquer pessoa interessada em dirimir dúvidas e em promover a verdade da Palavra de Deus para a edificação do corpo de Cristo e para estender o Seu reino na Terra.

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Referência Bibliográfica:

ROMEIRO, Paulo Supercrentes: o evangelho segundo Kenneth Hagin, Valnice Milhomens e os profetas da prosperidade. São Paulo: Mundo Cristão, 2007. p.19-31.

- Sobre o autor: Rev. Rogério da Silva Cardoso é Pastor na Igreja Presbiteriana de Parque Terra Nova II - São Bernardo do Campo - SP. É formado em Teologia pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Durante sete anos foi missionário no Acre; É professor no Instituto Bíblico Ashbel Green Simonton.

PODE UM CRISTÃO PARTICIPAR DAS MANIFESTAÇÕES CONTRA AS AUTORIDADES?

Manifestações-de-solidariedade-ao-Brasil-espalham-se-pelo-mundo-6Em decorrência das recentes manifestações nas ruas do país e nas redes sociais, alguns cristãos têm sido confrontados por seus pastores e irmãos quando tomam posição contrária aos Governos federal, estadual e municipal. O mote usado é o texto no qual o apóstolo Paulo recomendou “submissão às autoridades”, em Romanos 13.1: “Todos devem sujeitar-se às autoridades do governo, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram ordenadas por ele.”. Quero refletir, ainda que de maneira incompleta, sobre a questão.
Evidentemente este texto tem sido interpretado de modos distintos. Até onde vai o limite do Governo, “da autoridade”? Paulo submeteu-se cegamente a esses poderes?
Veja que dois versículos depois o texto dá a resposta mais imediata à questão quando diz sob que aspecto a submissão é requerida: “Porque os governantes não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas sim para os que fazem o mal.” (v. 3) O papel da autoridade é colocar em vigor a justiça, a Lei e a ordem. O v. 4 diz isso explicitamente: “Porque ela [a autoridade] é serva de Deus para o teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não é sem razão que ela traz a espada, pois é serva de Deus e agente de punição de ira contra quem pratica o mal.”. A “espada” é entendida como a própria pena de morte por alguns intérpretes, mas outros alegam ser a punição com maior rigor, enfim.
Mas, e quando o Governo pratica desmandos, quando é comprovado ilicitudes em sua gestão? E quando há injustiça por parte das mesmas autoridades? O mesmo Paulo, quando foi julgado por crime que não cometeu, não se submeteu, antes, apelou a Cesar (Atos 25.11). Ele desrespeitou seu próprio mandamento? Claro que não. Houve grande mobilização em função de sua apelação; um destacamento militar foi colocado à disposição do apóstolo, uma longa viagem teve de ser feita, ele ficou dois anos sob custódia do Império, tudo isso porque não aceitou as disposições legais contrárias a verdade a seu respeito.
Recentemente reli o livro de Ester, o qual mostra uma trama de morte contra o povo de Deus no Império Medo-persa. O que fizeram os judeus? Organizaram-se, jejuaram, mas manifestaram-se perante o rei. Ester enfrentou uma disposição real correndo risco de morte, uma vez que era proibido aproximar-se do rei sem a sua expressa autorização. No final, ela alcançou justiça e livramento para o seu povo.
No Brasil democrático temos uma situação distinta, pois que a democracia supõe o governo pelo povo e para o povo (em grego, democracia significa poder do povo). Obviamente o povo não governará, mas elegerá especialista para tal finalidade. Dentro do governo democrático, os mecanismos legais (lícitos) são os mecanismos políticos e as manifestações são direitos do povo (não confundindo com atos de vandalismo e violência).
Todo cristão é chamado a buscar a justiça, a igualdade, a paz, os recursos básicos para a sobrevivência do próximo (estou pensando em moradia, alimentação, saúde, segurança, educação etc.). E não somente para cristãos, mas para todo o povo. O próprio Jesus disse que Deus dá sol e chuva para justos e injustos (Mt 5.45), lembrando que “sol e chuva” afetavam diretamente a economia daquele povo, cuja base cultural eram a agricultura e a pecuária.
William Wilberforce (1759-1833), cristão e parlamentar britânico, no seu tempo, empreendeu luta árdua por grandes reformas sociais. Enfrentou incompreensões, calúnias, tentativa de desmoralização e desmobilização, reação dos poderosos e dos privilegiados, mas perseverou. Ele disse que “Deus Todo-poderoso colocou diante de mim dois assuntos: a abolição do comércio de escravos e a reforma dos costumes na Inglaterra”. Por toda a sua vida ele lutou por isso em sua carreira política. Se hoje a maioria das nações ocidentais oficialmente não tem escravidão, é porque ele lutou contra esse modelo. E não sejamos ingênuos em pensar que não houve reações dentro e fora da própria igreja. O comércio escravo mobilizava boa parte da economia, e quando “tocamos” no bolso dos ricos, nada acontece pacificamente.
O mesmo podemos dizer do pastor batista Martin Luther King Jr. (1929-1968), conhecido ativista político que mobilizou os Estados Unidos em favor dos direitos dos negros. E nós brasileiros do século 21 não podemos cometer a ingenuidade de pensar que Luther King tivesse dito: “Olha, por favor, vamos acabar com a segregação. Coitado dos negros. Vamos ajudá-los”. Não houve avanço algum sem que houvesse resistência. E a submissão às autoridades? Eram elas mesmas que segregavam, movidas por interesses culturais e econômicos – e até mesmo religiosos por parte de cristãos que usavam versículos bíblicos para defender suas posições, mas que por outro lado esmagavam os afrodescendentes.
Que dizer do pastor Dietrich Bonhoeffer, na Alemanha de Hitler, envolvido na operação Valquíria, que tramou a morte do ditador? Hoje contamos com alegria a sua história, mas onde fica a submissão às autoridades na vida de um pastor envolvido num caso como esses?
É preciso levar a questão também para o campo da ética, que busca o maior bem para o maior número de pessoas. Quando temos, hoje, igreja evangélica brasileira, diante de nós a oportunidade de exercer a cidadania pelos meios legais e lícitos da manifestação pacífica, seja nas ruas, seja nas redes sociais, não estamos transgredindo leis e desobedecendo a Bíblia. Antes, estamos buscando a justiça tal qual Jesus orientou (Mateus 5.6 e outros), um país melhor com distribuição de renda e oportunidade para todos, e não um modelo que privilegia os desvios de verbas e outros crimes comprovadamente demonstrados pelas investigações.
Entendo o temor que certos pastores e irmãos têm de desobedecer a Deus em função do poder secular, mas não é exatamente isso o que a história nos mostra em relação à participação do cristão na vida do seu país. Não podemos exigir que todos se envolvam, uma vez que nem todos refletem sobre as Escrituras com a mesma compreensão e nem todos têm vocação para assuntos dessa natureza, que claramente não é dos mais atraentes. Política não é para todos, como também o pastorado, o cuidado dos doentes, o envolvimento no ensino, etc. Mas o esforço e o envolvimento pela justiça e pela paz é. Cada um fique, portanto, na vocação em que foi chamado.
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Título original: Que tipo de “submissão às autoridades” Paulo ensinou? Fonte: Blog Neoprotestante. Divulgação: Púlpito Cristão.

O fato de transformarmos uma festa idólatra numa festa gospel, não a torna uma festa legitimamente cristã. Do ponto de vista das Escrituras é preciso que entendamos que não fomos chamados a imitar o mundo e sim a transformá-lo
 
Existe uma linha extremamente tênue entre contextualização e sincretismo religioso. Na verdade, ouso afirmar que não são poucos aqueles que no afã de contextualizarem a mensagem sincretizaram o Evangelho. 
 
Antes de qualquer coisa, gostaria de afirmar que acredito na necessidade de que contextualizemos a mensagem da Salvação Eterna, sem que com isso, negociemos a essência do evangelho.
 
O problema é que devido a "gospelização" da fé, parte da igreja brasileira começou a considerar todo e qualquer tipo de manifestação cultural ou religiosa como lícita, proporcionando com isso a participação dos crentes em eventos deste nipe, desde que portanto, houvesse  mudança de nomenclatura.  Nessa perspectiva, apareceram as baladas, festas  e boates gospel, como também os arraiais evangélicos.
 
Diante do exposto, gostaria de ressaltar de forma prática e objetiva as principais razões porque não considero lícito ou adequado cristãos organizarem ou participarem de arraiais evangélicos:
 
O Background  histórico das festas juninas são idólatras, onde o objetivo final é venerar os chamados “santos católicos”.
 
Bom, ao ler essa afirmação talvez você esteja dizendo consigo mesmo: "Há, tudo bem, eu concordo, mas a festa junina que eu vou não é católica e sim evangélica, portanto, não rola idolatria." 
 
Caro leitor,  o fato de transformarmos uma festa idólatra numa festa gospel, não a torna uma festa legitimamente cristã.  Do ponto de vista das Escrituras é preciso que entendamos que não fomos chamados a imitar o mundo e sim a transformá-lo.
 
Um outro ponto que precisa ser considerado é que ao criarmos uma festa junina evangélica sem que percebamos, estamos contribuindo com a sincretização do evangelho.
 
Na verdade, ouso afirmar que não existem diferenças entre aqueles que em nome de Deus fazem festas juninas, daqueles que em nome do Senhor, promovem a relação entre o baixo espiritismo e o "Reteté de Jeová."
 
Vale a pena ressaltar que não sou contra eventos ou festas que tenham bolos, pés de moleque, salsichão, Cachorro quente e o maravilhoso angu a baiana. Na verdade, tirando a canjica que eu detesto, eu amo tudo isso! Conheço igrejas como por exemplo a Igreja Batista de Japuíba em Angra dos Reis, pastoreada pelo meu amigo Ezequias Marins que anualmente, organiza uma festa do Milho sem as características juninas, como músicas, bandeiras, roupas de caipira e etc.  
 
Na verdade, Ezequias e sua igreja entenderam o perigo do sincretismo e organizaram uma festa cujo objetivo final é glorificar ao Senhor através da evangelização.
 
Prezado amigo,  diante do exposto, afirmo que as igrejas que organizam festas juninas com danças, vestes caipiras e outras coisas mais, romperam a linha limite da contextualização embarcando de cabeça no barco do sincretismo.
 
Isto, posto, me parece coerente e sábio que  em situações deste tipo apliquemos a orientação paulina que diz:  "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam." 1 Coríntios 10:22-23
 
É que penso!
 
Por Renato Vargens

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Por Rev. Ageu Magalhães


A Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou nesta terça-feira, dia 18/06, o projeto de lei, de autoria do deputado João Campos (PSDB) que anula o trecho do Artigo 3º e todo o Artigo 4º da Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia. O projeto foi apelidado maliciosamente de "cura gay".

A questão legal

Em 23 de Março de 1999 o Conselho Federal de Psicologia aprovou o seguinte documento:

"RESOLUÇÃO CFP Nº 1/99 DE 23 DE MARÇO DE 1999
"Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual"
O Conselho Federal de Psicologia no uso de suas atribuições legais e regimentais,
Considerando que o psicólogo é um profissional da Saúde;
Considerando que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é freqüentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade;
Considerando que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade;
Considerando que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão;
Considerando que há uma inquietação na sociedade em torno de práticas sexuais desviantes da norma estabelecida socioculturalmente;
Considerando que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento das questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações.
Resolve:
Art. 1º - Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão, notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção do bem-estar das pessoas e da humanidade.
Art. 2º - Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.
Art. 3º - Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreçam patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.
Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.Art. 4º - Os psicólogos não se pronunciarão e nem participarão de pronunciamentos públicos nos meios de comunicação de massa de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
Art. 5º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 6º - Revogam-se todas as disposições em contrário.
Ana Mercês Bahia Bock  Conselheira-Presidente"

A aprovação deste documento em 1999 tolheu a atividade de psicólogos com pacientes homossexuais, desejosos de abandonar a prática. O projeto de lei apelidado pelo movimento homossexual de "cura gay" nada mais faz que anular a extrapolação da lei contida no parágrafo único do Artigo 3º e no Artigo 4º, a saber:

"Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4º - Os psicólogos não se pronunciarão e nem participarão de pronunciamentos públicos nos meios de comunicação de massa de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica."

Desta forma, restaura-se o direito de qualquer indivíduo procurar ajuda psicológica caso esteja insatisfeito com sua condição de homossexualidade.

Se um heterossexual tem o direito de buscar ajuda caso esteja descontente com sua sexualidade, por que um homossexual não pode ter o mesmo direito? É claro que o movimento homossexual condena isso porque não admite que um homossexual "traia a causa" tornando-se heterossexual.

A questão bíblica

Não existe "cura gay". A Bíblia não considera o homossexualismo como doença. A Bíblia mostra que homossexualismo é comportamento pecaminoso. Como já foi demonstrado no artigo Daniela Mercury, obrigado... ninguém nasce homossexual. Homossexualismo é comportamento aprendido. Todavia, todos nascemos pecadores. Todos nós temos potencial para qualquer tipo de pecado, seja homossexualismo, adultério ou assassinato.

O homossexualismo é uma relação condenada por Deus como nos mostram os seguintes registros:

"Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles." Gênesis 19.4,5

"Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação." Levítico 18.22

"Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles." Levítico 20.13

"Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro." Romanos 1.26,27

“Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.” 1 Coríntios 6.9,10

Existe salvação para homossexuais?

A Bíblia mostra que sim. Escrevendo aos Coríntios, Paulo alista os tipos de pecados que não herdariam o reino de Deus (acima) e continua: "Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus." 1 Coríntios 6.11

Há probabilidade de alguns coríntios terem abandonado a prática homossexual para se tornarem cristãos. Da mesma forma, provavelmente alguns coríntios abandonaram a idolatria, a vida adúltera, o roubo, etc, para seguirem a Cristo.

A Palavra de Deus afirma que "... se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas." 2 Coríntios 5.17

Da mesma forma que alguém acostumado a ter relações heterossexuais passará a vida vigiando seu coração contra tentações nesta área, alguém que foi iniciado na prática homossexual sofrerá tentações desta espécie.

Todavia, tentação não é sinônimo de pecado. Jesus foi tentado e não pecou. Ele mesmo nos ensinou a orar a Deus pedindo que, quando estivéssemos em tentação, não caíssemos (Mt 6.13) e Paulo nos mostra que não há tentação que não seja humana, mas Deus é fiel e não permite que sejamos tentados além das nossas forças, pelo contrário, com a tentação ele nos dá livramento para que a possamos suportar (1Co 10.13).

Assim, é plenamente possível a homossexuais o abandono da prática pecaminosa e a vitória sobre as tentações, trilhando um caminho de santidade perante o Senhor. Nossas igrejas têm sido testemunhas de casos assim e devem continuar agindo sem discriminação. O Evangelho é o poder de Deus para salvação e quando ele alcança alguém transforma, de fato. Sejamos, portanto, instrumentos de Deus na transformação destas vidas. Amém.

(Para aprofundamento no tema Tentação x Pecado, leia o post do Rev. Augustus Nicodemus Carta a um ex-gay tentado a voltar atrás