Escrito por pentecostalismo em Julho 6, 2008
Uma análise dos erros e acertos do ensino que tem criado muitas dúvidas entre os membros das igrejas evangélicas
Análise do tema Batalha Espiritual, aqui, enfoca o conjunto de crenças e práticas neopentecostais, mas que vem alcançando espaço em nosso arraial. São inovações provenientes de várias fontes: erros de interpretação de textos bíblicos, experiências pessoais e revelações de origem estranha. Trata-se de distorção doutrinária que está muito em voga na mídia evangélica e que, nos últimos anos, vem recebendo aceitação de muitos líderes desavisados.
REALIDADE DA BATALHA ESPIRITUAL
É verdade que no trabalho da pregação do Evangelho ocorrem muitos fenômenos inexplicáveis. Reconhecemos que os demônios existem. Eles são reais e manifestam-se de várias maneiras, principalmente nas pessoas possessas. Tais espíritos precisam ser expulsos. É verdade, que oração e jejum são indispensáveis e muito importantes na vida do crente, principalmente, quando se encontra numa situação dessa. Esses fatos são atestados nos Evangelhos (Mateus 12.22; 17.19-21).
Antes de sair a campo para evangelização, devemos orar, pedindo a Deus que prepare o campo para a semeadura. Oração e jejum por uma cidade ou um bairro a serem evangelizados são como tropas de artilharia, que primeiro destrói a fortaleza do inimigo, como na guerra, destruindo pontes, aeroportos, rodovias, centrais elétricas, emissoras de rádio e televisão, para que depois as tropas de infantaria possam completar o trabalho.
No plano espiritual há muita semelhança (2Coríntios 10.4). Orar, também, para que o Espírito Santo prepare cada coração para ouvir o Evangelho é muito importante, porque é o próprio Espírito quem convence o homem do pecado (João 16.8).
A batalha espiritual é, portanto, um tema bíblico: “porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”, Efésios 6.12.
Nessa anáfora, a preposição pros, “contra”, é usada cinco vezes para reforçar a idéia de que a esfera principal de atuação do Príncipe das Trevas não é apenas como muitos pensam: na prostituição e no crime, mas principalmente no reino das religiões, religiões falsas etc. É uma batalha espiritual.
Na versão Revista e Corrigida, a tradução de kosmokratoras tou skotous por “príncipes das trevas” é mais precisa. Segundo o dicionário de Horst Balz e Gerhard Schneider, o referido termo significa: “…Senhor do mundo”. À margem da Bíblia, o termo serve para designar os deuses que regem o mundo (Hélios, Zeus, Hermes), e também os seres espirituais ‘cósmicos’ (os planetas)” 1. Os termos entre parênteses são partes da obra citada. Esse conceito está dentro do pensamento paulino nessa passagem.
Nesse aspecto, a teologia da batalha espiritual está de acordo com as Escrituras Sagradas. Os fatos estão registrados na Bíblia e nenhum cristão ousa negar essa realidade. Mas, a interpretação desses fatos apresentada pelos teólogos da batalha espiritual torna-os mais próximo do esoterismo e do ocultismo do que dos pentecostais. Isso envolve a doutrina da maldição hereditária, dos espíritos territoriais, e a idéia de expulsar demônios dos próprios crentes em Jesus.
MALDIÇÃO HEREDITÁRIA
Os expositores dessa doutrina afirmam que seus ensinos têm apoio bíblico e pinçam a Bíblia em busca de versículos aqui e acolá na tentativa de consubstanciar as novidades apresentadas ao povo. Marilyn Hickey é a principal promotora da referida doutrina, também conhecida como maldição de família. A doutrina resume-se nisso: se alguém têm problemas com adultério, pornografia, divórcio, alcoolismo, tendência suicida é porque alguém de sua família, no passado - não importa se avós, bisavós, tataravôs - teve esse problema.
Segundo essa doutrina, a pessoa afetada pela maldição hereditária deve, em primeiro lugar, descobrir em que geração seus ancestrais deram lugar ao Diabo. Uma vez descoberta a tal geração, pede-se perdão por ela, e dessa forma, a maldição de família será desfeita. Uma espécie de perdão por procuração, muito parecido com o batismo pelos mortos, praticado pelos mórmons.
Seu livro intitulado Quebre a Cadeia da Maldição Hereditária, publicado no Brasil, pela Adhonep, em 1988, mostra que seus argumentos são baseados essencialmente em experiências humanas e em perversões exegéticas.
A autora procura fundamentar suas idéias da maldição de família nos problemas de origem espiritual da dinastia de Herodes. Quer provar que a natureza perversa e desnatural de Herodes, o Grande, foi passado de pai para filho. Segundo ela, todos os seus descendentes foram afetados pelo pecado do pai 2.
Será que isso prova a doutrina da maldição de família? A resposta é não! Caim e Abel eram filhos dos mesmos pais, receberam a mesma educação religiosa; entretanto, um era fiel, e o outro ímpio (1João 3.12). O que dizer de Jacó e Esaú, irmãos gêmeos, educados num mesmo lar. Um tornou-se crente e o outro profano (Malaquias 1.2 e Hebreus 12.16-17). Não existe na Bíblia registro de profeta ou apóstolo praticando ou ensinando a inovação defendida aqui pela autora, para quebrar a maldição de Caim, nem de Cão e nem de Esaú.
É óbvio que o ambiente em que vivem os filhos influencia muito na formação moral, psicológica e espiritual deles (Jeremias 13.23). É perfeitamente normal que as características dos pais passem para os filhos, tanto pelo convívio como pela hereditariedade genética e, também, espiritual. Assim, o exemplo da dinastia de Herodes, citado na referida obra, não se reveste de peso, é inconsistente, porque conseqüência genética e natural. Além disso, a dinastia de Herodes era uma família ímpia que não se converteu ao cristianismo. Colocar uma situação dessa como defesa da maldição hereditária é uma camisa-de-força.
A Bíblia ensina que a maldição dos pais não vai além da quarta geração: “Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”, Êxodo 20.5.
Esse texto muito conhecido é o segundo mandamento do Decálogo. Interessante que essa passagem é contra a idéia da senhora Hickey, no entanto, ela mesma usou a referida passagem para dar consistência bíblica a sua doutrina.
Vinculando de maneira aleatória, o segundo mandamento do Decálogo ao relato de Cão, descendente de Noé (Gênesis 9.24-27), Hickey conclui: “Visto afirmar a Bíblia que ela é visitada até a quarta geração daqueles que o aborrecem - você poderá observar como ela recaiu sobre as gerações dos cananeus. Quando um pai pratica um pecado, seu filho o assimila. Estabelece-se logo uma fraqueza para pecar, e a velha natureza que vem do pai se transmite ao filho. Então vem o diabo e tenta o filho, e ele também cai” 3 (Grifo nosso). Isso não é verdade, pois nem sempre o filho assimila o pecado do pai. Há muitos exemplos na história dos reis de Israel e de Judá registrado nos livros dos Reis e das Crônicas. O rei Amom “fez o que era mal aos olhos do SENHOR”, 2Crônicas 33.22, no entanto, o rei Josias, seu filho: “E fez o que era reto aos olhos do SENHOR e andou nos caminhos de Davi, seu pai, sem se desviar deles nem para a direita nem para a esquerda”, 2Crônicas 34.2.
O segundo mandamento do Decálogo diz que Deus visita a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que aborrecem a Deus. Quando alguém se converte a Cristo, deixa de aborrecer a Deus, logo essa passagem bíblica não pode se aplicar aos crentes (Romanos 5.8-10), pois se tornou nova criatura, “as coisas velhas já passaram, e eis que tudo se fez novo”, 2Coríntios 5.17.
A Bíblia ensina que a responsabilidade é pessoal. Havia em Israel um provérbio muito antigo: “Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram”, Ezequiel 18.2. Os hebreus usavam este adágio para lançar a culpa de seus pecados nos antepassados. “Uvas verdes” são os pecados e, os “dentes embotados” são a conseqüência deles. Veja que Deus proibiu esse dito em Israel: “Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor Deus, que nuca mais direis parábola em Israel”, Ezequiel 18.2-3.
Todo o capítulo 18 de Ezequiel gira em torno da responsabilidade individual do homem diante de Deus: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai levará a iniqüidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”, Ezequiel 18.20. Não há espaço no cristianismo para essa crença estranha da maldição de família.
Outra tentativa para dar roupagem bíblica a essas inovações é a interpretação errônea ao termo “espíritos familiares” (Levíticos 19.31; 20.6 e Isaías 8.19). A autora afirma que os espíritos familiares são “maus espíritos decaídos que se tornaram familiares numa família” 4. Interessante, é que a escritura insinua que essas referências bíblicas só valem se for na versão inglesa do rei Tiago, King James Version, porque nela se traduz por “espíritos familiares” nas três passagens em apreço acima citadas.
A palavra hebraica usada para “espíritos familiares” é ‘obh, ou ‘õbhôth no plural, e significa uma pessoa que tem um espírito familiar. O Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento registra o seguinte: “As traduções modernas têm uma variedade de termos. Dentre eles temos: médium, espírito, espírito de mortos, necromante e mágico” 5. É a “técnica de necromancia rotulada de ventriloquismo. A LXX usa engastrimythos ‘ventriloquismo’ em todas as passagens, exceto Isaías 29.4″ 6. Traduzida da Vulgata Latina por magus, que significa “feiticeiro, médium”, e por python, “advinho”, em Isaías 8.19; 29.4.
O que a Bíblia chama de médium, necromante ou algo do gênero, a autora diz serem espíritos que passam de pai para filhos, na tentativa de substanciar uma doutrina extra-bíblica.
ESPÍRITOS TERRITORIAIS
Os expositores desse ensino fundamentam essa crença em experiências humanas, nos relatos de missionários e não na Palavra de Deus. Peter Wagner, no capítulo três do livro Espíritos Territoriais, demonstra isso.
Em resumo, a doutrina consiste na crença de que Satanás designou seus correligionários para cada país, região ou cidade. O Evangelho só pode prosperar nesses lugares quando alguém, cheio do Espírito Santo, expulsar esse espírito maligno.
Em decorrência disso surgiu a necessidade de uma geografia espiritual, daí o mapeamento espiritual. Os espíritos territoriais são identificados por nomes que eles mesmos teriam revelado com suas respectivas regiões que supostamente comandam.
O apóstolo Paulo diz que “o deus desse século cegou o entendimento dos incrédulos”, 2Coríntios 4.4. Peter Wagner usa o mesmo método das seitas no sentido de tirar conclusões em mera possibilidade. Ele julga ser possível considerar o termo “incrédulos”, como “territórios”, sendo “nações, estados, cidades, grupos culturais, tribos, estruturas sociais” (pág. 72), e sobre essa falsa premissa, constrói seu pensamento doutrinário.
Ainda de maneira sutil, ela procura fundamentar sua idéia nas palavras: “príncipe do reino da Pérsia” (Daniel 10.13), “príncipe da Grécia” (v20) para justificar o mapeamento espiritual. O capítulo três da citada obra apresenta, até, nomes desses supostos espíritos territoriais, os quais teriam se revelado a si mesmos, como Tata Pembele, Guarda dos Antepassados, Espírito de Viagens, entre outros.
Narai seria o espírito-chefe na Tailândia. Isso evidência que os defensores da crença dos espíritos territoriais também crêem na mensagem demoníaca e, isso é muito perigoso, pois Satanás é o pai da mentira (João 8.44).
Não existe vínculo entre a doutrina do mapeamento espiritual com a mensagem de Daniel 10.13, 20, pois o texto sagrado trata de uma guerra angelical e não há indícios da presença humana. O profeta está completamente alheio a essa batalha, seu papel é outro.
Os promotores da doutrina dos espíritos territoriais costumam, também, citar a passagem do endemoninhado gadareno (Marcos 5.10). Quando o demônio, porta-voz da legião, “rogava muito que os não enviasse para fora daquela província”. Isso parece, à primeira vista, que os promotores do tal ensino estão certos. Mas o texto deve ser interpretado à luz do contexto.
A passagem paralela mostra que tal pedido aconteceu porque Jesus havia mandado os tais espíritos para o abismo: “E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo” (Lucas 8.31), por isso pediram para ficar na região, não se trata, portanto, de espíritos territoriais. Essas inovações são perturbadoras e destoam completamente do pensamento do Novo Testamento.
EXISTE CRISTÃO ENDEMONINHADO?
Esses pregadores da batalha espiritual defendem a prática de expulsar demônios de cristãos e isso como resultado de uma teologia distorcida. Segundo essa teologia, o homem seria um espírito que tem alma e habita num corpo. Isso é defendido por muitos líderes da Confissão Positiva, como Essek William Kenyon e Kenneth Hagin.
Partindo desse falso conceito, afirmam que o Espírito Santo habita no espírito humano, na salvação e, os espíritos imundos “estão relegados à alma e ao corpo do cristão” 7. Outros citam, ainda, passagens bíblicas, como: “o mau espírito da parte de Deus, se apoderou de Saul” (1Samuel 18.10) e fraseologia similar (1Samuel 19.9); Judas Iscariotes (Lucas 2.3); Ananias e Safira (Atos 5.1-10). Essas três passagens são interpretadas por eles de maneira distorcida.
CARACTERÍSTICA DE UMA SEITA
Uma das características de uma seita é reavaliar conceitos teológicos a fim de adaptá-los às suas crenças, fugindo do padrão ortodoxo. À luz da Bíblia, o homem é um ser metafísico e moral, feito à imagem e semelhança de Deus, constituído de corpo, alma e espírito (Gênesis 1.26; 2.7 e 1Tessalonicenses 5.23). Alma e espírito são entidades imateriais, distintos um do outro, embora inseparáveis.
O corpo é o invólucro material da alma e do espírito. O texto de Hebreus 4.12 fala da “divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas”. Isso refere-se às três partes distintas da constituição humana.
Fazer jogo de palavras envolvendo corpo, alma e espírito para redefinir teologicamente o homem, afirmando ser ele um “espírito que tem alma e habita num corpo”, facilita a manipulação do texto para adulterar a teologia ortodoxa. A constituição bíblica do ser humano contraria o falso conceito da presença dos demônios no corpo e na alma do cristão.
O argumento sobre o estado espiritual e psicológico de Saul precisa ser analisado com muito cuidado. Há, de fato, quem afirme que ele ficou endemoninhado. Os que defendem esta linha de pensamento sustentam que Deus deu permissão aos demônios para atormentarem Saul, assim como permitiu ferir o patriarca Jó (1.12).
Se isso puder ser confirmado, deve-se levar em conta que Saul, nessa época, estava desviado, Deus o havia rejeitado por causa de sua desobediência (1Samuel 15.23). Entretanto, o texto bíblico não afirma que Saul ficava endemoninhado. É dito que o Espírito Santo retirou-se dele e que “o assombrava um espírito mau da parte do SENHOR” (1Samuel 16.14). Trata-se de um espírito da parte de Deus e não de Satanás. De qualquer forma, é muito temerário usar tal passagem bíblica para fundamentar uma doutrina dessa.
FALSO ARGUMENTO
O exemplo de Judas Iscariotes é inconsistente. A Bíblia revela, de fato, que Judas Iscariotes foi possesso, mas é como disse Paulo Romeiro: “dizer que ele foi um cristão é forçar demais o texto bíblico, e nem foi essa a opinião do Senhor sobre ele” 8. O Senhor Jesus disse que Judas Iscariotes era “um diabo” (João 6.70), e que não estava limpo (João 13.10, 11). O texto sagrado revela ainda que ele era ladrão (João 12.6).
A passagem de Ananias e Safira que o texto bíblico afirma que Ananias e Safira mentiram e não que ficaram possessos ou endemoninhados.
O acontecido é que eles não vigiaram e, por isso, agiram sob influência de Satanás. Eles mentiram ao Espírito Santo (Atos 5.3). Isso pode acontecer com um cristão vacilante, e não é indício de possessão maligna, por isso devemos orar e vigiar, para não cairmos em tentação, disse Jesus: “o espírito está pronto, mas a carne é fraca”, Mateus 26.41.
O Senhor Jesus disse que todos os espíritos demoníacos deixam o corpo da pessoa que se converte ao seu Evangelho (Lucas 11.24). O tal corpo fica varrido e adornado, pela obra do Espírito Santo (v25). A Bíblia, ensina ainda, que o corpo do cristão é templo do Espírito Santo (1Coríntios 6.19) e que o corpo, a alma e o espírito do cristão pertencem a Deus (v20). Nós temos promessas de Deus de que o maligno não nos toca: “o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca”, 1João 5.18. O cristianismo baseia-se na Bíblia, e não em experiências humanas, contrárias às Escrituras Sagradas.
ERROS E ACERTOS
Colocando na balança os erros e acertos da Teologia da Batalha Espiritual muito pouco se tem de positivo. Ainda assim o positivo é praticamente neutralizado pelos seus inúmeros malefícios. O incentivo à oração e à dependência divina é um ótimo estímulo ao cristão. Todavia, o povo de Deus está habituado à oração sem essas inovações dos proponentes da batalha espiritual.
À luz da Bíblia essa teologia é falsa e perniciosa. Ela vem trazendo muita confusão nas igrejas.
Outro problema sério: a tal teologia fascina os evangélicos de maneira assustadora, mais que qualquer outro assunto teológico.
Os livros nessa área sobre reavivamento satânico, sobre experiências satânicas, de testemunhos e visões sobre o reino das trevas, são campeões de vendas, cuja leitura não recomendamos, pois em nada edificam o Corpo de Cristo.
Por, Esequias Soares da SilvaManual do Obreiro
NOTAS
1 BALZ Horst e SCHNEIDER, Gerard. Dicionário Exegético Del Nuevo Testamento, 2ª. Ed. vol. I, Ediciones Sigueme, Salamanca, 2001, pág. 2.379.2 HICHEY, Marilyn. Quebre a Cadeia da Maldição Hereditária, Adhonep, Rio de Janeiro, 1993, pág. 37-43.3 HICHEY, Marilyn. Op. Cit., pág. 32.4 HICHEY, Marilyn. Op. Cit. pág. 62.5 HARRIS, R. Laird, ARCHER, JR, Gleason L., WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, Vida Nova, S. Paulo, 1998, pág. 24.6 BOTTERWECK, G. J., RINGGREN, Helmer. Theological Dictionary of the Old Testament, vol. I, WM. B. Eerdmans Publishing CO., Grand Rapids, Michigan, USA., 1990, pág. 131.7 HAMMOND, Frank e Ida Mãe. Porcos na Sala, Editorial Unilit, S. Paulo, 1973, 132.8 ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em Crise, Editora Mundo Cristão, S. Paulo, 1995, pág. 125.
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Seitas que usurpam o Espírito
Escrito por pentecostalismo em Julho 6, 2008
Quando falamos do Espírito Santo, estamos, na verdade, nos referindo a uma das três pessoas da santíssima Trindade. Dessa forma, o colocamos, automaticamente, em pé de igualdade com as demais pessoas da Divindade, ou seja, o Pai e o Filho.
Contudo, se o Espírito Santo é divino, atributo que lhe confere plenos poderes, como poderia alguém usurpar algo de Deus? Isso é o que propomos nesta matéria, ou seja, apresentar aos leitores alguns usurpadores de Deus. Neste caso, conforme pretendemos abordar, a vítima é o Espírito Santo.
Definição da palavra espírito
O termo “espírito”, tanto no hebraico, rûah, como no grego, pneuma, denota primariamente “vento”, “respiração” e, especialmente, “espírito” que, assim como o vento, é invisível, material e poderoso. Mas as palavras rûah e pneuma podem referir-se também ao espírito humano, aos anjos e a Deus. Neste último caso, possui uma conotação especial, por tratar-se do Espírito eterno (Hb 9.14).
A função do paracletos
A doutrina sobre o Espírito Santo é um dos pilares do verdadeiro cristianismo. Na teologia, essa doutrina é denominada de pneumatologia ou paracletologia, por ser a disciplina cujo objetivo é o estudo sistemático do Espírito Santo, seus dons, seu ministério e sua origem.
Para efeitos didáticos, a pneumatologia pode ser dividida em dois períodos: o do Antigo e o do Novo Testamento. No primeiro, as manifestações do Espírito Santo eram esporádicas, específicas e em tempos distintos. No segundo, começa no dia de Pentecostes, quando suas atividades se concretizam direta e continuamente na Igreja, por meio do cristão. No Antigo Testamento, as pessoas tinham um conhecimento limitado do Espírito Santo, pois os judeus o enxergavam como um poder impessoal, vindo da parte de Deus. Todavia, no Novo Testamento essa idéia foi aclarada quando Ele se manifestou, de modo pessoal, racional e direto, ainda que invisível.
As seitas usurpam o Espírito Santo
Muitos críticos liberais, como também muitas seitas em suas mais variadas categorias, têm feito severos ataques à religião cristã e, como conseqüência, doutrinas tradicionais da Bíblia têm sido redefinidas de acordo com essa “cosmovisão adulterada”. Um exemplo do que estamos comentando é justamente a doutrina do Espírito Santo, que tem sido constantemente atacada e, quando não, seqüestrada de modo vergonhoso, como veremos a seguir.
Basicamente, são duas as áreas nas quais as seitas atacam e subtraem algo do Espírito Santo. A saber: seus atributos e cargos. Vejamos:
Usurpam sua personalidade
Alguns teólogos liberais já não acreditam que o Espírito Santo é uma pessoa. Não traduzem Gênesis 1.2 como: “… e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, mas alteram a tradução para: “um vento poderoso que varria a superfície das águas”, redefinindo o texto bíblico e adaptando-o às suas concepções contrárias ao sobrenatural.
Um outro exemplo para o qual podemos apelar encontra espaço no malabarismo doutrinário empenhado pela Sociedade Torre de Vigia (STV), das testemunhas-de-jeová. Estamos falando da obsessão do grupo em aniquilar a personalidade do Espírito de Deus. Acerca da ocasião em que houve o batismo com o Espírito Santo, no dia de Pentecostes (At 2), quando os crentes, reunidos, foram cheios do Espírito Santo, as testemunhas-de-jeová chegam a questionar, com um “ar de anedota”: “Ficaram eles ‘cheios’ de uma pessoa?”. É lógico que a STV possui a resposta: “Não, mas ficaram cheios da força ativa de Deus”.1
Esse tipo de indagação ocorre devido à falta do verdadeiro entendimento acerca da palavra prosõpon (pessoa), que tem no grego um sentido bem diferente do que nós entendemos hoje, ou seja, “aparência exterior visível de um ser humano, animal ou coisa”. Os gregos associavam o termo prosõpon a manifestações visíveis. Atrelados a este conceito, tanto para os teólogos liberais quanto para algumas seitas, o Espírito Santo é sempre algo e não alguém. A mudança de significado é que resultou em toda esta confusão, pois sabemos que uma pessoa não tem, necessariamente, de possuir uma aparência exterior visível, aliás, as próprias testemunhas-de-jeová reconhecem que os demônios são pessoas, embora sejam, assim como o Espírito Santo, invisíveis.
Mas o que vem a ser uma personalidade, como a entendemos? Há três atributos que revelam uma personalidade: o intelecto, a vontade e o sentimento. O intelecto faz que Ele fale, pense, raciocine e determine; a vontade mostra que Ele faz o que quer, como quer e quando quer; já o sentimento lhe dá a sensibilidade de quem ama, geme, chora e intercede. Estas verdades encontram apoio em inúmeros textos sagrados (Cf. Gn 6.3; Jo 3.6; 14.26; 16.13; At 5.32; 7.51; 8.29,39; 10.19; 13.2-4; 15.28; 16.6,7; 20.23; Rm 8.14, 16; 8.26; 15.30; 1Co 12.11; Gl 4.6; 5.18; Ef 4.30; Tt 3.5; Ap 2.7, 11, 17; 22.17).
Incontestavelmente, o Espírito Santo é uma pessoa!
Usurpam sua divindade
Assim como as testemunhas-de-jeová, as demais seitas unitaristas também não acreditam que o Espírito Santo é Deus. Dizem elas: “O Espírito Santo não passa de uma força ativa que Jeová usa para seus propósitos”. Ele não é Deus. Mas os exemplos não param por aí. A Fé Mundial Bahaí afirma que o Espírito Santo é uma energia divina de Deus que concede poder a cada manifestação. Alguns eruditos muçulmanos vêem o anjo Gabriel como o Espírito Santo. Para os judeus o Espírito Santo é um outro nome para a atividade de Deus na terra. O espiritismo o entende como uma “falange de espíritos”. Para os adeptos da Nova Era o Espírito Santo é uma força psíquica. Etc…
Contudo, a Bíblia apresenta o Espírito Santo com os mesmos atributos divinos: onipotência, onipresença e onisciência (Cf. Jó 26.13; 33.4; Sl 139.7-10; Ez 11.5; 37.14; Zc 4.6; Mt 12.28; Lc 1.35, Jo 14.17; At 2.4; 5.1-5; 20.28; Rm 8.11; 15.16,19; 1Co 2.10,11; 3.16; 6.19; 2Tm 1.14; Hb 9.14; Tg 4.5; 1Pe 1.2; 1Jo 2.20; 5.6).
Incontestavelmente, o Espírito Santo é Deus!
Usurpam seu gênero
O reverendo Moon dispara o seguinte impropério sobre o Espírito Santo: “Contudo, somente um pai não pode ter filhos. Deve haver uma Verdadeira Mãe com o Verdadeiro Pai, a fim de darem nascimento aos filhos decaídos como filhos do bem. Ela é o Espírito Santo [...] Há muitos que recebem revelações indicando que o Espírito Santo é um Espírito feminino; isto é, porque ela veio como a Verdadeira Mãe, isto é, a segunda Eva…”.2
Apesar de a Bíblia não qualificar Deus com o gênero masculino ou feminino, isto não dá a ninguém o direito de tachar o Espírito Santo como um ser feminino. O qualificativo do gênero que aparece na Bíblia em relação ao Espírito Santo é sempre masculino. Alguns nomes ou palavras que, pela terminação e concordância, designam seres masculinos são aplicados ao Espírito Santo em vários trechos bíblicos. Em João 14.26, o pronome “esse”, no original grego, é keinos, que significa “aquela pessoa masculina”. Também em João 16.7, auton significa “ele”, é pronome pessoal, masculino e singular. Assim, a Bíblia desfaz por completo a alegação de que o Espírito Santo seja feminino.
Usurpam sua individualidade
Todos os modalistas3 subtraem a individualidade do Espírito Santo. Assim expressa a Igreja Voz da Verdade a respeito do Espírito Santo: “Deus é o Pai, o mesmo Deus é o Filho, o mesmo Deus está hoje conosco como Espírito Santo”.4
Embora não faltem textos para desfazermos essa má interpretação, basta-nos, aqui, apenas citarmos um versículo: “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim” (Jo 15.26). Este texto elucida que o Espírito Santo procede do Pai, mas não é o Pai.
Aconselhamos pesquisa na revista Defesa da Fé (edição nº 50 / 2002), cuja matéria de capa vem com o título “Resposta ao CD Voz da Verdade”.
Usurpam seu cargo
Muitos estão usurpando os atributos pessoais do Espírito Santo, mas, de modo equivalente, muitas seitas têm usurpado alguns de seus cargos. Um deles tem a ver com uma das mais importantes funções que o Espírito de Deus desempenha em relação à Igreja, isto é, ser o nosso Consolador. Ao contrário dos elementos anteriores, este não é somente negado, mas usado de modo indevido por alguns líderes religiosos.
Desde o momento em que Jesus prometeu que enviaria outro consolador para substituí-lo após sua obra de redenção concluída na cruz, não tem faltado, através dos séculos, candidatos ao cargo. Quantos já se levantaram e proclamaram, em alta voz, que o referido título tem-se cumprido em sua própria pessoa!
Antes de trazermos alguns exemplos a respeito, falaremos, ainda que brevemente, sobre a função do Espírito Santo como o Consolador prometido por Jesus.
O Espírito como paracletos
No original grego, a palavra consolador é paracletos, que quer dizer “auxiliador, advogado”, entre outros significados.
Se tomarmos este termo fora do seu contexto, ele poderia, logicamente, ser aplicado a qualquer pessoa. Mas isso não é possível por causa do pronome indefinido e variável “outro”, que acompanha o adjetivo “consolador”. O pronome “outro”, empregado pelo evangelista na locução “outro consolador”, é oriundo do grego allos, que significa “da mesma espécie, natureza e qualidade”.
Percebemos, então, que a pessoa a quem ficaria incumbida a função de ser o vigário de Cristo no mundo teria de preencher todos os requisitos acima. Em última análise, tal pessoa teria de ser divina. Entretanto, nem mesmo a declaração inequívoca de Jesus de que o lugar do outro consolador já fora preenchido pelo Espírito Santo (Jo 15.17) foi forte o bastante para vetar a prepotência dos pretensos candidatos que reivindicam para si o cumprimento desta promessa.
Os falsos consoladores
Jesus nunca disse, ou mesmo insinuou, que o cargo de consolador da Igreja estava vago; muito pelo contrário, pois no mesmo fôlego Ele já revela o verdadeiro e único ocupante deste cargo — o Espírito Santo (Jo 14.16,17,26).
Enquanto alguns já chegaram até mesmo a declarar que o trabalho do Consolador já findou, como é o caso das testemunhas-de-jeová5, um expressivo número de grupos e/ou de líderes religiosos tem surgido e enganado a muitos, desviando seus seguidores da verdade quando afirmam que eles próprios são o “outro consolador” prometido.
Vejamos, a seguir, apenas alguns deles:
Montano
O historiador primitivo Eusébio de Cesaréia, em sua obra História eclesiástica, conta que, por volta do século II, apareceu um pregador por nome Montano. Este era convertido ao cristianismo e, em certo momento, sentiu que não era somente o porta-voz do Espírito Santo, mas sua encarnação. Afirmava que o paracletos, prometido em João 14.26, se encarnara em sua própria pessoa, apresentando-se como uma presença viva dele. Montano era homem de costumes severos, exigente e tinha como companheiras de evangelização duas mulheres: Priscila e Maximila, profetisas e sacerdotisas. Sua ação proselitista foi tal que até mesmo o célebre Tertuliano embrenhou-se no montanismo.6
Maomé
Maomé foi o fundador do Islã (600 d.C). Seu nome verdadeiro era Abulgasim Mohammad ibn Abdullah ibn Abd al-Muttalib ibn Hãshim. O significado de Maomé (Mohammad) é “altamente louvado”.
Os eruditos muçulmanos aplicam o texto de João 14.16 como uma referência a Maomé, pois o Alcorão, livro sagrado dos islâmicos, o denomina de ahmad que, em grego, corresponde a periklytos, cuja tradução é “que é louvado”. Os islâmicos consideram que esta seja a forma correta de paracletos.
Acontece, porém, que o texto do Novo Testamento, no original grego, não traz periklytos, mas paracletos. Para tentar dar consistência a seus argumentos, os defensores da teologia islâmica se apegam ao evangelho apócrifo de Barnabé que, ao invés de trazer a forma correta, paracletos, traz periklytos, coadunando assim com a exegese islâmica. É interessante como mesmo reconhecendo que o evangelho apócrifo de Barnabé é espúrio e com erros de gramática os muçulmanos parecem fazer “vistas grossas” ao fato. Pelo visto, o que eles querem mesmo é fazer de Maomé o outro consolador a qualquer custo!
O papa
Na basílica de São Pedro, em Roma, está a capela Sistina, constituída de quatro arcos nos quais se encontra escrito, em grandes letras em latim: VICARIUS FILII DEI, que quer dizer “Vigário do Filho de Deus”, ou mais propriamente “Vaga do Filho de Deus”.7
Com efeito, ao cotejar os dicionários verificaremos que vigário nada mais é do que aquele que exerce a função de outrem. É aquele que ocupa o lugar de outro. Com esse título, os papas usurpam a posição que só cabe, de fato, ao Espírito Santo. Na qualidade de Consolador, o Espírito Santo dará prosseguimento à presença de Jesus e de sua obra no seio da Igreja. A missão do Espírito Santo, em relação à Igreja, é a mesma exercida por Jesus enquanto esteve na terra. Apesar de os papas não reivindicarem diretamente este título, o fazem, contudo, indiretamente, por meio de seus muitos títulos em latim. Mas longe estão de preencher esta posição de modo cabal. Isso é impossível!
Após estes exemplos de personalidades usurpadoras do Espírito Santo, confira, doravante, algumas instituições religiosas que também reclamam esta excelência.
Espiritismo
Na corrida ao cargo de consolador, Allan Kardec mais que depressa inscreveu o espiritismo. Na obra O evangelho segundo o espiritismo, lemos o seguinte: “Jesus promete outro consolador: O Espírito Santo da Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito”. E arremata, dizendo: “Assim o espiritismo realiza o que Jesus disse do consolador prometido…”
Como vimos, segundo a opinião do codificador do espiritismo moderno, sua religião preenche no fundo e na forma a promessa de Jesus. Ainda segundo Kardec, o Espírito Santo seria apenas uma “falange de espíritos puros” que chegou à perfeição. Mas tais afirmações têm consistência?
A bem da verdade, o espiritismo e seus espíritos nunca poderiam ostentar tal cargo. O que temos visto na prática não é um consolador, mas um opressor espiritual. O espiritismo está envolvido com seres do mundo espiritual os quais a Bíblia chama de demônios (1Tm 4.1).
Aconselhamos pesquisar a revista Defesa da Fé (edição nº52 / 2003), cuja matéria de capa vem com o título “É possível identificar o espírito que fala pelo médium?”.
Ciência Cristã
Segundo Mary Baker Eddy, o melhor candidato a este cargo é a seita que ela própria fundou: “Esse Consolador, no meu entender, é a Ciência Divina”.8
É claro que a seita dessa mulher não pode concorrer ao cargo pretendido por ser algo inadmissível pelo teor do contexto da própria promessa. Esse consolador iria ensinar toda a verdade, o que não é o caso da Ciência Cristã, que nega as doutrinas básicas do cristianismo, chegando até mesmo a negar a realidade do mundo físico.
Aconselhamos pesquisar a revista Defesa da Fé (edição nº 25 / 2000), na matéria intitulada “Ciência Cristã – a arte pela cura da mente”.
Vó Rosa
A Igreja Apostólica, mais conhecida como Igreja da Santa Vó Rosa, ganhou este epíteto por causa de sua fundadora, chamada pelos adeptos desse grupo religioso de Santa Vó Rosa. Essa igreja reúne em seu bojo doutrinário várias práticas furtadas do catolicismo romano, do protestantismo e do espiritismo. Essa mulher, em vida, era considerada autoridade máxima no grupo, servindo como profetisa. Após sua morte, os líderes dessa igreja passaram a interpretar as palavras de Jesus sobre o outro consolador de um modo bastante particular. Separaram o conceito de o Espírito Santo ser o Consolador, aplicando o título Consolador à Vó Rosa. Vejamos o que disseram: “Jesus cumpriu sua promessa enviando o Consolador, a Santa Vó Rosa…”.9 Chegam a dizer o seguinte: “Se pregar contra a Santa Vó Rosa, peca contra o Espírito Santo, a quem ela representa”.10
Aconselhamos pesquisar a revista Defesa da Fé (edição nº 14 / 1999), na matéria intitulada “A Igreja Apostólica é realmente apostólica?”
O Espírito Santo enviado pelo Pai em nome de Jesus
Apresentamos, nesta matéria, alguns grupos religiosos e/ou líderes que, de alguma forma, usurparam o Espírito Santo. Entendemos que este ensaio foi capaz de demonstrar as arbitrariedades interpretativas dos referidos grupos. Seja por meio de personalidades distantes do nosso tempo, como é o caso de Montano, ou por um grupo mais recente, como é o caso da Igreja Apostólica, o fato é que a doutrina do Espírito Santo foi e continua sendo um dos alvos mais assediados pelas heresias. Entretanto, atravessando os séculos, as palavras de Jesus continuam claras, enfáticas e inalteráveis, e é justamente por elas que somos guiados: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.26, grifo do autor). Amém!
Notas:
1 Poderá viver para sempre no paraíso na Terra. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 1983, p. 40/17.2 Princípio divino. Sun Myung Moon, Editora: Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial, 1978, p. 162.3 Modalistas: pessoas que acreditam na idéia de que as três pessoas da Trindade são, antes, um simples modo de uma única pessoa em Deus, e não pessoas distintas, isto é, modalismo.4 http://www.vozdaverdade.com.br – (Suely Moysés Cufone)5 “Quando o Espírito Santo cessou sua missão de confortador e advogado…” Jeová. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, p.204.6 Revista Defesa da Fé, ano 04, nº 25, agosto de 2000.7 O seqüestro do papa João Paulo II. Aníbal Pereira dos Reis. Editora Caminho de Damasco, p. 16.8 Ciência e saúde com a chave das Escrituras. Mary Baker Eddy. The First Church of Christ, Scientist, in Boston, 1973, p. 55.9 O Espírito Santo de Deus e o Consolador. Bispo Eurico Mattos Coutinho e Missionária Odete Corrêa Coutinho, 1985, p. 60.10 Ibid., p. 152.
Por Paulo Cristiano, do Centro Apologético Cristão de Pesquisas.
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Somos deuses?
Escrito por pentecostalismo em Julho 6, 2008
Incursões teológicas no contexto das Escrituras mostram a fragilidade do argumento dos que transformam opiniões em doutrina
Nova Era, o mormonismo, os espíritas e até alguns evangélicos têm sido desencaminhados com idéias anti-bíblicas em circulação na atualidade e que dizem, com efeito, que o homem é um deus ou tem a capacidade de tornar-se um. Às vezes, a afirmação de Jesus em João 10.34 é citada em suporte a tal tese: “Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?” Nesse texto Jesus está fazendo claramente menção do Salmo 82.6: “Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo”.
Os oponentes de Jesus, então, aproveitaram a circunstância para acusá-los de blasfêmia: “Os judeus responderam, dizendo: Não te apedrejamos por alguma boa obra, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo”, João 1033. Antes de examinarmos a lógica de Jesus na totalidade da resposta (10.34-38), será de grande valia olhar para a citação no Antigo Testamento em seu imediato a abrangente contextos.
Isso pode surpreender alguns, mas a palavra hebraica genérica para Deus (Elohim) tem outros significados no Antigo Testamento. (Ela é plural em número e pode convenientemente ser traduzida “deuses” quando aplicado ao homem). Nós devemos lembrar que isso não é aliança divina ou nome pessoal (Jeová / Yahweh), nem ela é Adonai (Senhor). A palavra elohim é também usada para divindades pagãs, porém mais para o ponto do nosso estudo, ela é usada com respeito ao homem.
O Salmo 82 indica a injustiça dos juízes em Israel. O versículo 1 afirma que “Deus está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses (elohim)”.
O uso da palavra hebraica nesse sentido pode ser vista na passagem como a de Êxodo 22.8-9 a qual afirma que “se o ladrão não for achado, então o dono da casa ou ambas as partes envolvidas no caso da quebra de confiança serão levadas diante dos juízes (elohim)”.
O Targum (Traduções Aramaicas ou paráfrase das passagens do Antigo Testamento) interpreta a palavra nas passagens do Salmo 82 e em Êxodo 22 como significando juízes.
A mesma tradução pode ser aplicada em Êxodo 21.6 (NVI) que se refere ao escravo livre que deseja permanecer com seu mestre; e esse mestre os levará aos juízes (elohim). A Septuaginta, nesse verso, usa a palavra kriterion, que significa corte de julgamento ou tribunal. Essa palavra grega é encontrada em Tiago 2.6 e em 1Coríntios 6.2-4 com o mesmo significado básico.
Enquanto algumas das traduções possam ser contestadas, entretanto, é claro na palavra hebraica, especialmente no Salmo 82.6, referir-se ao homem. Como, então, pode ser uma palavra comum para Deus ser usada para designar homens como juízes?
Keil e Delitzsch afirmam que os juízes, que estão em posição de autoridade, são delegados por Deus, e portadores de sua mensagem. Por essa razão, com seus representantes, são também eles mesmos chamados elohim, “deuses”. Eles acrescentam mais: “o nome não pertencia a eles originalmente, nem poderiam eles mostrarem-se capazes de ser moralmente merecedores disso”. Essa declaração posterior é clara no Salmo 82.2-5. Esse conceito de que os juízes humanos são representantes de Deus é ecoado por Paulo em Romanos 13.1-7. Um ponto imperioso necessita ser observado que é o fato de que esses indignos juízes do Salmo 82.7 são mortais. “Todavia morrereis como homens, e caireis como qualquer dos príncipes”, Salmo 82.7.
Então deve ser notado que o Antigo Testamento é muito esparso na aplicação da palavra elohim ao homem. Isto é, por conseguinte, inapropriado generalizar deste modo o limitado e, muitas vezes, disputado uso da palavra, assim como meio de resistir à possibilidade de “divindade” para tudo.
Ademais, é extremamente importante entender o motivo pelo qual Jesus citou na passagem do Salmo 82. Ele não a citou para promover a idéia de que os homens são potencialmente deuses. Qualquer tentativa do homem ser como Deus é expressamente condenada à falha. Satanás manobrou para frustrar os planos de Deus ao tentar Adão e Eva prometendo a eles que “seriam como Deus” (Gênesis 3.5). A tentativa do primeiro casal de ser como Deus somente resultou na imagem de Deus neles sendo desfigurada, o que os removeu também da comunhão com Deus.
Herodes Agripa I sentiu satisfação intensa na adulação da multidão que disse que “sua voz era de Deus, e não de homem” (Atos 12.22-23). Embora ainda que o homem tenha sido criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26-27), ele foi feito um pouco menor do que Deus (Salmo 8.5). Essa última afirmação é uma resposta a essa questão, “Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?”, Salmo 85.4.
A palavra elohim, no versículo 5 é, às vezes, entendida como que significando anjos, especialmente na visão de Hebreus 2.6-8, que cita a passagem da Septuaginta. “Mas em certo lugar testificou alguém dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites? Tu o fizeste um pouco menor do que anjos, de glória e de honra o coroaste, e o constituíste sobre as obras de tuas mãos; todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés”.
O MOTIVO DE JESUS
De volta ao motivo pelo qual Jesus citou o Salmo 82.6, Ele poderia estar argüindo que se os juízes, que eram representantes de Deus, poderiam ser chamados de deuses, por que estão seus oponentes o acusando de blasfêmia quando ele alega ser alguém que parece ser menos - o filho de Deus - e não o Deus em si mesmo?
Também poderia ser que Jesus estivesse argüindo do menor ao maior. Os juízes no Salmo 82, ainda que fossem chamados de deuses, são indignos dessa designação porque eles têm a falsa aparência de ser alguma coisa como Deus. “Até quando julgareis injustamente, e aceitareis as pessoas dos ímpios? (Sela). Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai ao aflito e necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles não conhecem, nem entendem; andam em trevas; todos os fundamentos da terra vacilam”, Salmo 2-5.
Porque então deveriam os oponentes de Jesus acusá-lo de blasfêmia porque ele se identificou a si mesmo tão rente com Deus, considerando que sua vida e trabalhos estavam em completo contraste com aqueles injustos juízes?
Isso é inquestionável e muitas vezes teologicamente perigoso generalizar uma aplicação limitada de uma passagem das Escrituras. Jesus não estava falando sobre a habilidade do homem em tornar-se ou ainda em agir como se Ele fosse Deus. O limite foi para sempre delineado entre Deus e o homem. Ele é o Criador, e nós somos criaturas suas. Ele tem nos honrado ao nos criar em sua imagem e semelhança, mas em nenhum lugar, as Sagradas Escrituras sugerem que nós temos a capacidade de nos elevarmos ou de sermos elevados ao status de deuses. Ele é Deus, e além Dele não pode haver outros deuses.
Nós somos seus filhos - filhos e filhas do Altíssimo - mas nós nunca poderemos chegar ao que Jesus inerentemente é, o Filho de Deus em senso único ao que Ele é da verdadeira natureza de Deus.
Por, Anthony D. Palma - Ministro do Evangelho, teólogo e escritor.Manual do Obreiro (CPAD) - 2005
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País apodrecido, igreja insípida
Escrito por pentecostalismo em Junho 16, 2008
Metade dos escândalos que explodiram no Brasil teriam provocado revoluções em qualquer outra parte do mundo. Apesar do sensacionalismo da imprensa, dos gritos hipócritas das oposições e da “cara de pau” das situações, a rotina nacional não sofreu alteração. As opções eleitorais foram na direção do “rouba, mas faz”. Afinal, ética nunca foi o forte da Terra de Santa Cruz, desde o seu “descobrimento”. Ninguém está chateado com a desonestidade dos de cima; o aborrecimento é por não se estar lá também.
Vianna Moog, no capítulo “Ética e Economia”, de seu clássico Bandeirantes e Pioneiros, mostra que fomos um país sem mecanismos sociais de controle, sem sacerdotes e sem sogras. A primeira missa foi celebrada, e, depois, houve duzentos anos de escassos sacerdotes e deficiente catequese, com uma fé mística, mágica e folclórica. Os varões que deixaram em Portugal as antigas famílias (sogras, inclusive) se uniam, assimétrica e pluralmente, com as ameríndias e as africanas, de paternidade ausente, nas entradas e bandeiras. A motivação colonizadora era o enriquecimento rápido, com o mínimo de trabalho e por quaisquer meios, pois “além do Equador não há pecado”. Os benesses reais, a nobreza cartorial, as heranças e as botijas substituiriam o trabalho orgânico.
O Estado surgiu antes da nação e impôs os governantes e as leis, com os quais o povo não se identificava nem aos quais se sentia obrigado a obedecer, antes a burlar. Imperavam o escravismo, a servidão, o capitalismo selvagem, a educação ornamental e beletrista, o poder, a propriedade, a renda e o saber concentradíssimos. E hoje queremos, como resultado, um país justo, pacífico e honesto?
No país do pistolão, do nepotismo e do compadrio, as palavras de ordem são: “Para os parentes e os amigos, tudo; para os inimigos, a lei” e “Você sabe com quem está falando?”. A “lei” é o levar vantagem em tudo. No lugar de “Ordem e Progresso”, já se afirmou, deveríamos ter no centro da nossa bandeira: “Sombra e água fresca”, ou: “Trabalho honesto é como o crime: não compensa”. Um ilustre membro do Poder Judiciário no Nordeste, quando questionado por uma jornalista sobre o excesso de parentes lotado em seu gabinete, saiu-se com esta pérola: “Minha filha, quando Deus quis salvar o mundo, por acaso mandou um estranho ou um conhecido? Ele mandou o filho dele”.
Nas campanhas presidenciais de 1989 e 1994, rodando por este Brasil, ouvi a raiva e a frustração do povão contra essa idéia de “justiça social”. A natureza das coisas é uma sociedade de privilégios, desde que se esteja no andar de cima. Algo contrário seria frustrar sonhos, como o de um dia ganhar na loteria ou no jogo do bicho. Filho de vereador da UDN, convivi com o lacerdismo. Moralismo por aqui empolga classe média. Os de cima e os de baixo, em suas respectivas alienações, “não estão nem aí”. O “homem cordial” ou o “cabra macho”, lúdicos, eróticos e espertos, estão mais para a ideologia “futebol, cachaça e mulher”. O resto é retórica, imposição de gringos ou fanatismo, pois, “ninguém é de ferro”. Sem chances, emigra-se para — suprema ironia e humilhação — fazer faxina.
O protestantismo de imigração, de alemães, suíços, ingleses, fechado em si, teve escasso impacto na cultura nacional. O protestantismo de missão aportou com a crença em um “destino manifesto” de trazer uma fé superior, o progresso e a democracia. A luta pela Abolição e pela República, pelo Estado laico, pela instrução universal, mista, profissionalizante, com educação física e esportes, o ensino do valor do trabalho, da sobriedade, da poupança, a valorização da família, o envolvimento em movimentos sociais, como o sindicalismo, fazem parte de um rico legado hoje esquecido e rejeitado. A Guerra Fria, a Ditadura Militar, o neo-fundamentalismo nos empurraram a heresia “crente não se mete em política”, nos anos 70.
O pentecostalismo que nos chegou não foi o da ala negra da rua Azuza, com sua visão social, mas o da ala branca, com seu isolacionismo, sua ascese extra-mundana e sua escatologia pré-milenista pessimista. Com o passar do tempo, permaneceu apenas o conceito de pecado individual e de uma ética individual da santidade negativa (não fazer o mal) — e não da santidade positiva (fazer o bem) — legalista, moralista, sem os conceitos de pecado social e pecado estrutural, e ética social. A teologia da libertação, racionalista, enfatizaria esses últimos às custas dos primeiros, e, por fim, a teologia liberal pós-moderna, relativista, e amoral, negaria ambos. A “batalha espiritual” reforçaria a alienação e a teologia da prosperidade seria a face religiosa do neoliberalismo capitalista. O neo-pós-pseudo-pentecostalismo não prega conversão e santidade, mas neo-indulgências e sessões de descarrego. Do novo nascimento ao sabonete de arruda tem sido um longo caminho, por onde passam os sócios “evangélicos” dos escândalos da República. Uma igreja insípida não salga nem salva um país enfermo.
Falhou o evangelicalismo? Não. Falta-nos evangelicalismo
Robinson Cavalcanti é bispo da diocese anglicana de Recife.
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A integridade do evangelho: uma avaliação do neopentecostalismo
Escrito por pentecostalismo em Maio 29, 2008
Elas ocupam um enorme espaço na televisão aberta, chegando a milhões de lares brasileiros todos os dias. As três mais conhecidas e salientes têm nomes parecidos — Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e Igreja Mundial do Poder de Deus.
Esses nomes apontam para objetivos ousados e ambiciosos. Seus líderes máximos adotam, respectivamente, os títulos de bispo, missionário e apóstolo. Elas são o fenômeno mais recente, intrigante e explosivo do “protestantismo” tupiniquim. Trata-se das igrejas neopentecostais, denominadas por alguns estudiosos “pentecostalismo autônomo”, em virtude de seus contrastes com os grupos mais antigos desse movimento.
É difícil categorizá-las adequadamente, não só por serem ainda recentes, mas porque, ao lado de alguns traços comuns, também apresentam diferenças significativas entre si. A Igreja Mundial investe fortemente na cura divina. Seu apóstolo garante que ninguém realiza mais milagres do que ele. Seu estilo é personalista e carismático. Caminha no meio dos fiéis, deixa que as pessoas recolham o suor do seu rosto para fins terapêuticos, às vezes é ríspido com os auxiliares.
O missionário da Igreja Internacional é simpático e bonachão; parece um pastor à moda antiga. É também polivalente: prega, canta, conta piadas, anuncia produtos e serviços. Controla com rédea curta o seu pequeno império.
Todavia, nenhuma dessas igrejas vai tão longe na ruptura de paradigmas quanto a IURD. Dependendo do ângulo de análise, parece protestante ou católica. Seu carro-chefe é a teologia da prosperidade. Defende sem pejo a ética da sociedade de consumo. Seu líder está entrando na lista dos homens mais ricos do país.
Desde o início, o cristianismo tem exibido uma grande variedade de manifestações, algumas bastante inusitadas. Foi o caso do gnosticismo e do marcionismo nos primeiros séculos, das seitas apocalípticas na Idade Média e de alguns grupos resultantes dos reavivamentos nosEstados Unidos do século 19. Porém, nenhum movimento tem sido tão pródigo em termos de quantidade e diversidade de ramificações quanto o pentecostalismo contemporâneo.
No atual ambiente pluralista e inclusivista, muitos observadores vêem nessa multiplicidade um sinal de vitalidade, de dinamismo. Todavia, há sinais preocupantes nos ensinos e práticas de certos grupos. Na célebre Confissão de Fé de Westminster (1647), os puritanos ingleses colocaram a questão em termos de diferentes graus de pureza das igrejas cristãs — cap. 25.4,5 (igrejas mais puras e menos puras). Uma avaliação simpática e honesta das igrejas neopentecostais aponta para alguns aspectos que precisam ser reconsiderados a fim de que elas se tornem genuínos instrumentos do evangelho de Cristo.
O problema hermenêutico
Uma grave deficiência dessas novas igrejas está na maneira como interpretam a Bíblia. Os reformadores protestantes insistiram no valioso, porém arriscado, princípio do “livre exame das Escrituras”, ou seja, de que todo cristão tem o direito e o dever de ler e estudar por si mesmo a Palavra de Deus. Acontece que muitos viram nisso uma licença para a livre interpretação do texto sagrado, o que nunca esteve na mente dos líderes da Reforma.
Eles lutaram contra uma abordagem individualista e tendenciosa da Escritura, insistindo na adoção de princípios equilibrados de interpretação que levavam em conta o sentido literal e gramatical do texto, a intenção original do autor, o contexto histórico das passagens e também a tradição exegética da igreja. Por essas razões, eles rejeitaram o antigo método de interpretação alegórica, isto é, a busca de sentidos múltiplos na Escritura, por entenderam que ela obscurecia e distorcia a mensagem bíblica.
Em muitas igrejas neopentecostais nada disso é levado em consideração. A Bíblia se torna um joguete, uma peteca lançada para lá e para cá ao sabor das conveniências. Tomam-se diferentes declarações, episódios e símbolos bíblicos e, sem esforço algum de interpretação, passa-sediretamente para a aplicação, muitas vezes de uma maneira que nada tem a ver com o propósito original da passagem.
O que é ainda mais grave, os textos bíblicos são usados de modo mágico, como se fossem amuletos ou talismãs, como se tivessem um poder imanente e intrínseco. A Bíblia é encarada prioritariamente como um livro de promessas, de bênçãos, de fórmulas para a solução de problemas, e não como a revelação especial na qual Deus mostra como as pessoas devem conhecê-lo, relacionar-se com ele e glorificá-lo.
Uma nova linguagemNa sua releitura da Bíblia, os neopentecostais por vezes criam uma nova terminologia, muito diferente dos conceitos bíblicos tradicionais. Privilegiam-se expressões como “exigir nossos direitos”, “manifestar a fé”, “declarar a bênção”, todos os quais apontam para uma espiritualidade antropocêntrica, ou seja, voltada para as necessidades, desejos e ambições dos seres humanos, e não para a vontade e a glória de Deus.
Alguns dos temas bíblicos mais profundos e solenes redescobertos pelos reformadores do século 16 são quase que inteiramente esquecidos. Não mais se fala em pecado, reconciliação, justificação pela fé, santificação, obediência. O evangelho corre o risco de ficar diluído em uma nova modalidade de auto-ajuda psicológica, deixando de ser “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”.
O conceito de fé talvez seja aquele que esteja sofrendo as maiores distorções. No discurso de muitas igrejas do pentecostalismo autônomo, a fé se torna uma espécie de poder ou varinha de condão que as pessoas utilizam para obter as bênçãos que desejam. Deus fica essencialmente passivo até que seja acionado pela fé do indivíduo. É verdade que Jesus usou uma linguagem que aparentemente aponta nessa direção (”tudo é possível ao que crê”, “vai, a tua fé te salvou”). Mas o conceito bíblico de fé é muito mais amplo, a ênfase principal estando voltada para um relacionamento especial entre o crente e Deus. Ter fé significa acima de tudo confiar em Deus, depender dele, buscar a sua presença, aceitar como verdadeiras as declarações da sua Palavra. O objeto maior da fé não são coisas, mas uma pessoa — o Deus trino.
Fundamento questionável
A teologia da prosperidade, que serve de base para boa parte da pregação e das práticas neopentecostais, é uma das mais graves distorções do evangelho já vistas na história cristã. Essa abordagem teve início nos Estados Unidos há várias décadas, sob o nome de “health and wealth gospel”, ou seja, evangelho da saúde e da riqueza.
No neopentecostalismo, essa se torna a principal chave hermenêutica das Escrituras. Tudo passa a ser visto dessa perspectiva reducionista acerca do relacionamento entre Deus e os seres humanos. O raciocínio é que Cristo, através da sua obra na cruz, veio trazer solução para todos os tipos de problemas humanos. Na prática, acaba se dando maior prioridade às carências materiais e emocionais, em detrimento das morais e espirituais, muito mais importantes.
Tradicionalmente, as maiores bênçãos que o homem podia receber de Deus incluíam o perdão dos pecados, a reconciliação, a paz interior e, num sentido mais amplo, a salvação. Dentro da nova perspectiva teológica, as coisas mais importantes que Deus tem a oferecer são um bom emprego, estabilidade financeira, uma vida confortável, felicidade no amor e coisas do gênero.
É uma nova versão da tese do sociólogo alemão Max Weber, segundo o qual os calvinistas buscavam no sucesso econômico a evidência da sua eleição. Os problemas da teologia da prosperidade são diversos: (a) falta de suporte bíblico — a Escritura aponta na direção oposta, mostrando a armadilha em que caem os que se preocupam com as riquezas; (b) empobrecimento da relação com Deus, concebida em termos interesseiros e mercantilistas; (c) incentivo a atitudes de individualismo, egocentrismo e falta de solidariedade; (d) tendênciapara a alienação quanto aos problemas da sociedade.
Conclusão
O neopentecostalismo representa um grande desafio para as igrejas históricas e mesmo para as pentecostais clássicas. Esse movimento tem encontrado novas formas de atrair as massas que não estão sendo alcançadas pelas igrejas mais antigas. Nem todos os grupos padecem dosmales apontados atrás. Muitas igrejas neopentecostais são modestas, evangelizam com autenticidade e não se rendem à tentação dos resultados rápidos, dos projetos megalomaníacos e dos métodos incompatíveis com o evangelho. O grande problema está nas megaigrejase seus líderes centralizadores, ávidos de fama, poder e dinheiro. Estes precisam arrepender-se e voltar às prioridades da mensagem cristã, buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, para que então as demais coisas lhes sejam acrescentadas.
Autor: Alderi Souza de Matos, na revista Ultimato.
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David Miranda, da Deus é Amor, diz que Deus só opera na sua igreja
Escrito por pentecostalismo em Fevereiro 26, 2008
Irmãos, paz.Eu nunca pensei que viveria para escutar essa, mas hoje chegou o grande dia.Explico:Estava escutando, por acaso, o programa do David Miranda, da “Deus é amor”, quando na hora dos testemunhos veio uma senhora dizer que Deus a curara da bursite, aquela dor no ombro igual à do Lula. Pois bem, após todo o relato, o David Miranda perguntou se ela era crente da “Deus é amor”. Ela disse que era da “assembléia”, mas que Deus é o mesmo lá e aqui. Aí o missionário explicou aos brados que o Deus da “Assembléia de Deus” não é o mesmo da “Deus é amor”, porque lá eles aceitam televisão, calça comprida e saia rachada. O Deus de lá é mundano e o Deus daqui é santo. E ouvia-se ao fundo aquela multidão gritando “glória a Deus, aleluiassssss…”Durma-se com um barulho desses…
Pastor Norberto
============Nota: Vejam a que ponto chega o fanatismo. É próprio das seitas desejarem ter o monopólio de Deus. Colocam-NO numa redoma e O levam para seus templos. É lamentável que um líder de um grande rebanho tenha um pensamento tão pequeno. Se a “Deus é Amor” quiser dez mil testemunhos de cura, não só nas igrejas assembleianas, mas em outras, é muito fácil conseguir. David Miranda revelou que tem ciúme de Deus. Lamento dizer que o rebanho da “Deus é amor” está dividido. Nem todos seguem a “ordem” de não ter televisão em casa. Alguns pastores admitem o uso da televisão para jovens. Os pais não podem, mas os filhos podem. Essa proibição é um contra-senso. Por tabela, o uso da internet também deveria ser proibido, porquanto nela há filmes e reportagens televisivas. Por que não proibir também revistas e jornais? Neles há imagens de mulheres seminuas. Aliás, por coerência, David Miranda deveria proibir o uso de todos os meios de comunicação, inclusive o radiofônico, onde há músicas profanas e piadas imorais. Em benefício da santidade, talvez fosse necessário proibir as ovelhas de saírem de suas casas, pois nas ruas há violência, nudez e conversas torpes
Nota por: Pastor Airton Evangelista da Costa, da Assembléia de Deus Palavra da Verdade.
Fonte: palavradaverdade.com
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A teologia da prosperidade à luz da Bíblia
Escrito por pentecostalismo em Fevereiro 19, 2008
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem sido apregoada aos quatro cantos do mundo um ensino exagerado sobre a prosperidade cristã. Segundo este ensinamento, todo crente tem que ser rico, não morar em casa alugada, ganhar bem, além de ter saúde plena, sem nunca adoecer. Caso não seja assim, é porque está em pecado ou não tem fé. Neste estudo, procuraremos examinar o assunto à luz da Bíblia, buscando entender a verdadeira doutrina da prosperidade.
I - O QUE É PROSPERIDADE.
No Dic. Aurélio, encontramos vários significados em torno da palavra prosperidade.:
1. PROSPERIDADE (do lat., prosperitate). Qualidade ou estado de próspero; situação próspera.
2. PROSPERAR. Tornar-se próspero ou afortunado; enriquecer; ser favorável; progredir; desenvolver.
3. PRÓSPERO. Propício, favorável, ditoso, feliz, venturoso.
4. BIBLICAMENTE, prosperidade é mais que isso. É o que diz o Salmo 1. 1-3.
II - A MODERNA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE EM CONFRONTO COM A BÍBLIA.
1. NOMES INFLUENTES.
1.1. KENYON. Nasceu em 24.04.1867, Saratoga, Nova York, EUA, falecendo aos 19.03.48. Nos anos 30 a 40, desenvolveram-se os ensinos de Essek William Kenyon. Segundo Pieratt (p. 27), ele tinha pouco conhecimento teológico formal. ‘Kenyon nutria uma simpatia por Mary Baker Eddy’ (Gondim, p. 44), fundadora do movimento herético ‘Ciência Cristã’, que afirma que a matéria, a doença não existem. Tudo depende da mente. Pastoreou igrejas batistas, metodistas e pentecostais. Depois, ficou sem ligar-se a qualquer igreja. De acordo com Hanegraaff, Kenyon sofreu influência das seitas metafísicas como Ciência da Mente, Ciência Cristã e Novo Pensamento, que é o pai do chamado ‘Movimento da Fé’. Esses ensinos afirmam que tudo o que você pensar e disser transformará em realidade. Enfatizam o ‘Poder da Mente’.
1.2. KENNETH HAGIN.
Discípulo de Kenyon. Nasceu em 20.08.1918, em McKinney, Estado do Texas, EUA. sofreu várias enfermidades e pobreza; diz que se converteu após ter ido três vezes ao inferno (Romeiro, p. 10). Aos 16 anos diz ter recebido uma revelação de Mc 11.23,24, entendendo que tudo se pode obter de Deus, desde que confesse em voz alta, nunca duvidando da obtenção da resposta, mesmo que as evidências indiquem o contrário. Isso é a essência da ‘Confissão Positiva’.
Foi pastor de uma igreja batista (1934-1937); depois ligou-se à Assembléia de Deus (1937-1949), em seguida passou por várias igrejas pentecostais, e , finalmente, fundou seu próprio ministério, aos 30 anos, fundando o Instituto Bíblico Rhema. Foi criticado por ter escrito livros com total semelhança aos de Kenyon, mas defendeu-se , dizendo que não era plágio, que os recebera diretamente de Deus.
OUTROS.
Kenneth Copeland, seguidor de Haggin, diz que ‘Satanás venceu Jesus na cruz’ (Hanegraaff, p. 36). Benny Hinn. Tem feito muito sucesso. Diz que teve a revelação de que as mulheres originalmente deveriam dar à luz pelo lado de seus corpos (id., p. 36). Há muitos outros nomes, mas este espaço do estudo não permite registrá-los.
III - OS ENSINOS DO EVANGELHO DA PROSPERIDADE EM CONFRONTO COM A BÍBLIA.
Os defensores da ‘teologia ou do evangelho da prosperidade’ baseiam-se em três pontos a serem considerados:
1. AUTORIDADE ESPIRITUAL.
1.1. PROFETAS, HOJE.
Segundo K. Hagin, Deus tem dado autoridade (unção) a profetas nos dias atuais, como seus porta-vozes. Ele diz que ‘recebe revelações diretamente do Senhor’; ‘…Dou graças a Deus pela unção de profeta…Reconheço que se trata de uma unção diferente…é a mesma unção, multiplicada cerca de cem vezes’ (Hagin, Compreendendo a Unção, p. 7). è
O QUE DIZ A BÍBLIA:
O ministério profético, nos termos do AT, duraram até João (Mt 11.13). Os profetas de hoje são os ministros da Palavra (Ef 4.11). O dom de profecia (1 Co 12.10) não confere autoridade profética.
1.2. ‘AUTORIDADE DAS REVELAÇÕES’.
Essa autoridade deriva das ‘visões, profecias, entrevistas com Jesus, curas, palavras de conhecimento, nuvens de glória, rostos que brilham, ser abatido (cair) no Espírito’, rejeição às doenças, ordenando-lhes que saiam, etc. Ele diz que quem rejeitar seus ensinos ’serão atingidos de morte, como Ananias e Safira’ (Pieratt, p. 48). è
O QUE DIZ A BÍBLIA.
A Palavra de Deus garante autoridade aos servos do Senhor (cf. Lc 24.49; At 1.8; Mc 16.17,18). Mas essa autoridade ou poder deriva da fé no Nome de Jesus e da Sua Palavra, e não das experiências pessoais, de visões e revelações atuais. Não pode existir qualquer ‘nova revelação’ da vontade de Deus. Tudo está na Bíblia (Ver At 20.20; Ap 22.18,19).
Se um homem diz que lhe foi revelado que a mulher deveria ter filhos pelos lados do corpo, isso não tem base bíblica, carecendo tal pessoa de autoridade espiritual. Deveria seguir o exemplo de Paulo, que recebeu revelação extraordinária, mas não a escreveu (cf. 2 Co 12.1-6).
1.3. HOMENS SÃO DEUSES!
Diz Hagin: ‘Você é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi…’ (Hagin, Word of Faith, 1980, p. 14). ‘Você não tem um deus dentro de você. Você é um Deus’ (Kenneth Copeland, fita cassete The Force of Love, BBC-56). ‘Eis quem somos: somos Cristo!’ (Hagin, Zoe: A Própria Vida de Deus, p.57). Baseiam-se, erroneamente, no Sl 82.6, citado por Jesus em Jo 10.31-39. ‘Eu sou um pequeno Messias’ (Hagin, citado por Hanegraaff, p. 119).
O QUE A BÍBLIA DIZ. Satanás, no Éden, incluiu no seu engodo, que o homem seria ‘como Deus, sabendo o bem e o mal’ (Gn 3.5). Isso é doutrina de demônio. Em Jo 10.34, Jesus citou o Sl 82.6, mostrando a fragilidade do homem e não sua deificação: ‘…Todavia, como homem morrereis e caireis, como qualquer dos príncipes’ (v. 7). ‘Deus não é homem’ (Nm 23.19; 1 Sm 15.29; Os 11.9 Ex 9.14). Fomos feitos semelhantes a Deus, mas não somos iguais a Ele, que é Onipotente (Jó 42.2;…); o homem é frágil (1 Co 1.25); Deus é Onisciente (Is 40.13, 14; Sl 147.5); o homem é limitado no conhecimento (Is 55.8,9). Deus é Onipresente (Jr 23.23,24). O homem só pode estar num lugar (Sl 139.1-12). Diante desse ensino, pode-se entender porque os adeptos da doutrina da prosperidade pregam que podem obter o que quiserem, nunca sendo pobres, nunca adoecendo. É que se consideram deuses!
2. SAÚDE E PROSPERIDADE.
Esse tema insere-se no âmbito das ‘promessas da doutrina da prosperidade’. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza; diante disso, doença e pobreza são maldições da lei.
2.1. BÊNÇÃO E MALDIÇÃO DA LEI.
Com base em Gl 3.13,14, K.Hagin diz que fomos libertos da maldição da lei, que são: 1) Pobreza; 2) doença e 3) morte espiritual. Ele toma emprestadas as maldições de Dt 28 contra os israelitas que pecassem. Hagin diz que os cristão sofrem doenças por causa da lei de Moisés.
O QUE DIZ A BÍBLIA.
Paulo refere-se, no texto de Gl 3 à maldição da lei a todos os homens, que permanecem nos seus pecados. A igreja não se encontra debaixo da maldição da lei de Moisés. (cf. Rm 3.19; Ef 2.14). Hagin diz que ficamos debaixo da bênção de Abraão (Gl 3.7-9), que inclui não ter doenças e ser rico. Ora, Abraão foi abençoado por causa da fé e não das riquezas. Aliás, estas lhe causaram grandes problemas. Muitos cristãos fiéis ficaram doentes e foram martirizados, vivendo na pobreza, mas herdeiros das riquezas celestiais (1 Pe 3.7).
Os teólogos da prosperidade dizem que Cristo, na Cruz, ‘removeu não somente a culpa do pecado, mas os efeitos do pecado’ (Pieratt, p. 132). Mas isso não é verdade, pois Paulo diz que ‘toda a criação geme’, inclusive os crentes, aguardando a completa redenção.
2.2. O CRISTÃO NÃO DEVE ADOECER.
Eles ensinam que ‘todo cristão deve esperar viver uma vida plena, isenta de doenças’ e viver de 70 a 80 anos, sem dor ou sofrimento. Quem ficar doente é porque não reivindica seus direitos ou não tem fé. E não há exceções (Pieratt, p. 135). Pregam que Is. 53.4,5 é algo absoluto. Fomos sarados e não existe mais doença para o crente.
O QUE DIZ A BÍBLIA:
‘No mundo, tereis aflições’ (Jo 16.33). São Paulo viveu doente (Ver 1 Co 4.11; Gl 4.13), passou fome, sede, nudez, agressões, etc. Seus companheiros adoeceram (Fp 2.30). Timóteo tinha uma doença crônica (1 Tm 5.23). Trófimo ficou doente (2 Tm 4.20). Essas pessoas não tinham fé? Jesus curou enfermos, e citou Is 53.4,5 (cf. Mt 8.16,17).
No tanque de Betesda, havia muitos doentes, mas Jesus só curou um (cf. Jo 5.3,8,9). Deus cura, sim. Mas não cura todos as pessoas. Se assim fosse, não haveria nenhum crente doente. Deve-se considerar os desígnios e a soberania divina. Conhecemos homens e mulheres de Deus, gigantes na fé, que têm adoecido e passado para o Senhor.
2.3. O CRISTÃO NÃO DEVE SER POBRE.
Os seguidores de Hagin enfatizam muito que o crente deve ter carro novo, casa nova (jamais morar em casa alugada!), as melhores roupas, uma vida de luxo. Dizem que Jesus andou no ‘cadillac’ da época, o jumentinho. Isso é ingênuo, pois o ‘cadillac’ da época de Cristo seria a carruagem de luxo, e não o simples jumentinho.
O QUE DIZ A BÍBLIA.
A Palavra de Deus não incentiva a riqueza (também não a proíbe, desde que adquirida com honestidade, nem santifica a pobreza); S. Paulo diz que aprendeu a contentar-se com o que tinha (cf. Fp 4.11,12; 1 Tm 6.8);
Jesus enfatizou que só uma coisa era necessária: ouvir sua palavra (Lc 10.42); Ele disse que é difícil um rico entrar no céu (Mt 19.23); disse, também, que a vida não se constitui de riquezas (Lc 12.15). Os apóstolos não foram ricaços, mas homens simples, sem a posse de riquezas materiais. S. Paulo advertiu para o perigo das riquezas (1 Tm 6.7-10)
3. CONFISSÃO POSITIVA.
É o terceiro ponto da teologia da prosperidade. Ela está incluída na ‘fórmula da fé’, que Hagin diz ter recebido diretamente de Jesus, que lhe apareceu e mandou escrever de 1 a 4, a ‘fórmula’.
Se alguém deseja receber algo de Jesus, basta segui-la:
1) ‘Diga a coisa’ positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. De acordo com o que o indivíduo quiser, ele receberá’. Essa é a essência da confissão positiva.
2) ‘ Faça a coisa’. ‘Seus atos derrotam-no ou lhe dão vitória. De acordo com sua ação, você será impedido ou receberá’.
3) ‘Receba a coisa’. Compete a nós a conexão com o dínamo do céu’. A fé é o pino da tomada. Basta conectá-lo.
4) ‘Conte a coisa’ a fim de que outros também possam crer’. Para fazer a ‘confissão positiva’, o cristão dever usar as expressões: exijo, decreto, declaro, determino, reivindico, em lugar de dizer : peço, rogo, suplico; jamais dizer: ’se for da tua vontade’, segundo Benny Hinn, pois isto destrói a fé.
Mas Jesus orou ao Pai, dizendo: ‘Se é da tua vontade…faça-se a tua vontade…’ (Mt 26.39,42). ‘Confissão positiva’ se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos com nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão’ (Romeiro, p. 6).
IV - A VERDADEIRA PROSPERIDADE.
A Palavra de Deus tem promessas de prosperidade para seus filhos. Ao refutar a ‘Teologia da Prosperidade’, não devemos aceitar nem pregar a ‘Teologia da Miserabilidade’.
1. A PROSPERIDADE ESPIRITUAL.
Esta deve vir em primeiro lugar. Sl 112.3; Sl 73.23-28. É ser salvo em Cristo Jesus; batizado com o Espírito Santo; é ter o nome escrito no Livro da Vida; é ser herdeiro com Cristo (Rm 8.17); Deus escolheu os pobres deste mundo para serem herdeiros do reino (Tg 2.5); somos co-herdeiros da graça (1 Pe 3.7); devemos ser ricos de boas obras (1 Tm 6.18,19); tudo isso nos é concedido pela graça de Deus.
2. PROSPERIDADE EM TUDO.
Deus promete bênçãos materiais a seus servos, condicionando-as à obediência à sua Palavra e não à ‘Confissão Positiva’.
2.1. BÊNÇÃOS E OBEDIÊNCIA. Dt 28.1-14. São bênçãos prometidas a Israel, que podem ser aplicadas aos crentes, hoje.
2.2. PROSPERIDADE EM TUDO (Sl 1.1-3; Dt 29.29; ). As promessas de Deus para o justo são perfeitamente válidas para hoje. Mas isso não significa que o crente que não tiver todos os bens, casa própria, carro novo, etc, não seja fiel.
2.3. CRENDO NOS SEU PROFETAS (2 Cr 20.20;). Deus promete prosperidada para quem crê na Sua palavra, transmitida pelos seus profetas, ou seja, homens e mulheres de Deus, que falam verdadeiramente pela direção do Espírito Santo, em acordo com a Bíblia, e não por entendimento pessoal.
2.4. PROSPERIDADE E SAÚDE (3 Jo 2). A saúde é uma bênção de Deus para seu povo em todos os tempos. Mas não se deve exagerar, dizendo que quem ficar doente é porque está em pecado ou porque não tem fé.
2.5. BÊNÇÃOS DECORRENTES DA FIDELIDADE NO DÍZIMO (Ml 3.10,11). As janelas do céu são abertas para aqueles que entregam seus dízimos fielmente, pela fé e obediência à Palavra de Deus.
2.6. O JUSTO NÃO DEVE SER MISERÁVEL. (Sl 37.25). O servo de Deus não deve ser miserável, ainda que possa ser pobre, pois a pobreza nunca foi maldição, de acordo com a Bíblia.
CONCLUSÃO.
O crente em Jesus tem o direito de ser próspero espiritual e materialmente, segundo a bênção de Deus sobre sua vida, sua família, seu trabalho. Mas isso não significa que todos tenham de ser ricos materialmente, no luxo e na ostentação. Ser pobre não é pecado nem ser rico é sinônimo de santidade. Não devemos aceitar os exageros da ‘Teologia da Prosperidade’, nem aceitar a ‘Teologia da Miserabilidade’. Deus é fiel em suas promessa. Na vida material, a promessa de bênçãos decorrentes da fidelidade nos dízimos aplicam-se á igreja. A saúde é bênção de Deus. Contudo, servos de Deus, humildes e fiéis, adoecem e muitos são chamados á glória, não por pecado ou falta de fé, mas por desígnio de Deus. Que o Senhor nos ajude a entender melhor essas verdades.
Autor: Elinaldo Renovato de Lima
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A Igreja Universal não é protestante nem evangélica
Escrito por pentecostalismo em Fevereiro 19, 2008
Diante de mim vinte e seis horas de viagem, entre vôos e aeroportos, entre Recife-Guarulhos-Miami-St. Louis. Costumo ler e/ou escrever para preencher o tempo. No aeroporto compro um exemplar do livro de maior tiragem da história editorial brasileira (700 mil exemplares): “O Bispo – A História Revelada de Edir Macedo”, de autoria dos jornalistas Douglas Tavolaro e Cristiana Lemos (ambos funcionários da Record), Editora Larousse.
O texto é agradável de ler, com capítulos curtos e estilo narrativo. Uma biografia “chapa branca” de um empresário bem sucedido, nos ramos imobiliário, de comunicação e eclesiástico, que mora nos Estados Unidos e tem residência nos diversos continentes, para onde viaja em jato particular.
Em 35 anos de um galpão de uma antiga funerária no Rio de Janeiro para 172 países ( 4.748 templos e 9.660 pastores somente no Brasil) e a propriedade da segunda rede de televisão em audiência.
Um oriundo da Igreja de Nova Vida, do saudoso bispo Roberto MaCalister, juntamente com o seu cunhado Romildo Ribeiro Soares (o R.R. Soares da hoje Igreja Internacional da Graça de Deus) para a criação de algo peculiar em nosso cenário religioso: a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
O mais difícil no livro foi achar referências a pessoas e a obra de Jesus Cristo. Fala-se de Deus, da Igreja, do Bispo, dos Pastores. A Teologia é centrada em dois eixos: a troca entre oferta e bênção e os descarregos das entidades espirituais negativas, e só. Dentre as opiniões heterodoxas, a defesa do aborto.
Fui membro da Banca Examinadora da Dissertação de Mestrado em Sociologia da Religião, defendida pelo pastor Estevão Fernandes, da Primeira Igreja Batista de João Pessoa, na Universidade Federal da Paraíba, e fui membro da Banca do Exame de Qualificação da Dissertação na mesma área pelo reverendo anglicano Washington Franco, na Universidade Federal de Alagoas, ambas tendo como tema a Igreja Universal. Li textos e o jornal “Folha Universal”. Assisti aos padronizados programas de televisão, desde o antigo “25ª. Hora”.
A minha conclusão serena é que a Igreja Universal do Reino de Deus não é uma Igreja protestante ou evangélica, por não ter nenhuma relação teológica, confessional ou ética com qualquer das expressões da Reforma, mas se constitui em uma seita para-protestante (muito menos protestante do que a Congregação Cristã no Brasil), porém não uma seita para-cristã como as Testemunhas de Jeová, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, os Mórmons ou a Ciência Cristã.
Não é uma igreja pentecostal, e não deve ser chamada de neo-pentecostal, porque além dos pentecostais serem protestantes, não há qualquer semelhança entre os dois grupos, antes posições até antagônicas. Daí o uso da expressão pós-pentecostalismo ( Paulo Siepierski), iso-pentecostalismo (sociólogos argentinos) e pseudo-pentecostalismo (Washington Franco).
O problema é que a Igreja Universal do Reino de Deus se apresenta como “evangélica” confundindo o já esfacelado e caótico quadro das Igrejas reformadas entre nós, e infiltrando suas crenças e práticas exóticas entre os nossos membros mais desavisados.
Ler o livro foi importante para mim, ratificando o que já percebia. A IURD é isso mesmo. Ainda vai dar muito o que falar. Ponhamos as nossas reformadas barbas no molho e ensinemos a verdade da Palavra ao nosso povo.
Autor: Dom Robinson Cavalcanti - Igreja Anglicana. Fonte: (CACP)
Fonte: http://pentecostalismo.wordpress.com/category/apologia/
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