Isvonaldo sou Protestante

Isvonaldo sou Protestante

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Martinho Lutero e o anti-semitismo
 
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Por Robson T. Fernandes


Muito tem sido dito acerca de Lutero, desde a Reforma Protestante. Alguns o admiram e outros o odeiam de forma voraz. Tudo isso, devido a iniciativa surpreendente do monge agostiniano de fixar na porta da Igreja do castelo de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517, as conhecidas 95 teses.

Ao seguir em rota de colisão contra Roma e contra o astuto Johann Tetzel, vendedor de indulgências a mando do arcebispo Alberto, Lutero desencadeia a Reforma que há muito já vinha sendo travada por outros, a exemplo de John Wycliff, Jerônimo de Praga, Jerônimo Savonarola, João de Wessália, João Wesselus, Jan Hus etc.

Diferentemente do que alguns têm afirmado, Lutero não é idolatrado pela igreja reformada, mas relembrado por ter sido um instrumento de Deus, usado para confrontar as distorções doutrinárias e éticas do catolicismo romano. Dessa forma, ao confrontar, por exemplo, a venda de indulgências, Lutero ataca diretamente os planos do papa Leão X, que utilizava parte do dinheiro arrecadado com a venda de perdão para a construção da basílica de São Pedro, conhecida hoje como Vaticano. Ainda, levanta outro inimigo, o arcebispo Alberto, que recebia a outra metade do dinheiro arrecadado através da exploração do povo por meio da venda descarada da salvação, já que Tetzel pregava não ser necessário arrependimento para o perdão de pecados, mas apenas a compra de indulgências, válidas inclusive em nome dos que já haviam morrido.

Nesse sentido, a tese 82 diz o seguinte:

Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas–, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?

Com isso, percebemos que as 95 teses atacam diretamente o coração do catolicismo romano, e por isso Lutero despertou tanto ódio e perseguição contra si mesmo, inclusive nos dias de hoje.

Então, quando tratamos da figura do reformador alemão, estamos lidando com uma história de perseguição, acusações, ódio, calúnia e difamações, e diante do que foi exposto podemos entender os motivos que levam a isso. Dr. Sam Storms afirma que “após a reforma começar, Lutero foi frequentemente difamado por seus oponentes católicos romanos. Em particular, foi dito que a mãe de Lutero manteve relações sexuais com o diabo e que Martinho era sua prole!” [1].

Uma das acusações recorrentes contra Lutero diz respeito ao seu anti-semitismo. Um dos trechos muito conhecido e utilizado é este:

Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas [...] Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas [...] Em terceiro, seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados [...] Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte [...] Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus [...] Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem [cobrança de juros extorsivos sobre empréstimos] [...] Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadeira, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto [...] Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade [...] Portanto, fora com eles [...]

Contudo, poucos se referem ao escritos de Lutero, no início da Reforma, a exemplo deste:

Talvez eu consiga atrair alguns judeus para a fé cristã, pois nossos tolos, os papas, bispos, sofistas e monges [...] até agora os têm tratado tão mal que [...] se fosse judeu e visse esses idiotas cabeças-duras estabelecendo normas e ensinando a religião cristã, eu preferiria ser um porco a ser cristão. Pois esses homens trataram os judeus como cães, e não como seres humanos. [2]No início de sua caminhada Lutero defendia e respeitava os judeus, porém com o passar dos anos as coisas começaram a mudar. Então, como conciliar dois escritos tão diferentes?

Primeiramente, precisamos compreender que o fato de ser usado por Deus não pode servir de pretexto para se pensar que é perfeito ou isento de erros.

Então Lutero errou?

Sim, nesse aspecto, certamente errou!

Em sua concepção posterior, 20 anos após a Reforma, Lutero adquiriu um pensamento distorcido sobre os judeus, mas isso não põe em cheque as suas ações iniciais sobre a Reforma. Na verdade, os princípios adotados pela igreja Reformada devem ter por base a Escritura Sagrada. Assim sendo, sempre que alguém desejar buscar a verdade entre o cristianismo verdadeiro e o catolicismo romano deve buscar nas páginas da Sagrada Escritura – A Bíblia, e não nas 95 teses, pois um dos princípios da própria Reforma é Sola Scriptura, ou seja, somente a Bíblia é inspirada, infalível, inerrante e suficiente. As 95 teses foram um escrito que expuseram erros do catolicismo romano, mas nunca foram tratadas como inerrantes, infalíveis, inspiradas ou suficientes para a vida cristã.

Se por um lado Martinho Lutero teve o seu valor como Reformador Protestante, por outro não podemos atribuí-lo o título de infalível nem inerrante. Quem faz isso são os católicos acerca do papa. Na igreja reformada não temos papa, apenas o Senhor.

Portanto, mais uma vez, não se pode julgar os princípios da Reforma com base nos erros de um homem. Os princípios devem ser julgados à luz da Bíblia Sagrada. Então, nesse aspecto, discordamos de Martinho Lutero e reconhecemos isso publicamente, diferentemente do catolicismo romano que continua a encobrir os erros da própria religião.

Utilizar os erros de Martinho Lutero para rejeitar os princípios bíblicos da Reforma é uma insensatez e válvula de escape que beira a desonestidade, porque – como já foi dito – os princípios da Reforma devem ser julgados a luz da Bíblia Sagrada e não a luz das ações de Lutero ou de qualquer outro reformador.

Jan Willem van der Hoeven [3] nos apresenta a seguinte explicação, em seu artigo [4]:

Portanto, em seus últimos anos de vida, Martim Lutero pode ter abortado o efeito da Reforma que ele mesmo havia iniciado, por causa de seu ódio e de seus discursos amargos contra o mesmo povo que nos legou as Escrituras, que trouxe ao mundo os apóstolos e profetas e através do qual veio até nós o Messias – Jesus, nosso Senhor.
Tudo isso é extremamente triste e deve nos servir de alerta, pois o que ocorreu a um homem tão poderosamente usado por Deus pode acontecer com qualquer um de nós, no que se refere aos judeus – o povo de Deus.
Lutero deveria ter prestado mais atenção às palavras de Paulo em sua Epístola aos Romanos (como todos nós devemos), que ele conhecia tão bem: "Pergunto, pois: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? De modo nenhum! [...] Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo..." (Romanos 11.1,25-26).
Portanto, talvez a arrogância e a cegueira que se verificam nos dias de hoje em relação ao plano e propósito final de Deus para com Seu povo, os judeus, sejam piores que a cegueira e o anti-semitismo da maior parte dos membros da igreja no passado, inclusive de Lutero, pois, enquanto eles viveram no período da dispersão dos judeus, nós vivemos no período da reunião de Israel.

Agora, se os católicos utilizam como argumento os erros de Lutero para reprovar e comprometer a Reforma Protestante, deveriam rejeitar o catolicismo também, pois se Lutero errou, e errou mesmo, o catolicismo romano tem errado muito mais no decorrer de séculos com este mesmo povo, os judeus.

Em um artigo que escrevei há alguns anos atrás, intitulado “Pio XII, O Papa Anti-semita de Hitler” [5] isto fica bastante claro.

O pesquisador e escritor John Cornwell [6] disse o seguinte:

Hitler declarou, escrevendo para o Partido nazista, em 22 de julho: "O fato de o Vaticano estar concluindo um tratado com a nova Alemanha significa o reconhecimento do Estado nacional-socialista pela Igreja católica. Esse tratado comprova para o mundo inteiro, de maneira clara e inequívoca, que a insinuação de que o nacional-socialismo é hostil à religião não passa de uma mentira [7].

Quatro dias após ser eleito papa, Pacelli, envia uma carta à Adolf Hitler, com o seguinte conteúdo:

Ao Ilustre Herr Adolf Hitler, Führer e chanceler do Reich Alemão! No início de nosso pontificado, desejamos lhe assegurar que permanecemos devotados ao bem-estar do povo alemão, confiado à sua liderança. (...) Durante os muitos anos que passamos na Alemanha, fizemos tudo ao nosso alcance para consolidar relações harmoniosas entre a Igreja e o Estado. Agora que as responsabilidades de nossa função pastoral aumentaram as oportunidades, rezamos com muito mais fervor para alcançar esse objetivo. Que seja uma realidade a prosperidade do povo alemão e seu progresso em todas as áreas, com a ajuda de Deus! [8]

Então, diante dos fatos históricos documentados, se torna no mínimo curioso o fato de alguns questionarem as raízes bíblicas do Protestantismo quando desconhecem os fatos acerca, por exemplo da santa Inquisição, que assassinou 60 mil pessoas no ano de 1209, em Beziers (França); queimou 400 pessoas vivas no ano de 1211, em Lauvau (França); assassinou 10.200 protestantes entre os anos de 1420-1498, sob o comando do frade Torquemada; matou cruelmente 31.912 cristãos, martirizou 291.450 pessoas e baniu 2.000.000 de seres humanos da Espanha; matou 50.000 cristãos entre os anos de 1500 e 1558, sob o comando de Carlos V; exterminou 100.000 anabatistas entre os anos de 1566 e 1572, a mando de Pio V; assassinou covardemente 70.000 protestantes franceses em uma única noite, em 24 de agosto de 1572, sob as ordens de Gregório XIII; eliminou 200.000 hugenotes no ano de 1590 e exterminou cerca de 15.000.000 de pessoas entre os anos de 1578 e 1637, sob o comando de Fernando II.

E, o que dizer – então – de uma religião que é capaz de organizar um exército de elite chamando-os de missionários evangelizadores, catequizadores membros da “Companhia de Jesus” (Jesuítas), cujos membros estão dispostos a fazer o seguinte juramento:

Prometo ensinar a guerra lenta e secreta contra os protestantes e maçons... queimar vivo esses hereges, usar o veneno, o punhal ou a corda de estrangulamento. ..farei arrancar o estômago e o ventre de suas mulheres e esmagarei a cabeça de seus filhos contra a parede, a fim de aniquilar a raça!...Se eu for perjuro, as milícias do papa poderão cortar meus braços e minhas pernas, degolar-me, cortando minha garganta de orelha a orelha, abrir minha barriga e queimá-la com enxofre, etc.! – Assino meu nome com a ponta deste punhal molhado no meu próprio sangue. [9]

Com tudo isso, podemos extrair várias lições que poderão nos servir para a vida, mas dentre elas a mais importante é esta: Sempre alicerce as suas convicções naquilo que a Escritura Sagrada disser. Se algum homem falar de acordo com o Texto Sagrado, o seu escrito deve ser respeitado, mas se falar aquilo que a Escritura não diz deve ser rejeitado imediatamente.

Portanto, somos gratos a Martinho Lutero pelo que ele fez de bíblico, mas rejeitamos qualquer ensino ou prática que esteja em desacordo com a Sagrada Escritura, a Bíblia.

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1. A Vida de Martinho Lutero. Disponível em: . Acesso em 04 jan 2013.
2. Martinho Lutero: That Jesus Christ was born a Jew [Que Jesus Cristo Nasceu Judeu], reimpresso em Frank Ephraim Talmage, ed. Disputation and Dialogue: Readings in the Jewish-Christian Encounter (Nova York: Ktav/Anti-Defamation League of B’nai B’rith, 1975), p. 33.
3. Jan Willem van der Hoeven é diretor do International Christian Zionist Center.
4. Por Que Lutero Tornou-se um Anti-Semita?. Disponível em: . Acesso em: 04 jan 2013.
5. Pio XII, O Papa Anti-semita de Hitler. Disponível em:
6. CORNWELL, John. O Papa de Hitler. Imago, 2ª Edição, pág. 147.
7. SCHOLDER, K. The Churches and the Third Reich. Vol. 1, 1933, págs. 488-522.
8. Actes et Documents Du Saint Siège reletifs à La Seconde Guerre Mondiale (Atas e Documentos da Santa Sé relativos à Segunda Guerra Mundial), Vaticano, 1965-1981. Ii, pág. 420.
9. Congregacional de Relatórios. pág. 3262.

Sobre o Autor: Robson Tavares Fernandes é casado com Maria José Fernandes e pai de Isabela. É Pastor auxiliar na Igreja Cristã Nova Vida em Campina Grande, onde lidera a Secretaria de Ensino. Graduado em Teologia pelo STEC e pelo IBRMEC e Mestrando em Hermenêutica e Teologia do Novo Testamento pelo Betel Brasileiro. Tem se dedicado desde 1998 ao ensino e pesquisa na área de Hermenêutica, Apologética, História, Teologia e Fé e Ciência. É escritor e co-autor do livro “Apostasia, Nova Ordem Mundial e Governança Global” (em co-autoria com Augustus Nicodemus Lopes, Russell Shedd, Norman Geisler, Uziel Santana e Norma Braga). Professor de Teologia e Apologética e um dos fundadores da VINACC, tendo feito parte da primeira diretoria e posteriormente servido como pesquisador e consultor teológico.

Dica do Rev. Solano Portela, via Facebook.
Quem é Deus?
 
Por Rev. Josafá Vasconcelos

Geralmente se tem por certo que todos conhecem a Deus. Mas isso não corresponde à realidade. A ideia que as pessoas tem de Deus é completamente distorcida e parcial. Primeiro por falta de informação e conhecimento, tira-se conclusões apressadas baseadas apenas na sabedoria popular. Embora possuamos o que Calvino costumava chamar de "sensus divinitat", isto é, um senso inato de que há um Deus e que podemos ter um certo conhecimento Dele através do que nos revela a natureza, a ponto de sermos inescusáveis, o pecado afetou nossa mente de tal forma que não somos mais capazes de ter uma compreensão correta a respeito Dele por nós mesmos. Para falar a verdade, nem somos dignos de cogitar a respeito de Deus ou, de modo atrevido, perscrutá-lo. Deveríamos tremer só de pronunciarmos o Seu Santo Nome, quanto mais de termos o desplante de sondá-lo; quem somos nós? Somos todos como aqueles cegos da fábula oriental que foram levados para saber como era um elefante. Começaram a tatear as partes do paquiderme e anunciavam suas conclusões: o primeiro, apalpando a tromba, gritou: "o elefante é como uma grande serpente!", o segundo abraçando uma das pernas replicou: "não, é antes como um grosso tronco de árvore!", e o terceiro, fazendo deslizar as mãos pelos lados do imenso animal, retrucou: "É como uma parede ambulante!". Assim, uns dizem: "Deus é amor!", outros: "Deus é Luz!", e ainda "Deus é verdade!", mas sempre de forma parcial. Se desejamos ser salvos, precisamos conhecer a Deus. Jamais teremos conhecimento correto da salvação tendo noções distorcidas do Deus que salva. Então, qual seria a descrição confiável do Criador? Como saber com Ele é? Jamais saberíamos se Ele mesmo não quisesse graciosamente Se revelar. Felizmente Ele quis e o fez, condescendendo com a nossa humílima condição, até onde podíamos alcançar, Deus se revelou nas Escrituras! É através do Santo Livro, a Palavra de Deus, que podemos, de forma correta, saber quem Deus é.

Contudo, é bom que saibamos desde já que nunca seremos capazes de compreendê-lo devido à Sua incomensurável grandeza. Somos criaturas finitas e jamais abarcaremos o infinito. Somos criaturas, Ele é o Criador! A Bíblia diz que "Ele habita em luz inacessível onde homem algum jamais penetrou..." (I Tm 6:16). Mas de forma alguma se trata de um deus como o concebem os deístas, ausente e totalmente alheio às suas criaturas e ao destino delas. O Deus da Bíblia é um Deus imanente, que se compadece, age na vida dos filhos dos homens e habita com eles: "Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos" (Is 57:15).

A Confissão de Fé de Westminster, documento de doutrina importantíssimo das Igrejas Reformadas, escrito pelos puritanos do século XVII, homens piedosos, distinguidos por sua fidelidade às Escrituras, faz a seguinte afirmação a respeito de Deus:

"Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo segundo o conselho de sua própria vontade, que é reta e imutável, e para a sua própria glória. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro galardoador dos que o buscam; é, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado e de modo algum terá por inocente o culpado".

Isto corresponde exatamente ao que a Bíblia ensina a respeito de Deus.

Observe bem esta frase: "completamente livre e absoluto, fazendo tudo segundo o conselho de sua própria vontade que é reta e imutável..." Lembre-se, nós estamos falando de um DEUS! Às vezes, não nos damos conta disso, estamos vivendo uma época tão soberba que parece que Deus é um igual, se não, pelo menos de alguém superior, mas que tem de prestar conta de seus atos. Como se dissessem: "nós permitimos que você exista, desde que seus atos como Deus estejam dentro dos nossos padrões de justiça! Queremos que você seja uma Deus de amor e respeite nosso livre arbítrio". Aliás, foi exatamente isso que Erasmo de Roterdã, um teólogo católico humanista, disse a Lutero numa discussão que travaram sobre a doutrina bíblica da Eleição. Erasmo, defendendo o livre arbítrio, disse a Lutero: "Deixa Deus ser amor! Ao que Lutero, defendendo a livre e soberana vontade de Deus em escolher os seus, respondeu: "Deixa Deus ser Deus!". Quando o apóstolo Paulo, defendendo a mesma doutrina em Romanos capítulo 9:8-24, responde a uma suposta objeção ao direito de Deus ter misericórdia de quem lhe aprouver ter misericórdia e compaixão que quem lhe aprouver ter compaixão, responde: "Mas, ó homem, que és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou, por que me formaste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?". Seria mais ou menos se o dono de uma cerâmica recebesse, por parte das latrinas, uma reclamação formal pelo fato de não terem sido pratos! Ainda que tenham sido feitas com esmero, perfeitas e brilhantes! Ainda que tenhamos sido criados à imagem e semelhança de Deus, não passamos de criaturas. É bobagem essa estória de que fomos criados para fazermos o que quisermos, dotados de livre arbítrio e tudo mais, isso não é verdade. Fomos criados para obedecer a Deus, ser aquilo para o qual fomos criados e fazer o que Ele planejou que fizéssemos: "glorificar a Deus e goza-lo para sempre". O que Deus formulou para o homem no paraíso não se tratou de uma opção soberana de escolha concedida a ele entre pecar ou obedecer, ao contrário, era obedecer ou obedecer, pecar seria a morte!

Gostaria também de destacar a palavra "santíssimo" e o parágrafo final da Confissão: "é contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia o pecado e de modo algum terá por inocente o culpado". Você já havia pensado neste aspecto considerando a pessoa de Deus? Admitimos facilmente que Ele é santo sem nos apercebermos das sérias implicações disso, contudo há sérios problemas para pecadores como nós no fato de Deus ser santo! Se Ele é santo, terá que ser justo, odiar o pecado e não ter por inocente o culpado! A Bíblia nos relata a visão que Isaías, um santo profeta, teve da glória de Deus: "No ano da morte do rei Usias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, toda terra está cheia de sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio de homens de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!". A visão é gloriosa e nos dá um vislumbre do que é a glória de Deus. Os Serafins, criaturas santas que assistem constantemente na presença de Deus, temem a Sua santidade. Está escrito: "Eis que Deus não confia nem nos seus santos; nem os céus são puros aos seus olhos" (Jó 15:15), eis a razão porque tinham seis asas. Com duas cobriam o rosto e com duas cobriam os pés. Isto é um símbolo que significa reverência para com a santidade de Deus. Estes seres celestiais, criados em pureza, não são achados dignos e nem mesmo podem suportar o esplendor da glória que refulge na face daquele que está sentado no trono; têm que cobrir o rosto, têm que cobrir os pés; as asas designadas para voar significam a presteza que devem ter para cumprir as suas ordens e não podem dizer outra coisa senão: "Santo! Santo! Santo! É o Senhor dos Exércitos!". Que pureza! Que glória! Que santidade! Deus habita em luz inacessível, onde homem algum jamais penetrou! Todos os homens que tiveram apenas um vislumbre de Sua glória caíram como mortos! "Mas o SENHOR Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno; ao seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação" (Jr 10:10).

- Sobre o autor: Josafá Vasconcelos é Pastor da Igreja Presbiteriana da Herança Reformada em Salvador; foi Presidente do Presbitério da Bahia; conferencista reformado no Brasil e exterior; foi membro da Comissão de Evangelização da Igreja Presbiteriana do Brasil. Autor e tradutor de diversos artigos publicados na revista Os Puritanos e dos livros: "Nada se Acrescentará" e "O Outdoor de Deus".

Fonte: Editora Fiel
Anteparo contra a verdade.
 
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Por Norma Braga


Todo comportamento está escorado por um conjunto de crenças; todo modo de agir se reporta a uma cosmovisão específica, seja declarada, seja inconsciente. E as cosmovisões não surgem no vácuo, mas são parte do tecido de ideias que sustenta determinada sociedade. Ninguém é um núcleo absolutamente original e imprevisível de pensamentos; sempre reproduzimos em alguma medida as ênfases de nosso tempo. Essas percepções me parecem estar desaparecendo das mentes contemporâneas, à medida que a descontinuidade ganha terreno sobre a continuidade e oferece a sensação de que é impossível um desenho nítido do que vivemos.

Assim, um dos maiores problemas de nossa época é que as pessoas se acostumaram a um afrouxar de laços entre o crer e o agir. Não sabem mais no que creem e por quê, e não sabem o que as motiva em suas decisões práticas. A proliferação de analistas parece ter coincidido com o abandono de um autoexame informado culturalmente: buscam soluções tão individualizadas, tão personalistas, que perdem de vista o todo que poderia fornecer-lhes explicações para esse estado de divisão interior. Embriagadas da ilusão romântica (Girard), esquecem-se de que são seres de imitação.

Um dado que me parece óbvio nesse quadro é que as crenças partilhadas, hoje, são de fato desconectadas da realidade, tão incapazes de escorar ações efetivas no mundo que passam a compor apenas uma atmosfera indiscernível, uma bruma difusa, que só obscurece o caminho em vez de apontar direção. Acreditar que a moralidade é relativa mas continuar vivendo de modo compatível com a existência do bem e do mal (porque não se pode viver de outro modo, a não ser como sociopata) é um dos exemplos mais recorrentes dessa dissociação. A frequência com que o discurso nega a vida é tão grande que o pensar não só deixa de acompanhar a experiência, mas a atomiza ainda mais.

E há outro exemplo que nos diz respeito diretamente. Você fala a alguém de sua fé em Cristo e narra algum fato miraculoso ou extraordinário relacionado a sua fé, e imediatamente seu interlocutor proclama com seus botões, ou até em alta voz, que você só pode ter um parafuso a menos. Porém, ao mesmo tempo, nada em seu comportamento ou suas atitudes mudarão em relação a você. Em 99% das vezes, você continuará sendo, aos olhos dele, uma pessoa amiga e confiável. A presumida "loucura" que ele lhe imputa, nesse caso, é operacional e só funciona para que se mantenha a salvo da ameaça da crença.

Eis a marca de nossos dias: antes, as cosmovisões davam identidade, ainda que uma identidade idólatra e inconsistente; hoje, foi dado um passo para trás: o relativismo engole toda possibilidade de um posicionamento público que esteja de acordo com a cosmovisão, persistindo, como forte anteparo, contra qualquer tentativa de organizar mentalmente o real. Lamentamos essa situação, mas ao mesmo tempo podemos nos indagar se um mecanismo que se afigura claramente como proteção contra a verdade não seria mais fácil de desmascarar, já que resulta (ou deveria resultar) em maior desconforto existencial. Por outro lado, assusta que nossos contemporâneos se mostrem tão voluntários em preferir a ilusão e permanecer nela, ainda que em tudo se assemelhe de fato ao que é: uma ilusão.

Só Deus poderá nos comunicar com eficácia as reações adequadas aos desafios que a igreja está prestes a enfrentar nesse novo século. Estejamos atentos.

Por que relutamos em pregar o evangelho?
 
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Por Pr. Charles Melo


Jerram Barrs, em seu livro “A Essência da Evangelização” (Editora Cultura Crtistã) demonstra que, em geral, somos relutantes para pregar o evangelho às pessoas. É fácil perceber isso. Procure se lembrar agora da última vez em que a igreja foi convocada a evangelizar o bairro. Quantas pessoas participaram? Qual a porcentagem da igreja que se envolveu no projeto? Procure se lembrar de quando foi oferecido curso de evangelismo na igreja. Quantas pessoas mostraram interesse? Apenas uns quatro ou cinco. Isso é ou não é relutância?

O nosso problema é que nossa relutância não combina com a natureza das obras de Deus para alcançar os pecadores. Deus não é relutante em perdoar pecados e em salvar pecadores aos quais ele amou soberanamente. Ele, pela sua graça, escolheu, antes da fundação do mundo, os alvos de seu bem-querer, enviou seu Filho para morrer no lugar deles, enviou o Espírito Santo para, em ocasião própria, chamar de forma eficaz os seus amados das trevas para a luz, derrotou o inimigo que antes escravizava e consumará a obra de salvação no último dia para o louvor da glória da sua graça, ressuscitando os que já partiram com Cristo e transformando os que estiverem vivos quando Jesus voltar.

Deus não é relutante, mas a igreja o é. Quando Jesus ascendeu às alturas, disse que os discípulos seriam suas testemunhas em Jerusalém, na Judéia, em Samaria e até os confins da terra (At 1.8). No entanto, a igreja só se espalhou quando ocorreu a dispersão em consequência da terrível perseguição chefiada por Saulo. Assim o evangelho chegou a Samaria e outras partes do mundo. Mas por que precisaram de uma perseguição para sair pregando o evangelho? Bastava obedecer à ordem de Cristo. Deus não é relutante em espalhar a mensagem do evangelho. Você já reparou como o Senhor conduziu cada passo de Filipe até que ele pregasse ao eunuco? (At 8.26,27). O problema da igreja de Jerusalém naqueles dias é o mesmo do nosso hoje: a relutância em pregar, talvez por timidez, vergonha, tipo de personalidade, culpa paralisante, mas a razão verdadeira é que somos pecadores e sujeitos a esse tipo de torpor espiritual. Deus não quer que sejamos relutantes no cumprimento da sua missão de encher a terra com a sua glória.

É hora de percebermos que a relutância em evangelizar é absolutamente incompatível com a graça do evangelho! Pensemos na beleza do evangelho. Ele é o poder de Deus em operação para a salvação de todo o que crer, independente da nacionalidade. É Deus tomando a iniciativa de ir atrás do pecador morto em seus pecados e incapaz de se aproximar, envolvendo-o com seu Espírito vivificador, que lhe dá compreensão da magnitude da obra redentiva realizada por Cristo na cruz do Calvário. Poder participar do processo de salvação de uma pessoa é um privilégio! Então não sejamos relutantes. Sejamos prontos a atender ao mandamento do Senhor de sermos sal e luz neste mundo mergulhado em trevas e sem sentido. Ore, use a Bíblia, seja claro ao dizer o que Deus fez para nos salvar do juízo, ajude seu próximo a refletir sobre sua vida com Deus, use a sua maneira de viver como testemunho poderoso da obra de Deus.

Concluindo, longe de nós a relutância para evangelizar. Preguemos, não movidos por sentimento de culpa ou por constrangimento, mas pela alegria de ser cristão, que é a melhor coisa do mundo. Sejamos relutantes, mas apenas em desobedecer a Deus. Que a sua graça esteja sempre sobre nós!

Narcisismo “Gospel”
 
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Por Marcelo Milazzo

Quem já ouviu falar de Narciso? Pois é! De acordo com a mitologia greco-romana, Narciso foi um jovem que, por causa de uma maldição, se apaixonou pela própria imagem refletida na lagoa de Eco. A admiração pela própria imagem fazia Narciso pensar que era semelhante a um deus! Em sua mente, tudo girava em torno de sua beleza!

Parece-me que hoje, cada vez mais, as pessoas são encorajadas a olharem para si mesmas com os olhares de Narciso! Impressiona-me, por exemplo, como tudo gira em torno de entretenimento! Vale tudo para fazer as pessoas se sentirem bem, alegres e felizes, mesmo que isso aconteça às custas da realidade! Além disso, existe entre nós uma espécie de existencialismo barato, que faz com que o mundo em que vivemos seja o mundo da autoajuda e do estilo de vida baseado na busca pelo prazer, o que muitos confundem com felicidade. O problema é que a moda pegou, e pegou muitos cristãos! Sim, os cristãos têm acreditado nessa mentira e, junto com os ímpios, fazem coro dizendo que “o que importa é a minha felicidade e nada mais”! Você já parou para ouvir os cânticos da moda? Já percebeu como eles disfarçadamente colocam o homem e suas necessidades no centro, ao invés da obra e pessoa de Cristo? Você já entrou numa livraria evangélica e viu quantos títulos existem tratando de autoajuda? O que dizer, por exemplo, da liturgia de algumas igrejas, que incentiva a sensualidade e a extravagância? E as pregações que tratam de “5 passos para felicidade” ou “8 passos para uma vida de sucesso”? Meus irmãos, a velha mentira (de que seríamos como deuses) faz mais parte da nossa realidade do que imaginamos!

Um antídoto contra o narcisismo gospel!

Deus nos fez para A Sua glória! (Is 43.7)

Ele é a medida de todas as coisas! Tudo o que existe, existe para que Ele seja magnificado e glorificado! Nada foge deste propósito! Assim, precisamos entender que não somos o centro do universo! Não nos bastamos! Não estamos aqui para encontrar a felicidade! Aliás, nenhuma perspectiva pode ser mais egocêntrica do que esta! Imagine que, harmoniosamente, todas as coisas no universo declaram a glória do grande Deus! Agora imagine que o homem, ao contrário de toda a criação, insiste em perceber o mundo a partir de si mesmo! Se Deus é incomparável e de valor inigualável, não percebê-lo como fonte e centro de toda a existência seria uma prova de imenso egoísmo.

A Bíblia não é um livro de autoajuda (2 Pe 1.19-21)

A Bíblia não é uma caixinha de promessas! A Bíblia não é uma espécie de amuleto ou tarô gospel, onde as pessoas, aleatoriamente (e misticamente), buscam uma palavra mágica! A Bíblia não é um livro de autoajuda comprometido com a minha satisfação e autoaceitação! Ao contrário, a Bíblia é a revelação de Deus, comprometida com a glória dEle! Na Bíblia, Deus revela a si mesmo (sozinhos não poderíamos compreendê-lo) a homens pecadores! Dessa forma, a Bíblia deve ser entendida como um todo, um todo que revela a Glória de um Deus que escolheu, por graça, redimir um povo por meio do Seu Filho. Assim, pregações como “5 passos para o sucesso” ou até “atitudes que liberam a benção” não fazem o menor sentido biblicamente, porque removem a pessoa e obra de Cristo do centro (ainda que textos bíblicos sejam usados) e colocam o homem! Portanto, nos coloquemos diante do Livro dos livros, entendendo que Deus é glorificado quando nós conhecemos e reconhecemos a Sua glória revelada em cada página dele! E sabemos que isto está acontecendo quando o resultado da nossa leitura bíblica nos faz estimar mais a Cristo e menos a nós mesmos!

Precisamos de uma perspectiva correta de nós mesmos! (Sl 139.13,14)

Preciso entender que o fato de ter sido criado à imagem e semelhança de Deus não me dá nenhuma prerrogativa para autoglorificação ou autogratificação! Muitas pessoas têm entendido esta cara doutrina de maneira equivocada! O fato de termos sido criados de forma admirável e assombrosa, aponta para a magnitude do Criador e não para a nossa, visto que todas as coisas têm como objetivo revelar a glória de Deus! Portanto, ao invés de dizer “amem-se” ou “valorizem-se”, o discurso deveria ser “valorizem a Deus por aquilo que vocês são, colocando à disposição dEle seus dons e talentos”! Percebe? Não precisamos nos sentir bem conosco mesmos! Precisamos é reconhecer que Deus já nos deu tudo o que precisamos em Cristo, e que se precisamos nos sentir bem conosco mesmos para sermos felizes e tudo o mais, estamos reconhecendo que estas coisas estão em nós e não em Cristo!

Fonte: Blog Fiel

IGREJA EMERGENTE OU DECADENTE

Por Samuel Torralbo
Dentro do cenário religioso evangélico brasileiro, algumas mudanças substanciais começam a se tornarem evidentes, como por exemplo, o crescimento do neopentecostalismo, e das igrejas conhecidas como emergentes.
Em síntese o neo pentecostalismo propõe – 1) Mudança no relacionamento entre a liderança e os liderados (onde o líder não é mais uma figura burocrática ou inacessível), mas antes, a figura do líder se torna uma espécie de viabilizador ou promotor de projetos (sua autoridade eclesiástica objetiva as soluções imediatas de problemas dos liderados); 2) Nova interpretação na aplicação do poder do Espírito Santo (o cristão não busca mais o poder do Espírito Santo para vencer o pecado, viver em santidade ou manter a comunhão com Deus, mas o poder do Espírito Santo viabiliza o bem estar, conforto e prosperidade material); 3) Relativizar a importância da teologia bíblica na vida cristã, enquanto que, se valoriza a experiência pessoal como a uma regra de fé (normalmente o líder se torna uma pessoa iluminada que detém poderes supra humanos, onde exerce uma espécie de sacerdócio mediador entre Deus e o liderado); 4) Descaracterizar a busca pelo genuíno avivamento bíblico (prática comum nas igrejas pentecostais e tradicionais), enquanto que, se cultiva a crença, de que, a espiritualidade e consequentemente o avivamento bíblico, encontra-se diretamente condicionada e relacionada a prosperidade e ao sucesso material.
A teologia mais comum entre as igrejas neopentecostais é a teologia da prosperidade, que pavimenta toda expressão doutrinaria e comportamental dos seus adeptos e liderança.
Enquanto que, as igrejas neopentecostais em sua grande maioria é fruto de lideranças que romperam com as igrejas pentecostais históricas, o que consequentemente carrega consigo a influencia do pentecostalismo histórico, outras igrejas emergentes em sua grande maioria é fruto de uma nova liderança que surge dentro do contexto da pós-modernidade, sem nenhum lastro com igrejas históricas.
Em síntese as igrejas emergentes propõe – 1) A contextualização da Igreja na pós-modernidade (onde eventualmente se observa a deturpação da doutrina ortodoxa, em favor de novos modelos e modismos); 2) Focar o individuo com suas necessidades e ansiedades (podendo correr o risco de secularizar os preceitos eternos de Deus, em beneficio do individuo); 3) Contrariar o modelo da igreja histórica (não fazendo distinção entre aquilo que é saudável e as coisas que precisam melhorar no cristianismo histórico); 4) Uma nova opção para indivíduos contrariados ou desgostosos com as igrejas institucionalizadas, juntamente com uma nova proposta de comunidade cristã isenta dos mecanismos “pesados” da institucionalização eclesiástica.
A teologia mais comum entre as igrejas emergentes é uma teologia relativista ou liberal que busca se ajustar de acordo com as circunstâncias e conveniências das demandas humanas.
Segundo, John Macarthur: “No movimento da Igreja Emergente, a verdade (seja qual for o grau de reconhecimento desse conceito) é admitida como algo inerentemente obscuro, indistinto, incerto e, em última análise, talvez até incognoscível”. (JOHN MACARTHUR, 2010, p. 10)
Conteúdo, o autor Dan Kimball afirma que “reconhece que há vozes dissonantes dentro do movimento, e faz distinção entre igrejas emergentes e igrejas que estão emergindo. Seja como for, sua abordagem corrobora a ideia de que existem pelo menos duas facções dentro do movimento. As igrejas emergentes, neste caso, seriam caracterizadas por uma teologia liberal e liderança descentralizada, enquanto as igrejas que estão emergindo (ou emergentes conservadoras), embora nutridas do mesmo desejo de alcançar a geração pós-moderna, são culturalmente liberais, mas possuem uma doutrina ortodoxa, fazendo clara distinção entre evangelho e cultura”.
De modo que, a proposta de reflexão sobre os rumos e mudanças característicos da pós modernidade, e como que, a Igreja de Cristo Jesus pode continuar influenciando e alcançando as pessoas através do evangelho, é saudável e importante. Porém, desconsiderar tudo aquilo que a igreja de Jesus já realizou até o presente momento, e ainda acreditar que podem descobrir novas fórmulas mágicas, ou um novo modelo ideal de igreja no Século XXI, é no mínimo uma demonstração de ingenuidade ou insanidade por parte daqueles que acabam cultuam formatos e fórmulas, ao invés de continuarem se rendendo e promovendo o que trouxe a Igreja de Cristo Jesus até aqui – O Evangelho.
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Samuel Torralbo é teólog e parceiro do Púlpito Cristão.

Julgando os críticos ou criticando os juízes?


Por Jonara Gonçalves
Tem sido extremamente intrigante a forma como se tem atacado os chamados “críticos”. Toda vez que encontramos algo em desacordo com a biblia e protestamos, somos criticados por julgar ou somos julgados por criticar. É uma questão de lógica: Quem julga quem critica, logo, é um juíz. E quem critica o que julga, logo, é um crítico.Somos sempre barrados com as mesmas respostas:
“ – Cuidado! Não fale do ungido de Deus!” (Como se nós não fôssemos ungidos, ou seja, eles julgam que não somos ungidos).
“ – Não fale dessa forma, pois isso é falar contra o Espírito Santo, o que é blasfêmia, e este pecado não tem perdão.” (Esta bate o record! Eles creem que todo mover “retetense” é do Espírito, e julgam que blasfemamos).
“ – Você não tem mais o que fazer? Vai cuidar da sua vida e pare de falar dos outros!” (Dá vontade de rir! Ora, quem tem muito o que fazer, não tem tempo pra ler o texto do blog, nem para falar da vida “desocupada” do autor).
“ – Eu creio que Deus age como quer e quando quer. Por isso não julgo!” ( Uai! Subentende-se que somos uns néscios sem discernimento, porque “julgamos” não ser de Deus algo que procede dele. Além disso, eles julgam que Deus age como quer, mesmo que para isso ele tenha que conflitar com a sua própria Palavra).
Estas são algumas de várias respostas que recebemos, e todas com o mesmo denominador comum: Somos aqueles que temos o tal “ministério da crítica” e deveríamos cuidar de nossas vidas, deixar de julgar os “movimentos espirituais” e os “ungidos” de Deus. Mas será que a coisa é mesmo assim?
Em 1 Coríntos 6.2-3, Paulo nos respalda afirmando que se iremos julgar os anjos, quanto mais as coisas deste mundo!
“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois, porventura, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?”
Ele também nos ensina que quando somos julgados é porque somos repreendidos pelo Senhor para não sermos condenados com mundo:
“Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.”(1Co 12:33)
Mas creio que tais versículos não foram lidos ainda por muitos. Aliás, a Primeira Epístola aos Coríntios, aquela que fala da ordem nos cultos, do ensinamento sobre os dons e sobre a permissão de julgar, está desaparecendo das bíblias modernas.
A bíblia também ensina que além do dom de discernir os Espíritos (1Co 12:10), temos um discernimento próprio vindo da Palavra Viva e Eficaz de Deus, que nos faz saber tanto as intenções do coração, como o bem e o mal. (Hb 4:12; 5:14)
Com base em tudo o que é bíblico, e já com meu “ministério de crítica” a flor da pele, deixo aqui minhas críticas aos que me julgam e meus julgamentos aos que me criticam: Eles que se dizem tão santos, mas que nem ao menos são capazes de discernir os espíritos, a lógica dos dons e heresias pregadas, estão cegados pelo ilusionismo, ensurdecidos pelos gritos, mantras e euforias de um culto irracional. E assim, cegos, surdos e iludidos, sequer podem compreender o absurdo das suas premissas, caindo em óbvia contradição, julgando os críticos e criticando os juízes.
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Jonara Gonçalves é Bacharel em Teologia, missionária e edita o blog Mulher Adoradora
Via: Púlpito Cristão
O QUE LEVA UMA PESSOA QUE DIZ CRER EM JESUS A FAZER UMA IMAGEM DE ESCULTURA DE SI MESMA?


O QUE LEVA UMA PESSOA QUE DIZ CRER EM JESUS A FAZER UMA IMAGEM DE ESCULTURA DE SI MESMA?
O assunto em questão não me gera interesse, normalmente. Mas, neste caso, chama a atenção, em meio a um turbilhão de outras loucuras, pelo nível do surto narcisístico do cantor pastor artista boneco de si mesmo.
Nem o Papim Ciço admitiria que se fizessem réplicas industriais de si mesmo a fim de serem vendidas pela venda em si mesma. Ou seja: para erótico-infantilizar as fãs.
O que me assusta é o nível de doença psicológica e espiritual. Neste caso a doença espiritual, o Narcicismo [que é uma disfunção de natureza querubínica, segundo o proféta Isaías] precedeu tudo, pois, mesmo que se apenas na superficialidade, a alma experimenta qualquer coisa de Jesus, quando se entrega ao culto de si mesma em nome de Jesus, o aprofundamento da necessidade psicológica de idolatria, é profunda.
A Síndrome de Lúcifer é o que está em curso. E, neste caso, tem contornos de grotesca ilustratividade!
Também se pode ver o que o ambiente mágico/pentecostal/evangélico associado a uma vida de sonhos e aspirações de grandeza estimulados pela teologia endêmica da prosperidade [...] produz numa pessoa que, além de tudo, pense que ser alguém, é ser rico e famoso.
Minha oração não é pelo boneco, que é como o pastor cantor se trata e se retrata. Mas sim por alguma pessoa que por trás dessa bonecalização ainda lateje..., pedindo eu a Deus que o leve a se enxergar; e a ver o mal que faz a si mesmo; e a tantos outros, os quais ficam mais doentes do que os próprios ídolos aos quais cultuam.

Caio
13 de janeiro de 2013

Leia e veja a matéria:

Entre meteóros e a Esperança...



Rev. Marcelo Lemos

É interessante observar como o coração da fé cristã sempre se mantém, ainda quando nós cristãos não conseguimos concordar com todos os detalhes sempre. A Segunda Vinda, por exemplo. Minha mãe e meu pai acreditam que ela provavelmente se dará nos próximos anos, e que talvez ainda estejam vivos para ver; por outro lado, estou convencido de que isso provavelmente não acontecerá tão cedo, e que algumas centenas de anos, talvez mais, ainda estejam por vir. Fora isso, eles e eu aguardamos a mesma coisa!

Sobre o Reinado de Cristo acontece algo semelhante: até mesmo os chamados “amilenistas” acreditam em um Reino, e seu nome [“a-milenismo”, sem milênio] se refere a uma negação da literalidade deste Reino, e não da sua existencia, com alguns erroneamente pensam. Todo cristão acredita no Senhorio de Cristo sobre tudo e todos, inclusive sobre as nações. Qual a natureza desse Reino? Quando ele começa? Quais as suas implicações? São nesses detalhes que começam as divergências.

Vamos tomar Daniel 7. 13-14 como exemplo.

“Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha com as nuves do céu um como filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e foi apresentado a ele. E foi lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído!”.

Praticamente todo cristão aceitará que o profeta fala do Reino de Cristo. Mas não é assim tão simples, pois é preciso responder uma ou duas questões: Quando começa esse Reino? No tempo da Primeira Vinda, ou milhares de anos depois, talvez em 2013, 2014...?

O entendimento mais corriqueiro nos diz que Daniel está profetizando a Segunda Vinda de Cristo, que pode acontecer hoje, amanhã, ou outro dia. É fácil compreender tal interpretação quando lemos o profeta dizendo “e eis que vinha com as nuvens do céu”. Evidentemente, o termo “vinha” passa a impressão de que Cristo está vindo para a Terra, aproximando-se de seu observador, Daniel. Na verdade, Cristo se aproxima de alguém na visão, mas não é do profeta, nem da Terra. Muitos leitores ficarão surpresos com tal afirmação, mas peço que acompanhem o racicíno com suas Escrituras ao lado do computador.

Podemos observar que se trata de uma visão, e que nela, Cristo se aproxima uma pessoa, Deus Pai. Esse detalhe faz toda a diferença: “e dirigiu-se ao ancição de dias, e foi apresentado diante dele”. O que Cristo está fazendo nesta cena? Estaria vindo para a terra? Ou Ele está, na verdade, indo em direção ao Pai - “ao ancião de dias” -, e sendo apresentado diante Ele? O texto responde isso de forma muito clara.

Ademais, durante essa cena, onde o Filho se apresenta ao Pai, chegando numa nuvem, o que acontece? Daniel diz que “foi lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem”. Eu sei que boa parte dos leitores deve ter escutado dezenas de sermões falando que a Visão de Daniel ainda não aconteceu, e que talvez possamos ver isso um dia, quando algo grandioso acontecer na História do mundo. Eu, porém, digo-lhes: isso já aconteceu, e podemos viver o Reino desde já, pois Cristo recebeu toda autoridade das mãos do Pai após a sua Ressurreição dentre os mortos. Ao aparecer aos seus discípulos, ele ordena que conquistem o mundo através do Evangelho: “Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi me dada toda autoridade no céu e na Terra. POR ISSO, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (S. Mateus 18. 17-20).

Vamos comparar o quadro da Ressurreição de Cristo com a profecia de Daniel. Sobre a profecia sabemos que:

1) Cristo está chegando nas nuvens;

2) Cristo está se apresentando ao Pai, o “ancião de Deus”;

3) E Cristo está recebendo um Reino.

Quando isso acontecerá? Ou será que já aconteceu, na Ressurreição? Se Cristo, em Sua Segunda Vinda, vier receber um Reino, então minha teologia está errada. Mas se Ele já recebeu esse Reino em sua Ressurreição, a coisa muda de figura. Assim, em primeiro lugar, enfatizamos que no último dia, a Bíblia diz que Cristo entregará seu Reino ao Pai: “E então virá o fim quando Ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder” (I Coríntios 15.24). Notem, queridos irmãos, que S. Paulo está colocando o “fim” quando o Reino for entregue ao Pai, e não quando o Pai entroniza Cristo! Por qual motivo deveriamos acreditar na ordem inversa? O Reino não será entregue ao Filho quando o “fim” chegar! O Reino foi entregue a Cristo quando ele Ressuscitou dos mortos, e apresentou-se a Deus, o Pai. E isso é exatamente o que está profetizado na visão de Daniel, e é confirmado várias vezes no Novo Testamento!

Tendo ele dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos...” (Atos 1. 9) “Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi... pois, sendo ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramente que faria sentar sobre o trono um dos seus descendentes, prevendo isso, Davi falou da ressurreição de Cristo... de sorte que, exaltado pela dextra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te a minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Saiba, pois, com toda certeza a Casa de Israel, que esse mesmo Jesus, a quem rejeitastes, Deus o fez Senhor e Cristo! (Atos 2. 29-36).

Voltando ao texto de Coríntios 15, encontramos uma incrível semelhança com Atos dos Apóstolos, e uma declaração ainda mais poderosa a respeito do Reinado de Cristo agora. Confira em sua tradução: “Então virá o fim quando Ele entregar o Reino ao Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que Ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés (15. 23-25). Esse “fim” do qual fala S. Paulo se dará logo depois da nossa ressurreição, quando Cristo retornar (cf. v. 23). Em outras palavras, enquanto muitos aguardam a Segunda Vida, e a Ressurreição, para que Cristo finalmente traga seu Reino sobre todo o mundo, Paulo está dizendo que primeiro temos o Reino, depois a Ressurreição, e Cristo finalmente entrega o Reino de volta ao Pai.

Vemos, então, que Cristo não virá ao mundo para receber um Reino; em Sua Segunda Vinda ele irá entregar seu Reino ao Pai. O Reino, ele o recebeu ao ser apresentado diante de Deus, quando da sua ressurreição. Mas há ainda outro detalhe sobre o Reino que merece nosso destaque aqui. Muitos acreditam que o mal irá de vento em popa, fazendo quase tudo que lhe aprouver, até que um dia Cristo virá, interrompendo todo o mal de uma única vez. Para esses irmãos, a Igreja irá vencer na Eternidade, mas não no mundo. O mundo é, ao que parece, território do Inimigo, sitiado pelas hostes do Mal, e de onde os Cristãos precisam ser resgatados por Cristo. Ora, certamente Cristo um dia colocará ponto final em toda a maldade que vemos e não vemos. Mas, seu Reino, acontecerá de modo paulatino, a medida que o Evangelho avança sobre o mundo, pois Paulo afirma que “é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés”.

Novamente preciso voltar as figuras descritivas do Reino que citei no artigo anterior [Veja os artigos 1 e 2], a saber, a criança, a semente, e o fermento. Mas, se alguém ainda duvida do significado claro dessas duas parábolas, do grão de mostarda e do fermento, resta recordar-lhe de Daniel 4. 10-12, onde o rei Nabucodonossor tem uma visão onde uma grande árvore serve de ninho para os passaros do céu, e depois tal árvore é derrubata e os pássaros dispersos. Qual o significado da visão? Nenhum dos sábios do rei achou a resposta de tal enigma, apenas Daniel o pode interpretar. Daniel explica que essa grande árvore que servia de casa para as aves do céu era o reino de Nabucodonossor, e era uma prova de seu domínio sobre o mundo da época. Contudo, por causa do pecado do rei, a árvore era cortada... Temos aqui uma figura bíblica utilizada na linguagem profética, e a própria Escritura, que é o melhor interprete de si mesma, nos diz qual o significado. Leiam outros exemplos dessa linguagem profética sendo usada em Ezequiel 17. 22-24, e 31. 2-9.

Tem muita gente esperando o Reino vir, mas o Reino está aqui. Tem muita gente esperando por algum evento catastrófico, como um meteoro, uma tsunami, um Anticristo, uma Grande Tribulação, exercitos em Megido,ou qualquer coisa assim, para que possam dizer “Cristo Reina”. Mas ele já é Rei. Seu Reino já foi inaugurado, e tal evento foi presenciado por muitas pessoas que caminharam com ele pela Galiléia: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até que vejam o Filho do homem vindo no seu Reino” (S. Mateus 16.28). Seu Reino é feito visivel pela Igreja, a medida que esta é fiel ao Evangelho.

Também é em Daniel que encontramos uma afirmação inquestionável de quando teve inicio o Reino de Cristo. Sim, já vimos que ele nos diz que Cristo recebeu um Reino quando apresentou-se ao Pai, chegando numa nuvem (ou seja, em sua Ressurreição). Isso é extremamente claro. Mas há uma afirmação ainda mais chocante da cronologia de Daniel. Segundo o profeta, o Reino de Cristo teria inicio nos dias do Império Romano! No Capítulo 2 se sua profecia, Daniel contempla a história do mundo retratada na estátua vista por Nabucodonossor em um sonhor. Daniel, inspirado por Deus, revela ao rei o conteúdo e o significado do sonhor. A estátua vista por Nabucodonossor era fabricada por diversos materiais, cada um deles simbolizando um reino poderoso que viria. A cabeça da estatua era feita de ouro, simbolo do Império Babilônico. O Dorso era de Prata, simbolo do Império Persa. A parte da citura era fabricada de bronze, simbolizando o Império Grego. Já as pernas da estátura eram feitas de ferro, simbolo do poderio militar do Império Romano. Depois vinha os pés, fabricados com uma mistura de ferro e barro, e Daniel diz que este seria um Reino dividio, tendo a força do ferro e a fragilidade do barro.

A estátua vista por Nabucodonossor seria derrubada, quando contra seus pés fosse lançada uma Pedra; uma Pedra que não foi cortado por nenhum ser humano! “Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mãos, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os ismiuçou” (Daniel 2.34,35). O que acontece depois da destruiçõa da estátua é surpreendente, pois a Pedra que destroi a estátua, se transforma numa grande montanha, e se espalha por toda a terra, “a pedra, porém, que feriu a estátua se tornou uma grande montanha, e encheu toda a terra”. E a intepretação de Daniel é reveladora: haveria uma sequencia de Reinos, e depois deles, “o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo” (Dn. 2. 44).

Bem, meus irmãos, este é apenas um resumo da Escatologia da Esperança, da qual já falei com vocês algumas vezes. Sintetizando ainda mais, apontamos três de seus aspectos fundamentais: 1) o Reino de Cristo já começou; 2) O Reino cresçe gradualmente; 3) O Reino cresce pela pregação do Evangelho, espalhando-se pelo mundo. Chamamos isso também de Escatologia da Vitória, pois implica que a Igreja reina juntamente com Cristo, e que pelo Evangelho, na força do Espírito Santo, os cristãos podem e devem influenciar a sociedade a sua volta. Não somos um exército em retirada! Somos um exércico conquistador!




Rev. Marcelo Lemos, da Comunidade Anglicana Carisma, e colaborador do Genizah.


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Muito baixo, muito humano, muito seguro.
 
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Por Tim Challies


Mais de uma vez eu fui acusado de ser um bibliólatra, uma pessoa que idolatra a Bíblia, que tem uma reverência excessiva pela letra da Bíblia. Estou certo que muitos outros cristãos também têm sido acusados disso. Na minha experiência, essa acusação tende a ser levantada contra aqueles que afirmam a infalibilidade e inerrância das Escrituras; ela também pode ser levantada contra aqueles que afirmam a suficiência da Escritura. Pessoas que levantam tal acusação estão indo contra algo que eles veem como um endurecimento da fé e prática que derivam de um entendimento da Bíblia que eles consideram demasiadamente literal.

Tenho certeza de que não idolatro a Bíblia e estou bem certo que isso é muito mais difícil de fazer do que os acusadores possam pensar. Deixe-me dizer o que penso a respeito dessa acusação.

Nós, como humanos pecadores, perdemos o direito e a habilidade do acesso direto a Deus. Antes de caírem em pecado, Adão e Eva tinham o privilégio de andar e falar com Deus. Eles tinham acesso direto, face a face, ao Criador. Este é um privilégio que nós ansiosamente prevemos recuperar quando o Senhor retornar, mas enquanto isso, poluídos como somos pelo pecado, cortamos essa comunicação direta. Nós agora dependemos da comunicação de Deus mediada pelas Escrituras. John Stott uma vez disse, “Deus revestiu seus pensamentos em palavras, e não há outra forma de conhecê-lo exceto pelo conhecimento das Escrituras. (…) Nós nem mesmo podemos ler a mente uns dos outros, muito menos o que está na mente de Deus”. A palavra de Deus nos diz que somente conseguimos conhecer Deus, como ele realmente é, através da própria Palavra.

A Bíblia é a Palavra de Deus. John Frame, em Salvation Belongs to The Lord [A Salvação Pertence ao Senhor], define a palavra de Deus como “a poderosa e autoritativa auto-expressão de Deus”. A palavra de Deus é poderosa por fazer mais do que meramente comunicar, ela também cria e controla. Frame diz, “a palavra é a presença de Deus entre nós, o lugar onde Deus habita. Então, não podemos dissociar a palavra de Deus do próprio Deus”.

Você consegue entender? Você não pode separar a palavra de Deus do próprio Deus. A palavra revela Deus. Frame continua mostrando que a palavra de Deus tem atributos divinos. Ela é justa, fidedigna, maravilhosa, santa, eterna, onipotente e perfeita. Porque esses são atributos de Deus, eles também são atributos de sua Palavra. Ele também mostra que a Palavra de Deus é um objeto de adoração, citando Salmo 56.4 onde Davi escreve, “Em Deus, cuja palavra eu exalto, nesse Deus ponho minha confiança e não temerei. Que me pode fazer um mortal?” O salmista repete no verso dez, “Em Deus, cuja palavra eu louvo, no Senhor, cuja palavra eu louvo…” Isto é notável, por que apenas Deus é o objeto do louvor. Louvar algo além de Deus é idolatria. Uma vez que, aqui, Davi adora a palavra, não podemos escapar da conclusão de que a palavra é divina.

No familiar verso que abre o evangelho de João, nós lemos, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.” Este verso identifica a palavra de Deus, sua auto-expressão, com o próprio Deus. “O Verbo que ‘era Deus’, no verso 1 não era apenas Jesus, como o verso 14 claramente indica (‘E o Verbo se fez carne e habitou entre nós’), mas também a palavra de Deus ordenando que a luz sobressaísse das trevas em Gênesis 1.3.” Spurgeon diz bem (em referência a 2 Timóteo 3.16): “A Palavra de Deus, isso é, esta Revelação de si mesmo nas Sagradas Escrituras, é tudo que é descrito aqui porque Jesus, o Verbo Encarnado de Deus, está nela. Ele, de fato, se encarnou como a Divina Verdade nesta Revelação visível e manifesta. E assim ela se torna viva e poderosa, divisora e discernente.”

Há uma unidade inseparável entre Deus e sua Palavra. A Palavra é onde Deus está e Deus está onde sua Palavra está. A Palavra de Deus é a presença de Deus entre nós. Qual a implicação disso? Vamos voltar uma última vez a Jonh Frame. “A Palavra de Deus, onde quer que nós a encontremos, incluindo a escritura, é um objeto digno de reverência. Não estou advogando a bibliolatria, que é a adoração do objeto material de papel, tinta e etc. O papel e a tinta são criação, não Deus, e não devemos nos encurvar a eles. Mas a mensagem da Bíblia, o que ela diz, é divino, e devemos recebê-la com louvor e adoração.”

Quando lemos a Bíblia ou estamos sob o seu ensino, nós ouvimos do próprio Deus. Não adoramos a tinta e o papel – isto seria diminuir a Bíblia, não elevá-la – mas tratamos as Escrituras com reverência, considerando-a como a presença, poder e autoridade do próprio Deus. Realmente, é difícil imaginar como podemos ter uma visão demasiadamente elevada das Escrituras. É muito mais provável que nosso respeito pelas Escrituras seja muito baixo, muito humano e muito seguro.

Traduzido por Filipe Guerra | iPródigo.com | Original aqui
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